Scielo RSS <![CDATA[Educação e Filosofia]]> http://educa.fcc.org.br/rss.php?pid=1982-596X20110003&lang=en vol. 25 num. SPE lang. en <![CDATA[SciELO Logo]]> http://educa.fcc.org.br/img/en/fbpelogp.gif http://educa.fcc.org.br <![CDATA[DESCARTES EM SEU SÉCULO]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-596x2011000300017&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Nesta curta investigação da vida e dos trabalhos de Descartes, o autor insiste na habilidade verbal do filósofo (em francês e em latim) para tomar emprestado da tradição escolástica palavras, mudando seu significado para ajustar a seu novo modo de pensar; sugere vários caminhos para nova pesquisa, um dos quais é ver Descartes através das lentes de seus adversários, na França e nos Países Baixos. Nem um filósofo profissional, nem um advogado, nem um soldado: muitas características da vida de Descartes que não são estranhas ao fazer de uma nova filosofia.<hr/>ABSTRACT In this short survey of Descartes’ s life and works , the author insists upon the verbal skill of the philosopher (in French and Latin) to borrow words from scholastic tradition, twisting their meaning to suit his new way of thinking ; he suggests several paths for new research, one of them being to see Descartes through the lenses of his adversaries, in France and in the Netherlands. Not a professional philosopher, a layman, a soldier: many features of Descartes’s life that are not alien to the making of a new philosophy. <![CDATA[DESCARTES, ARCESILAU E A ESTRUTURA DA EPOKHÉ]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-596x2011000300037&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO O ceticismo tem sido, nos últimos cinquenta anos, uma das principais lentes através das quais foi lido o papel filosófico de Descartes. Não apareceu ainda, todavia, uma identificação precisa do tipo de ceticismo que seja o mais adequado para essa leitura. Defendo a tese de que é especificamente o ceticismo acadêmico que caracteriza a metodologia de Descartes. O caso que serve para testar tal tese é a clássica noção de epokhé que surge em sua obra.<hr/>ABSTRACT For the past half-century, skepticism has been one of the principal optics through which Descartes.s philosophical role in the Great Century has been read. Sufficient precision has not appeared, however, in identifying the sort of skepticism that is most suited to this reading. My thesis is that it is specifically Academic skepticism that characterizes Descartes.s methodology. The test case is the classic notion of epoche as it emerges in his work. <![CDATA[GENEROSIDADE E SUBSTANCIALIDADE DA ALMA SEGUNDO DESCARTES]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-596x2011000300063&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO O que é o eu segundo Descartes? Para responder a esta questão é preciso levar em conta não somente as análises a respeito do ego no desenvolvimento da metafísica cartesiana, mas também as referentes a uma segunda consideração sobre o eu que se encontra nos escritos de Descartes, a qual reside nas análises consagradas à generosidade. Se a primeira consideração deriva da metafísica e se atém ao ego enquanto substancialmente distinto do corpo, a segunda consideração deriva do que se poderia chamar de a antropologia cartesiana, que Descartes anuncia no momento da redação dos Princípios da Filosofia, e da qual se observa o desenvolvimento nas Paixões da Alma. Trata-se, nesse caso, de um eu que experimenta a si mesmo através de uma paixão, isto é, não como puro ego, mas no horizonte de sua união bem estreita com o corpo. Esta união não repõe em causa a distinção, como se diz, pois, por mais estreita que ela seja, a alma e o corpo estão unidos por unidade de composição e não por unidade de essência. Em vez disso, ela coloca esta distinção à prova, uma vez que o eu se vê por ela ameaçado de ser inserido no determinismo material, isto é, em certo sentido, ele se vê ameaçado de “materialização”. Ora, é à generosidade que cabe precisamente afirmar a distinção substancial entre a alma e o corpo na relação que a alma mantém com o corpo, pois é ela que preserva a vontade de uma tal inserção no determinismo material. Tal é a ótica que adotaremos aqui na análise da noção de generosidade. Tratar-se-á aí de estudar a maneira pela qual a antropologia cartesiana renova o tratamento da substancialidade do eu, no seio do pensamento cartesiano.<hr/>RÉSUMÉ Qu’est-ce que le moi selon Descartes ? La réponse à cette question passe par la prise en compte, non seulement des analyses de l’ego dans les développements de sa métaphysique cartésienne, mais aussi de la seconde approche du moi que l’on rencontre dans les écrits de Descartes, laquelle réside dans les analyses consacrées à la générosité. Si la première approche relève de la métaphysique et atteint l’ego en tant que substantiellement distinct du corps, la seconde approche relève de ce qu’on peut appeler l’anthropologie cartésienne, que Descartes annonce au moment de la rédaction des Principes de la philosophie, et dont on observe le développement dans les Passions de l’âme. Il s’agit dans ce cas d’un moi qui s’éprouve lui-même à travers une passion, c’est-à-dire non pas comme pur ego, mais dans l’horizon de son union très étroite au corps. Cette union ne remet pas en cause la distinction, comme l’on sait, puisqu’aussi étroite soit-elle, l’âme et le corps ne sont unis que par unité de composition, et non par unité d’essence. En revanche, elle met cette distinction à l’épreuve, puisque le moi se voit par elle menacé d’insertion dans le déterminisme matériel, c’est-à-dire, en un sens, de “matérialisation”. Or, c’est à la générosité qu’il revient précisément d’affirmer la distinction substantielle de l’âme et du corps dans le rapport que l’âme entretient avec le corps, parce que c’est elle qui préserve la volonté d’une telle insertion dans le déterminisme matériel. Telle est l’optique que nous adopterons ici dans l’analyse de la notion de générosité. Il s’agira par là d’étudier la manière dont l’anthropologie cartésienne renouvelle l’approche de la substantialité du moi, au sein de la pensée cartésienne. <![CDATA[A FILOSOFIA PRIMEIRA DE DESCARTES SEGUNDO MICHEL HENRY]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-596x2011000300081&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO O pensamento de Michel Henry impõe-se como único na corrente das interpretações fenomenológicas de Descartes. De fato, parece que nenhum dos fenomenólogos forneceu uma leitura tão completa dos textos de Descartes, indo muito além da tradição clássica dos fenomenólogos cuja análise cartesiana resume-se muitas vezes a um comentário bastante sumário e técnico das duas primeiras Meditações. Além disso, Henry, de uma maneira compatível com a tradição husserliana, busca apreender primeiro o pensamento próprio a Descartes, e depois tenta construir uma egologia fenomenológica que corresponde e ao mesmo tempo modifica aquela do autor das Meditationes. Vale observar que o reconhecimento de Descartes como autoridade fenomenológica tem seus limites e, de maneira próxima a Husserl, o autor de Essência da manifestação esboça um cenário segundo o qual o pai da modernidade afasta-se pouco a pouco da sua descoberta original. Em nosso trabalho, vamos tentar reconstruir a especificidade do cartesianismo henryano, nos concentrando na interpretação positiva da dúvida, do cogito; em seguida, colocaremos a questão das vias cartesianas pelas quais se poderia avançar as aquisições iniciais.<hr/>RÉSUMÉ La pensée de Michel Henry s’impose comme unique dans le courant des interprétations phénoménologiques de Descartes. En effet, il semble qu’aucun des phénoménologues n’a pas fournit une lecture tellement complète des textes de Descartes, allant bien au-delà de la tradition classique des phénoménologues dont l’analyse cartésienne se résume souvent en commentaire assez sommaire et technique des deux premières Méditations. Par ailleurs, Henry, d’une manière compatible avec la tradition husserlienne, cherche à saisir d’abord la pensée propre de Descartes, puis il essaie de construire une egologie phénoménologique à la fois correspondante et modifiante celle de l’auteur des Meditationes. Il faut remarquer que la reconnaissance de Descartes en tant que l’autorité phénoménologique a ses limites, et, d’une manière proche à Husserl, l’auteur de Essence de la manifestation esquisse un scénario selon lequel le père de la modernité se détourne peu à peu de sa découverte originale. Dans notre propos, nous allons essayer de reconstruire la spécificité du cartésianisme henryenne, en nous concentrant sur la interprétation positive du doute, du cogito, ensuite on posera la question des voies cartésiennes sur lesquelles on pourrait avancer les acquis de départ. <![CDATA[NOTAS SOBRE O ARGUMENTO DA LOUCURA NA PRIMEIRA MEDITAÇÃO]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-596x2011000300103&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO O objetivo desse artigo é argumentar em favor da tese interpretativa segundo a qual nas Meditações Metafísicas Descartes, na Primeira Meditação, não recusa o argumento da loucura mas, ao contrário, utiliza-o em uma forma mais radical. Mais ainda, segundo a leitura a ser aqui defendida, o argumento da loucura em sua forma mais radical é absolutamente necessário para a eficácia da dúvida cartesiana. Através das hipóteses do sonho e do Deus Enganador, Descartes anula o aspecto individual, particular do argumento da loucura radicalizando-o. Ao admitir com essas hipóteses a possibilidade de todo homem fabricar seus próprios “dados sensíveis” e exercer a razão de modo incoerente, como o que ocorre com o louco, Descartes pode, ao final da Primeira Meditação, pôr em questão todo e qualquer critério de evidência.<hr/>ABSTRACT The purpose of this article is to contend for the reading of the Meditations on First Philosophy according to which Descartes in the First Meditation does not reject madness as an argument but, indeed, uses it in an even more radical form. Furthermore, according to the reading here defended, the possibility of madness in its radical form is absolutely necessary for the efficacy of Cartesian doubt. Through the dream argument and the hypothesis of a Deceiving God, Descartes annuls the individual feature of madness, which allows him to appeal to a more radical version of it. Through these arguments, the possibility arises that, just like madmen, every man fabricates his own “sense data” and thinks incoherently, and this is what makes it possible for Descartes to question all criteria of evidence at the end of the First Meditation. <![CDATA[ASPECTOS DO LEGADO CARTESIANO NA TEORIA DA LINGUAGEM]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-596x2011000300117&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Desenvolveram-se no passado - e continuam sendo desenvolvidas no presente - várias tentativas, diversas entre si, de fundamentar uma posição única que julga ser possível identificar, em todas as línguas naturais, uma estrutura básica, sempre idêntica, e de natureza lógica. Se essa for uma meta passível de ser alcançada, então, será necessário admitir tanto a existência de princípios que regulem o funcionamento de tais línguas, como, também, que esses princípios sejam oriundos da Lógica. Com base em um texto do linguista francês Oswald Ducrot, intitulado Sobre um mau uso da lógica (D‘un mauvais usage de la logique), este trabalho pretende apresentar resumidamente duas das mencionadas tentativas. Elas foram elaboradas em épocas diversas e são diferentes os argumentos destinados a sustentá-las. A primeira é originária do século XVII francês e o seu alicerce teórico é a célebre dupla formada pela Lógica e pela Gramática de Port-Royal. Obras em que a influência de Descartes é um fato histórico bem estabelecido. A segunda é recente e o seu fundamento teórico é a Lógica Contemporânea. O objetivo e o pressuposto, enunciados acima e compartilhados pelas duas propostas, criam um vínculo entre a tradição cartesiana, presente em Port-Royal, e a concepção mais tardia, justificando, assim, a sua inclusão neste texto.<hr/>RÉSUMÉ On a developpé au passé - et on continue à développer au présent - plusieurs et diverses tentatives de fonder une position unique qui juge être possible d.identifier, dans toutes les langues naturelles, une structure basique, toujours identique et de nature logique. Si ceci est un but accessible, il faut donc admettre autant l’existence des principes qui règlent le fonctionnement de telles langues, autant que ces principes soient issus de la Logique. D.après un texte du linguiste français Oswald Ducrot, intitulé D’un mauvais usage de la logique, cette étude a l.intention de présenter en résumé deux des tentatives mentionées. Elles furent conçues en diverses périodes et les arguments destinés à les soutenir sont différents. La première est originaire du XVII siècle français et sa fondation théorique est le célèbre paire formé par la Logique et par la Grammaire de Port-Royal - oeuvres dont l.influence de Descartes est un fait historique bien établi. La deuxième est récente et son fondement théorique est la Logique contemporaine. L’objectif et la présupposition énoncés ci-dessus et partagés par les deux propositions, créent un lien entre la tradition cartésienne présente dans Port-Royal, et la conception plus tardive, en justifiant ainsi, son inclusion dans ce texte. <![CDATA[A CONCEPÇÃO CARTESIANA DE SUJEITO: A ALMA E O ANIMAL RACIONAL]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-596x2011000300135&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO A concepção cartesiana de subjetividade é frequentemente mal compreendida. Passados quatros séculos, e depois de milhares de estudos feitos sobre a filosofia de Descartes, ainda se faz uma imagem significativamente distorcida do sujeito cartesiano. Segundo meu ponto de vista, a concepção cartesiana de sujeito é alvo de quatro grandes equívocos de interpretação: o primeiro é que Descartes seria o inventor da distinção real entre a natureza do espírito e da matéria. O segundo é que ele teria feito isso orientando-se por uma intenção primordialmente espiritualista, de ranço teológico e mesmo cristão, de quem pretendia mostrar que a mente ou consciência - sendo de natureza puramente imaterial, feita à imagem e semelhança de Deus - consistia numa realidade mais nobre e elevada que a realidade corpórea. O terceiro é de que a vontade, ou livre arbítrio, seria mesmo a faculdade essencial da alma. Por fim, o quarto é de que a concepção cartesiana de alma ou espírito consiste fundamentalmente na concepção cartesiana de homem ou animal racional . Ora, pretendo mostrar, ao longo de minha exposição sobre a concepção cartesiana de subjetividade, que essas quatro crenças ou opiniões são falsas e, em alguns aspectos, até mesmo contrárias às intenções de Descartes, de modo que são incompatíveis com a concepção cartesiana de sujeito.<hr/>RÉSUMÉ La conception cartésienne de subjectivité est souvent mal comprise. Après quatre siècles et des milliers d´études consacrées à la philosophie de Descartes, on se fait encore une image considérablement déformée du sujet cartésien. D´après moi, la conception cartésienne de sujet est une cible de quatre erreurs d’interprétation: la première est que Descartes serait l´inventeur de la distinction réelle entre la nature de l´esprit et de la matière; la deuxième est qu´il aurait fait cette distinction orienté par une intention avant tout spiritualiste aux relents théologiques et même chrétiens, dont l´objectif serait de montrer que l´esprit ou la conscience - de nature purement immatérielle faite à l’image de Dieu - consistait en une réalité plus noble et élevée que la réalité corporelle; la troisième est que la volonté ou le libre arbitre serait réellement la faculté essentielle de l´âme; et la quatrième est que la conception cartésienne d´ âme ou d´ esprit consiste fondamentalement en la conception cartésienne d´ homme ou d´ animal rationnel . Ainsi, je prétends démontrer tout au long de mon exposé sur la conception cartésienne de subjectivité que ces quatre opinions ou croyances sont erronées, voire même dans une certaine mesure contraires aux intentions de Descartes, de telle manière qu´elles sont incompatibles avec la conception cartésienne de sujet. <![CDATA[LEIBNIZ E ARNAULD - ENTENDIMENTO E CONSENSO: A LÍNGUA E A LÓGICA DOS MODERNOS]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-596x2011000300167&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO O grande século da Filosofia Moderna é lembrado quando se evoca os seus protagonistas: Descartes, Locke, Espinosa. Contudo, outros pensadores estiveram empenhados não apenas na formulação das ideias basilares da nova filosofia; eles se propuseram a tarefa da crítica da filosofia do grande século, da qual eles também eram os protagonistas. Certamente esta atitude reserva lugar proeminente na História da Filosofia a dois pensadores: Arnauld e Leibniz, cujo diálogo epistolar é o tema para a reflexão sobre o racionalismo moderno.<hr/>ABSTRACT The great century of Modern Philosophy is brought to mind when calling on its main characters: Descartes, Locke, Spinoza. However, other thinkers were engaged not only in formulating the basic ideas of the new philosophy, but they proposed to undertake the critique of the philosophy of this great century of which they were also the protagonists. This attitude certainly reserves a prominent place in the History of Philosophy for these two thinkers: Arnauld and Leibniz, whose epistolary dialogue is the theme for reflection on modern rationalism. <![CDATA[A PROVA DA EXISTÊNCIA DA MULTIPLICIDADE DE CORPOS NA SEXTA MEDITAÇÃO]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-596x2011000300181&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Este artigo analisa a prova da existência dos corpos apresentada por Descartes na Sexta Meditação e defende a tese de que - se bem sucedida em outros aspectos nele não examinados - ela necessariamente prova a existência de uma multiplicidade de entidades materiais. Este texto nos convoca, portanto, a interpretar literalmente a conclusão da prova, quando ela afirma que “coisas corporais existem” (no plural). O argumento central pode ser assim sintetizado: 1) se há ideias sensíveis distintas é porque a mente se submete a coações distintas, em razão dos modos distintos pelos quais o poder causal é exercido; 2) embora tais modos distintos de exercício causal não requeiram múltiplas causas, a natureza formal da causa o exige: a individuação de cada ideia-efeito requer a individuação de cada entidade-causa.<hr/>RÉSUMÉ Cet article analyse la preuve de l’existence des corps, présentée par Descartes dans la Sixième Méditation, et soutient la thèse selon laquelle - si la preuve est bien faite en d´autres aspects ici non examinés - elle prouve nécessairement l’existence d’une multiplicité d´entités matérielles. L’article nous conduit donc à interpréter littéralement sa conclusion, quand elle affirme que “des choses corporelles existent” (au pluriel). L´argument central peut être ainsi synthétisé: 1) s´il y a des idées sensibles distinctes c’est parce que l’esprit se soumet à des contraintes distinctes, dues aux façons distinctes par lesquelles le pouvoir causal est exercé; 2) même si ces façons distinctes d´exercice causal ne requièrent pas de causes multiples, la nature formelle de la cause l´exige: l´individuation de chaque idée-effet requiert l´individuation de chaque entité-cause. <![CDATA[O CETICISMO INACABADO DE DESCARTES]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-596x2011000300215&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Este texto pretende mostrar que, do ponto de vista das ciências empíricas, o projeto de demolição do ceticismo, conduzido por Descartes, perdura até a VI Meditação e nela não pode ser concluído. Se isto assim ocorre, é porque há dois modelos de superação do ceticismo em Descartes. O primeiro modelo diz respeito à superação da dúvida metafísica. Esse modelo alcança algum êxito já na II Meditação, na qual, por analogia com o procedimento matemático, a descoberta de uma evidência irrecusável conduz à primeira certeza, e esta se torna o ponto de partida para a obtenção de outras. O segundo modelo diz respeito à superação da dúvida sobre os conteúdos do mundo sensível. Embora pareça que a solução do segundo modelo decorra diretamente do êxito obtido no domínio do primeiro, isto não se dá, porque, conquanto Descartes construa os fundamentos matemáticos de uma teoria do extenso, nela não consegue resolver os problemas da Física entendida como uma teoria dos objetos empíricos.<hr/>ABSTRACT The intention of this text is to show that from the point of view of the empirical sciences, the project of demolition of skepticism, conducted by Descartes, continues up to Meditation VI and may not be concluded in it. If this occurs, it is because there are two models of overcoming skepticism in Descartes. The first model is in regard to overcoming the metaphysical doubt. This model is already somewhat successful in Meditation II in which, by analogy with the mathematical procedure, the discovery of evidence that cannot be refused leads to the first certainty, and this becomes the point of departure for the obtaining of others. The second model is in regard to overcoming doubt about the content of the sensible world. Although it may seem that the solution of the second model comes to pass directly from the success obtained in the mastery of the first, this is not so, because although Descartes constructs the foundations of mathematics from a theory of extension, he is not able to resolve in it the problems of Physics understood as a theory of empirical objects. <![CDATA[MEDICINA E O “GRANDE SÉCULO”: A CRÍTICA CARTESIANA]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-596x2011000300239&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO A literatura nos mostra que a medicina é um dos alvos preferidos das críticas feitas no teatro por Molière na segunda metade do século XVII. Essa situação não é gratuita, pois a medicina fornece material inesgotável às sátiras das quais é vítima, seja pelas práticas terapêuticas usuais, seja pela verborragia característica dos médicos que abusam do latim e da tradição grega à qual se apegam de modo ferrenho. Na filosofia, a crítica a essa ciência também está presente já na primeira metade desse século: justamente pelo fato de a medicina de sua época conter pouca coisa da qual se possa vangloriar, Descartes deposita grandes esperanças nessa área, no sentido de não só promover um conhecimento que leve à redução ou mesmo à eliminação das doenças que afligem o corpo e o espírito, como também de prolongar a vida, livrando-se do enfraquecimento da velhice (AT VI, 63).2 Desde que se instala na Holanda, o filósofo desenvolve estudos com a intenção de construir uma medicina que se destaque daquela que é praticada em sua época, mostrando-se eficaz em seus objetivos. Projeto esse que sofre uma série de alterações à medida que o filósofo prossegue em seus estudos. Este trabalho pretende, a partir de uma breve apresentação do quadro histórico da medicina na primeira metade do século XVII, mostrar a inserção de Descartes na discussão médica de seu tempo.<hr/>ABSTRACT Literature shows that medicine was one of the favorite objects of Molière’s criticism in theater in the second half of the 17th century. This position is earned, since medicine provides an inexhaustible source for these satirical ideas directed toward it: in addition to the usual therapeutic practices, there is also the typical logorrhea of medical professionals abusively employing the Latin and Greek roots to which they seem inseparably tied. Criticism towards this scientific field was also present in the domain of Philosophy since as early as the first half of the same century: precisely because medicine at that time did not wield its present power, Descartes placed great hopes in this field, not only for improving health and eradicating the ills afflicting the body and spirit, but also for prolonging life and overcoming the deprivations of old age (AT VI, 63). After settling in the Netherlands, he turned to the study of medicine from a different perspective from that usual in his time, and began to effectively achieve his purposes. His project underwent several changes as it evolved over the years. This work aims to describe the role of Descartes in the medical debate of his time, starting from a brief overview of the historical context of medicine in the first half of the 17th century. <![CDATA[O MEMORÁVEL ERRO DE DESCARTES SEGUNDO LEIBNIZ: A QUESTÃO DA FORÇA VIVA]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-596x2011000300267&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Em seus escritos de maturidade, Leibniz elabora uma série de objeções à noção cartesiana de extensão como a essência dos corpos. Em particular, esta noção é considerada incompatível com o próprio princípio cartesiano de conservação do movimento e mesmo a adição da noção de massa à extensão não é suficiente para dar conta das ações mecânicas. Para tanto, é necessário conceber a força ou ação motriz como uma realidade dinâmica e distinta, e acrescentar à teoria do movimento o princípio metafísico da equivalência entre a causa plena e o efeito inteiro. O erro de Descartes foi avaliar a força pela quantidade de movimento. Pois embora a estimativa da quantidade de movimento por mv (uma composição da quantidade de extensão m com a medida do movimento v) reflita a concepção cartesiana de corpo, ela, no entanto, não é conservada. O que é conservado é a força, estimada a partir da quantidade do efeito que ela é capaz de produzir, como altura a que um corpo pode elevar-se. Disso se segue que mv² é a quantidade que mede a força e, portanto, o que é conservado no movimento. O erro de Descartes tem implicações que vão além da mecânica e repercutem na própria metafísica, tornando inválido, num caso típico, a resposta cartesiana para a relação corpo e alma.<hr/>ABSTRACT In his mature writings, Leibniz elaborates a series of objections to the Cartesian notion of extension as the essence of bodies. Particularly, this notion is considered incompatible with Descartes’ own principle of conservation of movement, and even the addition of the notion of mass to extension is not sufficient to account for mechanical actions. Thus, it is necessary to conceive of driving force or action as a dynamic and distinct reality, and add the metaphysical principle of equivalence between the full cause and the entire effect to the theory of movement. Descartes’ error was to evaluate force by the quantity of movement. For although the estimate of the quantity of movement by mv (a composition of the quantity of extension m with the measure of movement v) reflects the Cartesian concept of body, it is not conserved. What is conserved is the force, estimated from the quantity of effect that it is capable of producing, as, for example, the height to which a body can raise itself. From this, it follows that mv² is the quantity that measures the force and, therefore, what is conserved in movement. Descartes’ error has implications that go beyond mechanics and have repercussions on metaphysics itself, rendering invalid, as a typical case, the Cartesian answer to the relation between body and soul. <![CDATA[O SENTIDO DA COGITATIO EM A BUSCA DA VERDADE DE DESCARTES]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-596x2011000300293&lng=en&nrm=iso&tlng=en RESUMO Uma vez que o descobrimento da verdade em Descartes deve ser situado no campo mais amplo da cogitatio, tentamos organizar o tema do conhecimento em A busca da verdade, através do modo como o próprio pensamento se apresenta, a começar pela transição dos falsos pensamentos para os atos de pensamento e, depois, para a cogitatio enquanto tal. Essa perspectiva elucida a relação que há entre pensamento e conhecimento, bem como o sentido que a estrutura, a saber, a restituição do pensamento à sua condição originária. Isso permite entender melhor a disposição das personagens e dos argumentos do próprio diálogo. É possível, assim, explicar por que Poliandro, a menos estudada das personagens, se torna o juiz da disputa entre as outras duas, como também explicitar o pano de fundo do texto, em que a própria noção de Filosofia é ameaçada por uma equivocidade tal que permite mesmo que ela seja tomada pelo seu oposto.<hr/>RÉSUMÉ Vu que la découverte de la vérité, chez Descartes, doit être placée sur le champ le plus ample de la cogitatio, nous essayons d’organiser le sujet de la connaissance dans La recherche de la vérité comme la propre pensée se présente, à commencer par la transition des fausses pensées aux actes de la pensée et, puis, à la cogitatio en tant que telle. Cette perspective élucide la relation existante entre la pensée et la connaissance, ainsi que le sens qui la structure, à savoir, la restitution de la pensée à sa condition originaire. Cela permet de mieux comprendre la disposition des personnages et des arguments du dialogue en lui-même. Ainsi, il est possible d’expliquer pourquoi Poliandre, le personnage le moins studieux devient juge de la dispute entre les deux autres, comme d’expliciter la toile de fond du texte où la notion même de Philosophie est menacée par une telle ambiguïté qui permet vraiment qu’elle soit prise par son opposé.