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Conjectura: Filosofia e Educação

Print version ISSN 0103-1457On-line version ISSN 2178-4612

Conjectura: filos. e Educ. vol.25  Caxias do Sul  2020

https://doi.org/10.18226/21784612.v25.dossie.2 

DOSSIÊ: FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO E PEDAGOGIA CRÍTICA: PREOCUPAÇÕES E TENDÊNCIAS ATUAIS

Moralidade, biopolítica e Educação em tempos de pós-verdade

Morality, biopolitics and Education in post-truth times

Amarildo Luiz Trevisan* 
http://orcid.org/0000-0002-3575-4369

*Professor Titular No Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Pesquisador PQ – 1D/CNPq. Doutor em Educação pela UFRGS e Pós-Doutor em Humanidades pela Universidade Carlos III (UC3M). E-mail: trevisanamarildo@gmail.com.


Resumo

O artigo pretende abordar o tema da moralidade no campo da Educação a partir da transição da discussão de Freud a Adorno (e Horkheimer), potencializada pela compreensão da biopolítica de Foucault e Agamben. O objetivo é fazer a crítica ao ato de discriminar e direcionar o destino das verbas públicas não para a Educação, e sim em prol de valores do mercado. O tema da moralidade está sendo utilizado largamente como expediente de formação de massas com características fascistas no Brasil atual, o que demanda um esforço hermenêutico para repensar suas premissas filosóficas e psicanalíticas. Não se trata somente de investigar o papel positivo que desempenham os agrupamentos que trabalham em prol de causas elevadas. Mais do que isso, interessa compreender como eles se unem em torno de pautas conservadoras e que se utilizam do escudo da moral, em tempos de pós-verdade, como forma de distração dos reais problemas enfrentados pela vida pública brasileira. Com isso, é possível mergulhar na psique das massas, percebendo que a falta de distanciamento ou identificação entre o eu e o ideal do eu é um dos principais motivos À emergência de uma biopolítica da moralidade que leva ao comportamento massificado do indivíduo. Quando renuncia ao seu ideal do eu para adotar atitudes e comportamentos padronizados, acaba por abolir a sua instância moral e passa a operar sem apoio no narcisismo. Deixa, assim, de aspirar à sua própria autoafirmação, focando todos os seus esforços no ideal do coletivo, sem perceber que paga o preço da renúncia a si mesmo que leva à heteronomia, cujas normas são prescritas pela sociedade.

Palavras-chave Moralidade; Biopolítica; Educação; Massa; Pós-verdade

Abstract

The article aims to address the theme of morality in the field of Education from the transition from Freud’s discussion to Adorno (and Horkheimer), enhanced by the understanding of bio-politics by Foucault and Agamben. The objective is to criticize the act of discriminating and directing the destination of public funds not for education, but for the benefit of market values. The theme of morality is being widely used as a mass training expedition with fascist characteristics in Brazil today, which demands a hermeneutic effort to rethink its philosophical and psychoanalytic premises. It is not just a question of investigating the positive role played by clusters working for high causes. More than that, it is important to understand how they unite around conservative guidelines and use the moral shield in post-truth times as a distraction from the real problems faced by Brazilian public life. It is thus possible to delve into the psyche of the masses, realizing that the lack of detachment or identification between the self and the ideal of the self is one of the main reasons for the emergence of a biopolitics of morality that leads to the mass behavior of the individual. When he renounces his ideal of self to adopt standardized attitudes and behavior, he eventually abolishes his moral instinct and begins to operate without support in narcissism. It fails to aspire to his own self-assertion, focusing all his efforts on the ideal of the collective, without realizing that he pays the price of self-renunciation that leads to heteronomy, whose norms are prescribed by society.

Keywords Morality; Biopolitics; Education; Mass; Post-Truth

Introdução

Em um dia de frio intenso, uma sociedade de porcos-espinhos (ouriços) resolveu se juntar para se aquecer mutuamente e, assim, evitar as agruras do inverno. Porém, ao se aproximar, perceberam que por conta dos espinhos acabavam se agredindo e, devido a isso, procuram então se distanciar. Cada vez que a necessidade de aquecimento os cercava, o problema se repetia, até o ponto que julgaram melhor manter uma distância média entre eles. E, assim, conclui a “moral” da história: “Ninguém suporta uma aproximação demasiado íntima do outro” (FREUD, 2019, p. 92). Essa pequena fábula, compilada da obra de Shopenhauer, é utilizada por Freud para ilustrar o problema do comportamento de massa sob o ângulo que ele pretende abordar em sua obra Psicologia das massas e análise do eu. o fenômeno do narcisismo.

Na continuidade da fábula (Freud conta somente a metade), Shopenhauer comenta que a distância média encontrada entre os animais, nesse caso, consiste justamente na cortesia e nas boas maneiras, ou seja, naquilo que poderíamos nomear como locus possível da moralidade no campo da Educação. Em seu ensaio, Freud faz uma apreciação profunda do papel da psique humana em relação ao comportamento estandardizado, perguntando-se, até certo ponto, pelo aspecto ético aí presente. Nesse sentido, ele comenta: “Enquanto a capacidade intelectual da massa sempre se encontra bem abaixo da do indivíduo, seu comportamento ético pode tanto ficar muito acima desse nível quanto muito abaixo” (2009, p. 52).

Sabemos que existe uma distinção entre ética e moral, sendo a primeira mais voltada ao coletivo, e a outra, ao comportamento individual. No entanto, ambas se perguntam fundamentalmente pelo que seria desejável para a conduta humana. Ora, há uma contradição latente na afirmação freudiana, posto que ele joga a capacidade intelectual da massa para baixo do plano individual, enquanto o comportamento ético pode transcender esse nível e se elevar para além dessa dimensão, ou simplesmente se situar muito aquém desse desenvolvimento. Freud explica essa questão com referência à obra de Le Bom, do seguinte modo: “Também Le Bom estava disposto a admitir que, às vezes, a moralidade das massas pode ser mais elevada do que a dos indivíduos que a compõem, e que apenas as coletividades são capazes de altruísmo e dedicação elevados” (FREUD, 2019, p. 59).

Mas será possível à massa ter atitudes elevadas ou desejáveis do ponto de vista ético, porém combinadas com baixa percepção intelectual ao mesmo tempo? Essa questão revela a ambivalência da necessidade de se indispor com quem está fora e de cultivar o amor com quem está dentro desse movimento; ambivalência presente mais claramente no texto Além do princípio do prazer, quando Freud fala da destrutividade ou da pulsão de morte. De certa forma, isso repõe o problema das virtudes no livro Ménon, em que Platão se questiona quanto à possibilidade de a virtude ser conhecida, ou melhor, se há uma dependência do agir ético em relação ao conhecimento ou à sua epistemologia.

Porém, tomando o caso da massa do fascismo, como se daria esse processo? Para Iray Carone, o tema do fascismo não é somente um problema do trato lógico-filosófico, mas principalmente psicológico. No seu artigo “A personalidade autoritária: estudos frankfurtianos sobre o fascismo”, Carone afirma: “A única forma de combater o fascismo é através do estudo da psicologia do destinatário de sua mensagem, porque a própria mensagem é caracterizada pela presença de elementos psicológicos e não lógicos” (2012, p. 17).

Por isso, neste texto, pretendemos aliar a compreensão da biopolítica com a psicanálise para entender melhor como se comporta a massa do fascismo no tempo dominado pelo espírito da pós-verdade. Nesse sentido, buscaremos debater, fundamentalmente, a pergunta: Qual é a moralidade das massas do fascismo e em que ela consiste? Primeiramente, almejamos debater essa questão do ponto de vista da referida obra de Freud e, num segundo momento, fazer uma reapropriação da discussão de Adorno (e Hokheimer) em relação ao problema do fascismo norte-americano. A discussão será potencializada pela ótica da compreensão de Adorno de acordo com o texto A técnica psicológica das palestras radiofônicas de Martin Luther Thomas (1943) e no artigo, escrito em parceria com Horkheimer, Teoria freudiana e o padrão da propaganda fascista (1951). E, por último, cruzar essas duas perspectivas com a biopolítica da Educação, inspirado em Foucault e Agamben. Queremos trabalhar no artigo algo que, na obra Psicologia das massas e análise do eu, foi apenas tangenciado por Freud, ou não teve um maior desenvolvimento, que é a relação do campo da moralidade com a Educação. O objetivo é pensar o tema da moralidade como dispositivo biopolítico de condução coletiva, com o intuito de desviar o foco dos reais problemas que acometem a democracia brasileira no presente momento.

O comportamento da massa e o nível intelectual

Atualmente vivemos um momento de instabilidade política, social e econômica no Brasil e no mundo, fruto das mudanças que estão ocorrendo em vários setores da sociedade e as consequentes escolhas realizadas pelo coletivo. Não há dúvidas de que estamos passando por grandes transformações em todos os setores da vida, na medida em que a virtualidade está ocupando o espaço da realidade. Novos dispositivos de consumo tecnológico oferecem serviços on-line para todos os tipos e gostos de padrões de consumo, facilitando a vida desde os aspectos mínimos até as máximas decisões da esfera pública. Com isso, os antigos padrões ou crenças acabam cedendo espaço para novas formas de organização e de orientação da vida, como os serviços de táxi, que mudaram a forma de locomoção com a entrada dos aplicativos de transporte privado. As compras pela internet estão crescendo cada vez mais, pois os produtos vendidos dessa forma apresentam mais baixo custo em relação às compras realizadas diretamente nas lojas. Também a democracia está sendo afetada no seu rumo pelos novos cenários da comunicação on-line. A escolha de candidatos para ocupar os cargos públicos mais importantes, que decidem os rumos do País, pelo contato virtual, especialmente pelo uso de fake news, está causando sérios problemas, como a saída da Inglaterra da União Europeia pelo Brexit, a eleição de Trump nos EUA e de Bolsonaro no Brasil, entre outros eventos dessa natureza.

Em vários desses casos, a participação das redes sociais teve papel decisivo, proporcionando a manifestação de novo comportamento de rebelião das massas.1 Porém, diferentemente de outros momentos históricos, em que se exigiam, eventualmente, mudanças no modo de produção, ou de nova organização do Estado ou da sociedade, agora a rebelião é dirigida à negação do outro. E é nesse panorama de crise que surge o problema da moralidade como dispositivo de formação e condução de nova rebelião das massas, característica da era da pós-verdade em que vivemos.

Em consequência, há um novo cenário de reacionarismo na Educação, em que a vida pública se tornou refém de um pensamento doutrinário narcisista (AMARAL, 1997). Mas ao contrário de um narcisismo de indivíduos, agora são os agrupamentos na internet que reivindicam para si esse comportamento. Freud, ao analisar as massas do Exército e da Igreja, havia, de certo modo, compreendido esse comportamento de transição do individual para o coletivo, em seu livro Psicologia das massas e análise do eu, com o seguinte raciocínio:

Enquanto a formação de massas persiste ou até onde ela alcança, os indivíduos se comportam como se fossem uniformes, toleram a singularidade do outro, equiparam-se a ele e não têm qualquer sentimento de aversão por ele. Segundo nossas concepções teóricas, semelhante limitação do narcisismo pode ser produzida apenas por um fator: por ligação libidinosa a outras pessoas (2019, p. 95).

Ele defende que a libido, a sexualidade, ou, de forma mais erudita, o próprio eros seria o fermento da massa, o que causa o amálgama que permite que ela forme um corpo e se livre temporariamente do narcisismo primitivo.

Assim, de maneira geral, não é estranho que vejamos o indivíduo na massa fazendo ou aprovando coisas que teria evitado em suas condições de vida habituais, e podemos inclusive nutrir a esperança de assim aclarar um pouco a escuridão habitualmente coberta com a enigmática palavra “sugestão”

(FREUD, 2019, p. 64).

O eros é a força criadora e expressiva do ser humano, que lhe permite construir ou empreender grandes conquistas ou empreitadas construtivas para o engrandecimento humano. Mas, então, como se explica que, unida por amor, uma massa possa se comportar, justamente em nome desse elã vital, de forma destrutiva ou discriminatória com quem está fora (?): “É natural para todas praticar a crueldade e a intolerância com aqueles que não são seus membros” (2019, p. 89). Que moral permite essa conivência ao mesmo tempo construtiva e destruidora? Freud alude que o comportamento com quem está fora seria motivado pela compulsão à identidade que se forma no interior da coletividade, conforme ele demonstra: “Portanto, se na massa surgem restrições do amor-próprio narcisista que não têm efeito fora dela, isso é uma indicação concludente de que a essência da formação da massa consiste em ligações libidinosas de um novo tipo entre seus membros” (2019, p. 96).

Há de se convir que existe uma moralidade para dentro e outra para fora do grupo ou da sociedade? Como se justifica essa (i)moralidade de grupos para sujeitos externos, temos que aceitar a sua inexistência? Para o “Pai da Psicanálise”, as massas acabam tolerando “os espinhos” uns dos outros quando há comando, ou liderança, e há um fermento que as aglutine. Tal é o caso do papel de Moisés, abordado com muita propriedade no seu último grande livro O homem Moisés e a religião monoteísta (2018). O comportamento do líder do monoteísmo judaico lembra, de algum modo, o papel da horda primitiva, guiada por um pai autoritário, como um modelo para pensar como ela se comporta no seu processo ético.

É esse arquétipo antigo – bem próximo do ambiente da barbárie primitiva – que faculta a Freud olhar para o homem moderno, o que não é uma visada simplesmente a partir da perspectiva do presente, mas é o presente encarado do ponto de vista do que ocorreu no tempo primitivo ou pré-histórico. Os indivíduos são conduzidos pela autoridade do pai que os ama a todos, mas só na medida em que eles cumprem com suas ordens. As relações entre eles são dadas pelo afeto e prontamente cessam a partir do momento em que se instaura o pânico pela morte do líder.

A perda do líder em algum sentido, a perda de confiança nele, provoca a irrupção do pânico mesmo que o perigo se mantenha constante; com o fim da ligação ao líder, também acabam – em geral – as ligações recíprocas entre os indivíduos da massa. A massa se desfaz como uma garrafinha bolonhesa da qual se quebrou a ponta (2018, p. 87).

Aqui é possível lembrar da análise que Adorno (e Horkheimer) fazem do fascismo norte-americano a partir dos discursos radiofônicos de pastores que usavam as mesmas técnicas de Hitler para manipular o povo, porque perceberam que ele almejava ser enganado pelo processo de identificação. Esses escritos mostram a inversão praticada na relação entre o id e o eu. Para Freud e a psicanálise o inconsciente deveria vir à tona para ser elaborado pelo eu, para conferir maior autonomia ao indivíduo no trato com sua vida e a de seus semelhantes. Só que o fascismo faz o caminho contrário:

O fascismo promove esta abolição no sentido oposto, pela perpetuação da dependência ao invés da realização da liberdade potencial, pela expropriação do inconsciente, pelo controle social ao invés de tornar os sujeitos consciente de seus inconscientes

(ADORNO, 1951, p. 22).

Esse fenômeno coletivo derruba o consciente no túnel do inconsciente, propiciando, assim, a fragilização do narcisismo do eu no coletivo e, por isso, ele se torna um movimento totalitário. Tal é a “moralidade do fascismo”, em que o ideal do eu se espelha no líder da massa, no qual o eu se funde, que perde sua autonomia de querer e pensar. Se as relações amorosas, como diz Freud, constituem a essência da psique massificada, certamente esse processo, no caso do fascismo, ocorre porque ele projeta a tríade da família no plano político. Para a defesa da “mãe”, pátria amada protegida pelos seus filhos, é preciso o ressurgimento do líder da horda primitiva. Os filhos mantêm a coesão, identificando-se com a pátria e combatendo seus inimigos.2 Tudo isso faz um quadro bem-preciso desse processo, como bem antecipara Freud:

Assim, faremos uma tentativa com a hipótese de que as relações amorosas (expresso de maneira indiferente: as ligações emocionais) também constituem a essência da psique das massas. [...] Primeiro, a massa evidentemente é mantida coesa por meio de um poder qualquer. Mas a que poder se poderia atribuir esse feito senão a eros, que tudo mantém coeso no mundo? Segundo, quando o indivíduo na massa renuncia à sua singularidade e se deixa sugestionar pelos outros, temos a impressão de que o faz por existir nele uma necessidade de estar antes em harmonia com eles a estar em oposição a eles; ou seja, talvez o faça “por amor a eles” (2019, p. 76-77).

Adorno nos ajuda a entender melhor essas questões quando observa que não é o indivíduo quem se apaga no todo, como se pode pensar em princípio. Pelo contrário, é a massa que forma aí o seu entendimento, anulando sua personalidade em prol de um padrão de comportamento standard. A biopolítica vem reafirmar que não há uma manipulação de um emissor para um receptor; pela lógica dos dispositivos, o receptor acaba sendo atuante nesse processo, querendo ou desejando ser comandado. E isso Freud também já havia antevisto, de alguma maneira, quando salientou:

Visto que a massa não tem dúvidas quanto ao verdadeiro e ao falso, e ao mesmo tempo tem consciência de sua grande força, ela é tão intolerante quanto crédula na autoridade. Ela respeita a força e se deixa influenciar apenas mediocremente pela bondade, que para ela significa apenas uma forma de fraqueza. O que ela exige de seus heróis é força, inclusive violência. Ela quer ser dominada, oprimida e temer seus senhores (2019, p. 51).

Podemos voltar, aqui, à metáfora dos espinhos, para questionar se, de acordo com essa lógica, significa então que alguns ouriços têm pontas mais venenosas do que outros em suas defesas, e que o melhor seria manter uma distância do coletivo a que eles estão submetidos? Ora, essa discussão remete a refletir melhor sobre o ambiente que estamos vivendo, pois, se a massa é teleguiada pelo inconsciente, como afirma Freud, a característica que ela assume é a de despreocupação com a veracidade (QUEIROGA, BARONE; COSTA, 2016, p. 114). Por isso, se torna presa fácil do espírito do tempo da pós-verdade, em que a verdade se torna contextual, “uma verdade inflacionada de subjetividade, mas sem nenhum sujeito” (DUNKER, 2017, p. 18).

Biopolítica da moralidade na Educação

Dunker salienta, em seu texto “Subjetividade em tempos de pós-verdade” (2017), que a pós-verdade é a segunda fase do pós-modernismo e o seu necessário contraditório. Depois de uma primeira fase triunfante de crítica ao sujeito moderno e afirmação das diferenças de corpo, etnia, gênero, sexo, cor, há uma crítica e desconstrução da sua verdade suposta. Há uma transição da posição pós-moderna para a suposição pós-verdadeira, não necessariamente por antagonismo, mas como nova onda que negativa a anterior. Para ele o batismo no campo político veio com as campanhas eleitorais que deram outra face conservadora ao mundo, com uma pauta irracionalista que propaga teorias conspiratórias, tais como: criacionismo em vez de evolucionismo; suspeita sobre a eficácia das vacinas; relativização do aquecimento global; entre outras. Assim, “a principal característica da pós-verdade é que ela requer uma recusa do outro ou ao menos uma cultura da indiferença que, quando se vê ameaçada, reage com ódio ou violência” (2007, p. 28). E isso ocorre tanto no espaço público, incluindo a cultura digital, como ao ambiente privado e do trabalho. Na Educação, ainda segundo o autor, imperar, ainda com mais força, uma “educação de resultados”, em que as tecnologias digitais passam a ter autoridade moral, valorização das emoções e crenças pessoais em vez de atitudes críticas e um quadro que relega aos professores “uma relação produtivista com o saber”.

Além dessas características, podemos indicar que, no caso do Brasil, a confrontação política ganha ares não entre a velha e a nova política, entre o capitalismo e o comunismo, mas o ressurgimento do velho dilema do século passado: democracia versus fascismo. No coração dessa guerra político-cultural, está permanentemente em questão a pauta da biopolítica moralista, com ênfase no debate sobre a exposição do corpo nu em vários locais. A biopolítica nasceu com as transformações da medicina no séc. XVIII, que passou da fase da clínica para a medicina social e daí para diversas áreas do corpo social como um todo. Como expressam Assmann et al. (2007, on-line), “o poder sobre a vida se instala por meio da instituição de diversos dispositivos de caráter sexual, pedagógico, clínico e penal, permitindo a capilarização das possibilidades de intervenção do Estado sobre a vida da população.” Por isso, não é um corpo individualizado em questão, é o da “politização da vida nua” (AGAMBEN, 2013, p. 13) ou o corpo-espécie, como diria Foucault (1999), exposto ao risco de ser categorizado, medido, calculado e utilizado para uso estratégico das técnicas de manipulação do poder do Estado.

Nada mais próximo dessa questão do que aquilo que se passa nas redes sociais atualmente, no Brasil, polarizadas em discussões ideológicas, em que a pauta moralista domina a guerra cultural, cujos confrontantes se utilizam de toda sorte de fake news para afirmar seus propósitos. É nas universidades que mais se baliza ou manifesta a crítica das fake news ao corpo, posto que o sistema universitário seria, nessa ótica, um lugar reservado para ser um templo de culto ao saber útil. Segundo levantamento do jornal on-line Aos Fatos,3 em ferramenta de monitoramento desenvolvida na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), após o anúncio de cortes de investimentos nas universidades públicas federais, realizados no início de maio de 2019, a disseminação de conteúdo desse tipo cresceu 95% em 24h, o que demonstra haver um trabalho intencional e orquestrado nesse sentido. Em geral, os conteúdos elogiam os cortes do MEC no orçamento e denunciam as universidades por mau uso das verbas e também pela corrupção dos costumes. Tomemos um exemplo de fake news compilado por Santana (2019, on-line), que circula nas redes sociais atualmente:

Analisando o conteúdo específico veiculado pela imagem, podemos perceber vários aspectos que podem ser ressaltados, entre eles, o interesse de desviar a aplicação das verbas do destino das universidades para alocar, nas escolas básicas, o que seria, em princípio, uma pauta interessante para ser debatida. Porém, o que não é explícito é que as escolas básicas são reguladas por estados e Municípios; então, não se justifica o argumento de que o Brasil começou mal a casa, construindo primeiro o telhado, pois o Ensino Universitário é da competência e gestão do governo federal. As milícias digitais erraram o alvo em princípio, fazendo um ataque despudorado, ao utilizar o corpo como técnica de governo das populações, como já alertava Foucault (1999), porém esquecendo do seu conteúdo de verdade.

Porém, no quadro de moralismo que surge do cruzamento com a biopolítica, vigora a estratégia da distração, que serve para afastar a população do debate sobre os problemas caros ao País, como: o desemprego, a falta de habitação, a saúde, a segurança e a educação à maioria da população. As massas ficam raivosas não com o trato governamental a esses problemas, mas com o uso de recursos públicos para financiar estudantes nus, consumindo drogas nas universidades, por exemplo, ou a propaganda de livros didáticos com conteúdo pornográfico, como o kit gay nas escolas (o qual, na verdade, não existiu), e mas que foi largamente divulgado nas fake news.4 Tal pauta é funcionalizada com o intuito de evitar investimentos de recursos nesses locais em que a vida ficou degenerada e cujo padrão não é o da elevação do saber ao expoente máximo de aplicação, mas o rebaixamento ao seu nível mais elementar.

No entanto, tais imagens descontextualizadas revelam a um olhar mais apurado que muitas cenas foram protagonizadas, na verdade, não por alunos das universidades: eram grupos de teatro que faziam performance naquele momento nos seus recintos, sendo que muitos desses fatos não ocorreram em universidades federais (SANTANA, 2019, on-line). Além disso, o corpo assim exposto provoca a ira do mercado, posto que recusa o patriarcalismo e os valores da sociedade de consumo, que precisam, permanentemente, do culto à moda (compra de vestuário, calçados, bolsas e adereços para o corpo).

A transformação do comportamento massificado pelos processos das fake news na era da pós-verdade não é uma tarefa de fácil compreensão e intervenção, pois aí, muitas vezes não existe a presença de um líder. Ou melhor, há um algoritmo que, no caso do Facebook escolhe as preferências para os usuários baseado nas curtidas que cada usuário faz nas postagens e também a partir dos seus dados pessoais compartilhados na rede: o EdgeRank.

Freud (1921/2011) afirma que, quanto mais fortes forem as características em comum entre os indivíduos de uma massa, mais forte será o laço entre eles; assim, o algoritmo é imprescindível para o fortalecimento das massas que se vêm formando no Facebook

(QUEIROGA; BARONE; COSTA, 2016, p. 123).

Por isso, o indivíduo que se arrisca a participar de tais discussões nas redes sociais, “carregadas de ofensas pessoais, ideais religiosos e políticos, senso comum e preconceitos” (2016, p. 116), não pode ter escrúpulos muito apurados. Caso ele defenda um modelo de Estado máximo ou mínimo pode ser objeto de todo tipo de ataque, pois o que está em questão rompe com o meio-termo do equilíbrio necessário para equacionar as posições polarizadas. Também não se trata de submissão à guerra icônica, pois isso só levaria ao choque de uma ideologia contra outra, o que não significa que devemos alentar para novos quadros e pontos de referência.

Nesse aspecto, a imagem seguinte, apresentada por Ribeiro (2015, p. 191), é significativa para os propósitos que estamos abordando, pois mostra dois importantes intelectuais franceses (Jean-Paul Sartre e Michel Foucault) em meio a estudantes universitários protestando contra o governo autoritário de Charles de Gaulle, em maio de 1968, na França.

Apresenta-se outro quadro de referência, diferente do modelo fake anterior, posto que esse demonstra o fascínio de dois intelectuais famosos pela causa dos estudantes, estando ao lado deles e lutando pelas suas reivindicações. Afinal, é o futuro da nação e da humanidade que está em jogo e que precisa de um voto de confiança. Há um potencial de verdade contido nessa cena, diferentemente da conversa rasa e da manipulação despudorada dos fatos das redes sociais.

Fonte: Foucault e Sartre na militância (1968). Disponível em: file:///C:/Users/Amarildo/ Desktop/Educa%C3%A7%C3%A3o%20contra%20o%20Fascismo/ Foucault%20e%20Sartre%202.pdf.

Conclusões

Fizemos, até aqui, uma incursão pela formação da massa na psique do indivíduo para perceber o quanto ela é funcionalizada pelo processo moralista em tempos de fake news. Agora, cabe retomar uma pergunta inicial, até aqui ainda não respondida, que indaga: É possível à massa ter atitudes elevadas ou desejáveis do ponto de vista ético, porém combinado com baixa percepção intelectual ao mesmo tempo?

Qualquer iniciativa para debelar o clima dos espíritos armados até os dentes que aí está deve levar em consideração como se dá a formação das massas no interior da psique do indivíduo. Se houver essa ferramenta da cognição à sua disposição, certamente ele terá mais chances de levantar o seu ego decaído no coletivo. Freud afirma que o aspecto cognitivo da massa vige constantemente abaixo da capacidade do indivíduo, porém o diferencial é que o seu comportamento ético pode transcender a capacidade individual. É claro que aí está presente a experiência de que, juntos, somos capazes de produzir resultados qualitativamente melhores do que se ficarmos individualizando condutas.

No entanto, talvez o que Freud está tentando mostrar é que, mesmo quando os homens se unem por causas sublimes, eles embotam seus sentidos, especialmente o da inteligência, pois a massa por si mesma significa um retrocesso ao desenvolvimento do sujeito, posto que está sintonizada com o arquétipo primitivo da horda. Logicamente, é possível termos atitudes coletivas progressistas, embora não esteja presente a compreensão plena de que dispõe o indivíduo solitário. Nesse aspecto, a massa pode nivelar por baixo os ganhos cognitivos e, ao mesmo tempo, levar a esforços éticos e resultados promissores?

O distanciamento entre ética e cognição é atravessado pela insociável sociabilidade kantiana, fazendo com que o indivíduo nunca esteja satisfeito: aspira à solidão quando está no coletivo, porém almeja relações sociais quando está só. Explicando melhor, Freud foi pioneiro em sugerir que, diferentemente da sugestão ou da hipnose, havia um processo mais profundo que contribuía para a superação da solidão por intermédio da estruturação da massa, que é a liberação da energia da libido. Quando sua compreensão é recoberta pela emoção, os argumentos racionais não conseguem ultrapassar essa carapaça: “Podemos concluir que argumentos lógicos e fundamentos teóricos de nada servem para modificar a estrutura da massa, pois seus membros compreendem apenas argumentos que fortalecem a ligação estabelecida entre si” (QUEIROGA; BARONTE; COSTA, 2016, p. 124). A cisão entre o eu e o ideal do eu é um ponto nevrálgico nesse contexto, para entender o quanto o indivíduo renuncia ao seu ideal do eu em nome da massa. Essa é uma instância crítica responsável, segundo Freud, entre outras funções, pela consciência moral. Quando o sujeito abdica desse ideal em prol do objeto (corporificado no líder do grupo), fica refém do comportamento homogêneo, dado que a instância moral não consegue mais cumprir suas funções. Assim, guardar certo distanciamento entre esses dois polos (entre o eu e o ideal do eu) pode ser uma atitude salutar, mantendo o sentimento de culpa, por exemplo, cuja condensação, na massa, acaba sendo abreviada. Pois, quando abandona o ideal do eu para adotar atitudes e comportamentos padronizados da multidão, vai abolir sua instância moral e passa a operar sem apoio no próprio narcisismo. Como na metáfora dos ouriços, ele passa por cima das eventuais agruras que sofre no relacionamento, no grupo por fidelidade a um projeto maior, entronizado na figura do chefe do bando. Com isso, deixa de aspirar à sua própria autoafirmação ao focar todos os seus esforços no ideal coletivo, sem perceber que paga o preço da renúncia a si mesmo. Portanto, o amor de si é o ponto de equilíbrio, na perspectiva psicanalítica, para que o indivíduo se mantenha saudável e dele não pode abrir mão, sob pena de cair na heteronomia, cujas normas são prescritas pela sociedade.

Charlot (2018) comenta com certa razão que “o discurso pedagógico diz, e não pode deixar de dizer, o que é o Bem, como princípios fundamentais a serem respeitados e como cultura a ser compartilhada”. E, a seguir, completa esse raciocínio dizendo: “Todo projeto de educação visa ao bem, mas o problema é que, muitas vezes, na maioria das vezes, ele não alcança a meta a que visava: meu filho, minha filha, não é como eu tinha sonhado – e menos ainda meus alunos” (p. 17). Entretanto, seguindo a linha de raciocínio que vínhamos desenvolvendo, é conveniente, de alguma forma, sair da cultura centrada no eu da sociedade de consumo, que preza o narcisismo primitivo e que, ao mesmo tempo, precisa da dependência externa do outro como aplauso ou espetáculo, para perceber o outro não mais “como uma extensão de si” e sim “como um ser diferente” (CABRAL; TIBÚRCIO, 2016, p. 161). E isso significa repor as figuras parentais como quadros de referência, deslocando a libido nessa direção. Desse modo, cai por terra a biopolítica da moralidade que vê, no corpo do outro, apenas sua sexualidade, por exemplo, e não percebe outras dimensões de tal objeto com o endereçamento do eros para outros fins: intelectuais, formativos, emocionais, etc.

Freud bem demonstrou que não existe só uma massa, mas muitas e variadas formas do viver coletivo, sendo que o indivíduo resulta do cruzamento de várias experiências nesse sentido. O distanciamento entre o ego e o seu ideal é o que pode contribuir, segundo ele, para que o indivíduo possa ir além delas (das massas), e, assim, “se elevar a um fragmentozinho de independência e originalidade” (2019, p. 140). Ele consegue aclarar assim um pouco da escuridão que pairava sobre o comportamento homogeneizado, mas deixou muitos pontos em aberto para que houvesse novos desenvolvimentos. Entre outras iniciativas, resta a escuta do outro, de seus desejos e sonhos, auscultando como o seu narcisismo mergulhou ou se perdeu no devaneio coletivo.

1Referimo-nos à obra A rebelião das massas (1962) do filósofo espanhol José Ortega y Gasset, escrita no primeiro quarto do século XX, em que denotava o surgimento de novo comportamento nos seres humanos, isto é, o comportamento massificado.

2Podemos fazer uma analogia dessa situação com o caso do Brasil, especialmente com os acontecimentos que se iniciaram a partir de 2013 com os movimentos de rua, impulsionados pela internet, nos quais as pessoas protestavam utilizando camisetas amarelas da Seleção Brasileira de Futebol como um sinal claro e distintivo do amor à pátria. O processo culminou com a eleição de um líder de origem política conservadora e defensor de pautas reacionárias, como o uso da força para o combate da violência através da liberação do porte de armas, liberação de agrotóxicos proibidos em muitos países, incentivo à invasão de terras indígenas e o sufocamento do ensino público com corte de verbas.

3Ver a esse respeito a notícia: Após cortes no MEC, envio de imagens de estudantes nus em protestos cresce 950% no WhatsApp. DCM. O Essencial. Aos fatos. Disponível em: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/apos-cortes-no-mec-envio-de-imagens-deestudantes-nus-em-protestos-cresce-950-no-whatsapp/. Acesso em: 13 maio 2019.

4Ver a esse respeito a notícia: “Pauta moral e fake news sustentam guerra cultural do governo Bolsonaro para ‘distrair’ a população”. Disponível em: https://www.viomundo.com.br/voce-escreve/eliara-santana-pauta-moral-e-fake-news-sustentam-guerra-cultural-do-governo-bolsonaro-paradistrair-a-populacao.html. Acesso em: 13 maio 2019.

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Recebido: 20 de Maio de 2019; Aceito: 26 de Outubro de 2019

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