Eis o número 42 de Educação e Filosofia, com o qual completamos vinte e um anos de publicação de nossa revista. Resultado de anos de muito trabalho e dedicação da parte de nossos diretores e conselheiros. Mesmo em situações adversas, nossa revista tem marcado o cenário nacional e internacional pela sua periodicidade, crescimento gradativo e registro em sete repertórios nacionais e internacionais, índices que nos levam a agradecer nossos leitores, assinantes e colaboradores.

Este número traz, em sessão especial, o texto da conferência do Dr. Demerval Saviani, O Pensamento pedagógico brasileiro: da aspiração à ciência à ciência sob suspeição, proferida na Universidade Federal de Uberlândia, em 9 de julho de 2007, quando comemoramos o lançamento do número 40 e os vinte anos de Educação e Filosofia. O texto do Dr. Saviani é apresentado em sua íntegra e, nele, o autor situa o pensamento pedagógico brasileiro na passagem da crença na ciência à descrença na ciência e as correntes que resultaram desta passagem. Um texto fundamental para aqueles que desejam conhecer os meandros da pedagogia no Brasil.

Na sessão Artigos, encontram-se seis artigos referentes à Filosofia e quatro artigos referentes à Educação, totalizando dez artigos. No que se refere à Filosofia, o artigo de Maurizio Martirano, Alcune considerazioni sul tema del’Oriente nella storiografia di Carlo Cattaneo é uma análise do clássico tema do oriente, adotando os princípios desse conhecido historiador italiano, pouco divulgado no Brasil. Um artigo importante seja para a divulgação desse historiador, seja pelo tema do oriente, que é sempre atual. O artigo de Harley Juliano Mantovani, Arqueologia da criação em MerleauPonty: plástica da des-figuração, analisa a importância da aisthesis como caminho para o reencontro do Ser, no projeto ontológico de Merleau-Ponty. O artigo de Rubens Garcia Nunes Sobrinho, Inteligência e Psykhé: a epistemologia de Platão, nos mostra que a hipótese das Formas inteligíveis se baseia na preexistência de um número preciso de princípios em relação à physis, permitindo que Platão fundamente as questões éticas a partir de sua nova epistemologia. O artigo de Fábio Amorim de Matos Júnior, A limitação do élenchos e sua implicação na defesa de Sócrates conforme a Apologia de Platão, nos mostra como os limites do método socrático inviabilizam sua defesa e como Platão vincula a condenação do mestre às limitações do método. O artigo de Arlindo Ferreira Gonçalves Júnior, A pessoa humana como protagonista da história ética na filosofia de María Zambrano, trata de recuperar os argumentos da filósofa espanhola María Zambrano, mediante dois pares de contrários: indivíduo/pessoa e massa/povo, e elege a pessoa enquanto povo protagonista de uma história ética. O artigo de Sergio Sevilla, La tecnica y la crisis filosofica del humanismo, nos mostra que é imprescindível uma reconstrução do sujeito de responsabilidade moral e política em oposição à destruição heideggeriana do sujeito.

No que se refere à Educação, o artigo de Aline Maria de Melo Batista, Práxis, consciência da práxis e educação popular: algumas reflexões sobre suas conexões, visa apresentar as conexões existentes entre a práxis, a consciência da práxis e a educação popular, enfatizando a relevância da práxis para educação popular e da educação popular para a práxis. O artigo de Sarita Medina da Silva e Mário Borges Netto, Reforma do Estado e do Ensino Superior: flexibilização curricular e mundo do trabalho, enfoca a reforma do ensino superior, mostrando as tensões e contradições decorrentes da relação entre formação universitária e mercado. O artigo de Itamar Freitas, Uma versão católica para a história do Brasil nos anos 1930, no qual ele analisa a História do Brasil de Jonathas Serrano, nos dá a conhecer a participação desse autor no processo de reinvenção da história como disciplina escolar para o curso secundário no Brasil.

Completa ainda este número a sessão Tradução, na qual a Revista traz, do texto original de Jürgen Habermas, a versão de Observações sobre o desenvolvimento da obra de Max Horkheimer, feita por Maurício Chiarello, possibilitando o acesso dos leitores ao texto deste renomado filósofo.

Finamente, gostaríamos de manifestar nosso reconhecimento a todos aqueles que contribuíram nestes vinte e um anos para a manutenção de nossa Revista, seja por meio de artigos, assinaturas, leituras ou da produção dos exemplares. Esperamos continuar contribuindo com a vida acadêmica nacional e internacional.