Introdução
A primeira experiência brasileira de educação para idosos foi implementada pelo Serviço Social do Comércio (SESC) de São Paulo -, sob influência francesa. Na década de 1960 essa organização fundou os primeiros Grupos de Convivência e, na década de 1970, as primeiras Escolas Abertas para a Terceira Idade. Ofereciam informações sobre o envelhecimento, programas de preparação para aposentadoria, atualização cultural e atividades físicas, de expressão e de lazer. Sustentados numa proposta de educação permanente, buscavam o desenvolvimento de potencialidades, de novos projetos de vida e estimulavam a participação ativa do idoso na família e na comunidade.
No entanto, no contexto dos programas educativos destinados a pessoas idosas, as Universidades Abertas à Terceira Idade (UnATIs) destacam-se pela manutenção da educabilidade dos idosos, da oportunidade de fortes interações sociais e da promoção da qualidade de vida. Além da convivência, o pensar, o fazer e o aprender favorecem o bem- estar (Cachioni, 2012).
As UnATIs inserem-se no conceito de educação permanente, proposto pela UNESCO, de que o aprendizado deve estar presente ao longo de toda a vida, de forma constante, interativa e cumulativa para acompanhar as mudanças rápidas e contínuas da sociedade contemporânea (Cachioni; Palma, 2006).
A Universidade de Ciências Sociais de Toulouse, França, no início da década de 1970, foi berço da primeira Universidade da Terceira Idade (The University Of The Third Age U3A). A partir dessa iniciativa local, o movimento UnATI se espalhou por todo o mundo de tal forma que hoje milhões de pessoas idosas, de diversos países, de diferentes continentes, participam de uma série de atividades intelectuais e culturais, que contribuem para um envelhecimento ativo e, consequentemente, para uma velhice bem-sucedida (Cachioni; Ordonez, 2011).
No Brasil, as primeiras ações seguidas pelo modelo UnATI foram no âmbito da extensão universitária na área gerontológica e datam do início da década de 1980, com expressiva expansão na década de 1990, em todo o território nacional.
Em levantamento realizado em 2004, Cachioni localizou cerca de 200 programas nas instituições de ensino superior brasileiras, sendo que a maior parte estava concentrada no estado de São Paulo. Em universidades públicas ou privadas, os programas objetivam dar conta de fornecer oportunidades de compensação e enriquecimento cognitivo, integração e reconhecimento social, de satisfação e de envolvimento às coortes mais velhas (Cachioni; Aguilar, 2008).
A literatura internacional sobre Universidades da Terceira Idade relata os modelos e características dos programas e de sua clientela. Poucas referências são feitas aos docentes envolvidos nesses programas, no que se refere a sua experiência, formação gerontológica e estratégias de ensino. Em artigo publicado por Swindell (2009), escrito a partir da compilação de informações promovida pelos autores junto a Universidades da Terceira Idade em vários países do mundo, encontramos alguns dados sobre os docentes. Na Grã-Bretanha, na Austrália e Estados Unidos, as atividades são geralmente conduzidas por professores voluntários e existe uma certa carência de professores com formação superior. Na França, na Bélgica e na Suíça, em Portugal e na Holanda, o corpo docente é formado de educadores universitários, remunerados e preocupados em manter um rigoroso padrão acadêmico de ensino. Na Alemanha, a preocupação central dos docentes é desenvolver programas e métodos de ensino especiais, adaptados às necessidades dos idosos. Na China, os programas são disputados por professores com alto nível de formação acadêmica. No Uruguai parece haver grande preocupação em relação à formação de seus docentes e à metodologia por eles utilizada nas atividades que são desenvolvidas.
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