No Brasil, desde os anos 1990, vêm sendo realizadas discussões importantes sobre a aprendizagem da docência com diferentes abordagens acerca dos processos de formação de professores e professoras. Apesar das inúmeras pesquisas existentes, esse é um tema sempre recorrente e marcado por diferentes perspectivas de investigação, que exige experiências e discussões, cujos impactos incidem diretamente sobre a construção da Profissão Docente na Educação Básica e sua relação com a Universidade.
Aprender a profissão-professor, em um cenário de disputas, em que a construção da docência se constitui como um processo ao longo da história, é sempre um desafio. No cenário atual, cada vez mais, nos deparamos com aprendizagens outras da Docência, o que implica num processo colaborativo e conformativo da Universidade com a Escola. É preciso ter clareza de que a formação docente não é apenas uma atividade acadêmica, é também um processo político que exige mudanças de perspectivas, coautorias e novos protagonismos. Portanto, a aprendizagem da docência tem se constituído um campo fértil para pesquisas, pois urge compreender os processos pelos quais os(as) professores(as) aprendem e como articulam os diferentes saberes no exercício da profissão.
Neste segundo semestre, a Revista da FAEEBA traz, em sua nova edição, essa temática, envolvendo um movimento contínuo de pensar a formação de professores(as) na Contemporaneidade. Este Dossiê, intitulado Educação e aprendizagem da docência, nasce em um momento em que vivemos uma espécie de (re)democratização da escola, da formação, dos currículos, das aprendizagens da profissão docente, de outros modos de condução do trabalho docente que começam na formação inicial e se prologam na formação continuada. Ele inaugura um novo espaço de debate de políticas institucionais importantes para a área da Educação que esperamos que culmine em várias ações, entre elas, a revogação das resoluções NE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019, e a CNE/CP nº 1, de 27 de outubro de 2020, do Conselho Nacional de Educação (CNE), que institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação), as quais limitam a formação e a tornam tecnicista, promovendo, entre outras coisas, o avanço privatista sobre a educação que implica em um retrocesso imenso para a formação dos(as) futuros(as) professores(as).
Contamos, nessa edição, com uma rede de autores e autoras nacionais e internacionais que investigam os processos formativos dos(as) docentes em diferentes espaços educativos e perspectivas téorico-metodológicas. As discussões propostas partem do pressuposto de que aprender a ensinar e a ser professor(as) são processos contínuos que ocorrem ao longo da vida e mobilizam disputas epistemo-político-metodológicas constantes.
Desejamos uma boa leitura desse tema imprescindível na Educação e Contemporaneidade. Por fim, concluímos o Editorial registrando nosso pesar pela morte de Carlos Rodrigues Brandão, quem tanto nos ensinou a ensinar. Carlos Rodrigues Brandão, Presente!
Agosto de 2023.
Natanel Reis Bomfim
Editores Científicos
Revista da FAEEBA