SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.16 issue42CURRICULUM AND TEACHING IN YOUTH AND ADULT EDUCATION IN FLEXIBLE MODEBASIC DIGITAL LITERACY - REQUIREMENTS AND ELEMENTS author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

Journal

Article

Share


Revista Práxis Educacional

On-line version ISSN 2178-2679

Práx. Educ. vol.16 no.42 Vitória da Conquista  2020  Epub May 16, 2024

https://doi.org/10.22481/praxisedu.v16i42.7353 

DOSSIÊ TEMÁTICO: Educação, currículo e juventudes: dilemas e desafios atuais

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS A DISTÂNCIA: AVALIAÇÃO DO PROGRAMA CURRICULAR DO SESI DA BAHIA

YOUTH AND ADULT EDUCATION AT A DISTANCE: EVALUATION OF THE BAHIA SESI PROGRAM

EDUCACIÓN DE JÓVENES Y ADULTOS A DISTANCIA: EVALUACIÓN DEL PROGRAMA CURRICULAR DE SESI BAHIA

Gisele Marcia de Oliveira Freitas 1  
http://orcid.org/0000-0002-1446-5277

Maria da Conceição Alves Ferreira 2  
http://orcid.org/0000-0002-9408-2750

Francisca de Paula Santos da Silva 3  
http://orcid.org/0000-0001-5115-1296

Alfredo Eurico Rodrigues Matta 4  
http://orcid.org/0000-0002-7715-0918

1 Universidade do Estado da Bahia - Brasil Serviço Social da Indústria - Brasil adelantegisele@yahoo.com.br

2 Universidade do Estado da Bahia - Brasil consinha@terra.com.br

3 Universidade do Estado da Bahia - Brasil fcapaula@gmail.com

4 Universidade do Estado da Bahia - Brasil alfredomatta@gmail.com


RESUMO

Resumo: O objetivo principal desta pesquisa é avaliar os resultados da turma de ensino médio da Educação de jovens e adultos a distância do Polo Salvador, problemática desta investigação, assim como busca responder em que medida a oferta da educação de jovens e adultos a distância contribui para elevar a escolaridade dos trabalhadores da indústria baiana. Como objetivos específicos, buscou-se verificar se a Educação de jovens e adultos a distância tem possibilitado a elevação da escolaridade dos trabalhadores da indústria baiana, analisar os resultados e indicadores e verificar se o programa tem possibilitado o acesso dos egressos a outros níveis de formação. Para os caminhos metodológicos da investigação, optou-se por uma abordagem qualitativa, utilizaram-se, para a coleta de informações, questionários, entrevistas semiestruturadas, pesquisa documental, observação participante. Para a análise das informações, adotou-se a análise compreensiva-interpretativa das narrativas para a composição da história da Educação de jovens e adultos no SESI Bahia e o objetivo de avaliar os resultados da Educação de jovens e adultos a distância. Os achados apontam resultados satisfatórios em relação aos objetivos propostos para essa pesquisa. Sobre o objetivo específico 1, as informações apontam que o programa de EJA a distância no Polo Salvador atende mais a sujeitos da comunidade que trabalhadores e dependentes da indústria, numa proporção de 55% de alunos da comunidade e 45% trabalhadores e dependentes da indústria. O objetivo específico 2, que diz respeito aos indicadores de resultados, apontam uma taxa de sucesso de 71% de aprovação contra 29% de evasão o que revela que o programa de EJA a distância possui impacto positivo. O objetivo específico 3 diz respeito às possibilidades que a EJA a distância brinda em relação a continuidade dos estudos, sob essa lógica 27% do alunado conseguiram acessar a outros níveis de formação em cursos de nível superior e técnico.

Palavras chave: Educação de jovens e adultos; Educação a distância; Avaliação do Programa Curricular do Sesi

ABSTRACT

Abstract: The main objective of this research is to evaluate the results of the high school class of education of youth and adults at a distance from the Salvador Center, a problem of this research, as well as seek so to answer the extent to which the offer of education of young people and adults to distance contributes to raising the education of workers in the Bahian industry. As specific objectives, we sought to verify whether the Education of young people and adults at a distance has enabled the increase of the education of workers in the Bahian industry, analyze the results and indicators and verify whether the program has enabled the access of graduates to other levels of training. For the methodological paths of the investigation, a qualitative approach was chosen, and questionnaires, semi-structured interviews, documentary research, participant observation were used for the collection of information. For the analysis of the information, we adopted the comprehensive-interpretative analysis of the narratives for the composition of the history of education of young people and adults in SESI Bahia and the objective of evaluating the results of education of young people and adults at a distance. The findings indicate satisfactory results in relation to the objectives proposed for this research. Regarding the specific objective 1, the information indicates that the distance EJA program in the Salvador Center serves more community subjects than workers and industry dependents, in a proportion of 55% of students in the community and 45% workers and dependents industry. Specific objective 2, which concerns the results indicators, indicates a success rate of 71% approval against 29% of evasion, which reveals that the distance EJA program has a positive impact. The specific objective 3 concerns the possibilities that the EJA distance offers in relation to the continuity of studies, under this logic 27% of the student were able to access other levels of training in higher and technical courses.

Keywords: Education of young people and adults; Distance education; Evaluation of the Sesi Curricular Program

RESUMEN

Resumen: El objetivo principal de esta investigación es evaluar los resultados de la clase de educación secundaria de jóvenes y adultos a distancia del Polo Salvador, un problema de esta investigación, así como tratar de responder en qué medida la oferta de educación de jóvenes y adultos a distancia contribuye a aumentar la educación de los trabajadores de la industria en Bahía. Como objetivos específicos, buscamos verificar si la educación de jóvenes y adultos a distancia ha permitido aumentar la educación de los trabajadores en la industria bahiana, analizar los resultados e indicadores y verificar si el programa ha permitido que los graduados accedan a otros niveles de educación. Para los caminos metodológicos de la investigación, se eligió un enfoque cualitativo, se utilizaron cuestionarios, entrevistas semiestructuradas, investigación documental, observación participativa para la recopilación de información. Para el análisis de la información, se adoptó un análisis comprensivo e interpretativo de las narrativas para la composición de la historia de la educación de jóvenes y adultos en SESI Bahía y el objetivo de evaluar los resultados de la educación de jóvenes y adultos a distancia. Los resultados indican resultados satisfactorios en relación con los objetivos propuestos para esta investigación. Con respecto al objetivo específico 1, la información señala que el programa de educación a distancia EJA en el Polo Salvador atiende a sujetos de la comunidad más que trabajadores y dependientes de la industria, en una proporción del 55% de los estudiantes de la comunidad y el 45% de los trabajadores y dependientes de la industria. El objetivo específico 2, que se refiere a los indicadores de resultados, apunta a una tasa de éxito del 71% de aprobación frente al abandono del 29%, lo que revela que el programa EJA a distancia tiene un impacto positivo. El objetivo específico 3 se refiere a las posibilidades que ofrece la educación a distancia en relación con la continuidad de los estudios, bajo esta lógica el 27% de los estudiantes pudieron acceder a otros niveles de capacitación en educación superior y cursos técnicos.

Palabras clave: Educación de jóvenes y adultos; Educación a distancia; Evaluación del Programa Curricular Sesi

INTRODUÇÃO

O estudo aqui registrado apresenta as vozes dos sujeitos que compuseram a história da educação de jovens e adultos (EJA) do SESI Bahia.

Diante do cenário de baixa escolarização dos trabalhadores da indústria baiana, optou-se por analisar a proposta de EJA oferecida na modalidade a distância do SESI para verificar se a mesma tem contribuído para elevar o nível de escolaridade dos trabalhadores da indústria no estado da Bahia.

Essa pesquisa buscou compreender as oportunidades que essa modalidade de ensino proporcionou a seus egressos, concluintes do terceiro ano, alunos pertencentes à turma piloto do Polo Salvador. Buscou-se, a partir dos relatos dos sujeitos que vivenciaram a formação educacional, compreender de que forma essa proposta educacional contribuiu para o processo de escolarização e como influenciou suas trajetórias de vida.

Esse estudo se justifica a partir da necessidade de avaliar os possíveis resultados alcançados pelo programa, visto que o mesmo está em processo de expansão a nível regional, simultâneo ao movimento de implantação do Projeto Pedagógico Nacional de EJA, que contempla a ampliação da oferta da EJA a distância a nível nacional, projeto aprovado em caráter de experiência pedagógica inovadora pelo Conselho Nacional de Educação, nos termos do art.81 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96, em 27 de janeiro de 2016.

A expansão da educação a distância também pode ser percebida considerando o quantitativo de dissertações e teses que tem sido publicado sobre a temática em questão. No banco de teses e dissertações da CAPES foram encontrados 1931 trabalhos com a palavra-chave EAD. Entretanto, ao realizar uma busca refinada associando a educação a distância com a EJA foram encontrados apenas 7 trabalhos que perpassam pela área de interesse da pesquisadora, os trabalhos encontrados são de autoria de Vilhena (2012) intitulado: “Educação de jovens e adultos a distância: o impacto da gestão no combate à evasão”; Reis (2014) “Jovens e adultos na educação a distância: uma perspectiva disposicionalista”; Caminha (2011) “Contribuições da EAD para o ensino superior presencial na visão de alunos egressos da educação de jovens e adultos”; Rego (2014) “O processo interacional em material didático para a EJA na modalidade de educação a distância”; Lima (2013) “O uso do design instrucional no desenvolvimento de curso a distância para professores de educação de jovens e adultos do SESI-CE”; Canarin (2013) “A organização curricular da educação de jovens e adultos na modalidade EAD na perspectiva da educação profissional técnica de nível médio” e Camargo (2007) “Telecurso 2000: uma análise da articulação da matemática escolar e do cotidiano nas tele-aulas”.

1 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS A DISTÂNCIA

A Educação a distância enquanto modalidade de ensino, não é uma estratégia nova na EJA, se levarmos em consideração que as primeiras ações de educação a distância no Brasil foram promovidas para cursos de capacitação de trabalhadores, seja nas primeiras ofertas de cursos de datilografia, seja na oferta de cursos profissionalizantes, o que implica é que o público alvo era de fato trabalhadores adultos.

A seguir serão apresentados, desde uma perspectiva temporal, os principais programas de EJA realizados no Brasil por meio da modalidade da educação a distância.

Paiva (2015) relata que em 1961 a Igreja Católica por meio da diocese de Natal, no Rio Grande do Norte, inicia o Movimento de Educação de Base (MEB) que se utilizou do sistema radiofônico educativo para a promoção do letramento de jovens e adultos.

O objetivo do MEB era oferecer à população rural oportunidade da alfabetização, elevando os níveis da educação de base, proporcionando acesso à educação ao homem rural, como também contribuindo para a sua preparação para as reformas básicas indispensáveis, tais como a reforma agrária, a ajuda mútua, o trabalho, a consciência profissional, a solidariedade entre outros (PAIVA, 2015). Para o MEB a educação autêntica seria aquela capaz de preparar para a interferência, para a conscientização, a mudança de posturas e empoderamento das comunidades, transcendendo assim as escolas radiofônicas (PAIVA, 2015).

O MOBRAL, programa do governo federal de alfabetização de adultos, também se utilizou da radiodifusão para a abrangência nacional do programa (ALVES, 2009). Segundo Paiva (2015, p. 337)

[...] o Mobral foi montado como peça importante na estratégia de fortalecimento do regime, que buscou ampliar suas bases sociais de legitimidade junto às classes populares, num momento em que ela se mostrava abalada junto às classes médias (...). Organizado a partir de uma logística militar, de maneira a chegar a quase todos os municípios do país, ele deveria atestar às classes populares o interesse do governo pela educação do povo, devendo contribuir não apenas para o fortalecimento eleitoral do partido governista, mas também para neutralizar eventual apoio da população aos movimentos de contestação do regime [...].

Em 1961, nasce a Fundação João Batista Amaral, TV Rio e com ela a criação de curso destinado à alfabetização de adultos, esse é o nascedouro de programas televisivos com o propósito de elevar a escolarização de adultos. A iniciativa, inédita, contou com a participação do ator Paulo Autran como professor. O tema central do curso era um brasileiro capaz de atrair maciçamente o público admirador ou não de futebol: o rei Pelé (BARRETO, 2009).

Em 1962, Gilson Amado, criador na Televisão Educativa, propôs a criação da Universidade de Cultura Popular (UCP), uma universidade sem paredes destinada a jovens e adultos que não tiveram acesso à educação. A UCP iniciou suas transmissões e, em 1967, foi considerada de utilidade pública, os cursos preparavam os alunos para os exames de certificação, e apresentavam conteúdos sobre cultura geral e assistência educacional tecnológica (BARRETO, 2009).

Na década de 70, é posto em marcha a série educativa João da Silva, produzida pela Fundação Padre Anchieta, a série era destinada à jovens que não havia completado o ensino primário. A mesma foi produzida por uma equipe multidisciplinar e tinha como tema a história de um maranhense, filho de lavradores pobres que não teve acesso à escola (BARRETO, 2009).

Outra referência de prática de Educação a distância na EJA foi o Projeto Minerva, instalado em 1970, o mesmo foi considerado um dos maiores projetos de ensino a distância por meio da radiodifusão. Para Pimentel (1999, p.63), “o objetivo geral do Projeto Minerva era transmitir, através do rádio, programas educativos e culturais, aperfeiçoando o homem dentro da sua própria comunidade, e permitindo o seu desenvolvimento individual e coletivo”.

Um marco na história da EJA a distância no Brasil se deu em 1978 com o lançamento do programa de educação supletiva a distância para o 1º e 2º grau, o programa Telecurso 1º e 2º grau e que posteriormente passou a ser chamado Telecurso 2000, uma iniciativa da Fundação Roberto Marinho (BARRETO, 2009).

[...] Mais precisamente em janeiro de 1978, a Fundação Roberto Marinho firmou uma parceria com a Fundação Padre Anchieta para a realização do “Telecurso 2º grau’. [...] Quando a série de programas começou a ser exibida, um novo e inédito capítulo da história da educação pela televisão no Brasil começou a ser escrito, num enredo que dura até hoje e sempre se renova. Não por acaso o Telecurso continua a atrair telespectadores de todo o país: segundo dados do Ibope, os programas de ensino fundamental e médio alcançam hoje uma audiência semanal de sete milhões de telespectadores (BARRETO, 2009, p. 451).

Estas iniciativas de educação a distância, enquanto modalidade, mostram que a educação a distância na EJA não é algo inédito, a mesma faz parte da história da EJA há mais de 50 anos. É sabido que com os avanços das tecnologias houve evolução no modo de fazer a EJA a distância, através da convergência de mídias, informações, dados, utilização de ambientes virtuais de aprendizagem e ferramentas de comunicação síncronas e assíncronas.

Os programas citados tiveram sua contribuição para a alfabetização de adultos. O MEB inicialmente tinha o propósito de alfabetizar à população rural, mas teve seu currículo reformulado incorporando a educação popular, inspirado no sistema de alfabetização de Paulo Freire. Foi um dos únicos movimentos de educação popular que sobreviveu ao golpe militar. Sua contribuição no campo da formação e criticidade das massas populares foi de grande valia na história da EJA do Brasil, por meio das transmissões radiofônicas foi possível alcançar um público estimado em 180 mil alunos, distribuídos em aproximadamente 7.500 escolas, utilizando 25 radiotransmissores em 15 estados, a maioria na região Nordeste do Brasil (BRUNNEAU, 1974; PAIVA, 2015).

Assim como houve programas de alfabetização que valorizasse a cultura e os saberes populares como o MEB, a educação massiva também foi utilizada como instrumento de dominação e neutralização das classes populares a exemplo do programa Mobral (PAIVA, 2015).

Na contemporaneidade, é possível afirmar que a educação a distância possui uma grande potência para a ampliação e difusão de programas de educação de jovens e adultos, pois permite que os sujeitos adaptem seus modos de vida com os estudos, otimização de tempo e deslocamento entre trabalho, escola e moradia.

Entretanto, analisando os dados do Censo ABED.BR (2018, p. 63) é possível constatar que a demanda por cursos de EJA a distância, em 2018, relativamente baixa, se comparando com as demais modalidades de ensino.

Tabela1 Matrículas em 2018, por nível acadêmico 

Nível Nº de matrículas %
Superior - pós-graduação stricto sensu (doutorado) 144 0%
Superior - pós-graduação stricto sensu (mestrado) 4.197 0%
Superior - pós-graduação lato sensu (MBA) 30.884 2%
Superior - pós-graduação lato sensu (especialização) 176.067 11%
Superior - graduação (tecnológico) 273.239 17%
Superior - graduação (bacharelado e licenciatura) 306.961 19%
Superior - graduação (licenciatura) 324.302 20%
Superior - graduação (bacharelado) 269.316 17%
Superior - sequencial (complementação de estudos) 117.177 7%
Superior - sequencial (formação específica) 4.933 0%
Técnico profissionalizante 69.319 4%
EJA (ensino médio) 6.948 0%
EJA (ensino fundamental) 322 0%
Ensino médio 204 0%
Ensino fundamental 2.983 0%
Total 1.586.996,00

Fonte: Censo ABED.BR, 2018, elaborado pelas pesquisadoras

Segundo relatório do Censo ABED.BR 2018, foram realizadas 1.586.996,00 matrículas em cursos a distância, a educação básica representa 1% do total de matrículas realizadas, isso contabilizando a EJA e ensino fundamental e médio. A maioria, 20% das matrículas são no nível Superior - graduação (licenciatura), 19% Superior - graduação (bacharelado e licenciatura). Os cursos de nível mestrado e doutorado não chegaram a representar 1% do total de matrículas realizadas (CENSO EAD.BR, 2018, p.63).

Diante dos dados apresentados, verifica-se que há pouca oferta de cursos de EJA a distância, sendo o mesmo um nicho que ainda não foi explorado em sua totalidade.

2 CONCEITUANDO A AVALIAÇÃO

Nesse tópico, se discorrerá sobre o conceito de avaliação sobre a temática em questão. Logo, se faz necessário ampliar os conceitos e conhecer a perspectiva da avaliação de resultados em instituições de ensino.

Para Krammer (2006), avaliação vem do latim, a + valere, significa valor ou mérito ao objeto em pesquisa, soma o ato de avaliar ao ato de aferição dos conhecimentos adquiridos pelos sujeitos. O processo de avaliação está presente em nossa vida, avaliamos as possibilidades de vestimentas, alimentação, situações ocorridas, atos, falas e inúmeras ações que praticamos. Nas palavras de Morais (2013, p. 44) “em todo qualquer momento de nossa vida, reconhecendo ou não, estamos avaliando algo, uma situação, uma pessoa, o resultado de nossas ações”.

Em se tratando de avaliação formal, a mesma se remontam os primórdios da história humana, já em 2000 a.C. as autoridades chinesas, do setor público, já aplicavam provas para avaliação de desempenho de funcionários (WORTHEN; SANDERS; FITZPATRICK, 2004).

Para Worthen, Sanders e Fitzpatrick (2004) a avaliação demanda critérios para mensuração da qualidade, utilidade, eficácia e importância do que se pretende avaliar, como também necessita de métodos de pesquisa e mensuração para o alcance dos resultados. Para os autores a mesma precisa ser planejada, possuir critérios direcionados aos objetivos e finalidades, proporcionar melhoria dos critérios de gestão, tomada de decisão, possuir credibilidade, compromisso com a política de avaliação e com os sujeitos implicados.

Para Albaek (1998, p. 1) a primeira avaliação já registrada é encontrada no Livro do Gênesis: "E Deus viu tudo o que tinha feito, e eis que era muito bom". Desde que o homem é criado à imagem de Deus, é uma parte imanente da existência humana. Talvez esta seja a única característica mais decisiva para nos diferenciar de outros seres vivos: não só estamos conscientes das coisas, nós também refletimos e colocamos um valor sobre as coisas. Nós avaliamos, na prática comum de todos os dias, e avaliamos sob a forma formal, sistematizando as atividades, políticas, programas e projetos.

Para Albaek (1998) apesar das raízes históricas da avaliação ser de longa data, a avaliação atual teve seu nacedouro nos EUA na década de 1960, em termos de escopo de atividades, fundamentação teórica e metodológica e profissionalização disciplinar.

A palavra avaliação possui caráter polissêmico e uma abrangência vasta, entretanto para esse trabalho se buscará conceituar a avaliação desde a perspectiva da avaliação de resultados.

Para Martins (2006, p. 3) “avaliar significa atribuir valor em sentido qualitativo ou mesmo quantitativo”. Nas palavras de Vieira e Tenório (2010, p. 65) “avaliar é o diagnóstico para a tomada de decisão com vistas na melhoria do processo”, para os autores esse conceito amplia a dimensão da avaliação, uma vez que os dados deverão ser analisados após o ato de avaliar levando à melhoria do processo.

Para Ferreira e Tenório (2010, p. 92) a avaliação de programas educacionais envolve a “análise de processos sociais complexos e multidimensionais que urge partir de referências teóricas e metodológicas construídas por determinadas áreas de conhecimento ao longo de seu desenvolvimento”.

Os conceitos apresentados sobre a categoria em questão visam à identificação e ampliação das possibilidades de avaliação no contexto educacional, buscou-se contextualizar a palavra para além do conceito mais evidente e discutido na esfera da educação, nesse caso avaliação de aprendizagem, pois a mesma não se configura como o foco dessa discussão, pois o objetivo da pesquisa é situar, a luz dos autores, a amplitude da palavra e seus variados usos em contexto educacional para além da avaliação da aprendizagem.

Para o processo avaliativo de desempenho de um programa ou produto, faz-se necessária uma definição de indicadores de desempenho que possibilite e permita avaliar o programa/produto em sua complexidade.

Weiss (1998) revela que a avaliação é usada principalmente de três formas. Em primeiro lugar, para dar direção a políticas e práticas; em segundo lugar, é utilizada para justificar preferências e ações pré-existentes e, finalmente, para fornecer novas generalizações de ideias e conceitos.

A materialização desses conceitos foi traduzida na pesquisa em indicadores de desempenho, nesse sentido, foram analisados os indicadores de matrícula, aprovação e evasão das turmas de EJA presencial e a distância. As duas modalidades foram utilizadas afim de termos um ponto de contraste entre uma modalidade e outra de atuação.

3. EXPERIÊNCIAS CURRICULARES NA EJA

Etimologicamente, o termo currículo deriva da palavra latina curriculum (SACRISTÁN, 2013). “[...] o lexema, proveniente do étimo latino currere, significa caminho, jornada, trajetória e percurso a seguir” (PACHECO, 2001, p. 15).

Na Roma Antiga, o termo era utilizado para significar a carreira, ordenação e a representação do percurso (SACRISTÁN, 2013). Para os romanos, o currículo era o “[...] cursus honorum, a soma das “honras” que o cidadão ia acumulando à medida que desempenhava sucessivos cargos eletivos e judiciais, desde o posto de vendedor ao cargo de cônsul” (SACRISTÁN, 2013, p. 16).

Para Pacheco (2001), o termo currículo apresenta duas ideias principais: uma de ordenamento sequencial, outra de noção de totalidade de estudos. O termo currículo foi utilizado no século XVII e nos países anglo-saxónicos para designar uma pista circular de atletismo ou uma pista de percurso para carros de corrida de cavalos.

Para Sacristán (2013), o termo currículo assume dois sentidos: um de percurso ou decorrer da vida profissional e os seus êxitos, outro de constituir a carreira do estudante, os conteúdos deste percurso, organização do que se deverá aprender e em que ordem deverá aprender.

Nesse contexto, a Proposta Pedagógica da EJA do SESI se diferencia no fazer pedagógico superado a cultura educacional que impõe aos cursos de EJA, em sua grande maioria, os mesmos parâmetros da escola tradicional, como se os adultos devessem percorrer o itinerário educativo não percorrido quando crianças e adolescentes, desconsiderando todos os saberes adquiridos ao longo da vida, nas relações familiares, profissionais, sociais, etc. (SESI, 2016).

O adulto que deixou de estudar não parou de aprender ao longo da vida, ele apenas deixou de percorrer o caminho formal, o itinerário regular, para dar a volta pelo lado de fora da “pista”. Ele deu a volta na pista, mas não na demarcação regular, ou seja, ele aprendeu por meio das experiências e dos referencias construídos. Nas crianças, as representações são construídas e mediadas pelas pessoas que as educam, para os adultos as representações são construídas pelas experiências de vida e trabalho. Cabe à educação de jovens e adultos sistematiza-las e dar-lhes sentidos para a vida. É neste contexto que o currículo do Sesi atua, no reconhecimento das experiências de vida e formação para o desenvolver da prática pedagógica.

4 PROBLEMÁTICA

Falar da EJA é sempre sinônimo de desafio e superação, em se tratando de EJA a Distância, o desafio é incalculável, uma vez que há outros saberes e competências associadas que fazem parte desse processo, e que é nesse sentido inovador.

Assim, suscita como problema de pesquisa: Em que medida os resultados da turma de ensino médio da educação de jovens e adultos a distância do SESI Bahia Polo Salvador contribui para elevar a escolaridade dos trabalhadores da indústria baiana?

Elevar a escolaridade dos trabalhadores da indústria do estado da Bahia tem sido um grande desafio para o Sesi, visto que 31,4% dos trabalhadores da indústria não possuem a educação básica completa, conforme detalha tabela 02 abaixo.

Tabela 02 Escolaridade do trabalhador industrial do estado da Bahia 

Segmento 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Fundamental Incompleto 27,8% 24,5% 22,2% 21,5% 19,5% 18,1% 16,5% 15,3%
Fundamental Completo 21,6% 21,3% 20,3% 19,5% 18,5% 17,5% 16,7% 16,1%
Médio Completo 45,3% 48,5% 50,7% 52,2% 54,7% 56,9% 58,5% 60,5%
Superior Completo 5,3% 5,7% 6,7% 6,8% 7,3% 7,5% 8,3% 8,1%

Fonte: RAIS (2017)

Para a categorização dos dados, utilizou-se o seguinte critério de agrupamento: Fundamental incompleto compreende o grupo de trabalhadores analfabetos e com estudos até o 6ª ano incompleto; fundamental completo: ensino fundamental completo e médio incompleto; Médio completo: médio completo e superior incompleto; Superior Completo: superior completo e/ou mestrado e/ou doutorado.

4.1 OBJETIVO

A pesquisa teve como objetivo principal avaliar os resultados das turmas de ensino médio da EJA a distância do SESI Bahia, Polo Salvador concluídas em 2014 e 2015. Diante do exposto, como objetivos específicos, a pesquisa se propõe a:

Objetivo específico 1: verificar se a EJA a distância tem possibilitado a elevação da escolaridade dos trabalhadores da indústria baiana e seus dependentes.

Objetivo específico 2: analisar os resultados e indicadores da EJA a distância, na esfera do ensino médio no Polo Salvador nas turmas concluídas nos anos de 2014 e 2015.

Objetivo específico 3: verificar se o programa possibilitou o acesso dos alunos a outros níveis de formação.

Essas indagações foram investigadas com o objetivo maior de avaliar os dados de desempenho das turmas de ensino médio da EJA a distância no SESI Bahia, Polo Salvador.

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Com o objetivo de identificar se a EJA a distância possibilita elevar o nível de escolaridade dos trabalhadores da indústria, orientou-se para a realização de uma pesquisa de abordagem qualitativa de natureza exploratória em consonância com Ludke e André (1986) quando afirmam que

[...] a pesquisa qualitativa ou naturalística envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 13).

A pesquisa qualitativa possui grande aceitação nas ciências sociais por fundamentar-se na interpretação dos fenômenos observados e na importância que esses possuem na realidade em que estão inseridos. Considera a realidade e a particularidade de cada sujeito, aprecia o contato direto do pesquisador com o ambiente e a situação observada, possibilita trabalhar com o fenômeno como um objeto que nem sempre é previsível.

Partilha-se do pressuposto de o pesquisador qualitativo realiza seus estudos na interpretação e contato com o mundo real, atentando-se com a ação de pesquisar sobre as experiências vivenciadas, protagonizadas pelos sujeitos implicados.

O método de estudo escolhido para a condução desta pesquisa é a pesquisa participante que Haguette (2013) define como sendo um processo de: investigação, de educação e de ação e também de organização como componentes desse tipo de pesquisa.

Visando adquirir informações necessárias para a construção do corpus da pesquisa utilizou-se como técnicas instrumentais/dispositivos de coletas a: observação participante, análise documental, questionários e entrevistas semiestruturadas.

Abordagem metodológica de pesquisa utilizada contemplou uma análise quantitativa e qualitativa.

Segundo Murillo (2005), em uma pesquisa qualitativa, a análise dos dados é realizada ao longo do estudo. Os processos de obtenção de dados e sua análise vão unidos, uma vez que se observa e interpreta paralelamente. (tradução nossa).

A abordagem qualitativa foi utilizada com o intuito de analisar os registros ao longo do processo, como os diários de campo. A análise quantitativa possibilitou analisar os registros de produção, matrícula, concluintes, evadidos e aprovados da Educação de Jovens e Adultos do SESI entre os anos de 2013 a 2015.

Para a realização da pesquisa foram utilizados diferentes procedimentos de coleta de dados, e instrumentos diversos para a obtenção dos dados e análise da realidade investigada.

Para que se possa apresentar múltiplos olhares e percepções para a pesquisa social realizada, foi fundante a escolha dos dispositivos utilizados na coleta de informações. As principais fontes de coleta de dados foram o levantamento documental, questionários, entrevistas semiestruturadas e observação participante.

Além da consulta à literatura especializada e publicada sobre os temas apresentados, recorreu-se ao levantamento documental, sobretudo na composição da história da EJA do Sesi Bahia. Foram analisadas atas de reuniões, periódicos, slides, relatórios, relatórios da RAIS, descritivos de projetos e fotografias. Segundo Magalhães (2004, p. 147), a história de uma instituição educativa inicia-se pela reinterpretação dos historiais anteriores, das memórias e do arquivo, como fundamento de uma identidade histórica.

Os questionários compostos por perguntas objetivas e subjetivas possibilitaram o levantamento de algumas variáveis e informações relevantes à pesquisa. Para os egressos do programa, o objetivo da utilização do questionário foi identificar os fatores que desencadearam a desistência dos educandos no curso. Para os concluintes, o objetivo foi conhecer os indicadores mensuráveis da conclusão da educação básica, ascensão profissional, continuidade dos estudos a nível técnico e/ou superior.

A entrevista semiestruturada possibilitou o levantamento de algumas variáveis e informações relevantes. O objetivo foi captar uma reflexão histórica sobre a trajetória do entrevistado no Sesi Bahia, apresentando um marco histórico, projetos institucionais empreendidos e as vivências pessoais ao fazer a EJA no Sesi Bahia.

Utilizou-se a observação participante como procedimento de coleta de informações. Para a pesquisa participante, não existe uma fase de pesquisa de campo, mas sim uma geração de conhecimento dentro da ação da pesquisa, onde pesquisadores profissionais e população interessada se beneficiam da experiência uns dos outros (HAGUETTE, 2013).

Como revela Yin (2010), a observação participante proporciona algumas oportunidades incomuns. A oportunidade mais diferenciada está relacionada com a capacidade de obter acesso aos eventos ou grupos que, de outro modo, seriam inacessíveis aos estudos. Oportuniza captar a realidade do ponto de vista de alguém “interno”, não de alguém externo ao fenômeno.

6 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS A DISTÂNCIA DO SESI BAHIA

O Serviço Social da Indústria com o intuito de elevar a escolarização de jovens e adultos no estado da Bahia possui a oferta da educação básica na EJA desde 1996, tendo um total de 133.301 alunos matriculados de 1996 a 2019. Em relação à clientela da EJA, público alvo desta pesquisa acadêmica, sabemos que se trata de segmentos da população historicamente excluídos do acesso aos direitos básicos, principalmente, a educação.

De acordo a Moraes (2007, p. 17),

[...] a educação de jovens e adultos sempre se constituiu, intrinsecamente, como um espaço ocupado pelas ‘minorias’, pelos segmentos discriminados da sociedade brasileira. Seja nos anos 40 do século passado, seja no início do presente século, na educação de jovens e adultos trabalha-se com os excluídos, com os ‘diferentes’ e com as ‘diferenças’.

Fonte: elaboradopelas autoras com dados do Sesi Bahia

Gráfico 01 Histórico de matrículas na EJA do Sesi Bahia 

Os números de matrículas têm flutuado; em 1996, foram 954; nos anos seguintes houve um aumento substancial, atingindo, em 2003, 9.802 matrículas. Esses números decresceram. Em 2014, o total de matriculados na EJA/SESI/Bahia atingiu apenas 2.321. No final do ano de 2013 o SESI Bahia muda a sua forma de atuação, ofertando a EJA na modalidade a distância. A partir dessa mudança, houve incremento significativo no número de jovens e adultos estudantes desta modalidade de ensino. Em 2019, 9.057 jovens e adultos efetivamente se matricularam nos cursos de EJA. O crescimento ao longo dos anos a partir de 2014 foi exponencial, o que revela uma adesão positiva por partes dos jovens e adultos em busca da elevação da educação básica.

É certo que a educação no Brasil representa um grande desafio, e quando se trata de educação básica para jovens e adultos a distância o desafio é ainda maior, uma vez que não há modelos de operação no estado da Bahia para a referida oferta.

Objetivando atender às demandas crescentes da sociedade do conhecimento, a educação precisa colocar a seu serviço as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), especialmente, quando se trata de atender às condições de vida e trabalho de jovens e adultos. Para tanto, as estratégias de educação a distância propostas pelo SESI Bahia buscam propiciar, através da oferta da EJA EaD novas ferramentas de comunicação e informação no fazer pedagógico, ambas facilitadas por um ambiente virtual de aprendizagem.

Educação a distância é uma modalidade de ensino que começou por volta de 1850 na Europa e que teve seu início no Brasil, de forma sistemática, em 1939 com a oferta de cursos profissionalizante por correspondência.

A Educação a Distância é cada vez mais utilizada por diferentes tipos de organizações presentes na sociedade, sejam elas ONGs, instituições educacionais, empresas, e até mesmo o Governo. Ela possibilita o acesso à educação, informação e qualificação a um número maior de sujeitos, independentemente dos limites geográficos e temporais (FERREIRA 2006; ALVES 2009; MAIA; MATTAR 2007; SARAIVA, 1995 e PIMENTEL, 1999).

As aulas da Educação de Jovens e Adultos a Distância do SESI, são totalmente via Web através do Learning Management Systems (LMS), da empresa Time To Know, onde há ferramentas de acompanhamento e de comunicação entre alunos e tutores, a comunicação pode se dar tanto de forma síncrona como assíncrona através dos chats e fóruns.

6.1 A MEDIAÇÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS A DISTÂNCIA

A mediação, no contexto educacional, seja ela desenvolvida na modalidade presencial ou na modalidade virtual, é denominada de mediação pedagógica. Sua conceituação pode adquirir diferentes significados, dependendo do lugar epistemológico em que se encontra.

Segundo Sacool (2011, p. 76),

[...] a mediação pedagógica é compreendida como movimento construído na relação dialógica que se estabelece a partir da interação constante entre educadores, educandos e diferentes meios utilizados para desenvolver os processos de ensino e de aprendizagem. Ela é, portanto, fundamental para mobilizar o processo educativo e instigar/provocar a aprendizagem.

Na esfera da concepção epistemológica interacionista-construtivista-sistêmica, a mediação pedagógica é compreendida como movimento construído na relação dialógica que se estabelece a partir da interação constante entre sujeitos envolvidos no processo, sendo de suma importância para mobilizar o processo educativo e instigar/provocar a aprendizagem.

A mediação pedagógica utilizada na educação de jovens e adultos a distância do SESI contribui para o desenvolvimento da autonomia intelectual dos sujeitos, levando-os a refletir sobre o que já conhecem, sobre as “certezas provisórias”, e o que desejam conhecer, sobre as “dúvidas temporárias”, a fim de que sejam capazes de formular suas próprias questões de aprendizagem, despertando a curiosidade e ampliando sua capacidade de compreensão da realidade.

6.2 FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS A DISTÂNCIA DO SESI BAHIA

O currículo da Educação de Jovens e Adultos do SESI é concebido no contexto da educação ao longo da vida, constituindo um quadro orientador para definir e desenvolver projetos de educação e formação de jovens e adultos, respeitando seus saberes e experiências adquiridas ao longo da trajetória de vida e formação.

É composto por áreas de conhecimento, estruturado por competências e habilidades. O mesmo foi aprovado pelo Conselho Nacional de Educação e Ministério de Educação, conforme detalha o parecer CNE/CEB nº 01/2016 publicado no D.O.U. de 27/04/2016. O caráter inovador desse projeto curricular é Metodologia de Reconhecimento de Saberes (MRS).

O curso de EJA se inicia com o processo de reconhecimento de saberes que permite reconhecer os saberes adquiridos dos sujeitos ao longo da vida por meio formal, não formal e informal. Esta metodologia foi inspirada na Agência Nacional para Qualificação (ANQ) de Portugal, que oferece o programa de Educação e Formação de Adultos (EFA), no qual se aplicam processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) (SESI, 2016).

A MRS reconhece os saberes experienciais de vida dos educandos, valorizando o projeto de vida como definição para o itinerário educativo de cada sujeito, pois “os saberes construídos pela experiência são tão significativos (a maior parte das vezes, até mais) como os saberes formalizados” (ALCOFORADO, 2014, p. 163).

Está fundamentada em

[...] situar o processo de educação de jovens e adultos trabalhadores a partir do que eles já sabem e das competências que desenvolveram ao longo da vida, superando a lógica tradicional que situa o processo educativo a partir do que os educandos não sabem (SESI, 2016, p.9).

O processo de reconhecimento de saberes é o marco inicial do curso de EJA, pois ele direciona o caminho que cada sujeito deverá percorrer ao longo de sua trajetória no Sesi Bahia. Durante o processo o estudante pode obter a certificação total ou parcial das competências. Quando o aluno obtém a certificação parcial, o mesmo é matriculado apenas nas competências que ele precisar ampliar e aprofundar. Quando o mesmo possui a certificação total de todas as competências, das quatro áreas de conhecimento, a ele é outorgado o certificado de conclusão do ensino médio.

Durante todo o caminhar do estudante, tanto na etapa do Reconhecimento de Saberes como ao longo do curso, os mesmos são acompanhados por uma equipe pedagógica composta por coordenadores pedagógicos, professores especialistas e professores tutores. A logística e organização da oferta são realizadas pelo Polo de apoio presencial juntamente com a gerência da Educação de Jovens e Adultos do SESI Bahia.

O curso de ensino médio possui a carga horária de 1.200 horas, 20% são destinados às atividades presenciais que incluem: avaliação, esclarecimentos de dúvidas, seminários, oficinas, participação em palestras e etc. e 80% online por meio de uma plataforma de aprendizagem.

As oficinas presenciais são desenvolvidas a fim de possibilitar o protagonismo dos educandos, a reflexão, sobretudo a experimentação e vivência de situação de aprendizagem atreladas ao cotidiano dos sujeitos. Contemplam situações devidamente contextualizadas ao contexto do jovem, adulto, trabalhador e nordestino. As práticas empreendidas consideram as competências e habilidades das diversas áreas de conhecimento, superando a lógica disciplinar, tendo em vista a interdisciplinaridade e/ou multidisciplinaridade. Sendo este o grande diferencial na oferta do currículo da EJA.

6.3 ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO DOS PROFESSORES ESPECIALISTAS E TUTORES

Os professores especialistas são profissionais licenciados e pós-graduados, responsáveis pelas áreas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias, possuem uma carga horária de trabalho de 40 horas semanais. São os responsáveis pela construção dos materiais didáticos utilizados nas oficinas presenciais, elaboram as avaliações online e presenciais junto aos tutores dos polos, orientam aos tutores quanto ao uso do LMS e apoiam o processo de tutoria.

Os tutores do SESI são profissionais licenciados e contratados para acompanhar os alunos nas disciplinas da Educação Básica. Cada polo conta com uma equipe multidisciplinar com tutores que são responsáveis pelas áreas de conhecimento: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias.

7 ANÁLISES DOS RESULTADOS

Esta seção tratará de apresentar alguns dados coletados ao longo do processo investigativo, contemplando a questão central desta pesquisa e os objetivos específicos propostos. A metodologia de análise de dados para a avaliação do ensino médio na EJA a distância contou com princípios da análise contrastiva (FROES-BURNHAM, 2002). Para as análises apresentadas a seguir, foram utilizadas as três etapas que constitui o método de análise proposto por Froes-Burnham (2002): 1 - Reconstituição, seleção das palavras-chaves propostas na questão de pesquisa e objetivos específicos para identificação dos resultados e indicadores do ensino médio, como aprovação, evasão e resultados alcançados; 2- Escrutínio, exploração inicial e detalhada; análise das palavras-chaves identificadas na reconstituição para construção das categorias analíticas; 3 - Sistematização, envolvimento da exploração inicial e detalhada; permitiu identificar e evidenciar os resultados alcançados no ensino médio a distância; possibilitou classificar as falas dos sujeitos sistematizando-as nas categorias propostas, facilitando assim um sistema de análise complexo.

Foram utilizados os dados de 187 alunos egressos de 12 turmas do ensino médio a distância do Sesi Bahia, turmas finalizadas nos anos de 2014 e 2015 no Polo Salvador. Para efeito de contraste foram utilizadas as informações de 5 turmas de EJA do ensino médio presencial, gerenciadas pela equipe do Polo Salvador, totalizando 117 alunos dessa modalidade. No total, foram analisadas as informações de 304 alunos egressos da EJA do Sesi Bahia /Polo Salvador. O quadro a seguir apresenta as informações adquiridas na pesquisa, dados de conclusão, aprovação, evasão e trabalhadores atendidos na EJA do Sesi, Polo Salvador.

Tabela 03 Indicadores das turmas de educação de jovens e adultos presencial e a distância 

Indicadores EJA Presencial EJA a Distância
Quantidade % Quantidade %
Concluintes 51 44% 133 71%
Evadidos 57 48% 54 29%
Reprovados 9 8% 0 0%
Total de alunos 117 100% 187 100%
Trabalhador da Indústria 106 91% 78 41%
Dependente de trabalhador da indústria 0 0% 7 4%
Comunidade 11 9% 102 55%

Fonte: autores (2020).

Analisando-se os dados acima, constata-se que os alunos egressos das turmas de 3º ano do ensino médio a distância, em sua maioria, são jovens e adultos sem vínculo com a indústria baiana, ou seja, os alunos egressos não possuem vínculo empregatício com a indústria baiana e nem são dependentes de trabalhadores da indústria, o que totaliza 55% do atendimento. Apenas 41% dos egressos são trabalhadores da indústria e 4% são dependentes de industriários.

Diante da informação, é possível constatar que o Polo Salvador, do Sesi Bahia, não impacta de forma expressiva no que se diz respeito ao objetivo específico 1 desta pesquisa, uma vez que seu atendimento beneficia de forma mais expressiva a sujeitos sem vínculo com a indústria e não prioritariamente o seu público-alvo, trabalhadores e dependentes da indústria baiana.

Em relação aos dados de aprovação, consequentemente 44% dos aprovados no 3º ano do ensino médio a distância são jovens e adultos trabalhadores e dependentes da indústria baiana e 56% dos aprovados são oriundos da comunidade.

Em atendimento ao objetivo específico 2 desta pesquisa, as informações a seguir visam conhecer os resultados e indicadores da EJA a distância, na esfera do 3º ano do ensino médio a distância, turmas finalizadas entre 2014 e 2015 do Polo Salvador.

Fonte: autores (2020)

Gráfico 02 Indicador de evasão e aprovação das turmas da educação de jovens e adultos a distância  

Em relação aos dados de aprovação na EJA a distância, o índice de aprovação, e consequentemente conclusão da educação básica, é de 71% nas turmas de 3º ano do ensino médio. Em relação aos dados de evasão na EJA a distância nas turmas de 3º ano do ensino médio a distância, o resultado é de 29% de evasão.

As discussões de Arroyo (2000) evidenciam que a evasão escolar está relacionada à questão social resultante da desigualdade existente no Brasil. É visto como o fracasso social, dos complexos processos de reprodução da conjuntura política e da lógica de exclusão que perpassa todas as instituições sociais e políticas. Para o autor, o fracasso escolar é uma peneira que encobre realidades mais profundas e, portanto, é imprescindível um olhar mais global, para além da esfera do sucesso e do fracasso.

O dado de evasão apresentado, 29%, é um número relativamente alto, mas ao mesmo tempo baixo, em se tratando de dados da educação a distância. Segundo pesquisa realizada pela ABED, “a maior porcentagem de instituições (22,2%) encontra-se nas taxas de evasão entre 26% e 50%” (CENSO EAD. BR, 2018-2019, p. 65).

Historicamente, a evasão na EJA sempre teve altos índices, o que não é diferente dos achados da pesquisa. Segundo os dados do PNAD (2018), os problemas do atraso escolar e da evasão, mais característicos do ensino médio (15 a 17 anos), onde foi registrada, em 2018, taxa de frequência líquida de 69,3%, ou seja, 30,7% dos alunos estavam atrasados ou tinham deixado a escola.

Contrastando os dois indicadores de desempenho, aprovação e evasão, os resultados são positivos, já que 71% do alunado no 3º ano do ensino médio a distância concluiu a educação básica.

As metas do Sesi para os anos de 2014 e 2015 eram de 40% de evasão, sendo que a realização desta meta, quanto menor melhor, ou seja, a mesma se comporta como limite máximo a ser atingido. Analisando os dados do 3º ano do ensino médio a distância entre os anos de 2014 e 2015, percebe-se que houve um alcance de 29% da meta estipulada em 40%, logo o resultado foi menor que o limite estipulado, sendo esse um indicador positivo para a avaliação do programa, uma vez que não se alcançou a meta negativa de 40% de evasão.

Tendo como base os dados de aprovação e evasão das turmas de ensino médio na modalidade presencial, sob a coordenação do Polo Salvador os indicadores da EJA a distância foram superiores aos da EJA na modalidade presencial, conforme detalha gráfico a seguir.

Gráfico 03 Indicador de evasão, reprovação e aprovação nas turmas da educação de jovens e adultos presencial 

O índice de aprovação/conclusão das turmas presenciais é de 44%, o índice de evasão é de 48% e o de reprovação 8%. Entretanto, a oferta da EJA ensino médio presencial possui maior atendimento aos trabalhadores da indústria, com 91% do seu público de atendimento oriundos das indústrias baianas, e 9% de atendimento à comunidade.

Os dados de aprovação/conclusão das turmas de 3º ano do ensino médio a distância do Polo Salvador são superiores em 61% e os índices de evasão são inferiores em 59%, em contraste com as turmas de ensino médio presencial.

Os dados de evasão na EJA a distância são melhores que na EJA presencial; entretanto, os números refletem que há uma necessidade de melhor compreensão dos motivos do abandono escolar para uma maior interferência e apoio do Sesi para retenção desses alunos.

Arroyo (2006) ratifica a problemática acima mencionada quando revela que os índices de abandono na EJA, que tenta se escolarizar ainda que com tímidas flexibilizações, refletem que nem com um estilo escolar mais flexível os sujeitos da EJA conseguem articular suas trajetórias de vida e trajetórias escolares.

A dificuldade de permanência do alunado é um grande desafio para as instituições de ensino no país, sobretudo no atendimento a alunos jovens e adultos. Com taxa de 19,4%, o Brasil tem a quarta maior taxa de abandono escolar entre os 100 países com maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), atrás apenas da São Vicente e Granadinas (31,4%), Peru (26,1%), Listenstaine (20,6%) e Montenegro (19,5%) (PNUD, 2015).

Contrastando os números absolutos das turmas de ensino médio presencial e ensino médio a distância, constata-se que há basicamente o mesmo quantitativo de evadidos, 57, no ensino presencial e, 54, no ensino a distância. O grande salto está na quantidade de concluintes que sai de 51, do curso presencial, para 133, do curso a distância. Há um aumento considerado no indicador de concluintes em um período relativamente pequeno de atuação com a oferta da EJA a distância. Os dados revelam que a modalidade a distância possui maior impacto, no que se refere à quantidade de concluintes da educação básica, sendo superior em 161% em relação ao quantitativo de concluintes na modalidade presencial.

O aumento do número de concluintes revela a necessidade de novas metodologias adaptativas às especificidades do público da EJA, metodologias que possibilitem a conciliação de estudo e trabalho. Os ganhos com a elevação da escolaridade são importantes em todo o seu contexto, pois contribuem para o aumento da autoestima dos sujeitos, influenciam diretamente em melhores condições de vida, em oportunidades para o avanço profissional, já que a educação básica é pré-requisito para aceder cursos de formação técnica profissional e cursos de nível superior.

Os indicadores de aprovação e evasão, ora apresentados, fazem parte apenas do início das discussões que levam à avaliação de desempenho do programa investigado. É sabido que as expectativas sobre os resultados vão além da avaliação de aprendizagem dos conteúdos curriculares. Em cursos de EJA, espera-se que se alcancem os benefícios psicossociais imediatos, como a melhora da autoconfiança, empregabilidade, envolvimento com as questões sociais e engajamento político (RIBEIRO, 2014).

Com o propósito de contemplar o objetivo específico 3 desta pesquisa, buscou-se verificar se o programa de EJA a distância possibilitou o acesso dos alunos concluintes, egressos do 3º ano do Polo Salvador, a outros níveis de formação, seja de qualificação profissional ou nível superior.

Atentando a esse objetivo específico, foram identificados 36 alunos que acessaram a outros níveis de formação, após a conclusão da educação básica.

Em relação às escolhas de área de formação, os cursos superiores mais demandados foram o curso de Direito com 19%, Administração 15%, Educação física 15%, cursos na área de saúde 12%, Engenharias e Arquitetura 9% e Licenciaturas 9%. Os cursos técnicos e de qualificação profissional tiveram baixa procura pelos egressos.

As turmas de 3º ano do ensino médio a distância do Polo Salvador, finalizadas entre 2014 e 2015, totalizam 133 concluintes da educação básica, desse total, 36 egressos alcançaram outros níveis de formação, em percentual isso representa 27% do total dos concluintes. É um número consideravelmente positivo, visto que o tempo de ascensão a outro nível de escolaridade é relativamente pequeno, um intervalo de menos de 2 anos. Esse indicador revela que o objetivo específico 3 desta pesquisa está sendo cumprido de forma positiva: a EJA a distância do Polo Salvador contribui para o acesso a outros níveis de formação, além da conclusão da educação básica.

As contribuições de Gadotti (2011) impulsionam a utilização dos dados da pesquisa de satisfação aplicada pelo Sesi Bahia e questionários semiestruturados para conhecer as vozes dos sujeitos e suas percepções, a fim de avaliar o programa de EJA a distância.

Para Gadotti (2011),

Não se pode medir a qualidade da educação pelos palmos de saber sistematizado que foram assimilados pelos alunos. Ela deve ser medida pela possibilidade que os dominados tiveram de manifestar seu ponto de vista e pela solidariedade que tiver criado entre eles (GADOTTI, 2011, p. 39).

Sobre a pergunta feita, se ter realizado o ensino médio no Sesi contribuiu para melhorar a sua posição profissional, 68% dos egressos entrevistados relataram que sim, e 32% opinaram que não. Entre as contribuições qualitativas, o entrevistado ALUNO 3 relatou que se sente mais estimulado e confiante; ALUNO 4 declara que foi promovido à gerente, e ALUNO 5 informa que manteve a função, mas se sente feliz, pois poderia ter sido demitido, sem a conclusão do ensino médio.

Corroborando com os dados acima, Nacif et al (2016, p. 99) apontam que

[...] a educação da população permite elevar a produtividade no trabalho, aumentar a renda, ampliar o bem-estar geral e, consequentemente, o desenvolvimento da nação. Considerando o critério da matriz de contabilidade social do comunicado 75 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)13 de 2011, tem-se que, para cada R$1,00 investido, aumenta-se R$1,67 na renda das famílias (de todas, não somente daquelas envolvidas).

Os egressos que afirmaram que a conclusão do ensino médio não contribuiu para a melhoria da sua posição profissional apontaram as seguintes justificativas: 53% encontram-se desempregados, 17% encontram-se atuando na mesma função, 7% afirmam que não melhoraram no emprego, mas sim na vida pessoal, incluso com início de estudos de nível superior, 4% são aposentados, 4% donas do lar, 4% autônomos, 3% estão realizando curso profissionalizante e 3% sentem a necessidade de um curso superior para crescimento profissional.

No que toca às sugestões de melhoria para a proposta da EJA a distância com o intuito de evitar novas evasões, os entrevistados pontuaram a necessidade de maior flexibilidade para os encontros presenciais, diversificar os turnos para a frequência do alunado, acrescentar uma porcentagem da carga horária do curso para encontros presenciais, promover cursos de inclusão digital para os alunos que necessitem, disponibilizar materiais impressos para os estudos, ampliar polos nos bairros de Salvador, aumentar o período de cada disciplina e solicitar maior apoio das empresas para a elevação da escolaridade de seus trabalhadores.

Os dados dos evadidos apontam que há necessidade de maior atenção para o público que possui limitações em relação ao acesso e manuseio do computador, pois os evadidos revelaram a implicação da falta de um computador para a continuidade dos estudos, assim como a falta de conhecimentos básicos para o uso do mesmo.

CONCLUSÃO

Nesta pesquisa, objetivou-se analisar os resultados da turma de ensino médio da educação de jovens e adultos a distância do Sesi Bahia e suas contribuições para a elevação da escolaridade dos trabalhadores da indústria baiana.

A investigação social realizada teve como objetivos específicos verificar se a EJA a distância possibilitou a elevação da escolaridade dos trabalhadores da indústria baiana e seus dependentes e se o programa possibilitou o acesso dos alunos a outros níveis de formação.

Diante dos dados evidenciados, verificou-se que a maioria dos alunos atendidos no programa, 55% do atendimento, é oriunda da comunidade, ou seja, não possui vínculos empregatícios com a indústria baiana. Logo, conclui-se que a maior parcela beneficiada pelo programa não é o público de atendimento do Sesi.

Facilitado pelos objetivos específicos propostos, buscou-se conhecer e analisar os resultados e indicadores da EJA a distância, na esfera do ensino médio no Polo Salvador nas turmas dos anos de 2013, 2014 e 2015. Os dados da pesquisa apontaram que 71% dos alunos matriculados no 3º ano do ensino médio concluíram a educação básica, enquanto que 29% evadiram do processo. Os números apresentados são indicadores positivos, levando em consideração os sujeitos atendidos e as trajetórias de vida de cada um.

Outro ponto de análise foi a verificação se o programa possibilitou o acesso dos alunos concluintes a outros níveis de formação. Diante do questionamento, 27% dos concluintes alcançaram outros níveis de escolaridade. Desse percentual, 92% estão frequentando algum curso de nível superior, 0,5% cursos técnicos e 0,3% cursos de qualificação profissional. Conclui-se que o programa de EJA a distância do Sesi Bahia contribui de forma significativa para a promoção de seu alunado a outros níveis de formação.

Segundo os dados do PNAD (2018), hoje temos 52,6% da população acima de 25 anos que não possui o ensino médio, sendo que a maior parte (33,1%) se quer concluiu o ensino fundamental.

Em meio a este cenário, a educação de jovens e adultos a distância pode ser uma grande aliada para aumentarmos o nível de escolarização da população brasileira.

REFERÊNCIAS

ALBAEK, Erik. Knowledge, interests and the many meanings of evaluation: a evelopmental perspective. Scandinavian Journal of Social Welfare, 1998 7: 94-98. [ Links ]

ALCOFORADO, L. M. Reconhecimento, validação e certificação de saberes experienciais: desafios para a formação continuada. Trabalho&Educação. Belo Horizonte: 2014, V.23, n.3, p. 13-20. [ Links ]

ALVES, J. R. M. A história da EAD no Brasil. In: LITTO, F. M.; FORMIGA, M. (Org.). Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Editora Pearson, p. 9-13, 2009. [ Links ]

ARROYO, Miguel G. Fracasso/sucesso: um pesadelo que perturba nossos sonhos. Em Aberto, Brasília, v. 17, n. 71, p. 33-40, jan. 2000. [ Links ]

ARROYO, Miguel G. Educação de Jovens-adultos: um campo de direito e de responsabilidade pública. In: Soares; L. G. , CASTRO, M. A.G.; GOMES, N. L. (Org). Diálogos na educação de jovens e adultos. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p. 19-50. [ Links ]

BARRETO, H. Aprendizagem por televisão. In: LITTO, F. M.; FORMIGA, M. (Org.) Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Prentice Hall, p. 449-455, 2009. [ Links ]

BRASIL. Parecer CNE/CEB 01/2016. Proposta de desenvolvimento de experiência pedagógica para oferta de programa nacional de Educação de Jovens e Adultos (EJA), nos níveis do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, em escolas do SESI. D.O.U. de 27/4/2016. Disponível em: < Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=33201-cne-ceb-parecer-n01-2016-pdf&category_slug=fevereiro-2016-pdf&Itemid=30192 > Acessado em: 15 jun. 2020. [ Links ]

BRASIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF, 1996. [ Links ]

BRASIL. BRASIL. IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD). 2018. Disponível em: <Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2007 />. Acesso em: 20 mar. 2020. [ Links ]

BRUNNEAU, Thomas. Catolicismo brasileiro em época de transição. São Paulo, Loyola, 1974. [ Links ]

CAMINHA, I. S. Contribuições da EAD para o ensino superior presencial na visão de alunos egressos da educação de jovens e adultos. 2011. 122 f. (Profissionalizante em gestão e desenvolvimento regional) - Universidade de Taubaté, Taubaté, São Paulo. [ Links ]

CANARIN, G. J. A organização curricular da educação de jovens e adultos na modalidade ead, na perspectiva da educação profissional técnica de nível médio. 2013. 105 f. Dissertação (Mestrado em educação). Universidade do Sul de Santa Catarina, Santa Catarina, 2013. [ Links ]

CENSO EAD.BR. Relatório analítico da aprendizagem a distância no Brasil 2018. ABED - Associação Brasileira de Educação a Distância.Curitiba: InterSaberes, 2019. Disponível em: <Disponível em: http://abed.org.br/arquivos/CENSO_DIGITAL_EAD_2018_PORTUGUES.pdf >. Acesso em: 23 mar. 2020. [ Links ]

FERREIRA, M. C. A. Docência Online: Rupturas e possibilidades para a prática educativa. 2006. 183f. Dissertação (Mestrado em Educação e Contemporaneidade) - Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2006. [ Links ]

FRÓES. T. Análise contrastiva: memória da construção de uma metodologia para investigar a tradução de conhecimento cientifico em conhecimento público. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.3, n.3, p.16, jun. 2002. [ Links ]

GADOTTI, M. Educação de jovens e adultos: correntes e tendências. In: MOACIR G.; ROMÃO, J. E. (Org.). Educação de jovens e adultos: teoria, prática e propostas. 12. ed. São Paulo: Cortez, p. 35-47, 2011. [ Links ]

HAGUETTE, T. M. F. Metodologias qualitativas na sociologia. 14 ed. Petrópolis: Vozes, 2013. [ Links ]

KRAEMER, M. E. P. A avaliação da aprendizagem como alavanca para construção de uma nova escola. Academia Brasileira de Direito, 2006. Disponível em: <Disponível em: http://www.abdir.com.br/doutrina/imprimir.asp?art_id=852 >. Acesso em: 10 maio 2016. [ Links ]

LIMA, C. B. O uso do design instrucional no desenvolvimento de curso a distância para professores da educação de jovens e adultos do Sesi-CE. 2013. 112 f. Dissertação (Mestrado Profissional em computação aplicada) - Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2013. [ Links ]

LÜDKE, M; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. [ Links ]

MAGALHÃES, J. P. Tecendo nexos: história das instituições educativas. Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2004. [ Links ]

MAIA, C.; MATTAR, J. ABC da EaD: a educação a distância hoje. São Paulo: Pearson Prentice Hall , 2007. [ Links ]

MARTINS, M. A. Avaliação de desempenho empresarial como ferramenta para agregar valor ao negócio. ConTexto, Porto Alegre, v. 6, n. 10, 2. Sem. 2006. Disponível em: <Disponível em: http://www.seer.ufrgs.br/ConTexto/article/viewFile/11231/6634 >. Acessado em: 09 jun 2020. [ Links ]

MORAES, Salete Campos de. Educação Especial na EJA: contemplando a diversidade. Porto Alegre: Prefeitura Municipal de Porto Alegre/Secretaria Municipal de Educação, 2007. [ Links ]

MORAIS, C. L. Educação básica e educação profissional na Bahia: avaliação de resultado do programa de articulação do ensino médio do Sesi com cursos técnicos do SENAI. 2013, 196f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Educação, Salvador, 2013. [ Links ]

NACIF, P. G. S. et al. Educação de Jovens e Adultos na perspectiva do Direito à Educação ao Longo da Vida: caminhos possíveis. In: Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Coletânea de textos CONFINTEA Brasil+6: tema central e oficinas temáticas. Brasil: MEC, 2016. [ Links ]

MURILLO F.J. La investigación Etnográfica. Universidad Autónoma de Madrid. 2005. Disponível em: http://www.uam.es/personal_pdi/stmaria/jmurillo/InvestigacionEE/Present aciones/Etnografica_doc.pdf. Acessado em: 09 jun 2020. [ Links ]

PACHECO. J. A . Currículo: teoria e práxis. Porto, Portugal: Ed. Porto, 2001. [ Links ]

PAIVA, V. História da Educação Popular no Brasil: Educação Popular e Educação de Adultos. 7. Ed. São Paulo: Edições Loyola, 2015. [ Links ]

PIMENTEL, F. P. O Rádio Educativo no Brasil, uma visão Histórica. Rio de Janeiro. Soarmec Editora, 1999. [ Links ]

REGO, M. F. C. do. O processo interacional em material didático para EJA na modalidade de educação a distância. 2014. 83 f. Dissertação (Mestrado em Estudos de Linguagem), Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2014. [ Links ]

REIS, G. A. Jovens e adultos na educação a distância: uma perspectiva disposicionalista. 2014. 151 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade de Brasília, Brasília, 2014. [ Links ]

RIBEIRO, V. M. Referências internacionais sobre avaliação da educação de adultos. In: CARREIRO, D. et al (Org.). A EJA em xeque: desafios das políticas de educação de jovens e adultos no século XXI. São Paulo: Global, 2014. [ Links ]

SACRISTÁN, J. G. (Org.). Saberes e incertezas sobre currículo. Trad. Alexandre Salvaterra, Porto Alegre: Penso, 2013. [ Links ]

SACOOL, Amarolinda; SCHLEMMER, Eliane; BARBOSA, Jorge. M-learning e u-learning: novas perspectivas das aprendizagens móvel e ubíqua. São Paulo: Pearson Prentice Hall , 2011. [ Links ]

SARAIVA. T. Boletim Técnico do SENAC - v. 21, n. 3, set./dez., 1995. Disponível em: <Disponível em: http://www.senac.br/bts/213/2103032045.pdf >. Acesso em: 18 abr. 2016. [ Links ]

SESI. Serviço Social da Indústria. Departamento Nacional. Manual de Orientação do Programa de Educação Familiar. Brasília: Sesi/DN, 1980. [ Links ]

SESI. Serviço Social da Indústria.. Metodologia de Reconhecimento de Saberes - MRS “Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências”. Documento Complementar I Matriz de Referência Curricular, Brasília, 2016. [ Links ]

VIEIRA, M.; TENÓRIO, R. Lacunas Conceituais na Doutrina das Quatro Gerações: elementos para uma teoria da avaliação. In: TENÓRIO, R.; LOPES, U. M. (Org.). Avaliação e Gestão: Teorias e Práticas. Salvador: Edufba, p. 53-73, 2010. [ Links ]

VILHENA, E. R. A. Educação de jovens e adultos na modalidade a distância: o impacto da gestão no combate a evasão. 2012. 157f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Católica de Brasília, 2012. [ Links ]

WEISS, C. H. Have we learned anything new about the use of evaluation? American Journal of Evaluation, 19, p. 21-34, 1998. [ Links ]

YIN, Robert K. -Case Study Research - Design and Methods. Sage Publications Inc., USA, 1989. [ Links ]

WORTHEN, B. R.; SANDERS, J. R.; FITZPATRICK, J. L. Avaliação de programas: concepções e práticas. São Paulo: Editora Gente, 2004. [ Links ]

SOBRE OS AUTORES:

1 A comunidade é entendida, no contexto do Sesi, como pessoas que não possuem vínculo empregatício com a indústria.

Recebido: 30 de Março de 2020; Aceito: 10 de Julho de 2020

Gisele Marcia de Oliveira Freitas Doutorado em Difusão do Conhecimento, UNEB (em curso); Serviço Social da Industrial - Brasil; Grupo de Pesquisa em Políticas educacionais, Gestão e Tecnologias.

Maria da Conceição Alves Ferreira Doutorado em Educação, UFRN; Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Brasil; Programa de Mestrado Profissional em Educação de Jovens e Adultos; Grupo de Pesquisa em Políticas educacionais, gestão e Tecnologias.

Francisca de Paula Santos da Silva3 Doutorado em Educação, UFBA; Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Brasil; Programa de Mestrado Profissional em Educação de Jovens e Adultos; Doutorado em Difusão do Conhecimento - Grupo de Pesquisa Sociedade Solidária, Educação, Espaço e Turismo.

Alfredo Eurico Rodrigues Matta4 Doutorado em Educação, UFBA; Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Brasil; Programa de Mestrado Profissional em Educação de Jovens e Adultos; Doutorado em Difusão do Conhecimento - Grupo de Pesquisa Sociedade Solidária, Educação, Espaço e Turismo.

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons