Introdução
O artigo versa sobre a presença da educação noticiada em um jornal produzido na cidade de Londrina-PR entre 1934 e 1953, período histórico balizador da pesquisa. Londrina localizada na região norte do estado do Paraná, emancipada politicamente em 10 de dezembro de 1934, tem seu nome fomentado pela Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP) e constantemente reificado no discurso oficial como em homenagem à Londres, significando “Pequena Londres” ou “Filha de Londres” (STECA; FLORES, 2002). No início da cidade, segundo Steca e Flores (2002), a CTNP, de origem inglesa, investia em propagandas no exterior com o intuito de atrair pessoas interessadas em comprar os lotes de terra numa região de oportunidades e solo fértil, favorecendo o plantio do café, um produto de valor no mercado internacional.
A CTNP, para promover a cidade como lugar próspero aos possíveis colonos interessados na compra de terras da região, fazia uso da imprensa, particularmente do Paraná-Norte. Essa inferência, instiga-nos a indagar se as notícias de educação, difundidas pelo Paraná-Norte (1934-1953), também estavam a serviço de propagandear Londrina como um lugar atrativo aos colonos. Embora houvesse interesse econômico na comercialização das terras produtivas da “nova promissão” e do “novo eldorado”, aventamos que as questões referentes à educação podem revelar outras dimensões no processo de constituição dos modos de ser e de viver dos homens em Londrina. O Jornal foi um dos primeiros meios de comunicação social a circular em Londrina, suas primeiras edições foram produzidas em outubro de 1934, às vésperas da municipalização da localidade. Além das questões educacionais locais, por meio do Jornal identificamos relações entre os ideais de educação propagados na realidade micro e os da realidade macro (estadual e nacional).
O Paraná-Norte por muito tempo foi um meio de reconhecimento político, dando visibilidade e sendo uma forma de expressão pública, bem como um testemunho da dinâmica de vida na cidade e instrumento de poder de formação de opinião. Como um dos principais veículos de comunicação social no tempo entre 1934 e 1953, tal realidade reforça a pertinência de tomar o impresso como fonte histórica. O Jornal apresenta em suas páginas diversos assuntos como no âmbito político, econômico, cultural, social. A nossa pesquisa está ligada ao âmbito educacional, visto ser uma temática pouco abordada a partir do Paraná-Norte por pesquisa já realizadas (CESÁRIO, 1986; ARIAS NETO, 1998; BONI, 2004; CAPELO, 2013; KOMARCHESQUI, 2013; BARION, 2014).
Assim, a questão que norteou a nossa pesquisa foi: quais foram as notícias de educação propagadas pelo Paraná-Norte (1934-1953)? A periodização histórica justifica-se em 1934 pelo tempo de início de produção do impresso que fora publicado até o último quadrimestre de 1953. No período delimitado, a cidade se constituía enquanto estrutura política administrativa municipal, bem como vivia um processo de colonização empreendido por (i)migrantes e de urbanização, tendo um apogeu nos anos de 1950, marcado, sobretudo, pela economia e cultura das pessoas envolvidas com a produção cafeeira.
Tivemos como objetivo geral apresentar e interpretar as notícias sobre educação na cidade de Londrina-PR, segundo o Paraná-Norte (1934-1953). Definimos como objetivos específicos: identificar, selecionar, catalogar e descrever as notícias relacionadas à educação publicadas no Paraná-Norte; apresentar as instituições escolares de Londrina propagadas no período que a cidade se erigia.
Para isso, fora necessário um encaminhamento metodológico que nos permitiu compreender o impresso como um documento histórico, identificando não apenas o conteúdo das notícias e a sua materialidade, mas atentando para suas articulações e posicionamentos reveladores das tramas sociais, políticas e culturais dos sujeitos. Assumimos como referência Cruz e Peixoto (2007) e Luca (2008). Dessa maneira, a pesquisa consistiu em quatro etapas: na primeira, identificamos os locais onde estão acondicionados os exemplares do Paraná-Norte, isto é, no Núcleo de Documentação e Pesquisa Histórica (NDPH) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e no Museu Histórico de Londrina “Pe. Carlos Weiss”; na segunda etapa, realizamos a leitura na íntegra de cada exemplar para identificar e selecionar as notícias relacionadas à educação; na terceira, catalogamos as notícias anteriormente selecionadas em uma tabela de Excel, resultando em 831 registros, a tabela contém os seguintes indicadores: título do jornal, localização da fonte, data, edição, página, título da seção, título da notícia, autor da notícia, resumo, sujeitos citados, escolas, leis/decretos, iconografia, legibilidade, grupo responsável pelo jornal, materialidade, preço, circulação; na quarta etapa, descrevemos as notícias anteriormente catalogadas e elegemos uma categoria: instituições escolares de Londrina-PR de ordem pública, particular e étnica.
As instituições escolares são consideradas como uma categoria historiográfica potencializadora de uma renovação no campo da história da educação brasileira (GATTI JUNIOR, 2002). Elas provocam pesquisas históricas focadas nas relações entre o universal e o particular. Magalhães (2004) propõe possibilidades de análises (tempo, espaço, currículo, modelos pedagógicos, professores, estudantes, manuais, dimensões culturais e políticas, entre outras) das instituições educativas abordando o cruzamento entre os planos macro, meso e micro histórico. A realidade histórica das instituições compõe quadros mais amplos do sistema educativo, implicando na configuração de grupos, comunidades, localidades, territórios, regiões e nações. Nesse sentido, entendemos as instituições escolares como categoria de análise historiográfica a ser empreendida a partir de múltiplas narrativas e narradores, fontes materiais e imateriais.
Destaca-se que no campo da história da educação tem crescido o número de pesquisas que utilizam a imprensa como fonte empírica. Um jornal apresenta diversos assuntos, amplia discussões e permite articulações interdisciplinares envolvendo cultura, economia e política no campo educacional. Ele é também um instrumento de memória ao ser produzido com o intuito de apresentar o cotidiano das pessoas num espaço/tempo, na visão daqueles que fazem parte das concepções dos editoriais e dos artigos, evidentemente.
Sobre as produções acadêmicas, identificamos dois movimentos presentes na história da educação. O primeiro é o de pesquisadores que estudam impressos pedagógicos do âmbito educacional como Nóvoa (1997), Catani e Bastos (1997), Nery (2009), entre outros. O segundo, é o de pesquisadores que utilizam impressos gerais constituídos por diversos assuntos e relacionam estes com a educação como Araújo (2002), Bontempi (2004), Carvalho (2007), Campos (2012), Pinto (2013), entre outros. A nossa pesquisa é sobre o Paraná-Norte, localiza-se no segundo movimento, impressos não pedagógicos.
Ademais, pesquisadores têm abordado temáticas a partir dos e nos impressos, entre elas tem-se a educação nas cidades e regiões estaduais. À guisa de exemplo, foram eleitas teses de doutorado e dissertações de mestrado identificadas no site de Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), publicadas entre 2010 e 20161, entre as quais optamos em referenciá-las porque versam sobre a tríade temática - imprensa, cidade e educação: Sant’Ana (2010), Souza (2010), Cavalcante (2016). O conjunto de produções permitiu-nos, por ora, identificar os seguintes assuntos a serem observados numa pesquisa sobre a tríade imprensa, educação e cidade: propostas da imprensa para educação no município; expansão e organização do ensino na cidade; educação dos costumes para os modos de civilidade urbana.
A partir do levantamento bibliográfico, consideramos que o Paraná-Norte se diferencia dos jornais presentes nas pesquisas citadas acima por ser um impresso que tinha por finalidade propagandear a cidade que nascia, as terras a serem vendidas e ele estava vinculado a um empreendimento imobiliário, a CTNP. Assim, pesquisar os acontecimentos educacionais numa cidade por meio de uma imprensa jornalística, no nosso caso, o Paraná-Norte, fora desafiante pelos variados assuntos a serem abordados, a diversidade de atores sociais presentes na trama da cidade e as interlocuções entre eles na compreensão do processo educacional em interdependência ao processo de urbanização. Tais desafios, por ora, são apresentados, neste artigo, em três tópicos.
O Paraná-Norte na cidade
O Paraná-Norte foi um impresso produzido entre 1934 e 1953 na cidade de Londrina, localizada na região norte do estado do Paraná. Ele esteve em nome das demandas estruturantes da cidade, inicialmente tinha fortes relações com o grupo da Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP). Para compreender essa trama, vejamos parte do processo histórico constituinte da localidade.
Com base em Capelo (2013), observamos alguns fatores que contribuíram com a chegada de (i)migrantes na região norte do estado do Paraná, com o fim da I Guerra Mundial inicia-se um período de reorganização europeia e de consolidação da hegemonia norte-americana. A crise de 1929 abalou a economia mundial, causando graves consequências também no Brasil, como a proibição do plantio do café nos estados de São Paulo e Minas Gerais, no período de instalação do Estado Novo no governo de Getúlio Vargas. Tais proibições não foram aplicadas ao Paraná, visto que o monopólio do plantio do café no país era principalmente nos Estados de São Paulo e Minas Gerais. O Estado do Paraná encontrava-se endividado, por consequência da dívida externa foi concedida aos delegados de Rothschild 6% do território paranaense localizado no Norte do Estado (JOFFILY, 1985), território que abarca a cidade de Londrina e região. De acordo com Arias Neto (1998, p.04), “a Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), subsidiária da Paraná Syndicate, com sede em Londres, adquiriu, entre os anos de 1925-7, uma área de 515.000 alqueires de terras”. Para Leme (2009), os interesses da CTNP, após adquirir os alqueires, era implantar um projeto de colonização de caráter imobiliário, objetivando o lucro com a venda dos lotes, priorizando a comercialização de pequenas propriedades, além disso, o projeto idealizava na fundação de cidades-sede com a distância de 100km umas das outras e pequenos núcleos urbanos situados de 15 em 15km servindo de abastecimento para os habitantes da zona rural.
Esse modelo de cidade fora idealizado pela CTNP, esta fazia parte de um grupo de ingleses que adquiriu terras do norte do Estado como pagamento de uma parte da dívida externa. Antes disso, nota-se algumas características da região, considerada por Leme (2009), como uma grande floresta habitada até então por grupos indígenas, caboclos e posseiros. Este ângulo tenciona com a memória tradicional de que as terras foram colonizadas por estrangeiros, principalmente pelos ingleses envolvidos na CTNP.
A instalação dos membros da Companhia gerou algumas construções alterando a paisagem do lugar. O grupo da CTNP projetava para a região o modelo de cidades jardim, modelo trazido da Europa. No primeiro momento, foram organizadas cidades-sede, e as ruas detinham um desenho semelhante a um tabuleiro de xadrez, onde houvesse uma transposição linear de modelos e uma distribuição espacial que carecia “da pequena propriedade rural, a preocupação com as vias de comunicação - especialmente a localização estratégica da ferrovia na malha urbana - e o controle da densidade populacional idealizado pela CTNP para Londrina” (LEME, 2009, p. 19).
No início dos anos de 1930, surge também um dos primeiros veículos de comunicação social na cidade, o jornal Paraná-Norte. Sua primeira edição foi produzida no dia 9 de outubro de 1934. O impresso noticiava assuntos diversos e a CTNP tinha envolvimento dado o seu interesse em propagandear a nova “promissão” repleta de terras férteis. Para Boni (2004), os interesses da Companhia na criação do Jornal na cidade iam além de propagandear terras produtivas, queriam influenciar a cidade nos rumos econômicos e políticos. Somados seus interesses publicitários, econômicos e políticos, a CTNP foi a maior responsável pelo nascimento do Paraná-Norte. Havia quase um ano que alguns de seus mais importantes funcionários amadureciam a ideia de um jornal e estavam empenhados em criar condições para que isso acontecesse. Outras pessoas da cidade também simpatizavam com a possibilidade de um jornal, pois o vislumbravam como um instrumento de lutas e reivindicações. (BONI, 2004, p. 234)
As primeiras edições do Jornal, conforme Komarchesqui (2013), enalteciam as terras produtivas e a incipiente urbanização de Londrina. Eram frequentes notícias sobre a qualidade do setor agrícola ao cultivo de lavouras de algodão, arroz, café, feijão, milho, frutas e verduras, e também do comércio local, como o de madeireiras, gerador de empregos e construções. Tais anúncios indicam que nos anos de 1930 o foco econômico na região não se restringia à cafeicultura, de acordo com uma das teses desenvolvidas por Arias Neto (1998).
Na década de 1930, a imagem propagada pelo Paraná-Norte era do desenvolvimento e infraestrutura da cidade como as ruas que estavam abertas, praças demarcadas abastecimento de água, energia elétrica e telefonia (BONI, 2004). O Paraná-Norte, que surgira poucos dias antes da assinatura da ata de instalação do município de Londrina, no seu primeiro editorial publicado em 1934 dizia:
[...] o “modesto semanário” de seis páginas pedia o apoio dos habitantes da região para “propagar-lhe a riqueza, concretizada na fertilidade inigualável do seu solo”, e exaltava “a grandeza deste pedaço da terra americana, onde várias raças se misturam na mais comovedora das harmonias”. Descartando qualquer interesse ou vinculação político-partidária, o periódico garante apoio “franco e desinteressado” às autoridades que agirem “dentro da lei”. (KOMARCHESQUI, 2013, p. 38)
Para Cesário (1986), o Jornal, já no seu primeiro número, ao manifestar interesse de ficar à margem das questões político-partidárias, autodenominava político e noticioso. Ainda, a harmonia discursada estava a preço das tensões com os indígenas, caboclos, posseiros e na exploração do trabalho daqueles menos favorecidos socioeconomicamente. Isso em nome de um modelo de cidade progresso.
Outra característica do impresso é o seu formato, Komarchesqui (2013) menciona que por conta da falta de luz elétrica na década de 1930 na cidade de Londrina, o Paraná-Norte era impresso no formato berliner, cujo formato tem origem alemã, com páginas que normalmente medem 470 X 315milímetro. Assim, grande parte das edições tinham quatro páginas, exceto em edições especiais que o impresso continha mais páginas. E na década de 1930, as últimas páginas do impresso eram destinadas às propagandas da CTNP e de venda de lotes.
Nota-se algumas diferenças nos editoriais conforme a mudança de diretores. No ano de 1944, período que Eufrosino L. Santiago era o diretor proprietário e Dario Ferreira era o responsável pelo Paraná-Norte, a terceira página passou a ser destinada às mulheres, mencionando sobre os ofícios da mulher como os cuidados com a casa e as crianças. Nessa página, havia uma sessão denominada Para as crianças, ela trata sobre os cuidados e a educação dos filhos. No ano de 1947 a 1948, o Paraná-Norte passou a ser diário, nesse período os responsáveis pelo impresso foram Ruy Cunha, Edmundo Mercer Junior, José Hosken de Novaes, Ruy Ferraz de Carvalho, tendo como diretor gerente o Moacyr Teixeira e o superintendente José Bonifácio e Silva. Depois desse período o impresso voltou a ser produzido semanalmente.
A impressão do Paraná-Norte era realizada na pioneira Tipografia Oliveira, feita na Minerva, movida a pedal (KOMARCHESQUI, 2013). Sobre a distribuição do conteúdo, o Jornal, segundo Leite (2014, p. 20), “era composto pelo editorial e colunas ‘Sociaes’, esportivas, comerciais, cartas dos leitores, além de noticiários locais nacionais e internacionais”. Acrescenta-se, a partir de nossa pesquisa, que notícias sobre educação também foram propagadas, tais notícias não eram restritas a uma página ou seção, visto que assuntos sobre educação estão localizados nas diferentes páginas do impresso ao longo de 1934 a 1953.
Em 1934 a cidade de Londrina se torna emancipada politicamente, e em 1938 a cidade foi elevada à condição de comarca (LEME, 2009). A municipalização de Londrina também foi destaque no Paraná-Norte, principalmente com relação à economia pulsante. Cabe destacar que a última página do Jornal apresentava frequentemente as propagandas da CTNP enaltecendo a prosperidade econômica, como “a nova canãa”, “o novo eldorado”, “a nova promissão”, “lugar onde se planta dá” e “terras onde não há saúva”.
O Paraná-Norte, por um lado, noticiava interesses da CTNP ao enaltecer a força das terras produtivas e os acontecimentos sociais positivos, por outro, havia nessa época problemas estruturais como a falta de energia elétrica para a população em geral. Esse era um problema que antecedia à chegada do Jornal, afim de atender as suas dificuldades, a Companhia, entre outras obras de cunho público, construiu uma Usina de Energia Hidráulica. Conforme Boni (2004), em 1933, no local onde é hoje, em 2018, o Parque “Arthur Thomas”, foi instalada no ribeirão Cambé essa Usina movida por um gerador a óleo cru, e, num primeiro momento, “a energia gerada foi suficiente apenas para as necessidades de seu escritório e algumas poucas casas, notadamente as de seus diretores e principais funcionários. Ou seja, nada de iluminação pública.” (BONI, 2004, p. 75)
A trajetória e a candidatura de Willie Davids a prefeito, representam, conforme Cesário (1986, p. 202), “uma estratégia de governo na qual a Companhia de Terras continua a ser a maior prestadora de serviços à população”. Com Davids na prefeitura, a CTNP teria muitos de seus serviços prestados regulamentados sob a égide do poder municipal e com apoio político para regulamentação em nível estadual.
Com o Davids prefeito, o Paraná-Norte ampliava holofotes sobre a estruturação da cidade via a instalação da ferrovia, energia elétrica, correios, abastecimento de água, hospitais, escolas, dentre outras. Nesse sentido parte das motivações para criação do Paraná-Norte passava pelas questões socioculturais, políticas e econômicas na promoção de Londrina e região. Por isso, um dos responsáveis pela criação do Jornal fora o grupo da CTNP, que, segundo Leite (2012), fora um dos principais financiadores do impresso em seus primeiros anos.
Carlos de Almeida era delegado de Londrina, além disso, foi o primeiro diretor do Paraná-Norte, ao lado de Humberto Puiggari Coutinho que na época era diretor-redator. Almeida pode ser considerado um personagem chave no elo entre o Jornal e a Companhia, pois era ele um dos responsáveis pela negociação financeira entre o periódico e a Companhia, seu maior anunciante.
Tendo então a CTNP como principal financiadora do Paraná-Norte, o impresso destinava maior espaço às propagandas da Companhia. E, assim, a CTNP cria e usava o Jornal como um canal estratégico de interação para sensibilizar compradores, divulgar seus feitos de estrutura dos serviços públicos e para potencializar a formação de imagens positivas sobre os modos de ser e viver no Norte do Paraná, tendo Londrina como principal referência de cidade progresso.
O Jornal também trabalhava em nome de uma espécie de moralidade aos citadinos. O empenho de moralidade, fortemente, voltava-se à figura da mulher destinada à paixão única por um homem ao longo da vida. O Jornal veiculava o papel da mulher nos primeiros anos da colonização como “ordenamento do privado e do íntimo, na manutenção das relações familiares, na educação dos filhos e na sociabilidade com a vizinhança” (CASTRO, 1994, p. 91). Um exemplo disso, era a página 3, coluna intitulada Sua Página, Senhora, que apresentava assuntos como os cuidados que uma mulher deveria ter com a família, a casa e os filhos, reforçando a ideia de uma educação da mulher do lar.
A cidade de Londrina, de contornos moralizantes divulgados no Paraná-Norte, potencializava o imaginário dos cidadãos e a sua força pulsava no discurso de progresso seletivo cada vez mais explícito. Como se lê num documento da CTNP, intitulado O Norte do Paraná, divulgado em 1941:
COMO PROGRIDE O NORTE DO PARANÁ
Citando como exemplo a cidade de Londrina, concluímos que só mesmo em regiões imensamente ricas é que se conseguiria um tão rápido progresso. A cidade é dotada de lindas ruas, avenidas e praças, obedecendo a um programa urbanístico inspirado pelas grandes metrópoles [...]. Os habitantes de Londrina gozam das mesmas comodidades das capitais: água encanada puríssima, luz e força de usina hidráulica, hospital, casas de saúde, matadouro municipal, grupos escolares, escolas rurais, ginásio, igrejas, bancos, cinemas, hotéis, clubes esportivos e sociais e tudo o mais que dá alegria de viver. Mas quem fala em Londrina, fala em todo o Norte do Paraná, onde a Companhia de Terras fundou, sempre acompanhando o progresso da colonização agrícola, da indústria, do comércio e de todas as demais atividades daquela região as [...] cidades e povoações, que se encontram [...] subordinadas ao Município e Comarca de Londrina. (CTNP apudARIAS NETO, 1998, p. 33-34)
Conforme Boni (2004), o faturamento na década de 1930 era insuficiente para a manutenção do Jornal, sendo esse um dos motivos que levou Humberto Puiggari Coutinho, um de seus fundadores e à frente do Jornal durante nove anos, a vender o Paraná-Norte em 1943. Os novos proprietários foram o Eufrosino L. Santiago e o Dario Ferreira (na época fazendeiro e corretor de imóveis). Com os novos proprietários, houve mudanças no Paraná-Norte:
Entre as mudanças implementadas já de início, estavam a retirada do tradicional anúncio da Companhia de Terras Norte do Paraná da contracapa, além de alterações na colunagem do jornal e no logotipo. Também foram criadas novas seções, como “Sua Página, Senhora” que contava com um “Cantinho das Crianças”. Ainda nesta edição, o jornal prometia suspender as remessas de assinantes em atraso, o que evidencia que Eufrosino Santiago também pretendia implantar uma nova maneira de administrar. (KOMARCHESQUI, 2013, p. 54)
Outro fator que contribuiu com a redução do poder da CTNP em Londrina foi “o afastamento de Willie Davids, em 1940, do cargo de prefeito municipal. Como apresentado, anteriormente, Davids se relacionava com a Companhia, inclusive já havia sido um de seus diretores. O enfraquecimento político de Davids dizia respeito à dúvida de sua nacionalidade brasileira anunciada, desde 1938, pelo opositor Vicente de Castro e, sobretudo, pelo estado de calamidade encontrado em Londrina no setor viário - com lastimável conservação das ruas e estradas de rodagem -, na existência de muitos casos de tifo e maleita e nos impostos recolhidos que deixaram de ser escriturados. Neste cenário, o Paraná-Norte, em abril de 1940, saiu em defesa de Davids em nome da insistência das relações entre o município, a CTNP e o Estado Novo. Porém, não foi suficiente para garantir o mandato do prefeito. (ARIAS NETO, 1998)
Entre 1940 e 1944, segundo Cesário (1986), houve manifestações ligadas ao descontentamento da situação política no país, a população londrinense ia às praças manifestar sua indignação. Durante a década de 1940, houve muita rotatividade no cargo de prefeito de Londrina, visto que foram treze prefeitos de 1940 a 1947, sendo nove nomeados pelo interventor do Estado. O Paraná-Norte passara então a enaltecer o Estado Novo de Vargas, publicando notas elogiosas sempre quando chegava um novo líder do executivo.
No período, Londrina era propagandeada como a Capital Mundial do Café, com isso recebera um acréscimo significativo no número de habitantes. Por outro lado, nota-se pelo anúncio Procuram-se Moças Honestas, publicado no Paraná-Norte em 8 de janeiro de 1939, o discurso de distinção fronteiriça entre a boa mulher e a mulher duvidosa, pois um senhor relatara que estava a procura por uma moça ou viúva honesta para contrair casamento, ainda ela deveria auxiliar com os cuidados de suas filhas. Com o tempo, a boa família londrinense sentiu-se ameaçada em termos de higiene, de moralidade e de ordem pública, e pedia às autoridades públicas o fechamento de prostíbulos, ilegais. E assim, o Paraná-Norte, como representante das elites locais, vai alterando o seu discurso para mediar conflitos em nome da construção dos valores morais edificantes de um modelo ideal de urbanidade e civilidade.
Por volta de 1944, o Paraná-Norte fora comprado por seus últimos donos, os irmãos Josino Alves da Rocha Loures e João Alves da Rocha Loures, e o primo Arnaldo Camargo. Estes tinham interesses mais alargados e por isso tinham “a intenção de transformá-lo em diário, também com finalidade política” (TRIGUEIROS FILHO; TRIGUEIROS NETO, 1991, p. 25). Isso justificava-se pela ligação que os novos donos tinham com o Partido Republicano (PR). Vejamos um depoimento de Josino Alves da Rocha Loures:
No início da aquisição dos jornais, continuamos a imprimi-los na Tipografia dos irmãos Oliveiras. No entanto, mesmo depois de adquirirmos maquinários próprios, como a pequena Minerva, sede própria na praça Willie Davids, tipos e cavaletes, não conseguimos transformar os jornais em diários. Então, especificamente o Paraná-Norte passou a ser uma sustentação na política de apoio à candidatura de Hugo Cabral para prefeito de Londrina, aliás, uma campanha vitoriosa nossa. Mais tarde, por discordância dos seus rumos e métodos políticos, deixamos de apoiá-lo. Enquanto isso, o Paraná-Norte adotava uma postura democrática em sua linha editorial. Politicamente, continuamos com matérias opinativas e informativas. Nesse sentido devo lembrar a participação amiga do Moacir Arco Verde, excelente técnico e redator. Foi ele quem deu um rosto gráfico ao jornal e uma maior firmeza de linguagem nas matérias jornalísticas, ainda que opinativas em seu aspecto político. (TRIGUEIROS FILHO; TRIGUEIROS NETO, 1991, p. 26)
Além das dificuldades de custeio para impressão dos exemplares, essa última fase do Paraná-Norte foi demarcada pelo envolvimento direto na política local para eleição de prefeito. O Jornal declaradamente apoiou os projetos que, segundo o discurso do proprietário, estavam na base da candidatura de Hugo Cabral à prefeitura.
A última fase do Paraná-Norte, já com periodicidade irregular, perdurou até 1953, quando produziu a sua última edição de número 1.154, publicada no volume 19, do dia 24 de setembro. Então, considerando a trajetória do Paraná-Norte (1934-1953), marcada, sobretudo, com o envolvimento com a CTNP, com as tensões políticas municipais e com os acontecimentos na cidade e região, tem-se o Jornal como fonte histórica significativa das forças ativas envolvidas na colonização, na economia, na política e na vida social dos sujeitos num lugar a se fazer moderno, chamado cidade de Londrina. Em sendo assim, o que o Paraná-Norte veiculou sobre educação na, para e da cidade de Londrina entre 1934 e 1953?
A presença da educação nas páginas do Paraná-Norte
Temos como intuito apresentar a educação na cidade de Londrina noticiada no Paraná-Norte (1934-1953). Para isso, desenvolvemos um processo de identificação, seleção e catalogação de notícias que ora descrevemos os resultados. Foram catalogadas 831 notícias sobre educação publicadas nas páginas do Paraná-Norte, elas são sobre assuntos locais, regionais, estaduais, federais e até internacionais. Optamos por descrever as notícias referentes à realidade de Londrina, considerando, portanto, os objetivos da pesquisa e, por representarem um volume maior resultante em 768 publicações, tais publicações foram localizadas em diferentes páginas do impresso, não sendo restritas a uma seção ou coluna.
Para descrever as notícias sobre educação, elencamos 10 grupos de assuntos: relatórios; propagandas e informes; festividades e comemorações; higiene; reivindicações; estabelecimentos de ensino; cargos nas escolas: ocupados; professores: profissão docente; educação de adultos; diversos. Os assuntos estão organizados em tópicos, vejamos a distribuição quantitativa:
O gráfico 1 apresenta a quantidade de notícias sobre educação reunidas em cada grupo. O primeiro grupo de assunto a ser descrito é o de Relatórios. Nele identificamos 12 publicações, dentre essas, foram catalogados registros de números de escolas construídas, alunos frequentes por instituição, convocações de professores. Há também notícias elogiando os representantes da educação do Estado do Paraná, no caso o Interventor Manoel Ribas e o Diretor Geral da Educação o Hostilio Araújo, isso na década de 1930 a 1940. Alguns relatórios foram apresentados pela Prefeitura de Londrina, no período em que Willie Davids fora prefeito, outros pelo próprio Paraná-Norte. Há também um relatório produzido pelo diretor do Grupo Escolar “Hugo Simas” versando sobre os alunos da instituição.
Já no grupo Propagandas e informes identificamos 290 anúncios, grande parte originários de instituições de ensino privado, tais publicações foram produzidas no período de 1937 a 1953. Nos anúncios encontramos a oferta de educação a distância por correspondência, de aulas particulares na cidade e de materiais de papelaria/livraria exigidos pelos estabelecimentos de ensino. Além disso, encontramos informes sobre o início de cada ano letivo e a abertura de período de inscrições e matriculas nas escolas.
Festividades e comemorações escolares é um grupo em que menciona sobre práticas ocorridas no interior das instituições escolares, como as comemorações por tempo de funcionamento da instituição, festa infantil, retrato dos patronos de festa de formatura. Além dessas, encontramos outras comemorações realizadas extramuros escolares como os desfiles cívicos em datas festivas, semana da criança, campanha de arrecadação de donativos em prol de auxiliar aos atingidos com a II Guerra Mundial e concurso de rainha dos estudantes. Foram catalogadas 79 notícias publicadas entre o período de 1937 a 1949, a maioria assinada pelo grupo responsável pelo Paraná-Norte.
Também há notas sobre Higiene e saúde. Nesse grupo catalogamos 13 notícias que versam sobre: intoxicação alimentar, assistência dentária, proteção à maternidade e à infância, mortalidade infantil e higiene. De modo geral, são assuntos que envolvem saúde e educação em nome do enfrentamento da realidade social precária e calamitosa, não nos esqueçamos que a cidade Londrina estava em processo inicial de urbanização e sua estrutura pública deixava a desejar. Tais publicações foram veiculadas no impresso no período da década de 1940.
O quinto grupo é denominado de Reivindicações, são 28 notícias catalogadas sobre o assunto, a maioria elaborada pelos responsáveis do Paraná-Norte e outras pela própria população londrinense. Observamos reivindicações de criação de escolas, de redução de taxas de matrículas, de ampliação de prédio escolar para atender a um maior número de alunos e de descontentamento sobre a falta de escolas e de professores. Tais notícias foram produzidas entre 1935 e 1948, e revelam questionamentos e precariedade da oferta da educação escolar na cidade.
No grupo Estabelecimento de ensino foram catalogados 127 publicações, elas mencionam sobre as instituições escolares da cidade. Observamos a presença de escolas étnicas nas notícias sobre construção e inauguração de escolas e sobre arrecadação de verbas escolares. Ainda, há uma publicação sobre a pretensão do Ministério da Educação em fundar uma escola normal rural em Londrina para atender às demandas das escolas primárias étnicas presentes nos distritos rurais. Sobre as escolas públicas, identificamos assuntos como construção e inauguração de escolas, alteração de nome de escolas e a publicação de algumas fotografias do Grupo Escolar “Hugo Simas”. Sobre as instituições particulares, há também publicações sobre construção e inauguração de escolas, regularização de escolas particulares, campanha em prol da construção de escolas como a do Ginásio “Mãe de Deus”, e outras que narram histórias das instituições na cidade como o caso do Ginásio Londrinense. Essas publicações foram escritas pelo grupo responsável do Paraná-Norte.
No Paraná-Norte estão presentes assuntos ligados aos cargos ocupados nas instituições de ensino, como o de professores, diretores e inspetores federais. No grupo Cargos nas escolas: cargos ocupados temos 37 publicações catalogadas, produzidas no período de 1935 a 1949. O Jornal apresenta o nome dos professores, diretores e inspetores federais convocados e as instituições escolares que os agentes escolares desempenhariam seus respectivos trabalhos.
O oitavo grupo, intitulado Professores: profissão docente, representado por 38 notícias catalogadas que versam, entre outros assuntos, sobre professor estrangeiro proibido de ministrar aulas, comportamento inadequado no magistério, depoimentos de professores, o papel do professor na educação no Brasil, homenagem ao professor, associação de professores, confraternização da categoria, isenção de impostos aos docentes e apresentação do professor aos cidadãos. São publicações assinadas pelos editores do Paraná-Norte, também têm artigos escritos pelos colaboradores “Mosquito”, Leite Junior, Dalva Gomes Guimarães, Mario Pinto Serva e Almo Saturnino.
Sobre a Educação de adultos, foram catalogadas 74 publicações disseminadas na década de 1930 e 1940, sobre oferta de aula noturna para os adultos em Londrina, combate ao analfabetismo e campanha de educação de adultos. Há artigos assinados pelos editores do Paraná-Norte e outros por Calheiros Bomfim, O.C.R., Eleontina Silva Cusch, Dr. Raimundo Estrêla, E. Monteiro e Mário Pinto Serva.
E no último grupo, intitulado Diversos, foram catalogadas 70 publicações produzidas entre 1935 e 1949. Nele, lançamos notícias sobre jogos escolares, concurso de robustez infantil, SENAC, Escola de Agronomia de Londrina, assembleia geral de estudantes a favor do Major Brigadeiro Eduardo, alunos que foram estudar em outras cidades, lutos, férias, concurso de oratória, contribuições das iniciativas privadas no poder público, grêmio estudantil, críticas às ações do governo, conferências, caravanas de estudantes, visitas e exames de admissão.
Compreende-se, por esses grupos de assuntos, que educação na imprensa é temática presente, ampla e envolve várias questões não limitantes ao espaço escolar e são reverberantes no território da cidade. Cada assunto agrupado poderia ser desenvolvido em termos analíticos e interpretativos, por ora, neste artigo, optamos por delimitar a discussão focando nas instituições escolares de Londrina.
Instituições escolares de Londrina
Considerando a pesquisa no Paraná-Norte, apresentaremos as instituições escolares de Londrina em três agrupamentos: étnicas, particulares e públicas. Para tanto, discorreremos sobre nomes das escolas, agentes, práticas e discursos divulgados no Paraná-Norte, ao mesmo tempo relacionando-os com a dinâmica política, econômica e cultural da cidade, assim nos atentando, com base em Magalhães (2004), que as instituições educativas compõem quadros mais amplos da realidade. Então, para responder à indagação - quais são as instituições escolares de Londrina que o Paraná-Norte noticiou em suas páginas ao longo dos anos entre 1934 e 1953? - recorremos, especialmente, aos grupos de assuntos relatórios, propagandas, estabelecimentos de ensino e professores descritos no tópico anterior.
Na década de 1930, no Paraná-Norte há a presença de 17 instituições, a referenciar: Escola Alemã, Gymnasio Londrina, Grupo Escolar de Londrina, Collegio “Mãe de Deus”, Escola Brasileira de Bratislava, Gymnasio Norte Paranaense, Escola Remington, Escola de Dactylographia, Escola Rural em Warta, Escola “Ruy Barbosa”, Externato de Londrina, Colégio Vicente Palloti, Collegio Brasil e 04 escolas japonesas. Já na década de 1940, encontramos a presença de 29 instituições, a saber: Grupo Escolar “Osvaldo Aranha”, Escola Rural em Londrina, Ginásio Estadual, Grupo Escolar na Vila Casoni, Instituto Nossa Senhora do Carmo, Ginásio Católico, Escola Presidente Roosevelt na Vila Brasil, Escola no Patrimônio de Warta, Gymnasio Londrinense, Escola de Professores de Londrina, Ginásio “Mãe de Deus”, Escola “Joaquim Pereira de Macedo”, Escola do Comércio, Escola Técnica de Aviação, Escola “Barão do Serro Azul”, Escola “Clotario Portugual”, Escola “Carlos Calvacanti”, Escola “Duque Caxias”, Escola “Dario Veloso”, Escola “Emilio de Menezes”, Escola “Miguel Blasi”, Escola “Machado de Assis”, Escola “Osvaldo Cruz”, Escola “Carlos Gomes”, Escola “Afonso Pena”, Escola “Almirante Barroso”, Escola “Fernão Dias”, Instituto Filadélfia e Escola de Corte e Costura “Watanabe”. E no início da década de 1950 registramos mais uma instituição escolar denominada de “Colégio Particular”. Podemos notar a ausência de um volume de novas instituições escolares no início da década de 1950. Reconhece-se, há lacunas na pesquisa, algumas edições do Paraná-Norte não foram encontradas, especialmente parte das publicações de 1950 a 1953, isso permite aventarmos a possibilidade de criação e funcionamento de outras instituições aqui não listadas.
Sobre as instituições escolares étnicas, algumas foram criadas antes de Londrina ser emancipada politicamente no dia 10 de dezembro de 1934, foram iniciativas de imigrantes do continente Europeu e Asiático. Estes vieram para o Estado do Paraná por diversos motivos. Já no século XIX, nota-se a presença de estrangeiros no Estado, Cesar (1976) salienta que existiam colônias como a de alemães, italianos, poloneses e ucranianos que vieram em razão da extração da erva-mate. Em 1938, a CTNP (Companhia de Terras Norte do Paraná) realizou um levantamento sobre as terras vendidas na região e chegou ao seguinte resultado: 61,7% das terras foram vendidas para estrangeiros italianos, japoneses, alemães, espanhóis, portugueses, poloneses, ucranianos, lituanos, iugoslavos, romenos, ingleses, sírios, argentinos, dinamarqueses, australianos, norte-americanos, noruegueses, indianos e estonianos. Na década de 1930, o principal motivo dizia respeito à aquisição de terras produtivas para agricultura, particularmente o café que fora o ouro verde de Londrina a partir da década de 1940.
Mais da metade dos compradores era de estrangeiros, eles se estabeleceram na cidade em busca de um futuro melhor, logo necessitaram de estruturas para o bem viver, como as oportunizadas pelas instituições escolares. No dia 28 de março de 1937, na capa do Paraná-Norte, foi estampada a notícia denominada de “Relatório - Instrucção” que nos permitiu observar a presença das seguintes instituições: 01 escola no Heimtal, 01 escola rural em Warta, 01 escola em Brastilava e 04 escolas japonesas. Tratavam-se de escolas instaladas nas colônias formadas por imigrantes, principalmente japoneses, alemães e poloneses. As colônias também tinham moradores brasileiros.
Boni (2009, p. 40) rememora que “Em julho de 1931 os imigrantes fundaram a Escola Alemã do Heimtal, num terreno doado pela Companhia de Terras Norte do Paraná”. A Colônia Heimtal, localizada na região norte de Londrina, é aonde os primeiros alemães compradores de terras se instalaram. A construção da Escola Alemã no Heimtal tinha como uma de suas finalidades a preservação da língua materna e as tradições étnicas a transmitir para as futuras gerações. Assim a construção da Escola se tornou um centro dinâmico da vida comunitária. Segundo Capelo (2013), a inauguração da instituição foi celebrada pelos colonos com muita festividade.
Capelo (2013) narra que o primeiro professor da Escola do Heimtal foi o sr. Blumberg, que inicialmente ministrava aulas em alemão e a partir de 1932 o ensino passou a ser bilíngue, incluindo a língua portuguesa. A autora relata que os líderes do povoado controlavam a dinâmica escolar, pois os alunos que não respeitassem as ordens dos professores eram por eles castigados, os quais também monitoravam a assiduidade dos professores.
A Escola em Warta foi instalada entre 1935 e 1936, por iniciativa da população que lá habitava, construída de madeira serrada à mão, fruto de um trabalho solidário. O Paraná-Norte cita tal estabelecimento de ensino na publicação do dia 12 de setembro de 1937 em sua capa, apresentando a direção de duas professoras, uma na Escola de Warta e a outra em Bratislava. Warta é um distrito de Londrina, localizado também na região norte da cidade, colônia habitada por grande parte por famílias polonesas, no entanto havia também famílias ucranianas, russas e tchecoeslovacas. Do ponto de vista étnico, os poloneses configuraram a maioria e muitos falavam o português, pois vinham de um fluxo migratório de outros estados brasileiros (CAPELO, 2013). Eles também foram atraídos pelas propagandas da CTNP e vieram reiniciar suas vidas no norte paranaense.
Os editores do Paraná-Norte registraram em 1937, em capa, que o prefeito de Londrina, o sr. Willie Davids, contratara um professor para a escola localizada na Colônia de Warta, (Paraná-Norte, Londrina, p.1, 12 de set. 1937). Tal providência, conforme Capelo (2013), foi motivada pela comunidade de Warta. O professor Leonardo Staziak passou a ministrar aulas em 1938, e insistia que os alunos falassem português, pois isso ajudaria na comunicação com alunos de outras etnias, logo, a língua nativa deveria ser pronunciada fora do estabelecimento de ensino. “No âmbito da escola, entendia como o lugar de exercício da língua portuguesa, as atividades se restringiam a leituras de textos em português, desenho, história e especialmente matemática” (CAPELO, 2013, p. 179). Diferentemente do Heimtal, em Warta havia um maior esforço para ministrar conteúdos escolares brasileiros.
Os moradores da Colônia de Bratislava, em 1936, construíram uma escola devido à necessidade de atender as crianças em idade escolar. A Colônia situada no atual (em 2018) município de Cambé, que na década de 1930 era denominada Nova Dantzig e pertencente à Londrina, era região onde “algumas famílias brasileiras e europeias deram início ao núcleo colonial, isto é, mais ou menos 40 famílias de origem eslovaca, 13 portuguesas, 11 italianas, 06 alemãs, 04 húngaras, 02 espanholas e 06 brasileiras” (CAPELO, 2013, p. 185).
A Escola de Bratislava além de abrigar o ensino dos saberes elementares, segundo Barion (2014), também abrigava atos de oração e celebração religiosa em razão da ausência de uma capela para os moradores da localidade. A ligação entre educação e religião era intensa visto que os moradores construíram posteriormente a capela ao lado da escola. Sobre a instituição em Bratislava, há publicações no Jornal, como a da inauguração do espaço escolar (Paraná-Norte, 12 de setembro de 1937, na capa) mencionando que o Prefeito Willie Davis destinara para a Escola de Bratislava uma professora, devido à falta de professores para iniciar os trabalhos na instituição.
O Paraná-Norte também publicou algumas polêmicas envolvendo a Escola de Bratislava. Uma delas foi publicada no dia 19 de fevereiro de 1939 na capa, intitulada Um estrangeiro recalcitrante - Professor Fóra de Lei. Tratava-se do caso do professor estrangeiro o sr. Bruno Comége que ministrava suas aulas na Escola e tinha sido eleito ao cargo por um grupo de estrangeiros e não por um órgão público, conforme deveria de ser, segundo o Jornal, no caso designado pela Diretoria de Ensino e pela Prefeitura de Londrina.
Em outra publicação, em Descortez e impatriótico - Prohibe a professora de passar em seus terrenos para ir à escola, o Jornal expôs a reclamação de uma professora da Escola de Bratislava. Na ocasião, a professora estava sendo impedida de passar pelo terreno do sr. André Bigas para ir lecionar. O Jornal se manifestou:
Não conhecemos as razões, se é que existem, determinantes dessa prohibição, mas estamos convencidos de que nenhum motivo deveria prevalecer para impedir o transito de um professora no exercício de sua nobre missão - a de guiar os homens de amanhã pela senda illuminada da alphabetização. (Paraná-Norte, Londrina, p. 3, 13 de ago. 1939)
A notícia finaliza pedindo para o sr. André Bigas reconsiderar suas atitudes, pensando na educação dos alunos e no progresso do ensino. Isso indica uma espécie de intervenção da imprensa nas tensões entre os envolvidos no caso.
Sobre as escolas japonesas, no Relatório Municipal, publicado no Paraná-Norte em 28 de março de 1937, há registros de quatro instituições em Londrina. Porém, o documento não cita o nome das instituições, nem as respectivas localizações.
Pôde-se inferir, o Paraná-Norte noticiava sobre as escolas étnicas, porém o volume quantitativo de notícias foi pequeno. Ainda, não se deve perder de vista que no período da II Guerra Mundial, escolas étnicas foram fechadas no Brasil, entre elas as alemãs, japonesas e italianas. A nacionalização das escolas de imigrantes aconteceu no Paraná com o movimento nacionalista e as políticas implantadas na era Vargas. A esse respeito, o governo paranaense utilizou como estratégia a transformação de instituições étnicas em escolas municipais ou estaduais (BARION, 2014). A política nacionalista pode ser uma das razões pelas quais o Paraná-Norte não tenha noticiado muito sobre as escolas de estrangeiros. Não o bastante, muitas escolas também foram municipalizadas, como é caso, conforme Capelo (2013), da escola japonesa de Londrina na década de 1940.
Já as instituições escolares particulares, diferentemente das étnicas, tiveram um grande número de publicações nas páginas do Paraná-Norte. Identificamos mais de 200 publicações, em geral, registrando propagandas objetivando divulgar e comercializar seus produtos de ensino para contrair matrículas, bem como divulgando também os ritos escolares, como as festas cívicas, jogos esportivos, eleições de rainha estudantil.
O Paraná-Norte publicara em suas páginas a inauguração de instituições escolares como a do Gymnasio Norte Paranaense em 1937, no ano seguinte, a do Colégio “Mãe de Deus”, a da Escola Remington e a do Externato Londrinense. Já na década de 1940, houve inaugurações de outras instituições como a do Ginásio Londrinense em 1940, a da Escola do Comércio de Londrina em 1942, a da Escola Técnica de Aviação em 1944, e de duas instituições em 1946 - Instituto Nossa Senhora do Carmo e Instituto Filadélfia -, e no ano de 1948 de dois ginásios - Ginásio “Mãe de Deus” e Ginásio Católico.
Além das inaugurações, no Paraná-Norte há nomes de dirigentes, professores das instituições particulares, bem como o nome de alunos, isso em notícias sobre apresentações acadêmicas e artísticas, jogos esportivos e outros acontecimentos. Em síntese, sobre os agentes escolares, percebemos que os nomes divulgados no Paraná-Norte não foram de todas as pessoas envolvidas com as escolas particulares. Geralmente, os nomes eram citados no impresso por ocasião, por exemplo, de uma reunião com o prefeito, de uma festividade, de exames admissionais, de eventos esportivos.
Também encontramos no Jornal a oferta de cursos, de matérias ensinadas nas escolas e de atividades extraescolares. O jardim de infância e o curso primário eram ofertados pelo Colégio “Mãe de Deus”, onde também havia cursos extraescolares como o de piano, violino, datilografia e pintura. No Colégio Particular ofertava-se curso primário, de admissão ao ginásio, de inglês, de taquigrafia e de correspondência comercial. Já a Escola Remington promovia o curso de datilografia. O Ginásio Londrinense disponibilizava o curso primário com os ensinamentos de leituras, escritas, língua pátria, aritmética, geografia, história do Brasil, instrução de educação moral e cívica, desenho, lição de coisas, ginásticas e evoluções militares. Já no Externato Londrinense tinha o curso pré-ginasial a cargo de profissionais habilitados, assim propagandeados no Jornal. A Escola “Watanabe” ofertava aulas de corte e costura e de ensino primário. A Escola do Comércio de Londrina tinha cursos oficiais para o exame de admissão ao 1º ano propedêutico e ao curso de auxiliar de comércio, além do curso de datilografia.
Então tem-se um panorama dos cursos e modalidades ofertadas em cada instituição. Isso foi possível por meio de propagandas divulgadas no Paraná-Norte que diziam sobre o chamamento de interessados em matrículas. O alto volume de notícias propagandistas indica a relação comercial entre o Jornal e os mantenedores escolares.
Nos atentamos também às práticas escolares, o Paraná-Norte noticiava frequentemente que membros do Colégio “Mãe de Deus”, do Seminário Vicente Pallioti, da Escola do Comercio, do Ginásio Londrinense e de outros estabelecimentos de ensino, participavam, por exemplo, de desfiles em datas cívicas e promoviam festividades de cunho pedagógico, artístico e arrecadatório para atender os mais necessitados e flagelados. Eram momentos de reunião da população para assistir uma cerimônia e os trabalhos escolares, além disso era uma prática exigida no Brasil em pleno regime do Estado Novo, pelo qual o presidente Getúlio Vargas advogava em nome do nacionalismo. Os desfiles cívicos, segundo Bencostta (2005, p. 75), faziam parte de um “processo de inculcação de valores patrióticos nas mentes das crianças, que supostamente garantia a construção de uma nação civilizada”.
Das instituições escolares particulares, o Colégio “Mãe de Deus” e o Ginásio Londrinense estiveram mais presentes nas páginas do Paraná-Norte. Ambas escolas são de ordens confessionais, uma católica e a outra protestante, o que sinaliza uma disputa pela ocupação de um território, cidade de Londrina, em formação no que diz respeito à educação, religião e urbanização.
Por sua vez, o Paraná-Norte retratava desde 1935 sobre a necessidade de instituições escolares públicas na cidade, muitas dessas notícias encontram-se no grupo de assuntos Reivindicações, descrito no tópico anterior deste artigo. Em 1936, o Jornal publicara no dia 11 de julho, a inauguração do primeiro Grupo Escolar da cidade, denominado de Grupo Escolar “Hugo Simas”. Na década de 1940, cresce o número de instituições públicas na localidade. Em 1943, foi inaugurado o segundo Grupo Escolar, denominado de “Ministro Osvaldo Aranha”. Em 1945, inaugurou a Escola de Professores e o Ginásio Estadual de Londrina.
No ano de 1948, em 28 de fevereiro, o Paraná-Norte noticiara, em plena força do desenvolvimento da cafeicultura local e regional, a criação de um conjunto de estabelecimentos de ensino. Houve a criação da Escola “Presidente Roosevelt” na Vila Brasil. Na Gleba Três Bocas foram instaladas 03 escolas, a Escola “Barão do Serro Azul”, localizada na Estrada Patrimônio São Luiz, a Escola “Carlos Gomes”, da fazenda Santa Helena dos Irmão Godoy, e a Escola “Machado de Assis”, na Usina Nova. Na Gleba Cafezal, foram inauguradas 04 escolas a “Carlos Calvalcanti”, na Estrada do Patrimônio Selva, a “Emilio Menezes”, na Estrada Três Marcos, a “Osvaldo Cruz” e a “Fernão Dias”, na propriedade de Iziro Kenmoti nas imediações do Córrego Lorena. Na Fazenda Palhano foi inaugurada a Escola “Duque de Caxias”. A Escola “Dario Veloso” foi instalada no Patrimônio Taquarúna. No Bairro Três Figueiras foi instalada a Escola “Miguel Blasi”. A Escola “Clotário Portugal” foi inaugurada na Gleba Jacutinga, nas imediações da propriedade dos Irmãos Picinir. E a Escola “Almirante Barroso” ocupou lugar na Gleba Simon Frazer, no lote de propriedade do Noboru Tomyama, nas proximidades da Estrada de Londrina-Ibiporã. Esse conjunto de escolas indica um crescimento da cidade em termos de ocupação das terras rurais que vão aos poucos recebendo elementos estruturais dos modos de vida urbano, as escolas.
Nas notícias também há divulgação de nomes de agentes escolares envolvidos com o Grupo Escolar “Hugo Simas”, 3º Grupo Escolar localizado na Vila Higienópolis, Grupo Escolar da Vila Casoni, Grupo Escolar da Vila Nova, Grupo Escolar “Olavo Bilac”, Ginásio Estadual de Londrina. Os nomes dos professores aparecem, sobretudo, nas convocações para assumir cargos nas escolas. É notória a presença feminina nas convocações para a ação docente, e, por outro lado, é notória a presença masculina ocupando cargos administrativos, como é o caso do Grupo Escolar “Hugo Simas” que em 1937 teve o professor Antenor Henrique Monteiro à frente da direção e, em 1939, o professor João Beltzak Junior assume a direção da instituição.
O Paraná-Norte, por meio dos relatórios e reivindicações publicados, noticiava também ações do governo estadual e municipal com relação às instituições escolares públicas de Londrina. Nos relatórios há estatísticas do município e os seus dados informam, laudatoriamente, o quanto o governo estava investindo na educação local. As publicações, elogiando o Interventor de Estado, o sr. Manoel Ribas, reforçam a ideia de investimento e progresso na educação (Paraná-Norte, Londrina, p. 1, 28 de mar. 1937). Ao mesmo tempo, no Jornal, em contradição, há notícias reivindicando escolas para os cidadãos londrinenses, cobrando das autoridades a ampliação da malha de escolas, bem como o número de contratação de professores. Muitas reivindicações eram assinadas pelos editores do impresso, como o Humberto P. Coutinho, e outras assinadas por cidadãos da sociedade local (Paraná-Norte. Londrina, p. 3, 2 de abr. 1939).
As escolas públicas também estiveram envolvidas com práticas e ritos cívicos. Em comemoração ao Estado Novo, em 1938, o Grupo Escolar “Hugo Simas” realizou uma sessão cívica, assim como praticou civismo na data do aniversário do Presidente Getúlio Vargas, em 19 de abril de 1942, e no Dia da Bandeira. O envolvimento de alunos com as datas nacionais seria um meio de inculcar valores da Era Varguista, como o nacionalismo e o patriotismo (BENCOSTTA, 2005). Os valores deveriam ser transmitidos não só aos alunos, mas sim à população, que estava contemplando os acontecimentos.
Em 1943, o Grupo Escolar “Hugo Simas”, em comemoração à Semana da Criança, distribuiu doces e informou sobre os direitos da criança. No mesmo ano, os alunos do Grupo participaram da Campanha da Borracha que objetivava, em âmbito nacional em nome da propaganda política e migratória do Estado Novo, angariar fundos para enfrentar as precárias condições vividas pelos soldados e trabalhadores presentes na Amazônia para extração de matéria-prima a ser trocada por produtos bélicos americanos, no contexto de guerra e em prol da chamada consciência nacional. Em 1939, houve a inauguração do retrato dos patronos (Paraná-Norte. Londrina, p. 5, 15 de out. 1939). E no final do ano letivo, como era de praxe, houve celebrações de entrega de diplomas. Já o Grupo Escolar “Osvaldo Aranha” também realizou a entrega de diplomas e participou da Campanha da Borracha, em 1943. (Paraná-Norte, Londrina, p. 1, 25 de jul. 1943).
No Paraná-Norte, notamos que as práticas escolares divulgadas diziam respeito, sobretudo, às festividades, comemorações, diplomação, campanhas e inaugurações empreendidas pelas escolas públicas. O Grupo Escolar “Hugo Simas” recebera maiores holofotes por parte das notícias propagadas no impresso. A maior parte dos eventos divulgados dizia respeito aos rituais cívicos e nacionalistas da época do Estado Novo.
Considerações finais
Revelou-se a presença da educação no jornal Paraná-Norte, produzido entre 1934 e 1953 e vinculado à Companhia de Terras do Norte do Paraná (CTNP) e às demandas políticas, econômicas e culturais da cidade de Londrina em urbanização. A presença é observada em publicações de relatórios do poder público, de propagandas das escolas privadas, de festividades e comemorações, de questões de higiene e saúde, de reivindicações da população, de criação e inauguração de estabelecimentos de ensino, de cargos ocupados pelos agentes escolares, de campanhas nacionalistas e de questões sobre a profissão e ação docente.
A educação escolar noticiada dizia respeito às instituições étnicas, particulares e públicas. As particulares, em especial as de ordem confessional católica e protestante, tiveram maiores espaços no Jornal nas seções de propagandas, indicando um tripé educação, religião e negócio de ensino numa cidade em urbanização. As étnicas, em menor proporção de notícias, remetiam, principalmente, aos imigrantes alemães, poloneses e japoneses moradores de colônias em distritos rurais. Já as públicas eram representadas por aquelas instituições de maior prestígio, o Grupo Escolar “Hugo Simas” e o Ginásio Estadual. Logo, embora a localidade fosse movida pela economia da agricultura e a abertura do mato grosso estivesse em processo na região, pouco se falava das escolas rurais e isoladas, sinalizando o desejo de ser uma urbes potente e atraente aos interessados na compra de terras comercializadas pela CTNP, que fora um forte patrocinador do Paraná-Norte.
Considerando o período de publicação do Jornal e a realidade brasileira vivida, há um conjunto significativo de registros históricos de participação de agentes escolares em práticas de desfiles cívicos e patrióticos. As escolas urbanas de referência lideravam a organização das festividades e comemorações como o Dia da Independência, o Dia da Bandeira, o Dia do Aniversário do Presidente Getúlio Vargas, Campanhas da Borracha, Concurso de Robustez, entre outros.
Por fim, as notícias envolvendo educação escolar estavam ao mesmo tempo relacionadas aos anseios do empreendimento imobiliário da CTNP na propagação da imagem de uma cidade em progresso, ordeira, promissora de riquezas, isto é, uma nova promissão e um novo eldorado. Bem como, estavam relacionadas aos problemas da vida cotidiana enfrentada pelos citadinos como a falta de estrutura urbana, como a necessidade de criação de escolas para preparação dos cidadãos do futuro em uma terra vermelha marcada pela força da cafeicultura dos anos de 1940 e 1950 amplamente propagandeada pelo Paraná-Norte