INTRODUÇÃO
A educação digital tem tomado um espaço cada vez mais efetivo no cotidiano das pessoas, portanto envolve inúmeras habilidades e conhecimentos que independem do conhecimento que os indivíduos têm sobre as diferentes tecnologias e dispositivos digitais. As possibilidades que a educação digital tende a preparar os cidadãos capazes de conviver no mundo e compreender riscos, desafios e oportunidades.
Entende-se a amplitude deste momento histórico, como cita Santos (2018, p. 33) “[...] é relevante ressaltar que a educação digital em alguns documentos é considerada a capacidade de ter ‘educação nos ambientes on-line e ser ético’”, complementada pelo conceito apresentado por Monteiro e Moreira (2012, s. p.) “[...] um processo que se caracteriza pela conectividade, rapidez, fluidez e utilização de recursos abertos, mas que é necessário, pois, desencadeia processos educativos destinados a melhorar a qualidade dos processos pedagógicos”.
A educação digital tende a oferecer espaços para moldar comportamentos, para a superação de desafios, para a construção de uma sociedade melhor, valorizando o papel de cada um com responsabilidade e ética, o que transforma o pensar sobre as demandas deste século, tão inusitado.
As reflexões do pesquisador Preti (2011, p. 18) apresentam elementos referentes a amplitude desta questão:
Quando, pois, estamos falando de Educação, estamos nos referindo a todos os aspectos da vida que ela abarca nas relações pessoais, sociais, políticas, com a natureza, como entorno. Ela está imiscuída, misturada e diluída em tudo. É parte do todo, é o todo. Portanto, não haveria necessidade de adjetivá-la, de apontar este ou aquele aspecto particular. Corre-se o risco de enfocar em demasia o secundário e abafar sua fonte, a origem de sua parturição, de seu nascimento.
A educação digital com características mais flexíveis, personalizadas, onlife (o tempo todo e em todo lugar) tende a suprir um novo paradigma, resultante de transformações sociais, e que visa a mudança de estruturas, com a inserção de práticas didático-pedagógicas-tecnológicas inovadoras nas propostas educacionais e com a ressignificação das questões de tempo e espaço.
Percebe-se que a crescente internacionalização de recursos humanos, financeiros e de desenvolvimento, oportunizam o escalonamento da mobilidade de estudantes e de professores, além de ampliar a realização dos processos de ensino e de aprendizagem, a produção de materiais e de tecnologias educacionais a serem utilizadas em diferentes espaços.
Este processo de reconstrução dos espaços, virtuais e presenciais, impulsionam também alterações técnicas e metodológicas, numa perspectiva de diálogo, entre a formação de professores e a educação híbrida.
Nesta perspectiva reflexiva observar a questão da formação continuada dos professores impulsiona a existência de redes de (auto) formação, como cita Nóvoa (1995, p. 26), que “[...] permitam compreender a globalidade do sujeito, assumindo a formação como processo interativo
e dinâmico”, além de terem como premissa a inserção de tecnologias nos ambientes educacionais, formais e não formais.
FORMAÇÃO DOCENTE
Com o avanço tecnológico em todas as áreas profissionais na atual sociedade, o ser humano necessita de uma formação que integre os vários saberes para interpretar o contexto profissional e pessoal. Nesse sentido, a teoria da complexidade na educação contribui na ressignificação dos saberes por meio da contextualização.
Na concepção de Morin (2011, p. 13), o importante é criar possibilidades que viabilizem as práticas pedagógicas com um “[...] pensamento complexo, ecologizado, capaz de relacionar, contextualizar e religar diferentes saberes ou dimensões da vida”. A humanidade precisa de mentes mais abertas, escutas mais sensíveis, pessoas responsáveis e comprometidas com a transformação de si e do mundo.
Para repensar e ressignificar a educação, pautada na complexidade presente em toda a realidade, necessitamos da compreensão sobre a teia de relações existentes entre sujeito e objeto. O sentido do pensar a educação está na teoria e na prática, de que tudo se liga a tudo, e no aprender a aprender que professor e estudante transcendem para além das áreas do conhecimento.
Nos processos do ensino e aprendizagem com as metodologias ativas se faz necessária uma reflexão pedagógica que contextualize o conhecimento, no qual estudante e professor são protagonistas do processo de ensino e sujeitos do conhecimento ao construir os saberes articulados no saber ser, fazer, conviver e aprender.
Com as transformações sociais, científicas e tecnológicas no contexto histórico, social e cultural, novas reflexões e discussões surgem na educação com o objetivo de atender de forma efetiva as necessidades desta nova sociedade contemporânea, pois uma de suas vertentes é o desenvolvimento tecnológico.
De acordo com Candau e Moreira (2007, p.19), é “[...] necessário repensar e reescrever o currículo nos processos do ensino e da aprendizagem de forma contextualizada e articulada, proporcionando ao estudante uma visão de mundo conectada às mais diversas particularidades do conhecimento”.
Historicamente, as políticas educacionais têm se preocupado com a formação docente, a partir das exigências na formação humana por meio de competências, habilidades e atitudes que possibilitam o ser humano estar apto a assumir e desenvolver sua profissão com criatividade, coerência, coesão e capacidades tecnológicas.
Considerando que o percurso formativo no ensino e aprendizagem possibilita a interação do estudante na sociedade por meio das experiências de vida com as tecnologias, requer um professor que seja capaz de adotar, adaptar e transformar as questões pessoais, sociais, profissionais por meio da conscientização, harmonia e trabalho coletivo com vistas para uma aprendizagem significativa a partir de contribuições das metodologias ativas e modelos híbridos.
Na concepção dos autores Bacich e Moran (2018, p.12), “[...] a combinação de vários espaços, tempos, atividades, metodologias, públicos formando uma educação híbrida, misturada e mesclada sempre esteve presente no contexto educacional”.
No contexto atual da educação, as discussões enfatizam contribuições e interligações das metodologias ativas no contexto híbrido, ou seja, inverter a sala de aula por meio das práticas pedagógicas proporciona a contextualização dos saberes ontológico, epistemológico e metodológico na construção do conhecimento científico. Além disso, ampliar a percepção, compreensão e argumentações pertinentes na formação docente.
Para Severino (2002), precisamos de educadores que ensinem o estudante a pensar, ou seja, criar estratégias que possibilitem o gosto de pensar, de aprender de dialogar, consequentemente, o estudante pode se reconhecer como sujeito de ideias, de palavras, como uma pessoa que tem o que dizer e que pode dizer, e que será ouvida, porque tem argumentos relevantes ao contextualizar os diferentes saberes.
O professor pesquisador com uma visão aberta às inovações tecnológicas na educação, se propõe a buscar práticas pedagógicas com vistas para a aprendizagem ativa e significativa, consegue criar um ambiente colaborativo com avanços nos níveis de aprendizagem, ou seja, na perspectiva da forma espiral.
Entende-se que o estudante constrói o conhecimento a partir do nível simples para o mais complexo, assim, desenvolve as competências e habilidades em todas as dimensões da vida.
São caminhos que cruzam e se entrecruzam formando uma teia com saberes em diversas áreas de conhecimento, a qual se transforma em aprendizagem ativa e significativa na formação docente, consequentemente, refletida na sala de aula com os estudantes. Por conseguinte, Bacich e Moran (2018, p. 182) afirmam:
No processo de ensinar e aprender, é fundamental que a construção de sentido seja entrelaçada a construção dos significados. O sentido, o proposito e o objetivo do aprender, para cada um, devem se entrelaçar com os significados socialmente construídos do conhecimento acumulado nas ciências, na cultura e na tecnologia.
Nas metodologias ativas e na educação híbrida professor e estudante são aprendentes no processo de aprender e ensinar, ambos são protagonistas do conhecimento. E juntos ampliam o repertório de conhecimento ao conectar-se com o mundo que habitamos por meio de redes virtuais ou contato presencial. Para Almeida e Valente (2012), a configuração dos papéis do professor e do estudante nas metodologias ativas de aprendizagem associadas às tecnologias digitais proporciona a reflexão sobre as teorias e práticas pedagógicas.
Tendo em vista que o ser humano aprende por meio de diversas formas: técnicas, procedimentos, estratégias, trilhas, métodos, práticas e experiências e a aprendizagem ativa possibilita a flexibilidade cognitiva que se refere à capacidade de superar a fragmentação, reducionismo que aprisiona o conhecimento, a formação docente deve oportunizar as condições necessárias e fundamentais para enfrentar os desafios no contexto educacional.
Nos processos de ensino e aprendizagem as metodologias como diretrizes orientam o percurso formativo, no qual se transformam em estratégias, abordagens e técnicas que concretizam a construção do conhecimento. Sendo assim, compreendemos que as metodologias ativas são constituídas de estratégias de ensino pertinentes no ambiente escolar, no qual a participação do estudante é efetiva de forma flexível, interativa e híbrida.
Neste contexto, Bacich e Moran (2018, p. 4):
As metodologias ativas, num mundo conectado e digital, expressam-se por meio de modelos de ensino híbridos, com muitas possíveis combinações. A junção de metodologias ativas com modelos híbridos traz contribuições importantes para o desenho de soluções atuais para os aprendizes de hoje.
Neste cenário da aprendizagem significativa, o papel do professor é de orientador e tutor dos estudantes nas atividades individuais e em grupo. Segundo Bacich e Moran (2018, p.130), tornar o professor proficiente no uso das tecnologias digitais de forma integrada ao currículo é importante para uma abordagem que se traduza em melhores resultados na aprendizagem dos estudantes.
O comprometimento com a realização e qualidade da aprendizagem está na forma de organizar as trilhas que proporcionam ao estudante o sentido de estudar determinado conteúdo, isto é, provocar inquietações que o motivem a buscar mais conhecimento sobre o objeto de estudo e que contextualize com a sua vida e com as dinâmicas da sociedade.
Corrobora nesta reflexão sobre a importância da formação dos professores para atuar nos processos de ensino e aprendizagem quanto ao despertar no estudante o gosto, o apreço pelo aprender, os autores Bacich e Moran (2018, p. 6):
A personalização é um processo complexo, que exige maturidade e autonomia crescente dos estudantes e também docente muito bem preparado e autonomia crescente dos estudantes muito bem preparados e renumerados, bom apoio institucional e infraestrutura tecnológica. Os professores precisam descobrir quais são as motivações profundas de cada estudante, o que os mobiliza a aprender, os percursos, técnicas e tecnologias mais adequadas para cada situação e combinar atividades individuais e grupais e on-line.
Ser docente hoje é transcender o espaço limitado da sala de aula e contemplar as dimensões que compõem o mundo, a vida, o ser humano, sobretudo, agregando os múltiplos saberes que constituem a base da prática profissional do docente. Conforme Bacich e Moran (2018, p.09), “[...] o papel ativo do professor como designer de caminhos, de atividades individuais e em grupo é decisivo e diferente. O professor torna-se, cada vez mais, um gestor e orientador de caminhos coletivos e individuais”.
Entende-se que as metodologias ativas na formação docente auxiliam na elaboração e organização do currículo em projetos contemplando o ensino com pesquisa e a integração dos meios digitais na interconexão entre teoria e prática; espaço e tempo; a comunicação pessoal e colaborativa; presencial e online.
Para Freire (1996, p. 32):
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.
O ambiente escolar pode ser um espaço propício para as discussões coletivas com o objetivo de ultrapassar a fragmentação do ensino, por meio da articulação das diferentes áreas do conhecimento, logo, a compreensão da realidade na sua totalidade, a fim de construir a identidade do ser humano como sujeito participativo de sua própria história, torna-se fundamental.
Segundo Moraes e Navas (2010, p. 49), “[...] para fazer com que o ambiente seja um espaço agradável de convivência e de transformação, que favoreça processos do ensino e da aprendizagem, temos que conhecer novas teorias e saber como aplicá-las, no sentido de facilitar a criação de cenários de aprendizagem significativa”.
Corrobora com esta reflexão Tardif (2002, p. 128) sobre a importância de uma pedagogia que priorize a “[...] tecnologia da interação humana, colocando em evidência, ao mesmo tempo, a questão das dimensões epistemológicas e éticas”, apoiada necessariamente em uma visão de mundo, de homem e sociedade.
Nesse sentido, uma prática pedagógica precisa ter dinâmica própria que lhe permita o exercício do pensamento reflexivo, conduza a uma visão política de cidadania e que seja capaz de integrar a arte, a cultura, os valores, a interação e propiciar, assim, a recuperação da autonomia dos sujeitos e de sua ocupação no mundo, de forma significativa.
Nas palavras de Moraes e Navas (2010, p. 180), “[...] além de aprendiz e inovador permanente, construtor e reconstrutor do conhecimento e de sua própria aprendizagem, um bom docente é aquele capaz de ajudar seus estudantes a desenvolver habilidades e competências consideradas fundamentais a sua sobrevivência e a transcendência”.
Portanto, os desafios e as perspectivas na formação docente visando à aprendizagem significativa, por meio, das metodologias ativas e da educação híbrida, impulsionam os professores a reflexões críticas, complexas, colaborativas e contextualizadas no âmbito educacional em uma sociedade pautada nos avanços tecnológicos.
Isso requer leituras e estudos das dimensões que formam a educação na teoria e prática, sendo assim, a formação docente precisa garantir o domínio dos conhecimentos específicos da sua área, mas também saber ensiná-los e compreender o significado e as possibilidades atribuídas aos estudantes para que se apropriem dos conteúdos e façam uso dos conhecimentos para se tornarem sujeitos protagonistas e aptos a superar os desafios e enfrentamentos sociais.
EDUCAÇÃO HÍBRIDA
Entende-se que a mudança de paradigma gerada pela educação digital, possibilita a construção de comunidades de aprendizagem que envolvam os sujeitos de forma integral e que exija uma presença cognitiva e social que se inter-relacionam. Acredita-se que esta inter-relação ocorra nos momentos nos quais os estudantes constroem significado diante de uma situação-problema, utilizando-se do pensamento complexo e na capacidade de se projetarem de forma social, por meio das interações e da comunicação.
Os estudantes, com acesso constante as tecnologias, e a conexão à internet, podem aprender de diferentes formas, e suas aprendizagens podem ser complementadas por momentos presenciais, nos quais ocorrem as trocas de ideias, a aplicação de conteúdos, a resolução de problemas e atividades colaborativas.
Os ambientes virtuais, quando estruturados com intencionalidade tendem a disponibilizar maior qualidade nas oportunidades de ensino e de aprendizagem qualidade Em seus estudos Carey, (2015, p. 252), cita que “[...] a inovação constante das tecnologias proporciona espaços para que os docentes ofereçam uma educação diferenciada e personalizada”, ele alerta que com as possibilidades das inovações tecnológicas e das mudanças mercadológicas também pode acontecer de menos educadores atenderem cada vez mais estudantes.
Entende-se que nos processos de educação a distância, também é possível ter um elevado grau de proximidade afetiva, relacional e comunicacional, sendo assim, nestes processos educacionais destaca-se as possibilidades de presença efetiva, tanto social, como cognitiva e docente, que serão possíveis com recursos tecnológicos efetivos e uma proposta didático-pedagógica-tecnológica de qualidade.
Numa proposta híbrida/semipresencial/blended (termos que se complementam) significa oferecer espaços para que o aprendizado virtual e o presencial aconteçam de forma interconectada e que o conteúdo não seja mais o diferencial.
Entende-se que a estruturação da proposta de educação com tecnologias possa oferecer maior dinamicidade, fluidez, interação, comunicação, além de poder contar com metodologias para aprendizagem ativa, que impulsionam o estudante para um nível cognitivo mais elevado, oferecendo oportunidades de criação, avaliação, e solução de problemas.
Recursos como as bibliotecas virtuais, conteúdos estruturados em formatos diferenciados como: SCORM, videoaulas, podcasts, animações, storytelling, entre outros, proporcionam diferentes oportunidades de aprendizagens para os estudantes e constituem ferramentas capazes de apoiar propostas educacionais híbridas, despertando o estudante para a construção do conhecimento.
A ideia de flexibilidade que os ambientes online e as propostas híbridas oferecem, não pode ser considerada como falta de estruturação e intencionalidade, pois é fundamental apresentar objetivos bem definidos quanto ao que ensinar, como ensinar e como avaliar.
Em relação as possibilidades educacionais verifica-se em diversos estudos, corroborados por Santos (2018, p. 194) que em muitas propostas a “[...] educação sempre foi ‘híbrida’”, por estar em espaços diferenciados, por usar metodologias misturadas, por envolver diferentes faixas etárias, por utilizar-se de muitas estratégias didáticas, o que diferencia o momento atual é a presença de tecnologias e inovações, que tornam-se aliadas para a apresentação dos conteúdos, para proporcionar a interação entre estudantes de diferentes espaços, para simulações, realidade imersiva, entre outros recursos já criados e a serem criados ou adaptados para a educação.
A educação híbrida tende a apoiar os estudantes a aprenderem com maior qualidade quando existe a construção de uma proposta diferenciada, com intencionalidade nas atividades online e presencial, com mecanismos de interação, acompanhamento, avaliação e feedback constantes.
O importante é que as instituições levem em consideração as etapas da sequência de aculturação para a implantação de propostas híbridas, iniciando com experiências mais próximas as do ambiente presencial, em um segundo momento inserindo a flexibilidade das atividades com inserções online e na sequência, experiências de aprendizagem diferenciadas mais ativas, mas totalmente interrelacionadas com o que é realizado online.
Percebe-se que a construção de propostas para a educação híbrida tende a envolver diferentes atores para que possa ser instituída com qualidade, além de envolver recursos tecnológicos e profissionais de outras áreas que contribuam no desenvolvimento de materiais e plataformas.
O pesquisado do tema Christensen et al. (2013, p.24) aponta que
A opção é inventar uma solução híbrida que dê aos educadores “o melhor dos dois mundos” - isto é, as vantagens do ensino online combinadas a todos os benefícios da sala de aula tradicional. A opção disruptiva é empregar o ensino online em novos modelos que se afastem da sala de aula tradicional, e foquem inicialmente nos não-consumidores, que valorizem a tecnologia pelo que ela é - mais adaptável, acessível e conveniente.
Entende-se ser necessário um tempo de aculturação para a implantação das propostas híbridas, e a seguir apresenta-se o diagrama que resume as características elencadas pela pesquisadora Santos (2018, p. 421), em relação ao processo de educação híbrida, tanto para estudantes, docentes e gestores.
A estrutura das propostas totalmente a distância ou híbridas tendem a oportunizar o desenvolvimento de competências mais amplas como a autonomia, o auto estudo, a gestão do tempo e a comunicação, elementos tão essenciais para a vida neste século e que podem ser um diferencial tanto para a vida pessoal como no mundo do trabalho.
Nas propostas híbridas com uso de tecnologias diferenciadas, pode-se adotar metodologias para aprendizagem ativa proporcionando, ao estudante e aos docentes, processos interativos de conhecimento, momentos de análise, estudo, pesquisa e desenvolvimento de competências essenciais ao século XXI. O uso de estratégias didático-pedagógicas-tecnológicas diferenciadas tende a acontecer nos ambientes presenciais e online, por meio dos processos de mediação e interatividade que ocorrem de múltiplas formas.
Numa perspectiva mais ampla pode-se pensar em propostas educacionais que unam bibliotecas, museus, espaços de empresas como ambientes ricos para aprendizagem, em um contexto diferenciado, pode ocorrer a montagem de infraestrutura física com realidade aumentada e virtual, oferecendo uma aprendizagem imersiva e altamente contextualizada, com propostas de experiências que incluem feedback dos estudantes em tempo real, aliada a sistemas de acompanhamento de docentes e inteligência artificial.
Sugestões apoiadas pelas tecnologias podem proporcionar uma aprendizagem mais efetiva, pois as pessoas estão cada vez mais conectadas e torna-se necessária a mudança de mindset, para que as novas propostas possam ser mais do que o uso da tecnologia na educação como obrigatoriedade ou modismo. Castells (2016) destaca:
Internamente, os estudantes interagem constantemente entre si e com seus professores, compondo de fato uma comunidade virtual, ao mesmo tempo em que eles também interagem no mundo real, no campus e em sala de aula. Materiais necessários para ensino e pesquisa podem ser acessados online. Atualmente, 97% da informação no mundo está digitalizada e 80% está disponível na internet e em outras redes.
Entende-se que tanto as crianças, como os jovens e até os adultos com a inserção das tecnologias nos seus cotidianos, estabelecem uma relação diferenciada com o aprender. Este aprendizado onlife, que acontece em todo tempo e lugar, proporciona um universo para que possa ser desenvolvido nos estudantes, competências relacionadas a produção, criação, inovação e colaboração, pois as práticas sociais no ciberespaço apresentam características mais participativas, colaborativas e de construção coletiva do conhecimento.
PROCIDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esse estudo contou com um questionário estruturado de abordagem qualitativas no objetivo de discutir e refletir sobre a visão do professor autor e desenvolvedor na produção de material didático para educação híbrida na graduação e pós-graduação.
Na proposta de investigação, que teve embasamento na pesquisa de Santos (2018), além de refletir sobre conceitos da educação híbrida, buscou-se, por meio da realidade do professor levantar informações sobre sua formação docente.
Contextualmente, a escolha da aplicação desta proposta com docentes da graduação e pós-graduação deve-se ao fato de que as Instituições de Ensino Superior vêm adotando uma postura onde a educação digital, por meio de metodologias ativas que utilizam recursos, ferramentas e dispositivos digitais, tem se tornado cada vez mais presentes no âmbito acadêmico.
No contexto específico dessa pesquisa, o questionário estruturado aplicado aos docentes contou com 15 perguntas, sendo 11 perguntas fechadas e 4 (quatro) perguntas abertas. Os oito professores envolvidos na pesquisa produzem material para educação híbrida, sete são mulheres e possuem entre 29 a 44 anos, sendo que 50% têm de 35 e 36 anos e 87,5% possuem outra graduação ou pós-graduação completa após a primeira graduação.
Os pontos iniciais questionados foram em relação ao perfil do(a) professor(a), em seguida foi questionado se o docente acredita na proposta de educação híbrida/semipresencial. Todos os professores responderam que acreditam nessa modalidade de ensino, 62,5% totalmente e 37,5% parcialmente.
Ao serem questionados se acreditam que os(as) professores autores e desenvolvedores de materiais precisam de formação específica para a produção de conteúdo para educação híbrida/semipresencial, 75% dos(as) professores(as) afirmaram que concordam com a afirmação, como pode-se observar a seguir:
Por outro lado, quando questionado se os docentes acreditam que os(as) professores(as) formadores que dão aula no momento presencial precisam de formação específica para a produção de materiais/conteúdos para a educação híbrida/semipresencial, as respostas se diversificam, como pode-se observar a seguir.
Pode-se observar nos dois gráficos apresentados (Figuras 2 e 3) que os próprios docentes acreditam que são necessárias formações específicas para os educadores trabalharem no modelo híbrido, mas que 12,5% dos docentes pesquisados, acreditam que os(as) professores(as) do momento presencial já possuem conhecimento para a produção de materiais/conteúdos para a educação híbrida/semipresencial. Complementando, 50% dos docentes acreditam possuir conhecimento necessário para criar propostas utilizando tecnologias, o que corrobora com os dados levantados.
Ao serem questionados para definir em uma palavra a descrição de um bom material para educação híbrida/semipresencial, duas palavras se destacaram por serem mencionadas mais de uma vez: objetividade e contextualização. Isso mostra que os docentes compreendem a importância e as singularidades dos materiais para a educação híbrida/semipresencial.
Outra questão que se destaca na autorreflexão é a proposta dos participantes da pesquisa descreverem em uma palavra como “[...] sua ação na construção dos materiais apoia a qualidade da educação híbrida/semipresencial”. As palavras citadas foram: diferencial, análise, compreensão, engajamento, revisão, adequação, clareza e entendimento global. Percebe-se nas palavras citadas que o docente está comprometido com o material produzido ao ponto de perceber a singularidade e a especificidade da educação híbrida/semipresencial.
Para finalizar o questionário, os(as) professores(as) foram convidados a registrar um comentário sobre as disciplinas híbridas/semipresenciais. Os comentários complementam a necessidade de formação específica aos docentes e um planejamento diferenciado para essas disciplinas.
Para a construção de uma disciplina no modelo semipresencial é necessário que haja capacitação dos profissionais envolvidos. Os docentes precisam entender que nem sempre o que fazem no presencial dá certo no semipresencial e que a estrutura das aulas será diferente. (Professor 8)
A proposta é inovadora, porém precisa mudar a mentalidade dos professores e alunos que se dispõem a esse tipo de ensino. O momento presencial deve ser mais interativo para que o aluno se motive a continuar estudando sozinho e a instituição proporcionar meios para que essa prática aconteça. (Professor 2)
O planejamento de disciplinas blended é um trabalho em conjunto entre professores e designer educacional, assim não podemos deixar de frisar que a decisão final sobre o que adotar e modificar é do professor que domina o conhecimento da área. Para realizar este trabalho com qualidade existem muitos fatores que influenciam, a compreensão modelo pelo professor é um deles, mas não é o único, posso citar, por exemplo, a dedicação dos professores, a reforma de pensamento para planejar as atividades em um novo formato e o tempo de amadurecimento deste processo. (Professor 4)
Acho que são uma oportunidade para reduzir cada vez mais as aulas expositivas, aproveitando o momento em sala de aula para a prática, a aplicação, o trabalho em equipe, atividades desafiadoras e o feedback imediato, o que coloca os estudantes em ação, consequentemente contribuindo com a aprendizagem. Muitos professores já trabalham desta forma no presencial, nestes casos acredito que o semipresencial seja uma maneira de sistematizar o que acontece na prática. (Professor 6)
É perceptível nos comentários dos(as) professores(as) que eles acreditam na educação híbrida/semipresencial, estão comprometidos na produção de materiais com utilização de recursos digitais diferenciados e que acreditam que a formação docente específica deve acontecer para que o docente produza materiais e conteúdos cada vez mais diferenciados e alinhados com a tecnologia.
Entende-se que o outro ponto importante apresentado na pesquisa foi a importância do planejamento das disciplinas híbridas, o alinhamento entre as equipes responsáveis pelos conteúdos e as tecnologias envolvidas para que os estudantes tenham acesso a educação de qualidade.
Finalizando, pode-se perceber a dedicação e o comprometimento dos professores autores e desenvolvedores na produção de material didático para educação híbrida na graduação e pós-graduação. Fica evidente a importância da formação específica desses docentes para utilização de metodologias ativas com o uso de tecnologias para esse modelo de ensino e o cuidado com o planejamento dessas disciplinas, principalmente para alinhar os momentos presenciais e a distância.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O artigo mostra que a educação digital, mais especificamente a educação híbrida, é uma modalidade que tende a possibilitar maior sinergia as necessidades atuais da sociedade. Com seus espaços modulares e sua característica flexível e personalizável, a educação híbrida/semipresencial tem ganho espaço nas instituições de Ensino Superior como um impulsionador da graduação e pós-graduação.
O questionário aplicado contou com quinze perguntas abertas e fechadas que revelaram a visão de professores autores e desenvolvedores na produção de material para educação híbrida. A pesquisa mostra o comprometimento dos docentes com a produção dos materiais, a importância do planejamento das disciplinas considerando os momentos presenciais e a distância.
Entende-se com essa experiência que a educação híbrida/semipresencial é uma realidade e que vem crescendo frente as demandas de professores formados para trabalhar na produção de materiais para educação híbrida. A formação docente específica é essencial para se trabalhar nesta modalidade, principalmente com o uso de tecnologias, pois professores que vem de uma realidade do ensino presencial muitas vezes não estão preparados para os desafios e as diferenças das propostas híbridas.
O olhar referente as possibilidades que a educação digital oferece amplia o escopo de atuação de docentes e estudantes, o que possibilita espaços de aprendizagem diferenciados e a formação ao longo da vida.