Em pleno século XXI, diante das profundas transformações científicas tecnológicas, culturais, econômicas e geopolíticas, entende-se que o paradigma da complexidade pode se inscrever como uma referência epistemológica fundamental para pensar e subsidiar a formação de professores. O dossiê contempla temáticas relacionadas ao paradigma da complexidade e sua ligação com a educação básica na formação de professores. Os pesquisadores aceitaram o desafio de contribuir com fundamentos para atender a busca de superação da visão tradicional e fragmentada na docência. Trata-se do movimento da visão da complexidade, que propõe a religação dos saberes e, portanto, demanda a produção de um conhecimento transdisciplinar que favoreça à docência na elaboração de estratégias teórico-metodológicas que expressem as complexas configurações sociais, culturais e ideológicas da contemporaneidade.
Abrindo a coletânea deste dossiê, Maximina Freire e Izabel Petráglia apresentam-nos a reflexão “Complexidade: paradigma ou epistemologia? Kuhn e Morin para além da terminologia, refletindo sobre contribuições educacionais”. A reflexão trata sobre a questão terminológica entre paradigma e epistemologia buscando distinguir o termo que, na opinião dos autores, melhor define os princípios fundantes da complexidade, revelando seus propósitos e características. A partir de uma discussão sobre o conceito de paradigma e suas implicações, exploram os matizes do que se denomina evolução paradigmática, para chegarem à concepção de epistemologia e delinearem suas contribuições à visão de complexidade sob o enfoque moriniano. Paradigma e epistemologia são conceitos recorrentemente citados por estudiosos e pesquisadores que debatem a via da complexidade, dividindo-lhes a opinião sobre que concepção melhor se relaciona e mais adequadamente reflete a noção complexa em sua caracterização mais essencial.
No segundo artigo, intitulado “Formação docente on-line: mudança paradigmática na docência”, Marilda Aparecida Behrens e Edna Liz Prigol, argumentam da urgência e da necessária mudança paradigmática da ação docente. O PEFOP investiga as contribuições epistemológicas e metodológicas das teorias de Paulo Freire e Edgar Morin, como subsídios teóricos pertinentes para fundamentar a renovação da visão da educação e a reconstrução da prática pedagógica dos professores. A investigação buscou identificar junto aos professores da educação básica luso-brasileiros envolvidos na pesquisa, se a formação continuada pedagógica on-line, oferecida pelos profissionais da rede de pesquisa PEFOP, gerou possibilidades de criar caminhos pedagógicos para uma docência que acolha uma mudança paradigmática. A metodologia da pesquisa caracterizou-se por uma abordagem qualitativa, do tipo pesquisa-ação, com procedimentos via netnografia. O curso docente on-line ofertado para professores, portugueses e brasileiros, possibilitou identificar que, a partir dos estudos realizados durante o curso, os participantes manifestaram que estão sensibilizados para a mudança de postura docente no sentido de aprender e de ensinar a produzir conhecimento, por meio dos fundamentos morinianos e freirianos.
O manuscrito “Pressupostos epistemológicos da complexidade: subsídios da formação de professores da educação básica” traz a contribuição dos pesquisadores Roque Strieder, Anderson Luiz Tedesco e Tiago Eurico de Lacerda. Trata-se de estudo teórico qualitativo e bibliográfico com a intenção de conhecer e compreender subsídios epistêmicos do paradigma da complexidade capazes de assegurar uma formação de professores da educação básica compromissados com uma formação humanizadora, sistêmica e planetária.
Karla Fernanda Wunder da Silva, Bettina Steren dos Santos e Mariangela Pozza contribuem com o seguinte texto: “Inovação no contexto educativo: perspectivas transformadoras para a formação de professores a partir do paradigma da complexidade” no qual tecem considerações a respeito do paradigma da complexidade, a partir de ações criativas e inovadoras. Tem como objetivo compreender os diferentes fatores que condicionam, impactam e intervém nas escolhas teórico metodológicas de cada um, e como estes se vinculam ao contexto histórico, social e acadêmico, nos quais o sujeito e sua formação estão inseridos. A produção teórica acerca da inovação no contexto educativo pensando nas perspectivas transformadoras para formação dos professores a partir do paradigma da complexidade remete ao envolvimento dialógico que relaciona a prática docente nos dias atuais. Por essa razão, acredita-se que ao discutir as ações dos professores, é fundamental referir-se à formação docente, já que os mesmos vivenciam as transformações em sala de aula, essas, impulsionadas por diferentes teorias ou metodologias. Por conseguinte, toda mudança educacional afeta o trabalho nas escolas, em suas redes de relacionamentos, pois ela requer mais que esforço e domínio técnico, ela necessita de uma atenção às dimensões emocionais. Conclui-se que nesta perspectiva epistemológica a qualidade da formação de professores à luz da Teoria da Complexidade de Edgar Morin serve de inspiração para permitir o mapeamento das situações e vivências dos professores, auxiliar o entendimento e a reconstrução dos passos cotidianos de cada educador que se encontra atuando, tecendo relações entre sociedade, conhecimento, tecnologias, inovação, criatividade.
O artigo “Navegar é impreciso: algumas considerações sobre a incorporação do paradigma da complexidade na formação de professores”, elaborado por Diogo Bogéa procura explorar as principais implicações do paradigma da complexidade na formação de docentes. Faz uma introdução geral ao paradigma da complexidade com referências clássicas do tema tais como: Fritjof Capra e Ludwig von Bertalanffy. Procura demonstrar que de acordo com o paradigma da complexidade, não existe qualquer possibilidade de seguirmos trabalhando com a concepção moderna de “sujeito” como substância essencialmente racional, consciente e livre. Sem a figura do sujeito, torna-se preciso repensar o próprio significado de “conhecimento” e neste sentido se apoia em Maturana e Varela.
O artigo intitulado: “Pensamento complexo e crise da racionalidade moderna: notas para pensar educação e formação de professores”, escrito por Sidinei Pithan da Silva e Ana Laura Alves de Araújo, traz a discussão sobre a emergência do pensamento complexo no contexto epistemológico e educacional contemporâneo. Pretendem contribuir no processo de “reconstrução” dos enfoques educacionais “críticos”, apontando para novas possibilidades para pensarmos a antropologia, o conhecimento, a educação, a pedagogia e a formação de professores.
A proposição do artigo “Fundamentação epistemológica do paradigma da complexidade e a dialogia com a formação de professores” é o nosso sétimo artigo escrito por Paulo Gomes Lima, discute a fundamentação epistemológica do paradigma da complexidade, a partir da contribuição de Edgar Morin e a dialogia com a formação de professores. A dialogia com a formação de professores, além de possível, encampa o compromisso de entender e viver a educação como fenômeno multidimensional que não dissocia os sujeitos de suas formas de intervenção no real.
A contribuição do estudo bibliográfico intitulado “Educação complexa: uma nova abordagem de ensino na formação de professores da Educação Básica”, produzido por Marlene Zewierewicz, Daniele Saheb Pedroso e Michelle Machado busca sistematizar abordagens de ensino que influenciam na educação brasileira, evidenciando a necessidade de situar uma alternativa para uma formação de professores que favoreça práticas pedagógicas comprometidas com o atendimento de demandas contextualizadas e planetariamente conectadas. O estudo contemplou uma abordagem vinculada à tríade de pensamento complexo-transdisciplinaridade-ecoformação.
O artigo com o título: “Re-ligar la formación docente: retos decoloniales planetarios-complejos en la Educación Básica”, traz uma contribuição da pesquisadora venezuelana, Milagros Elena Rodríguez, trata de re-vincular a formação de professores como desafios planetários-complexos descoloniais na Educação Básica. Quais são as religações mais urgentes da formação de professores na Educação Básica? Como, a partir da Educação Básica, formar cidadãos compassivos, complexos, ecosóficos e solidários em prol do desprendimento das mazelas do planeta? Desafios à luz da sabedoria para habitar o planeta, paz, solidariedade, amor e compaixão como essências da formação docente decolonial que atende o ser humano em sua natureza de vida.
Em “O direito à educação sob os pressupostos teóricos do pensamento complexo: contribuições para a docência”, Rosana de Sousa Pereira Lopes e Ricardo Antunes de Sá identificam as possibilidades de reflexão sobre o direito à educação nos processos de formação inicial e continuada de professores tendo como base teórica, o pensamento complexo. A reflexão foi elaborada a partir de um cotejamento dos documentos legais que tratam sobre o direito à educação, sendo estes: as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (BRASIL, 2010) e a Base Nacional Comum Curricular para a Educação Básica (BRASIL, 2018). Para a análise tomou-se como referência bibliográfica os pressupostos teóricos do pensamento complexo de Edgar Morin. O direito social à educação deve considerar as múltiplas dimensões da vida e suas complexas relações, reconhecendo a interconexão de todos os aspectos da vida para promover processos educativos que favoreçam à solidariedade, à cooperação e ao diálogo entre indivíduos e grupos sociais como um todo num processo de permanente construção e manutenção da Democracia.
O pesquisador Joelson de Sousa Morais elaborou o artigo: “Epistemologia complexa e as compreensões narrativas do vivido na pesquisa (auto) biográfica”. Trata-se de um ensaio teórico-epistemológico, articulado com reflexões de experiências formativas e profissionais na docência universitária pensando a escola com os/as professores/as da Educação Básica fruto do entrelaçamento da Epistemologia da Complexidade com a Pesquisa narrativa (auto) biográfica. Procura compreender as relações e sentidos do pensamento complexo com a pesquisa narrativa no campo educacional, bem como refletir sobre que contribuições a complexidade e as abordagens (auto) biográficas promovem na formação de professores/as? Parte da seguinte provocação: como é possível articular a Teoria Complexa com a Pesquisa narrativa (auto) biográfica? De que forma essas abordagens possibilitam pensar a formação de professores/as em um contexto de incertezas e complexidades da vida, pesquisa, formação, educação e sociedade no cenário atual? Como resultados reflete que seria preciso promover um viés mais complexo sobre a vida, educação, formação, aprendizagem e conhecimentos com professores/as e alunos/as na constituição de processos significativos na educação escolar e na formação, desenvolvendo e valorizando suas histórias de vida e narrativas (auto)biográficas na composição ética, solidária e responsável de outras tantas possibilidades formativas, democráticas e emancipatórias na educação, no ensino e experiência profissional da docência.
“O olhar complexo sobre a trama e os dramas do Pibid - Matemática em tempos de crise pandêmica” elaborado por pelos pesquisadores Carlos Alex Alves, Claudilene Gomes da Costa e Agnes Liliane Lima Soares de Santana, relata de uma pesquisa acerca do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, Subprojeto Matemática, da Universidade Federal da Paraíba/campus IV. A pesquisa objetivou compreender a trama e os dramas constituintes do Pibid Matemática face às práticas formativas e escolares desenvolvidas internamente e junto à escola parceira em tempos de crise pandêmica.
Os pesquisadores Ettiène Guérios, Heliza Colaço Góes e Adriano Aparecido da Silva apresentam o artigo “Movimento constitutivo da prática docente complexa, transdisciplinar e criativa em geometria”, nosso décimo terceiro da coletânea que trata de um estudo que indaga como se constitui a prática pedagógica docente complexa transdisciplinar e criativa entrelaçada com a auto-eco-recursão, a autorreflexão recursiva e a auto-eco-construção, associados aos constructos “Ser criativo”, “Ser reflexivo” e “autonomia docente” como indicadores para uma formação de professores complexa e transdisciplinar. De natureza qualitativa desenvolvida em uma perspectiva interpretativa, o estudo toma como elemento de análise episódios didáticos desenvolvidos em salas de aula de turmas de 1º ano do Ensino Médio de uma escola pública de Curitiba. Os episódios referem-se à docência de geometria por meio da organização de sequência didática pelo professor. Na constituição da prática pedagógica em tela, a criatividade está manifesta desde a ideia geratriz para a constituição da sequência didática, incluindo a incorporação de fatos imprevisíveis e inesperados, na condução ampliada do programado e na decorrente autonomia didática evidenciada.
O artigo “Influência local do conhecimento docente sobre a qualidade da educação no ensino médio” de autoria de Ângela Mara de Barros Lara e Marcos Aurélio Brambilla, apresenta discussão sobre a importância do conhecimento docente na qualidade da educação no ensino médio, considerando a influência local. É fruto de uma pesquisa de cunho quantitativo, por meio da técnica do Fator de Componentes Principais (FCP), da Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE) e da Regressão Ponderada Geograficamente (RPG). Os resultados indicam que o conhecimento docente é fundamental para a qualidade da educação, uma vez que o professor é o responsável por transmitir o conhecimento aos alunos, podendo influenciar positivamente ou negativamente o processo educativo.
O artigo dos pesquisadores Caroline Elizabel Blaszko, Ricelli Endrigo Ruppel da Rocha e Nájela Tavares Ujiie tem como título: “Qualidade de vida de professores da Educação Básica: dialogia com a complexidade e a ecoformação”. Na esfera da qualidade de vida o objetivo do estudo foi analisar via revisão sistemática na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) as pesquisas com o instrumento WHOQOL-BREF que abordam a percepção da qualidade de vida em docentes brasileiros da educação básica nos estudos publicizados em dialogia com o paradigma da complexidade e ecoformação como dinamizadores de melhora de sua qualidade de vida. A investigação tem enquadramento teórico-bibliográfico reflexivo e propositivo, identifica um rol de pesquisas, as analisa em dialogicidade com o referencial da complexidade e inova ao propor uma ação formativa diferenciada para atuar na natureza da problemática.
“Escola, exigência e rigor: Contributo para uma abordagem complexa e inclusiva” de Rui Trindade, Daniela Ferreira e Ariana Cosme, é um texto no qual, a partir dos pressupostos do que Trindade e Cosme (2016) designam por paradigmas da instrução, da aprendizagem e da comunicação, se confrontam as perspectivas de exigência e rigor académicos que se coadunam com tais pressupostos. Constata-se, em primeiro lugar, que estas categorias não só não são propriedade do paradigma da instrução, como são entendidas, em alternativa, como categorias indispensáveis à afirmação de uma Escola que visa assumir-se como um espaço culturalmente significativo e humanamente empoderador.
As pesquisadoras Ana Patrícia Sá Martins e Regina Vilanova-Campelo contribuem com suas reflexões no escrito “Torna-se professor-pesquisador: a complexidade na de (s) colonização da formação de professores”, que é nosso décimo sétimo artigo desta coletânea. O escrito trata sobre as diversas demandas implicadas na atuação e na formação de professores que têm impulsionado o desenvolvimento de pesquisas, em diferentes áreas do conhecimento, buscando (des) construir e de (s) colonizar paradigmas formativos. A investigação visa discutir como os fundamentos postulados por Edgar Morin, em sua teoria da complexidade podem contribuir na de (s) colonialização na (trans) formação de professores ao produzirem suas propostas educacionais em um mestrado profissional situado na região norte do estado do Maranhão.
As autoras Madalena Pereira da Silva e Dariana Medeiros Andrade Salaman desenvolvem um estudo reflexivo com o título: “Proposta de formação-ação: tecitura colaborativa com professores da educação básica”. Nesta pesquisa é apresentada uma proposta de formação continuada de professores em uma escola de educação básica no município de Painel/SC. A proposta tem como aporte epistemológico o pensamento complexo, a transdisciplinaridade e a ecoformação. A pesquisa é de abordagem qualitativa e do tipo pesquisa-ação, cuja proposta formativa foi elaborada no âmbito do Programa de formação-ação em escolas criativas. Participaram da pesquisa, professores atuantes na educação infantil, ensino fundamental anos iniciais e anos finais. Os resultados evidenciaram que a base epistemológica da pesquisa contribuiu na formação continuada de professores, numa perspectiva mais humanizada e integradora, quando se compreende aquilo que traz sentido à vida.
|A contribuição de Amparo Villa Cupolillo, com o artigo, intitulado: “Complexidade e Educação Física. Para pensar a corporeidade” traz como objetivo colocar em diálogo dois campos postos historicamente em oposição: conhecimento e corpo. O intuito é o de possibilitar outras formas de intervenção na escola e na formação de professores que valorizem as diferentes dimensões humanas pelas quais o conhecimento se expressa, especialmente aquela que se enuncia através da corporeidade. Fundamentada na epistemologia da complexidade e mergulhada nos estudos com os cotidianos, a discussão desloca-se da noção de sujeito conferida pela modernidade, que desconsidera a complexidade da formação e da articulação genética e cultural na constituição do humano e, com ancoragem nos trabalhos de autores que entendem o ser humano como um ‘corposujeito’ ou uma ‘menteincorporada’.
A coletânea objetivou oferecer relevantes contribuições para formação de professores, em especial, com foco a visão da Complexidade, proposta por Edgar Morin, como caminho possível para mudança paradigmática na prática pedagógica dos docentes da educação básica e demais níveis de ensino.
A demanda contínua deste número da Revista Diálogo Educacional traz seis artigos que tratam da condição profissional do pedagogo no contexto organizacional, de estilos de ensino e formação docente, da historiografia da universidade medieval, dos resultados de um processo de produção de conteúdo de divulgação científica para redes sociais, de uma análise histórica das propostas de redações do ENEM e de histórias de vida de professores de educação física iniciantes.
Em seu artigo “Desenho da condição profissional dos(as) pedagogos(as) no contexto organizacional: possibilidades e limitações”, Luciano Lima Silva e José Leonardo Rolim de Lima Severo buscam caracterizar a condição profissional dos(as) pedagogo(as) nos espaços organizacionais. A pesquisa teve abordagem qualitativa e foi realizada entre os anos 2019 e 2020, com quatorze participantes. A coleta de dados foi feita com a utilização de questionários estruturados, consoante o método e a codificação aberta da Teoria fundamentada. Os resultados apontaram no sentido da existência de possibilidades para atuação dos profissionais da Pedagogia no ambiente corporativo, desde que haja apropriação de conhecimentos específicos das áreas de recursos humanos, gestão de pessoas e educação corporativa, os quais, atualmente, não integram a matriz curricular dos cursos de Pedagogia.
No artigo “Estilos de ensino e formação docente”, Jerson Sandro Santos de Souza e Suely Aparecida do Nascimento Mascarenhas apresentam e analisam os principais achados de estudos que dizem respeito aos estilos de ensino, com o objetivo de discutir a relevância e as implicações desse construto para a formação docente. Trata-se de pesquisa bibliográfica que considera os escritos de autores referenciados na temática, discutindo limites e possibilidades dos estilos de ensino e seus impactos no processo de ensino e aprendizagem. Verificou-se que há uma variedade de tipologias de estilos de ensino, cada uma dependendo do objetivo principal da pesquisa realizada. Os estudos indicaram também que os estilos de ensino têm efeitos sobre o rendimento, as atitudes e os comportamentos dos alunos, auxiliando na compreensão de como as crenças e os valores dos professores interferem nos respectivos comportamentos de ensino.
As autoras Silvana Malavasi, Teresinha Oliveira e Viviane da Silva Batista, em “Reflexões sobre a historiografia da Universidade Medieval: um olhar da História da Educação” tecem considerações sobre a importância da universidade medieval na história intelectual do Ocidente, refletindo sobre a relevância social dessa instituição. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica, com apoio em autores que tratam da gênese da universidade pelo prisma da História da Educação e em estudiosos do medievo. Dialogando com a História Social, o estudo se desenvolveu sob a perspectiva dos conceitos da longa duração e totalidade, ressaltando a importância do conhecimento histórico para a construção dos saberes intelectual, cultural e social. Os resultados apontaram para a universidade como espaço institucional de produção do saber e a necessidade de estar presente nos debates a ele relacionados.
Na sequência, Liliana Gabrielle Barbosa Luna, Ernesto Arcenio Valdés Rodriguez e João Eduardo Ramos, em seu artigo “Recontextualização, cultura digital e mulheres cientistas - divulgação científica, feita por graduandos em Física, no Instagram”, apresentam os resultados do processo de produção de conteúdo de divulgação científica para redes sociais para o perfil do Instagram “Tem Física Aí?”. Esse conteúdo foi produzido por licenciandos estudantes da disciplina de Estágio Supervisionado IV, do curso de Licenciatura em Física da UFPE/CAA, na temática das contribuições de cientistas mulheres para a Ciência, e foi analisado a partir do contexto teórico do que se compreende por divulgação científica e por recontextualização do discurso, de acordo com Bernstein (1996). A metodologia foi de abordagem qualitativa, enquadrando-se em um estudo de caso. Os resultados mostraram as características próprias da divulgação científica por meio de uma rede social, além de evidenciar a presença de marcadores que indicaram a recontextualização do discurso, como a presença do discurso regulativo e do discurso instrucional no discurso final produzido.
O artigo seguinte “Panorama histórico das propostas de redações do ENEM: um olhar sobre as temáticas e critérios de avaliação”, de Mireile Pacheco França Costa, Diego Andrade de Jesus Lelis e Pura Lucia Oliver Martins, discute a evolução da rigorosidade das temáticas das redações do Exame Nacional do Ensino Mèdio - ENEM, entre os anos de 1998 e 2022, no que se refere aos textos motivadores: habilidade de ler múltiplos gêneros textuais e conhecimento de várias áreas. Para tanto, realizou-se uma análise documental das provas de redações do ENEM entre os anos citados, discutida com apoio na interpretação hermenêutica. Como resultado da análise, evidenciou-se o crescimento do Exame desde sua primeira edição, tendo como categorias: quantitativo de inscritos, temáticas da prova de redação, gêneros textuais que compõem as propostas e critérios de correção. Constatou-se ainda uma complexidade ao longo das edições, com a exigência de maior preparo dos candidatos.
Como último artigo deste número, apresentamos o trabalho de José Angelo Gariglio, “Histórias de vida de professores de educação física iniciantes: tempos, contextos e sujeitos da formação”, cujo objetivo foi investigar as correlações entre as histórias de vida de professores de educação física iniciantes e o enfrentamento dos desafios da iniciação à docência. A pesquisa é de caráter qualitativo, com abordagem biográfica. Os dados foram coletados por meio de entrevistas narrativas com doze professores(as) iniciantes de educação física, egressos da Universidade Federal de Minas Gerais e com até três anos de inserção profissional. Os achados sugerem que as histórias de vida conformam professores dotados de experiências de formação plurais, com disposições sociais diversas, o que tornaria as trajetórias de inserção profissional um fenômeno social plural, situado e intransferível. Considera, também, os diversos contextos de inserção profissional e as histórias de vida e os patrimônios formativos singulares, que acabam por tornar a experiência de inserção profissional um fenômeno muito particular.
Esperamos que os resultados de pesquisas que compõem este número da Revista Diálogo Educacional provoquem reflexões e debates sobre temas relacionados à educação e, em especial, à educação brasileira.
Boa leitura!