Este artigo tem como temática a construção/implementação da Educação do Campo (EdoC) em uma escola da rede pública do município de Ji-Paraná/RO, que passou a adotar a pedagogia da alternância1. Seu objetivo é evidenciar elementos e refletir sobre como está se dando esse processo, cuja perspectiva é deixar para traz a educação rural, ao mesmo tempo em que se aposta em algo novo do ponto de vista político e pedagógico.
A Educação do Campo surge das demandas dos movimentos sociais organizados, tendo como marco o ano de 19982, se contrapondo claramente à educação rural, sinônimo de educação precarizada para as populações3 rurais e/ou classes populares ao longo dos tempos. Contudo, segundo Caldart (2012) a EdoC não nega a educação rural pelo fato de ser oriunda dela, mas, tece forte crítica a essa educação por ser insuficiente em vários sentidos e, assim, busca ser aquilo que a educação rural deixou como lacuna: educação enraizada na vida dos camponeses/as que a demandam e a constroem junto a educadores/as e movimentos sociais, mediada pela política pública.
Não são poucas as críticas à educação rural pelo modo como ela foi constituída, sendo que praticamente todos os estudiosos do tema da Educação do Campo concordam que ela fora precária, rasa, descontextualizada e, servindo prioritariamente a interesses das elites rurais desde 1889. Para exemplificar, Souza (2014) é enfática em afirmar que ela sempre esteve a serviço dos coronéis latifundistas, subservientes ao imperialismo. Valadão (2018), assim como Gouveia (2016) apontam, além da precariedade das escolinhas rurais unidocentes, a vinculação da educação ofertada a projetos de colonização. Por outro lado, Lima (2016) ao fazer a defesa da EdoC, como superação da educação rural, enfatiza a sua posição política de se colocar em defesa de um outro projeto de campo, contrário aos interesses do atual agronegócio, cuja origem são os latifúndios.
A pedagogia da alternância como a própria nomenclatura aponta, é uma Pedagogia, mas de acordo com Gimonet (2007) pode ser descrita como um movimento pedagógico, que articula a vida cotidiana dos estudantes e suas famílias com a teoria e a prática, alternando tempos e espaços educativos. Para o autor, é mais do que metodologia, é concepção de uma forma de ensino, sobretudo para filhos de agricultores, originada na França na década de 1930, que chegou ao Brasil em 1968 para ser desenvolvida nos centros familiares de formação por alternância – Ceffas4.
Gimonet trata em específico da pedagogia da alternância desenvolvida nas Casas Familiares Rurais (CFR) e destaca que o ensino parte da vida, ressaltando como seus pilares fundamentais quatro itens essenciais: a formação integral dos alternantes; o desenvolvimento pessoal; a alternância em si como processo educativo formativo e método pedagógico; e, a associação entre pais/famílias, profissionais e instituições. Logo, é um processo educativo em que a relação estabelecida pelo centro de formação se dá em teias ou redes, envolvendo diferentes sujeitos e entidades, articulando campo e cidade.
Em redes públicas de ensino no Brasil, a pedagogia da alternância é algo bastante raro ainda, pelo fato de existir experiências divulgadas, basicamente, nos Estados do Espírito Santo, Mato Grosso e Rondônia, segundo nossa pesquisa bibliográfica5. De acordo com Conte, Pereira e Santos (2018), no Estado de Rondônia, a primeira experiência de pedagogia da alternância na rede pública surgiu com o Educampo no município de Ji-Paraná, no ano de 2016, tendo suporte técnico-pedagógico do Estado do Espírito Santo, pois quando o município buscava alternativa para a educação rural municipal, descobriu as experiências naquele local e formalizou um acordo de cooperação técnica com o município de São Mateus. Assim, houve processos formativos e intercâmbio de professores entre os dois Estados entre 2013 e 2016, até de fato ser possível a concretização do Educampo, considerando a especificidade local.
Oliveira (2016, p. 18), ao estudar casos de pedagogia da alternância na rede pública do Estado do Espírito Santo descreve certos conflitos entre a pedagogia da alternância desenvolvida nas CFRs e EFAs etc., no Estado e, a que foi construída em escolas de redes municipais. O autor argumenta que “a Pedagogia da alternância rompe com o modelo tradicional de escola vigente” e, ao mesmo tempo, a democratiza, quando faz ela sair da esfera privada dos Ceffas, tidos como particulares, e passa à esfera pública, possibilitando maior acesso. Nesse caso, entendemos que o autor concorda que a pedagogia da alternância rompe com o modo tradicional de escola/escolarização no Brasil, mas, sobretudo quando é construída na esfera pública, garante amplitude de acesso, sendo necessário mudar o formato original pelo fato de atender crianças pequenas desde o pré-escolar.
Metodologicamente, este texto parte da inserção direta, entre 2018 e 2019, na escola municipal Irineu Antônio Dresch que tomamos para análise, com a realização de intervenção desde a Pesquisa-Ação utilizando pesquisa participante, na execução de um projeto de extensão6, além do acompanhamento à escola junto à equipe de gestão municipal na construção do Educampo, em espacial de seus processos formativos.
O Educampo é um projeto de EdoC desenvolvido pela Secretaria Municipal de Ji-Paraná/RO sob a Lei 2.957/2016, desde o ano de 2016, tendo iniciado em duas escolas como experiência piloto. De 2016 a 2019, houve a adesão de mais quatro instituições de ensino, sendo uma delas a Irineu Dresch, que se somou à proposta no final do ano de 2018, mas que desenvolveu a experiência do início de 2019 em diante.
As informações coletadas que deram origem a este texto, foram produzidos por meio de observações na escola, participação em reuniões e conversas político-pedagógicas com docentes da escola e gestores municipais; participação em processos de formação do Educampo, que ocorria uma vez por mês, em que se construía e se consolidava o Projeto nas seis instituições municipais de Ji-Paraná. As inserções de pesquisa ocorriam tanto no acompanhamento de atividades da escola junto à comunidade, quanto nos processos de formação de professores que ocorriam na sede da Secretaria Municipal de Educação, configurando-se em pesquisa-ação.
Para Thiollent (2011) a pesquisa-ação implica em envolvimento dos pesquisadores com o objeto pesquisado, incidindo em intervenções. Nesse tipo de pesquisa, os pesquisadores estão junto à experiência, portanto, com grande grau de envolvimento e de responsabilidade. Junto à pesquisa-ação nos valemos de fontes bibliográficas relativas à educação do campo em regime de pedagogia da alternância em escolas públicas do Estado do Espírito Santo, pelo fato da experiência de Ji-Paraná ter tido apoio de um dos municípios daquele Estado, conforme já afirmado. As dissertações escolhidas7 são de autoria de Menezes (2013); Andreatta (2013) e Oliveira (2016). Para complementar as informações, também foram estudados os primeiros trabalhos de conclusão de curso que versam sobre o Educampo em Ji-Paraná, de autoria de Costa (2017); Dernei (2018); Silva (2019) e Côrtes (2019), sendo que as duas últimas tratam da escola Irineu Dresch.
Cabe registrar que o Educampo não surge do acaso, mas dado a um conjunto de fatores conjunturais, somados às metas políticas da Secretaria de Educação8 que visava mudar a realidade das escolas rurais do município, que até então eram tidas como uma problemática a ser enfrentada, segundo captamos na pesquisa junto aos gestores municipais que atuavam no Educampo na Secretaria Municipal de Educação (Semed). Este conjunto de fatores podem ser descritos como: impulso das discussões nacionais, estaduais e regionais da EdoC que fomentavam estabelecer práticas para a superação da educação rural, desde o início dos anos 2000; existência da escola família agrícola (EFA Itapirema) em Ji-Paraná, assim como da Associação das escolas famílias agrícolas do Estado de Rondônia (Aefaro) no município; um curso de Pedagogia da Terra que houve na Universidade Federal de Rondônia (UNIR), campus de Rolim de Moura, entre 2003 e 2007; pessoas da Semed que conheciam a pedagogia da alternância e acreditavam nela como possibilidade de formação de qualidade para filhos/as de agricultores/as (CONTE; PEREIRA; SANTOS, 2018).
Outros fatores ainda, segundo nossa pesquisa, foram: a presença de professores universitários que estudam a EdoC e a Pedagogia da alternâncias se fazendo presentes na discussões e fóruns sobre os temas no Estado; encontro entre a Secretária de Educação de Ji-Paraná com o Secretário da Educação do município de São Mateus/ES, onde já havia as escolas comunitárias rurais municipais (ECORMs); encontro entre um técnico da Semed de Ji-Paraná com professores e técnicos da Semed do município de São Mateus em estudos de pós-graduação; o contexto de fragilidade das escolas rurais no município de Ji-Paraná, que foram aglutinadas em escolas polo e que não estavam dando respostas satisfatórias frente ao índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb); ameaça de fechamento de uma escola rural no município e mobilização da comunidade impedindo que o fato ocorresse.
Diante da possibilidade do desenvolvimento da EdoC utilizando a pedagogia da alternância em escolas da rede pública em Ji-Paraná, o Educampo começou a ser projetado do ano de 2013 em diante, com a criação de seminários municipais anuais tendo como intuito servir como processo de formação consistente, enquanto teoria, relatos e troca de experiências desde o município de São Mateus, de forma a amadurecer futuras ações. Nesses seminários participam professores, gestores, alunos, pais e mães/familiares, equipes de apoio escolar, entidades parceiras, professores da UNIR, bolsistas de graduação vinculados a projetos de pesquisa, representantes de entidades de agricultores como o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) e Federação Estadual do Trabalhadores Rurais na Agricultura (Fetagro), representantes de agroindústrias familiares, representantes de movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), entre outros (CONTE; PEREIRA; SANTOS, 2018).
Após quase três anos de percurso formativo, se deu início da construção do Educampo de modo operacional, em duas escolas no ano de 2016, havendo um processo de investimento financeiro, de formação e de pessoal por parte da equipe gestora municipal e das duas comunidades escolares que aceitaram a proposta. Essa construção inicial é tida como o momento mais difícil devido a grande mudança no processo pedagógico e no próprio modo da comunidade se relacionar com a escola (CÔRTES, 2019; SILVA, 2019). Desse modo, esse ensaio se dedica a evidenciar elementos sobre uma dessas experiências, de transição da escola rural à escola de EdoC, que trataremos no item que segue.
Entre ousadias e medos: deixando de ser escola rural para ser escola do campo
Para adentrarmos à escola do campo, locus da pesquisa, é preciso situá-la no bojo da EdoC, que de acordo com Caldart (2008, p. 78), “exige por si só uma visão mais alargada de educação das pessoas, à medida em que pensa a lógica da vida no campo como totalidade em suas múltiplas e diversas dimensões”. Nessa perspectiva, Escola do campo, não é o mesmo que escola no campo, já alertava Caldart (2012), pois o que define uma escola de EdoC é o seu projeto político pedagógico, seus fazeres e sua relação com as comunidades e com a defesa da agricultura camponesa/familiar, que implica em disputa de território material e imaterial e visa a formação humana integral.
Este item vai abordar a construção do Educampo em Ji-Paraná, na escola mencionada, entretanto, como não se trata de um caso isolado, faremos alguma menção as demais escolas que fazem parte da EdoC a mais tempo, para dar conta de evidenciar o processo de consolidação da proposta, sabendo que continua sofrendo adequações. Além disso, é importante destacar que cada escola faz a sua caminhada de modo distinto, de acordo com as suas especificidades locais.
Um dos estudos que tomamos como referência é o de Costa (2017), sendo o primeiro TCC sobre o Educampo de Ji-Paraná, cuja pesquisa foi desenvolvida nas primeiras duas escolas: Bárbara Heliodora e Pérola. A autora evidencia que o Educampo gerou um grande impacto nas escolas e nas comunidades pelo fato de mudar totalmente o método de ensino, colocando em funcionamento um projeto político pedagógico que adota a pedagogia da alternância, por meio da Resolução 076/2016 do Conselho Municipal de Educação, implicando na efetiva participação das famílias na vida escolar. A autora pesquisou alunos, professores e famílias e todos apontavam para o diferencial do currículo que estava sendo posto em vigor, entrelaçando a vida do campo com as aprendizagens, de modo que gerava identificação, sentido e pertença à escola.
Outro TCC sobre o Educampo, sendo o primeiro que trata da escola Irineu Antônio Dresch é de autoria de Silva (2019) e evidencia algumas tensões na sua implantação, mas, ao mesmo tempo, demonstra que essa foi uma alternativa encontrada para buscar melhorar a qualidade do ensino refletindo nos índices do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) bem como, uma maneira de melhorar as relações interpessoais entre todos na escola e aproximar-se de maneira mais concreta da comunidade.
Côrtes (2019), teve como foco de estudo em seu TCC, a mesma escola, evidenciando aspectos dos processos de formação de professores. A autora registra reclamações por parte dos docentes, referente à complexidade que a pedagogia da alternância implicava na vivência de seus instrumentos formativos. Por vezes, os professores se diziam perdidos, registra ela. Esse aspecto também foi captado na pesquisa-ação e diz respeito às alterações ocorridas como: planejamentos de aulas e atividades à campo, coletivas; ações na escola com agentes externos; inclusão avaliação discente em atividades extraescolares; acompanhamento dos professores nas atividades das equipes nos momentos de auto-organização; acompanhamento de rotinas dos alunos nas tarefas das equipes na escola etc. Essas, eram tarefas que anterior ao Educampo não existiam na rotina dos professores e por isso causava pensar e repensar ações curriculares novas para eles.
Os TCC´s relacionados ao Educampo de Ji-Paraná, e em específico ao da escola Irineu evidenciam as grandes alterações ocorridas, os aspectos da caminhada desde um lugar de segurança para outro que haveria de ser construído. Como implicação da própria pedagogia da alternância uma das grandes desconstruções é a centralidade do professor/a (chamado de monitor nos Ceffas) no processo pedagógico. Com o Educampo não se quer dizer que os professores perdem sua importância, ao contrário, seguem sendo fundamentais, entretanto, suas práticas obrigatoriamente passam a ser coletivas, primeiramente porque o “seu” livro didático já não possui tanta centralidade nas aulas e, sim o plano de estudo, feito a partir do diagnóstico da comunidade, sendo colocado em funcionamento com os alunos/as, suas famílias e comunidade. Livros didáticos são utilizados, mas acabam sendo instrumentos para desenvolver temas geradores.
Em vista da superação da educação rural, para efetivar a EdoC, a Semed de Ji-Paraná toma como suporte a Resolução 076/2016, conhecida como a Lei do Educampo, sendo que nela está delineado o plano de formação geral e o plano de estudos, seguido dos temas geradores, que são articuladores dos conteúdos de todos os componentes curriculares para cada ano e semestre letivo. Essa mesma resolução traz, entre outros, os princípios filosóficos do Educampo, os instrumentos da pedagogia da alternância explicando cada um deles e a organização dos turnos escolares, a saber, sessão e estadia. Isso significa que no tempo sessão, que ocorre na escola se cumpre o currículo9 previsto, colocando em funcionamento o plano de estudo, descrito no plano de formação, incluindo atividades práticas. A estadia “consiste no tempo em que o educando desenvolve atividades com a família e/ou comunidade, orientada pelo educador, devendo registrá-las no Caderno de Acompanhamento10 mediante o cumprimento das tarefas propostas” (Resolução 076/2016, p. 12. Grifos dos autores).
Neste entrelaçamento dos dois tempos educativos - o tempo de permanecer na escola (sessão) e o tempo em que o aluno está desenvolvendo atividades escolares na família/comunidade (estadia letiva) - são colocados em vigor os instrumentos que implementam o regime de alternância no processo educativo, pelo fato de não somente alternar tempos, como chama a atenção Gimonet (2007). Assim, esses instrumentos são apresentados, segundo a Resolução 076/2016 como: plano de formação; plano de estudo; caderno de vivência ou caderno de acompanhamento; pasta da realidade; auto-organização; visita às famílias; e formação de famílias.
Para deixar mais evidente, o plano de estudos surge do plano de formação, que por sua vez segue exigências de conteúdos e componentes curriculares obrigatórios do Ministério da Educação (MEC), entretanto os conteúdos são articulados em torno de temas geradores, que dialogam com a vida da comunidade. Assim, para trabalhar os temas geradores, os professores direcionam o plano de estudos a ser desenvolvido pelos alunos com pesquisas em suas famílias por exemplo, com uma ficha específica com roteiro de questões; intervenção interna e externa; visitas pedagógicas em famílias, agroindústrias familiares, feiras, comunidades e seus recursos naturais. Esse instrumento mobiliza também a colocação em comum após essas atividades, cujas reflexões são registradas (com escritas ou desenhos, ou outra arte) na pasta da realidade e, desse modo se articula com a estadia letiva. O plano de estudo é descrito como:
[...] um processo que garante a articulação entre a práxis pedagógica e a realidade, bem como a efetivação da organicidade entre os conteúdos curriculares e a realidade concreta. As atividades vivencias são essenciais para a efetivação destas práxis, tais como: visitas de estudos; aulas práticas; palestras; atividades de retorno; experiências, oficinas e os instrumentos pedagógicos como o caderno de acompanhamento e o caderno da realidade (Resolução 076/2016, p. 16).
No Educampo, o tempo sessão – na escola – se dá de segundas às quintas-feiras11, e, às sextas, enquanto os professores estudam e/ou planejam, os alunos desenvolvem estudos e pesquisas em suas famílias compreendendo a estadia letiva. Dessa maneira, os alunos, professores e demais funcionários da escola vivenciam a sessão, organizadamente por turmas conforme o número de alunos de cada escola. Por exemplo: na segunda-feira, permanecem o dia todo os alunos do Pré I e II; 1º ano; 5º A e 9º A. Na terça-feira permanecem os alunos do 8º ano; 6ºB e 2º. Na quarta-feira, são os alunos do 7º A; 9º B; e 3º. Quinta-feira: 6º A; 7ºB; 5ºB e 4º. Esses alunos estudam e vivenciam as tarefas de auto-organização nas devidas comissões e essa organização se dá devido ao transporte escolar para as devidas linhas, de modo a viabilizar alunos e professores, pois, no horário do meio dia, a cada dia, ficam professores responsáveis pelo acompanhamento das turmas garantindo o funcionamento das tarefas de auto-gestão e recreação.
Conforme foi evidenciado por meio da pesquisa, com o Educampo, as ações da escola passaram a ser totalmente coletivas, rompendo com a individualização das aulas, pois os professores precisam se articular para visitas às famílias dos alunos, para a formação de famílias, para visitas pedagógicas, colocando em prática os instrumentos da pedagogia da alternância. Isso permite conhecerem com profundidade a comunidade e seus arredores, tornando-a objeto de conhecimento, dialogando com a vida dos sujeitos e sua cultura.
É nesse sentido que Freire (2004, p. 72) auxilia na reflexão quando nos instiga a pensar o sujeito e sua realidade, seu contexto social, afirmando que “como professor preciso me mover com clareza na minha prática. Preciso conhecer as diferentes dimensões que caracterizam a essência da prática, o que pode me tornar mais seguro no meu próprio desempenho”. O autor complementa ainda (...) “A nossa capacidade de aprender, de que decorre a de ensinar, sugere ou, mais do que isso, implica a nossa habilidade de apreender a substantividade do objeto aprendido” (grifo do autor).
A escola Irineu A. Dresch comporta o maior número de alunos da rede municipal no campo, sendo aproximadamente trezentos, da pré-escola aos anos finais do ensino fundamental e possui um quadro de mais trinta funcionários. Localiza-se cerca de 20 km da sede do município de Ji-Paraná e a maior parte dos professores que trabalham na escola residem na cidade e se deslocam todos os dias a essa instituição utilizando transporte público. Todos os alunos/as da escola são filhos de agricultores familiares/camponeses.
Esta escola veio acompanhando o Educampo e sua construção desde o ano de 2013, quando ocorreu o primeiro Seminário de Educação do Campo da Semed de Ji-Paraná, e assim sucessivamente a cada ano. Os professores, mesmo antes de se integrarem ao Educampo, participavam dos seminários anuais em seus momentos de formação com palestras; reflexões; relatos e trocas de experiências entre as escolas que já haviam implantado o projeto, percebendo falas de professores, gestores, famílias de alunos e alunos. A Semed fazia a mediação para que as escolas ainda não inseridas no Educampo fossem fazendo parte do processo formativo. Sobre a importância dos docentes irem se fazendo com a experiência dos outros, Arroyo (2000) afirma que, é um fator que leva-os a inventar a reinventar práticas. Não há como fazer algo novo, sem rompimento e, sem aprender com o que se deixa para trás. O autor ainda argumenta que é na arte de pensar sobre o ofício, que se derivam “[...] saber mais, muito mais” (ARROYO, 2000, p. 231).
Contudo, segundo nossa pesquisa, assim como também demonstram os estudos de Silva (2019) e Côrtes (2019), haviam diversas incertezas por parte dos professores da escola Irineu frente ao início da proposta, mesmo que o Educampo estivesse sendo uma experiência exitosa nas escolas pioneiras. A principal insegurança estava relacionada ao fato de ser uma escola grande e assim, ter que gerenciar muitos alunos e envolver uma equipe muito maior de sujeitos em movimento, se comparada às demais. Ainda que fossem poucos professores que possuíam carga horária de 20h semanais na instituição, segundo verificado com a pesquisa, os gestores municipais tiveram de fazer adequações nas cargas horárias ou remanejamento de profissionais por causa das tarefas demandadas pelo Educampo no regime de pedagogia da alternância. A grande pergunta era: como fazer, por aonde começar, visto que cada escola fazia o seu próprio processo, pois em cada uma, preponderava um contexto diferenciado. Era preciso ousar, arriscar o novo.
O processo de transição, de deixar de fazer educação rural para fazer Educação do Campo, sabendo no que ela implica, não era fácil, sendo preciso mudar práticas em um curto espaço de tempo. Esse aspecto nos leva a refletir sobre o início da implementação dos instrumentos da pedagogia na escola, considerando que, por mais que houve processos formativos diversos envolvendo todos os professores, ao colocarem a pedagogia da alternância em funcionamento, era preciso amadurecer concepções de como fazer e ver resultados positivos para terem segurança desse novo jeito de fazer educação.
Oliveira (2016), ao estudar casos de escolas dessa mesma modalidade de ensino no Estado do Espírito Santo, enfatiza a necessidade constante de processos formativos envolvendo todos os sujeitos que compõem a escola. Envolvimento que deve se dar na forma de realização seja reuniões, conversas, seminários, assembleias, oficinas etc, em vista de possibilitar maior segurança e, principalmente, construir o que não está dado, explicar a proposta, para que a escola possa cumprir com um papel fundamental na vida dos sujeitos. Assim, a escola é mais que escola, como já afirmava Caldart (2001) e, corrobora o dizer do Parecer MEC/36/2001, como um dos principais marcos normativos da EdoC:
A identidade da escola do campo é definida pela sua vinculação às questões inerentes à sua realidade, ancorando-se na temporalidade e saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos movimentos sociais em defesa de projetos que associem as soluções exigidas por essas questões à qualidade social da vida coletiva no país.
Mas, como fazer esta “nova escola”, compreendendo que a mudança implicaria em praticamente deixar de ser uma escola para ser outra, contando com praticamente todo o mesmo corpo de alunos e de trabalhadores da educação? Haviam algumas discordâncias também por parte de algumas famílias, pois, anteriormente não era necessário que o filho ou filha permanecesse um dia todo por semana na escola, assim como, às sextas-feiras, esse aluno/a deixava de se dirigir à escola pelo fato de cumprir estadia letiva.
Além do mais, os discentes passariam a fazer parte de comissões, tendo de desenvolver tarefas práticas e, algumas famílias se disseram contrárias “aos filhos trabalharem na escola”. Diante desse fato, se de forma alguma as famílias não aceitassem seus filhos desenvolver tarefas, eles precisariam matricula-los em outra instituição, com outra metodologia, uma vez que o Educampo é resguardado por um Projeto de lei municipal, e, além desse fator, há toda uma implicação nas linhas de transporte escolar, devido a organização das rotas percorridas nas comunidades camponesas.
O transporte escolar sofreu reorganização nas linhas e linhões12 de acesso à escola, e além disso, não era mais a família do aluno a escolher onde matriculá-lo e, sim, a Semed. Nesse aspecto, esta Secretaria criou uma normativa com a finalidade de transportar o aluno o menor tempo possível, evitando permanecer em ônibus escolar mais de uma hora e meia, cumprindo a uma legislação federal, que é a Resolução CNE/02/2008. Outra norma foi que nenhum aluno do campo fosse transportado para as escolas da cidade, ainda que fosse mais próximo. Apostou-se no fortalecimento das escolas do campo; todas as escolas foram reformadas e pintadas, muitas delas, ampliadas, passando a ter espaço para biblioteca e laboratório de informática, com acesso à internet13.
Para Charlot (2013), a escola é um lugar específico para aprendizagens e sobre ela há expectativas da comunidade. Desse modo, a escola precisa dar respostas a essa comunidade, afirma o autor. Com o Educampo, um dos princípios é a aproximação, senão a vinculação direta entre a escola e a família/comunidade, devido aos próprios instrumentos da pedagogia da alternância. Essa aproximação, chamada no Educampo de parceria, é necessária, mas, como pontua Charlot, é preciso também, distanciamento: “A escola é um lugar que requer uma forma de distanciamento para com a experiência cotidiana. O que, nesta, é situação vivenciada e contextualizada, objeto do meio ambiente, torna-se na escola, objeto de pensamento, de discurso, de texto” (CHARLOT, 2013, p. 126). Com a Pedagogia da alternância, podemos dizer que há momentos de distanciamento, e isso se dá na aprendizagem de conteúdos específicos, mas há outros de grande entrelaçamento entre escola e alunos/famílias.
Na escola Irineu Dresch os instrumentos da pedagogia da alternância foram sendo colocados em funcionamento aos poucos, de um a um, o que difere muito do que se vivencia numa EFA, por exemplo, onde a pedagogia da alternância é o pressuposto da existência da instituição. Nessa escola, iniciou com a auto-organização dos alunos nas equipes de tarefas práticas e, consequentemente o acompanhamento dos professores. Na sequência, entrou em vigor o plano de estudo, que por sua vez, exigiu efetivar os aportes pedagógicos da colocação em comum, da intervenção interna e externa, visita pedagógica, pasta da realidade, visita às famílias, formação de famílias e atividade de retorno. Assim, percebeu-se que um instrumento leva a outro, necessariamente.
Nossa pesquisa-inserção, do mesmo modo que demonstram os estudos de Costa (2017), Silva (2019) e Côrtes (2019) apontam uma drástica mudança no ambiente escolar, em especial nas relações entre os alunos, que pelo fato de estarem organizados em comissões e equipes para tarefas, cooperam bem mais que antes e desenvolvem a solidariedade e espírito de equipe uns com os outros. Os alunos também se percebem mais organizados na escola e em suas casas, segundos seus relatos e esta tem sido a principal percepção das famílias, com relação Educampo. Estudos sobre as escolas no Espírito Santo, segundo Menezes (2013), Andreatta (2013) e Oliveira (2016) apontam para esses mesmos aspectos, devido a importância do trabalho educativo promovido pela pedagogia da alternância, pois ela educa, ensina e forma para valores e ética, tendo como ponto central o coletivo e não mais o individual.
A iniciativa nas tarefas e nas coordenações das comissões leva a assumirem protagonismo e isso causa maior amadurecimento frente às responsabilidades. Eles passam a sugerir e questionar e com isso, crescem enquanto cidadãos, sendo impulsionados pelos professores e/ou junto com eles. Conforme enfatiza Freire (2004), é tarefas dos educadores democráticos reforçar nos educandos a capacidade crítica, a curiosidade e a insubmissão e, diante disso, fica evidente que esses educadores e educadoras precisam estar preparados do ponto de vista teórico-metodológico.
Não podemos deixar de destacar que no início do Educampo na escola, quando se colocou a auto-organização para funcionar, houve também resistência por parte de alguns alunos. Alguns se recusavam a fazer algumas tarefas dizendo “eu não trabalho nem em casa, imagine na escola”. Outros faziam chacota com os meninos que estavam nas equipes de limpeza e lavação de louça, dizendo ser coisa de mulher e que seus pais também não aceitariam que fizessem esse tipo de tarefa. Diante disso, eram feitas conversas sobre as comissões e suas responsabilidades fazendo com que todos percebessem a normalidade do trabalho em equipe. Como a grande maioria dos alunos desempenhava seus trabalhos os demais tiveram de entrar no ritmo do coletivo, até porque na avaliação da sessão, uma parte da nota avalia o trabalho prático em equipe, que é acompanhado pelo docente responsável pela turma.
As mudanças ocorridas na escola foram muitas, considerando que 2019 foi o primeiro ano da pedagogia da alternância/Educação do Campo e, em 2020, por causa da pandemia do novo coronavírus, as aulas presenciais foram suspensas. As mudanças vivenciadas, no entanto, já sinalizam que a escola passa a ser mais que escola para a comunidade, na medida em que, professores se relacionam com as famílias bem mais de perto, entendem suas vidas e suas formas de trabalho, para, a partir dela gerar aprendizagens. Do mesmo modo, alunos e suas famílias se sentem corresponsáveis por ela, pois percebem nela um sentido educativo/formativo que vai muito além de ser um lugar para ensinar conteúdos.
Considerações Finais
Nesse texto nos propomos discutir e evidenciar como se deu o processo de implantação/construção da pedagogia da alternância, por ocasião do Educampo/EdoC, na escola Irineu Antônio Dresch, situada no município de Ji-Paraná. A pesquisa se deu durante o último semestre de 2018 e todo o ano de 2019, ainda que trouxemos elementos do período anterior para situar a experiência junto a rede municipal. Nesse aspecto é importante pontuar que a EdoC não teria êxito se ocorresse como contexto isolado. Ela surge de processos e lutas coletivas, em defesa de sujeitos coletivos, conforme pontuam Arroyo, Caldart e Molina (2004) e, foi dessa maneira, envolvendo famílias, comunidade, entidade sindical, nesse caso o STR, que se avançou nos fazeres de escola rural no campo, para uma escola de Educação do Campo.
O mesmo ocorre com a pedagogia da alternância, que segundo sua origem, de acordo com Gimonet (2007) surgiu para promover o protagonismo dos filhos de camponeses, que se encontravam ou sem acesso à educação escolar ou, com acesso a uma educação que nada dialogava com o seu modo de vida, e esse é um ponto de inter-relação entre a educação do campo e a pedagogia da alternância. Sobre essa relação, o Parecer MEC/01/2006 enfatiza a sua importância estratégica na educação básica em escolas de educação do campo, embora sejam raras as experiências em que a pedagogia da alternância é desenvolvida em escolas públicas de redes municipais ou estaduais no Brasil, conforme pudemos constatar. Verificando teses e dissertações no catálogo de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal (Capes), essas experiências estão situadas, apenas nos Estados do Espírito Santo, Mato Grosso e, agora em Rondônia com o Educampo no município de Ji-Paraná14.
O início do Educampo na escola Irineu Dresch, com a utilização da pedagogia da alternância, conforme enfatizamos, se deu com auto-organização dos alunos e alunas e, na sequência, o plano de estudo, por meio do qual passou a existir grandes desafios no que tange ao processo pedagógico, tanto com relação à adoção dos instrumentos da pedagogia da alternância como a própria contextualização dos conteúdos que se dava de forma interdisciplinar. Esse fator desacomodou e deslocou os professores, principalmente de um lugar que lhes parecia seguro, tirando a centralidade do livro didático, e os colocando em movimento em um currículo vivo, dialogado com as famílias camponesas e suas realidades. Conforme argumenta Oliveira (2016), a vida se torna o eixo central na aprendizagem com a pedagogia da alternância, e, por isso é algo desafiador.
Por parte dos professores, à medida em iam entendendo as mudanças em curso, podendo verificá-las no ambiente escolar, na postura e no comprometimento dos alunos e da grande maioria dos colegas, se perceberam “arrastados” no processo. Nesse aspecto, as pessoas responsáveis da Semed, ao fazer os ajustes e ouvir o que os professores e gestores tinham a dizer nas escolas, ajudaram a organizar os turnos e horários de todos incluindo as tarefas oriundas do Educampo, sem sobrecarregá-los.
A pesquisa nos permite afirmar que a utilização da pedagogia da alternância e seus instrumentos pedagógicos desloca o saber e a coordenação das coisas na escola, não ficando mais somente com os professores e gestores, e os educandos aprenderam que as aulas podem ser muito diferentes. Que se pode ensinar matemática, química e física à beira do rio; que as paredes da escola servem como objeto de medidas e estudo de ângulos; que a escrita de um relato de estadia letiva torna a redação mais significativa etc. Assim, a pedagogia da alternância mostra-se viável e eficaz na escola pública do campo, pois ela vai muito além de seu espaço físico como lugar de aprender.
À medida em que os discentes passaram a ser coordenadores de comissões de trabalho e de tarefas relativas a artes e esportes, a fazerem descobertas nas pesquisas dirigidas nas visitas pedagógicas eles e elas se descobriram sujeitos, também de saber, junto ao fazer. Descobriram que os conhecimentos não estão somente na escola, tampouco com os professores. Isso não diminui o papel dos professores, ao contrário, os põem num papel central como quem precisa ensinar esses alunos e alunas a desenvolver-se em todas as dimensões, no plano do conhecimento científico, mas também ético e moral.
Os primeiros trabalhos de conclusão de curso defendidos na UNIR de Ji-Paraná entre 2017 e 2019 de autoria de Costa (2017); Dernei (2018), Côrtes (2019) e Silva (2019) destacam que a mudança maior ocasionada com o Educampo com relação aos educandos, é o amadurecimento frente a responsabilidade enquanto alunos, pois ao se sentirem parte da escola, há um cuidado com ela. Ao cuidar da escola como um todo, muda-se também as relações com os colegas e com os professores e demais funcionários. A escola não se resume mais a um prédio com pessoas que estão lá para servi-los. Ela passa a ser vista como algo meu e de minha comunidade e, que se aprende nela e fora dela.
Conforme aponta-se no decurso desse texto, a construção do Educampo nesta escola não se deu de modo pacífico, pois, houve questionamentos e resistências durante o processo de transição e (re)adequação para outros modos de conduzir o todo da escola, inclusive as aulas, entretanto, com o andamento e seus aprendizados, foram sendo deixados para trás o negativismo e o individualismo, ao se verificar melhorias em diversos aspectos refletidos entre escola-comunidade. Alguns alunos surpreenderam positivamente em seu envolvimento e se colocavam à disposição para trabalhos no contra turno, assim como, as famílias perceberam a mudança que estava ocorrendo. A imagem física da escola tem mudado radicalmente, e a mudança no cuidado que reflete no ambiente tem alterado o comportamento e o comprometimento de alunos, servidores e professores. Por isso, por mais desafios e tensões que tenham havido na fase inicial do Educampo, foi muito importante seguir adiante e não retroceder; pedir apoio/suporte da Semed; fortalecer processos de formação com troca de experiência entre professores.
A escola Irineu A. Dresch, segundo nossa pesquisa-inserção, era uma das escolas municipais entre as mais mal conceituadas antes do Educampo, devido a conflitos e pouco cuidado com o patrimônio, e, junto a isso, indisciplina dos alunos. Passado um ano, a imagem de si mesma como escola mudou bastante, superando antigos obstáculos, pois, alunos e professores já demonstram orgulho de ter conseguido avanços. Falas de alunos e de professores dessa escola em um dos seminários municipais de EdoC ilustravam a importância de terem assumido o Educampo como desafio e o quanto ele havia possibilitado avançarem, a ponto de sentirem orgulho da escola e serem do campo.
Pudemos constatar que os professores foram colocados mais intensamente em processos formativos: na escola com planejamentos e reuniões pedagógicas; na Semed para processos coletivos junto a outras escolas; com as famílias ao vivenciarem os instrumentos da pedagogia da alternância como visita às famílias, pasta da realidade etc. Junto a esses fatores, e fazendo parte do processo formativo, os docentes são incentivados a escrever artigos e participar de eventos, com recursos financeiros da Semed, pois aposta-se na qualificação, também a partir de eventos acadêmicos em Universidades.
Com relação às aprendizagens dos alunos, embora seja cedo para fazermos afirmações e nossa pesquisa não teve essa intenção, o que se percebe é que os alunos estão mais ativos e dispostos às novas atividades sempre que lhes é proposto e, isso gera envolvimento e satisfação, pois eles e elas saem do ambiente escolar frequentemente para aprenderem em outros espaços. Diante disso, suas percepções e questionamentos se alargam, assim como a sua capacidade de reflexão. Contudo, o fato de se sentirem fazendo a escola deles mesmos, já é o bastante para dar evidências de que a relação teoria-prática contextualizada os faz sujeitos mais críticos e, quiçá, cidadãos que poderão intervir na sociedade desde agora – não somente no futuro. Certamente a leitura da realidade e as intervenções por parte da gestão da escola e da Semed/Ji-Paraná – do novo processo – que estava se construindo com o Educampo, foi fundamental para dar passos na transição de uma escola “no campo para uma escola “do” campo.