Scielo RSS <![CDATA[Conjectura: Filosofia e Educação]]> http://educa.fcc.org.br/rss.php?pid=2178-461220180005&lang=pt vol. 23 num. SPE3 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://educa.fcc.org.br/img/en/fbpelogp.gif http://educa.fcc.org.br <![CDATA[Aproximações à ideia de bem em A República de Platão]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo o texto apresenta de algumas características básicas da ideia de bem em A República, com algumas referências gerais a outros diálogos, a partir da leitura do texto platônico e de algumas contribuições de comentadores, tendo em vista a presença dessa ideia na filosofia e na ética de Platão.<hr/>Abstract Some notes on the fundamental characteristics of Plato’s idea of the good as presented in The republic, with generic references to other of his dialogues and to contributions made by chosen commentators. The notes are motivated by the importance of that concept to Plato’s conception of ethics and philosophy in general. <![CDATA[Os críticos e sua democracia: o significado do naturalismo político de Aristóteles]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500012&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Este artigo procura oferecer uma reinterpretação do naturalismo político de Aristóteles à luz das críticas antigas ao regime democrático de Atenas e da orientação oligárquica da história intelectual e filosófica contemporânea. Para tanto, são apresentadas as teses elaboradas pelo autor no segundo capítulo do Livro I da Política. Nesse contexto reconstrutivo, sustenta-se que uma apreensão estrutural tanto dos argumentos como da realidade histórica representada pela pólis faz possível elucidar a concepção sistêmico-funcional que subjaz à proposição segundo a qual a cidade é naturalmente primeira com respeito às comunidades menores e aos elementos constitutivos dos quais se origina. Dessa maneira, ao longo de uma reconstrução que vincula diversas referências textuais e se concentra no caráter natural, substancial e desenvolvido da pólis grega, irão se revelando os traços igualitários e democráticos da cidadania que estão na base da ordenação plural da comunidade política por sua semelhança com a constituição de um todo orgânico e suas partes interconectadas.<hr/>Abstract This article seeks to provide a reinterpretation of Aristotle’s political naturalism from the initial point of view of the ancient critics of Athenian democratic regime and the oligarchic bias of contemporary intellectual and philosophical history. For that purpose, it advances the naturalist theses formulated in the second chapter of the First Book of the Politics. In that reconstructive context, it will be maintained that a structural grasp of these arguments as well as of the historical reality represented by the polis makes possible to elucidate the sistemic and functional conception that is entailed in the proposition which affirms the priority of the city in relation to its original minor communities and constitutive elements. In this manner, in a process of argumentative reconstruction that links various textual references and stresses the natural, developmental and substantial character of Greek polis, it will be consistently revealed the egalitarian and democratic traits of Aristotelian citizenship that lay at the base of the plural organization of political community considering its resemblance to the constitution of an organic whole and its inter-connected parts. <![CDATA[Origens feudais do liberalismo]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500051&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo A conjunção, na Inglaterra medieval, de uma monarquia precocemente (em relação ao continente europeu) centralizada e de um Parlamento feudal deu origem ao protótipo institucional de um contrapeso à centralização do poder monárquico, portanto ao princípio da limitação recíproca dos poderes que constitui uma precondição histórica do liberalismo inglês. O senso comum liberal considera que as instituições de tipo parlamentar tendem a garantir as liberdades e o poder central a ameaçá-las. A Polônia mostrou que pode também ocorrer o contrário. A força combinada dos grandes senhores feudais e da hierarquia católica (às vezes confundidos nos mesmos potentados) reduziu o rei à função de delegado eleito pela nobreza, impotente para tomar decisões de interesse nacional que contrariassem a sólida aliança da espada e do turíbulo.<hr/>Abstract The conjunction in medieval England of an early centralized monarchy (compared to continental Europe) with a feudal Parliament gave rise to the institutional prototype of a counter balance to the monarchic power; the principle of reciprocal limitation of powers constitutes a historical precondition of English liberalism. Liberal common sense believes that the institutions of parliamentary type tend to guarantee the freedom and the central power to threaten it. Poland showed that the opposite could also occur. The combined force of the great feudal lords and the Catholic hierarchy (sometimes the same) reduced the King to a delegate elected by the nobility, powerless to make decisions of national interest that ran counter to the solid Alliance of sword and the cross. <![CDATA[A vontade geral não se representa, sempre se presume]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500069&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo A comunicação divide-se em três partes. Na primeira, trata de apresentar os pressupostos conceituais da tese de Rousseau de que a vontade geral é irrepresentável. Na segunda, com base no ocorrido já ao início da Revolução Francesa, mostra que, historicamente, a tese não teve herdeiros. Na terceira parte apresenta as razões que autorizam sustentar a priori que todo poder político é necessariamente representativo e chama atenção para o fato e para o modo em que o Estado de Direito contemporâneo trata de controlar e remediar as distorções políticas inerentes à natureza representativa do poder político.<hr/>Abstract This paper is divided in three parts. The first presents the conceptual pr esuppositions of R ousseau’s thesis upon the irrepresentable character of general will. Based on what has happened already at the start of French Revolution, the second part shows that such thesis had no heirs. The third part presents the reasons allowing to sustain, in a priori terms, that all political power must be representative and insist in the way contemporaneous Constitutional State deals to control and to remedy the political inconveniences, imbalances and injuries which are inherent to the representative nature of political power. <![CDATA[Virtudes e democracia]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500090&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo O objetivo central deste artigo é refletir sobre a importância da conexão entre virtudes privadas e virtudes públicas de forma coerente para a garantia tanto da estabilidade psicológica como da social, visando ao fortalecimento da democracia. Para tal fim, investigo o papel das virtudes públicas da razoabilidade e tolerância. Posteriormente, tematizo a importância da identidade coletiva e da intencionalidade comum para lidar com a complexidade moral e política, bem como ressalto a característica intersubjetiva do conhecimento moral. O passo seguinte é investigar a relevância das virtudes privadas de integridade e autonomia. Termino o texto defendendo a vantagem de se usar uma teoria liberal-comunitarista que pode conectar coerentemente as virtudes privadas e as públicas, como forma de identificar mais claramente quais seriam as nossas obrigações comuns.<hr/>Abstract The main aim of this paper is to reflect on the importance of the connection between private and public virtues in a coherent way for the guarantee of both psychological and social stability, aiming at strengthening of democracy. To this end, I investigate the role of the public virtues of reasonableness and tolerance. Subsequently, I discuss the importance of collective identity and common intentionality to deal with moral and political complexity, as well as emphasizing the intersubjective characteristic of moral knowledge. The next step is to investigate the relevance of the private virtues of integrity and autonomy. I conclude the text by advocating the advantage of using a liberal- communitarian theory that can coherently connect private and public virtues as a way of identifying more clearly what would be our common obligations. <![CDATA[Debates em teoria democrática contemporânea: notas sobre a relação entre as teorias do mercado político e o princípio da harmonia natural dos interesses]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500117&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo As discussões contemporâneas em teoria democrática estão marcadas pelo debate acerca da crise da representação. Importa a tal discussão ressignificar a tensão entre participação e representação, o que, a meu juízo, pode ser elaborado a partir da chave da deliberação. Ou seja, uma antiga tensão entre modelos representativos e participativos estaria superada (PLOTKE, 1997). Restaria, portanto, redefinir os sentidos da representação, cuja análise, no campo da teoria democrática, foi dominada durante boa parte do século XX por teóricos schumpeterianos ou neoschumpeterianos (URBINATI; WARREN, 2008). Tal orientação intelectual tem como pressuposto fundamental interpretar o fórum à luz das categorias forjadas pelas ciências econômicas para examinar as interações no mercado (ELSTER, 1986). Grosso modo, a oposição fórum e mercado foi estruturada a partir da tensão entre os seguintes pares conceituais: argumentação pública vs. barganha, deliberação vs. agregação e, no limite, racionalidade comunicativa vs. instrumental. No texto a seguir, tenho por objetivo recuperar duas concepções articuladas pelos utilitaristas clássicos: os princípios da harmonia natural vs. identificação artificial dos interesses (HALÉVY, 1972), cujas definições podem contribuir na compreensão de temas subjacentes àquele das discussões contemporâneas. Indicarei como o primeiro princípio apresenta-nos uma representação do arquétipo do social como mercado (ROSANVALLON, 1999); o ideal duma sociedade automática onde interesses concorrentes e conflitantes são harmonizados exclusivamente a partir de barganhas particulares cuja natureza revelar-se-á incompatível com uma concepção forte de representação política.<hr/>Abstract Contemporary discussion in democratic theory has been marked by debates around the crisis of representation. It is paramount for this discussion to redefine the tension between participation and representation which may be endeavored from the key aspect of deliberation. That is, a long-lasting tension between the representative and participative models would be now overcome (PLOTKE, 1997). The effort would be, then, to redefine the meaning of representation, whose analysis in the field of democratic theory were dominated, during part of the 20th century, by Schumpeterian and Neo-Schumpeterian theorists (URBINATI; WARREN, 2008). The opposition forum and market has been structured as of the tension between the following conceptual binaries: public argumentation vs. bargaining, deliberation vs. aggregation and, in the extreme, communicative vs. instrumental rationality. I aim to bring back the definition of a principle for the interpretation of the social archetype of the market, whose definition, in my view, must determine the contemporary debate background. I revaluate two concepts elaborated by classical utilitarianism: the principles of the natural identity vs. artificial identification of interests (HALÉVY, 1972). The former expresses the nature of sociability based on the archetype of the market (ROSANVALLON, 1999). I focus on the examination of this conceptual binary to point out how the nature of representation, a fundamental element of the modern political dimension, is incompatible with the utopic ideal of an automatic society. <![CDATA[Estado representativo/governo representativo: sobre os aspectos democráticos da representação política em Hobbes]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500147&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Para Hobbes, a representação desempenha um papel decisivo na estruturação do mundo jurídico em que cosiste o Estado. É nisso precisamente que Rousseau o contesta ao dizer que a Sobrerania (não o Governo) não pode ser representada. Ao fazer da Soberania uma instância de representação, e, em especial, na maneira de pensar a partir daí o Direito Penal (já que, do ponto de vista hobbesiano, o Estado não representa aquele a quem pune), Hobbes oferece um esquema conceitual promissor para pensar um dos maiores desafios das democracias contemporêneas: como tornar o Direito uma ferramenta de inclusão, já que ele é, ao mesmo tempo, uma ferramente de exclusão?<hr/>Abstract For Hobbes, representation plays a decisive role in structuring the legal world in which the State consists. It is precisely in this that Rousseau challenges him by saying that Sovereignty (not Government) cannot be represented. In making Sovereignty an instance of representation, especially in the way of thinking the Criminal Law (since, from Hobbes’ point of view, the State does not represent the one to whom it punishes), Hobbes offers a promising conceptual scheme to think one of the greatest challenges of contemporary democracies: How to make Law an inclusion tool, since it is at the same time a tool of exclusion? <![CDATA[O populismo, a massa e a afetividade]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500171&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo O objetivo deste artigo é apresentar um dispositivo conceitual desde Laclau e Lacan que permita abordar o fenômeno político nomeado como populismo. Para isso, primeiro, estabeleceremos a definição dos conceitos utilizados. Em segundo lugar, estabeleceremos o contraponto entre populismo, neoliberalismo e fascismo. Finalmente, apresentaremos o populismo como uma possibilidade de saída de crise política, social e econômica. Devemos salientar que o texto esteve intencionalmente elaborado para um debate com uma defesa do liberalismo como saída de crise política, social e econômica. <![CDATA[Rawls, modelos econômicos e o argumento pluralista]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500197&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo O presente artigo argumenta em duas direções. De um lado, sustenta que a teoria da justiça como equidade, de John Rawls, e em particular o princípio da diferença, antes de representar uma concepção igualitária da justiça, cumpre um objetivo inverso: o de dissociar a justiça social das exigências da igualdade econômica. A desigualdade econômica, na justiça como equidade, surge como um tipo de bem, desde que possa melhorar a posição de todos e em particular a dos menos favorecidos. Para sustentar esta tese, Rawls apela às ideias de pluralismo social e de convergência dos padrões de vida, no âmbito do que chama de uma sociedade bem-ordenada. De outro lado, o artigo sustenta que a teoria pode ser melhor entendida quando desvinculada da adesão a modelos institucionais e de regulação econômica historicamente situados. Uma distinção apropriada entre este sentido ético, dado pelo modo de fundamentação filosófico da teoria, e seus possíveis desdobramentos institucionais, é o melhor caminho para uma teoria que se propõe a servir como ponto de encontro entre as múltiplas visões do bem que competem em nossa tradição democrática.<hr/>Abstract The article argues in two ways. On the one hand, he argues that John Rawls’s theory of justice, and in particular the difference principle, rather than stablish an egalitarian conception of justice, has an opposite goal: to dissociate social justice from the demands of economic equality. Economic inequality, in justice as fairness, is a kind of good, since it works for the improvement of all individuals prospects, and particularly those of the less fortunate. In defending this concept, Rawls appeals to the idea of social pluralism and the convergence of living standards in the context of what he calls a well-ordered society. The article also argues that the conception of justice as fairness can be better understood when it is detached from adherence to historically situated institutional and economic regulation systems. A proper distinction between the ethical sense given by the philosophical foundation of the theory and its possible institutional developments is the best path for a theory that proposes to serve as an overlapping consensus among multiple visions of good competing in our democratic tradition. <![CDATA[A moralidade na interpretação histórica do direito: reflexões sobre o caso Michel Villey]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500230&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Este artigo propõe retornar à interpretação histórica de Michel Villey acerca do direito que ele desenvolveu ao longo de sua carreira como filósofo e historiador do direito. Em primeiro lugar, será questão de reconstruir as linhas gerais de sua crítica à noção de direitos humanos e de mostrar como, segundo o filósofo francês, essa crítica deve ser entendida por relação ao nascimento da noção de direito subjetivo no final da Idade Média (William de Ockham) e no início do período moderno (Thomas Hobbes). Na segunda parte, será questão de apresentar as principais críticas dos historiadores do direito e da filosofia à tese de Villey, em particular as de Brian Tierney. Além da crítica histórica, também será questão de se perguntar pela correção conceitual de sua tese. O artigo tentará mostrar que a tese de Villey esta baseada em um equívoco sobre a relação entre direito e política.<hr/>Resumé Cet article propose de revenir sur l’interprétation historique du droit avancée par Michel Villey au long de sa carrière de philosophe et historien du droit. Dans en premier temps, il sera question de reconstruire les lignes générales de sa critique à la notion de droits de l’homme et de montrer comment, selon le philosophe français, elle doit être comprise par rapport à la naissance de la notion de droit subjective à la fin du Moyen Âge (Guillaume d’Ockham) et au début de l’époque moderne (Thomas Hobbes). Dans en second temps, il s’agira de présenter les principales critiques adressées par les historiens du droit et de la philosophie à la thèse de Villey, notamment celles de Brian Tierney. Outre les critiques historiques, il sera également question de se demander sur la correction conceptuelle de cette thèse. L’article essayera de montrer que la thèse de Villey repose sur une conception erronée des rapports entre droit et politique. <![CDATA[Cooperação, promessa e obrigação na teoria do contrato de Thomas Hobbes]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500242&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Ao apresentar a estratégia dos agentes racionais na situação do estado de natureza em Hobbes como de não coordenação, tem-se como resultado uma situação em que a melhor escolha individual alcança o pior resultado em termos coletivos. Hampton pretende mostrar que a melhor estratégia para resolver essa aporia consiste em eliminar, na argumentação de Hobbes, o uso de conceitos jurídicos, como o de obrigação ou contrato. Desse modo, é possível resgatar a coerência argumentativa hobbesiana a partir simplesmente da ideia de um acordo autointeressado, isto é, a partir da situação em que os benefícios da barganha mostram-se suficientes para as partes realizarem um acordo. O presente texto procura mostrar a incoerência de tal argumentação. Eliminar a noção de obrigação que sustenta as promessas presentes nos pactos inviabiliza, em Hobbes, qualquer possibilidade de equilíbrio e convergência das ações humanas.<hr/>Résumé En présentant la stratégie des agents rationnels dans l’état de nature chez Hobbes à partir de la non-coordination, on aboutit à une situation où le meilleur choix individuel réalise le pire résultat en termes collectifs. Hampton a l’intention de montrer que la meilleure stratégie pour résoudre cette aporie est d’éliminer, dans l’argument de Hobbes, l’utilisation de concepts juridiques, tels que l’obligation ou le contrat. De cette manière, il est possible de sauver la cohérence argumentative hobbesienne à partir de l’idée d’un accord intéressé, c’est-à-dire de la situation où les avantages des échanges sont suffisants pour que les parties parviennent à un accord. Le présent texte cherche à montrer l’incohérence d’un tel argument. Éliminer la notion d’obligation qui sous-tend les promesses présentes dans les conventions rend impossible tout équilibre et toute convergence des actions humaines dans la condition naturelle. <![CDATA[Por que política? Moralidade, excedente de sentido e democracia]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500250&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Partindo de uma visada crítica das chamadas “teorias político- normativas”, este artigo rediscute a questão das relações entre política e moralidade sob regimes democráticos e explora a hipótese de que o esforço mesmo de realização de seus valores fundamentais, ao produzir efeitos não intencionados - um “excedente de sentido” - induz esses regimes a um movimento de fuga da moralidade. Movimento contraditório, apto a produzir um mal-estar difuso com a própria democracia. Contudo, o artigo explora a hipótese complementar de que é exatamente por meio dessa contradição que emergem as possibilidades de um campo próprio da ação política.<hr/>Abstract Out of a critical vision of the so-called “normative political theories”, this article engages the issue of the relationships between politics and morality under democratic regimes. The article sounds out the hypothesis that the democratic regimes’ own endeavour to actualize its moral values, in so far as it produces non-intended effects - a “surplus of meaning” - makes them to move outside of the moral borders. That movement, being contradictory, produces also a malaise in relation to democracy. Yet, the article approaches the additional hypothesis that it is precisely thanks to that contradiction that the chances of a democratic politics in its own right arise. <![CDATA[Elementos para uma metateoria da democracia]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500262&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo O texto apresenta, resumidamente, quatro teorias ou modelos de democracia: agregativa, deliberativa, agônica e homogênea. Apresenta, em seguida, diversas críticas endereçadas a tais modelos. Considerando essas teorias e suas críticas, o presente estudo busca apresentar elementos que seriam indispensáveis ao tratamento da democracia. Ao final, tece algumas considerações críticas e construtivas a respeito da importância de que tais elementos sejam considerados ao se tratar da democracia.<hr/>Abstract The text presents, in brief, four theories or models of democracy: aggregative, deliberative, agonistic, homogeneous. It then presents various criticisms addressing such models. Considering these theories and their criticisms, the present study seeks to present elements indispensable to the treatment of democracy. In the end, it makes some critical and constructive remarks about the importance of such elements being considered when dealing with democracy. <![CDATA[As variedades do interesse comum]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500293&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo O artigo apresenta um estudo exploratório sobre o tema dos interesses gerais, propondo uma diferenciação entre interesses genuinamente coletivos e interesses comuns. A defesa de que há interesses genuinamente coletivos é parte essencial das teorias políticas identificadas como “republicanas”. Meu objetivo, porém, não será propriamente defender a visão republicana contra suas adversárias. Pretendo apenas explorar alguns caminhos teóricos que permitem tornar plausível a tese de que nem todos os interesses tidos como “públicos” possuem uma característica única. Defenderei que há uma diferença essencial entre os interesses que chamarei de “comuns”, que resultam da agregação de interesses individuais, e os interesses genuinamente “coletivos”. Não obstante, mesmo que existam interesses genuinamente coletivos disso não se segue que todos esses interesses devam prevalecer sobre todo e qualquer interesse privado ou comum. Há interesses individuais exigíveis (direitos individuais) sobre a comunidade, que, por definição, prevalecem sobre os interesses da coletividade. Ao final, abordarei a questão de se o princípio majoritário pode ser defendido como modalidade de decisão epistemicamente superior quando se trata de decidir qual é o conteúdo do interesse geral.<hr/>Abstract This article presents an exploratory study on the issue of general interests, proposing a differentiation between authentic collective interests and common interests. The defense of authentic collective interests is an essential part of political theories identified as “republican”. My goal, however, is not properly to defend the republican view against its opponents. I intend only to explore some theoretical paths that allow to make plausible the thesis that not all the interests considered as “public” have a unique characteristic. I will argue that there is an essential difference between the interests that I will call “common,” resulting from the aggregation of individual interests, and the authentic “collective” interests. Nevertheless, even if there are genuine or authentic collective interests, it does not follow that all of them must prevail over any and all private or common interests. There are claimable individual interests (individual claim-rights) against the community, which by definition should prevail over the interests of this collectivity. In the end, I will address the question of whether the majority principle can be defended as an epistemically superior mode of procedure in order to decide which the contents of general interest are. <![CDATA[Desacordo quanto aos critérios justos de igualdade e o papel da teoria política em um Estado Democrático de Direito: um contraste entre as posições de Dworkin, Sen e Rawls]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500333&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo As questões de justiça não dizem respeito apenas à determinação dos critérios de igualdade que devem orientar as regras jurídicas, mas também afetam a própria legitimidade da escolha desses critérios. Em virtude das experiências trágicas vividas no século XX e da impossibilidade de estabelecer um mecanismo perfeito de escolha social, o debate recente sobre os critérios justos de igualdade deve ser contextualizado em uma discussão mais ampla que envolva também questões atinentes à legitimidade política e à estabilidade dos regimes democráticos apesar do forte desacordo ocasionado pelo pluralismo. O presente trabalho tem como objetivo comparar as teorias políticas de Ronald Dworkin, Amartya Sen e John Rawls quanto ao modo como se posicionam frente ao desacordo político com respeito a quais seriam os critérios justos de igualdade a serem incorporados na legislação. Ao constatar funções distintas à teoria política conferidas pela abordagem de cada autor, busca-se verificar se essas são entre si incompatíveis ou complementares.<hr/>Abstract The issues concerning justice are not only those related to the establishment of the criteria of equality which ought to be incorporated by legal rules, but also those connected with the legitimacy of the choice of those criteria. In virtue of the tragical experiences of the 20th century and of the impossibility of conceiving a perfect mechanism of social choice, the recent debate on the just criteria of equality must be read in the context of a broader discussion which includes matters of political legitimacy and the stability of democracies in spite of the profound disagreement occasioned by pluralism. This paper intends to compare the political theories of Ronald Dworkin, Amartya Sen and John Rawls regarding their approach to political disagreement on the just criteria of equality to be incorporated into legislation. Since different functions are attributed to political theory by each author, another aim is to verify whether they are complementary or incompatible. <![CDATA[Modernidade, vita activa e ilusão do desenvolvimento]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500348&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo O problema do desenvolvimento continua sendo abordado à maneira tradicional na semiperiferia da economia mundializada, como um problema de atração de investimentos que agreguem trabalho à economia. Políticas de fomento à inovação científica e à tecnológica são raras, e não atentam para o fato de que, nos países de desenvolvimento original, esse processo coincidiu com amplas agendas de transformação social e cultural associadas à ideia da modernidade. No entanto, a autonomia do campo político, central para a ideia da Modernidade, vem sendo comprometida por interesses definidos no campo econômico, o que agrava as condições dos países semiperiféricos. Este artigo propõe uma reflexão sobre os limites do desenvolvimento na economia globalizada, através de uma síntese entre as abordagens filosófica, sociológica e econômica da questão.<hr/>Abstract The developmental issue is still being approached in a traditional way in the semi-peripheral countries of the globalized economy, as a problem of attraction of investments that brings work into the economy. Funding policies for scientific and technological developed countries, such process coincided with large agendas of social and cultural transformations associated with the idea of modernity. However, the autonomy of the political field, central to the idea of modernity, has been upset by interests defined in the economic field, worsening the conditions of semi-peripheral countries. This article proposes a reflection on the developmental limits in the global economy, through a synthesis among the philosophical, sociological and economic approaches to the question. <![CDATA[Os riscos de degeneração da democracia contemporânea - a atomização social e o discurso totalitário]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500366&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo O presente artigo propõe uma análise dos riscos de degeneração da democracia contemporânea em três pontos. No primeiro ponto, retomamos o tema da possibilidade de degeneração da democracia segundo a perspectiva de Platão e Aristóteles com o objetivo de apresentar os seus traços elementares. No segundo ponto, fazemos uma análise do pensamento de Alexis de Tocqueville, particularmente do modo como ele tratou as ameaças à democracia no quadro do liberalismo político do século XIX. Procuramos mostrar, em um terceiro ponto, que o cenário contemporâneo exige que se coloquem em relevo os efeitos produzidos pelas novas mídias e pelo retorno de um discurso totalitário. Utilizamos, para tanto, alguns textos escolhidos de Baudrillard e Rancière, na tentativa de melhor explicitar o modo como as ameaças atuais à democracia se entrelaçam à sociedade de consumo, às novas mídias e ao retorno de um discurso totalitário.<hr/>Abstract This article proposes an analysis of the risks of degeneration of contemporary democracy in three points. In the first point, we return to the theme of the possibility of degeneration of democracy according to the perspective of Plato and Aristotle in order to present their elementary traits. In the second point, we analyze the thinking of Alexis de Tocqueville, particularly the way in which he dealt with the threats to democracy within the framework of nineteenth-century political liberalism. We try to show in a third point that the contemporary scenario demands highlighting the effects produced by the new media and the return of a totalitarian discourse. We have used some texts chosen by Baudrillard and Rancière in order to better explain how current threats to democracy are intertwined with consumer society, new media and the return of a totalitarian discourse. <![CDATA[Sobre tolerar e acolher]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500386&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo O trabalho articula alguns conceitos da ética e da filosofia política para pensar a crise dos refugiados. O que significa tolerar e acolher são questões que buscamos investigar para lançar luz sobre o campo de problematização da ética e da política. Se a pluralidade é a condição fundamental da política (Hannah Arendt), o conceito de alteridade ética (Emmanuel Levinas) deverá funcionar como um dispositivo para uma interpretação consequente do atual estado de nosso engajamento ético-político. O conceito de natalidade, que em Arendt fundamenta a ação política, é apropriado para afirmar uma ética e uma política do acolhimento e para indicar os limites de uma suposta ética da tolerância.<hr/>Abstract The paper articulates some concepts of ethics and political philosophy to think about the refugee crisis. What it means to tolerate and welcome are questions that we seek to investigate in order to shed light on the field of problematization of ethics and politics. If plurality is the fundamental condition of politics (Hannah Arendt), the concept of ethical alterity (Emmanuel Levinas) should function as a device for a consequent interpretation of the current state of our ethical-political engagement. The concept of birth, which in Arendt underlies political action, is appropriate to affirm an ethics and a policy of acceptance and to indicate the limits of a supposed ethic of tolerance. <![CDATA[Filosofia e ética do discurso: o fundacionismo moderado em Habermas]]> http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178-46122018000500396&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumo Neste texto, procuramos mostrar, a partir do texto de Habermas “A filosofia como guardador de lugar e intérprete” e das considerações do filósofo sobre a ética do discurso, que há no pensamento habermasiano a proposição de um fundacionismo moderado em ética que se apresenta na busca de uma justificação racional para as normas morais a partir dos pressupostos necessários da argumentação em geral, recusando, com isso, um fundacionismo absoluto que se coloque para além da história e do assentimento dos envolvidos, levando Habermas a rever o papel da filosofia, que passa a ser de intérprete e guardiã da racionalidade e a dimensão da razão, entendida como dialogal ao invés de monológica.<hr/>Abstract In this text, we seek to show from Habermas’ text “The philosophy as keeper of place and interpreter” as well as the philosopher considerations about the ethics of discourse, which has in the habermasian thought the proposition of a moderate foundationalism in ethics which reveals itself in search of a rational justification for the moral norms starting from the necessary assumptions of argumentation in general, refusing, with this, an absolute foundationalism which puts itself beyond the history and the assent of the involved, leaving Habermas to review the role of philosophy, which turns to be as interpreter and guardian of rationality and the dimension of reason, understood as dialogic rather than monological.