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Educação em Revista

Print version ISSN 0102-4698

Abstract

COELHO, Maria Inês de Matos. Prática docente na escola de 1º grau: interesses, conflitos e possibilidades de mudança. Educ. Rev. [online]. 1986, n.04, pp.22-29. ISSN 0102-4698.

O presente estudo, de natureza exploratória, analisa a maneira como a prática docente no 1º grau envolve conflitos, contradições e articulação de diferentes interesses. Três etapas constituíram a pesquisa: (1) levantamento de práticas docentes, através de entrevistas livres com dois professores; (2) estudo de caso com quatro professores de 1ª a 4ª série e (3) ampliação de estudo de caso com vinte professores de 1ª a 8ª série, com diferentes níveis de formação e tempo de experiência em magistério, todos atuando em escolas de periferia urbana. Utilizou-se a entrevista com roteiro em duas partes: (a) práticas que o docente se propõe realizar e (b) situações em classe, para indicar a prática a ser adotada.Para fins analíticos, as práticas docentes foram classificadas considerando as relações entre interesses, conhecimento e pesquisa propostas por HABERMAS (1982) e aplicadas por MC DONALDO (1975) ao desenvolvimento curricular. A prática pedagógica distingue-se, então, neste estudo, em prática linear relacionada ao interesse técnico ou de controle, prática circular ou de interação vinculada ao interesse prático ou de consenso e prática dialógica orientada pelo interesse crítico-emancipador. A prática dialógica foi melhor especificada, aqui, com os aspectos: (a) pedagogia no plano da comunicabilidade entre linguagem dos estudantes e a da escola; (b) pedagogia no plano do vivido e (c) pedagogia no plano do pensamento crítico (reflexividade, metacognição, autonomia e trabalho cognitivo pelo aluno). A análise indicou que na prática docente os aspectos se distribuem entre o pólo conservador, da prática linear, e o pólo transformador, da prática dialógica incluindo também elementos da prática de integração. A linearidade da prática, docente se destaca principalmente pela divisão de trabalho na escola, com o controle maior pelo especialista em educação que pelo docente, e se intensifica em relação aos programas de ensino e livros didáticos. Há uma unidade contraditória na prática docente: a busca de consenso ou integração e de interesse crítico emancipador com os aspectos técnicos ou de controle. Isso se revela especialmente nas dimensões da pedagogia no plano da comunicabilidade, no plano do vivido e no plano do pensamento crítico. Este estudo mostra a necessidade de pesquisa mais aprofundada, com observação e participação. Situa como um viés a consideração da prática docente como sendo sempre conservadora, acomodada às normas e ao controle, e sem conflitos. A prática pedagógica envolve contradições que têm implicações para a sua própria mudança. Conhecer e transformar a prática docente são tarefas inseparáveis e os educadores precisam assumir a tarefa de desvelar e transformar coletivamente a sua própria prática.

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