Prezados leitores:
A revista Educação apresenta, nesta edição, o dossiê “Infância e cidade: diálogos com a educação”, organizado pelas Professoras Vania Carvalho de Araújo (PPGE/UFES) e Lígia Maria Leão de Aquino (PROGED/UERJ). Essa importante temática foi generosamente pensada pelas organizadoras tendo em vista que “desde o plano oculto de suas intenções às evidências de seus constrangimentos e de suas possibilidades educativas, tornando imperativo conhecer melhor a cidade e as infâncias que nela habitam”, como por elas explicado na ocasião da elaboração da proposta do Dossiê. O Dossiê foi aprovado, pelo Conselho Editorial da Educação pois, trata-se de um movimento atento as várias lógicas da cidade e interface com a questão das infâncias, temática transversal à educação, cujas demandas, significações e protagonismo são a cada dia mais emergentes na sociedade contemporânea.
A educação é chamada a dialogar com as dinâmicas sociais e com as diferentes categorias geracionais nela presentes. Assim, a proposta desta edição é reunir pesquisadores de diferentes instituições educativas e campos disciplinares que se encontram mobilizados em empreender novos estudos e debates interface com a educação.
A apresentação do Dossiê é de José G. Gondra, que além de abrir o Dossiê, inaugura os debates as cidades e sobre as diferentes formas de conviver e habitá-la, tomando as especificidades e particularidades da questão geracional e as relações instáveis que se estabelecem nestes espaços, o que torna as cidades dinâmicas e em permanente construção.
Além dos oito artigos que compõem o Dossiê, esta edição conta também com a seção “Outros temas”, que trata da política editorial da diversidade temática, num espelhamento das diversas produções intelectuais da área. Compreendemos que a Revista, como um espaço de divulgação científica, deve evitar o represamento dos artigos de qualidade, rigor e relevância, tornando-se um interlocutor para a construção de um mundo mais justo e mais heterogêneo. Assim, outros seis artigos organizam essa seção.
O primeiro artigo é “O desafio da mobilização institucional na formação docente”, onde Patricia Meyer, Cinthia Bitencourt Spricigo, Elisangela Ferreti Manffra e Dilmeire Sant'anna Ramos Vosgerau” oferecem um ensaio decorrente de um estudo de caso que teve por objetivo examinar o desafio da mobilização institucional na formação docente a partir da atuação do setor responsável por essas estratégias no âmbito de uma universidade comunitária confessional. “Engajamento acadêmico: desafios para a permanência do estudante na Educação Superior”, de Maria Inês Côrte Vitória, Alam Casartelli, Rosa Maria Rigo e Priscila Trarbach Costa analisa as implicações pedagógicas decorrentes dos processos de engajamento acadêmico. O artigo é debruçado sobre o conceito de engagement, em sua multiplicidade de significados e aspectos que o compõem e que, quando utilizado para pensar sobre o ensino superior, tem se revelado uma importante estratégia no que se refere ao acesso, permanência e redução da evasão no mundo acadêmico.
“A inclusão das crianças com deficiência na educação infantil: Processo em construção”, cuja autoria é de Fabíola Fernanda Patrocínio Alves, é resultado de um estudo teórico cujo foco é a discussão sobre a inclusão das crianças com deficiência na Educação Infantil. O artigo apresenta importantes considerações sobre o conceito de infância, sinalizando que a deficiência é uma experiência que institui singularidades no modo como a criança vivencia sua infância. Além desta importante consideração, a autora aborda ainda a constituição do campo da Educação Infantil, perpassando uma identidade relacionada com assistencialismo à etapa da Educação Básica. Por fim, contextualiza a educação especial na perspectiva da educação inclusiva, apontando os desafios relacionados à inclusão das crianças com deficiência no âmbito da creche e pré-escola.
Em “O ensino de Filosofia da Educação e as noções de bons encontros, acontecimento e superfície”, Fernanda Mota nos apresenta considerações sobre as noções de bons encontros, acontecimento e superfície no âmbito da filosofia da educação. O texto é fruto de uma pesquisa de caráter bibliográfico a partir de autores contemporâneos e estudos posteriores feitos por estudiosos sobre as ideias destes autores. Como fundamentação teórica, a autora adota autores como: Scruton, Deleuze e Guattari, Deleuze, Foucault e Pagni, dentre outros.
“Brasil e Uruguai: influências e aproximações no campo intelectual educacional”, cujos autores são Eduardo Arriada, Caroline Braga Michel e Gabriela Medeiros Nogueira, é pautado no campo da história da educação. Os autores discutem os itinerários de formação dos intelectuais de Pelotas, cidade ao sul do Rio Grande do Sul, as redes de sociabilidades e a influência de autores uruguaios nas suas formações. Trata-se de um interessante texto que retoma o início do século XX, palco de acirradas disputas ideológicas no campo educacional, contextualizando as realidades no Brasil e no Uruguai.
Ainda, em “Docência na prisão: relação professor/aluno e identidade docente”, Alisson José Oliveira Duarte e Helena de Ornellas Sivieri-Pereira buscaram descrever como a relação do professor com seus alunos, em situação de privação de liberdade, pode influenciar na maneira pela qual o professor constitui sua autoimagem, autoestima e realização profissional. Através de pesquisa empírica com cinco professores da educação escolar de uma instituição prisional e com a diretora da escola, que foram entrevistas, além do uso de diário de campo, os autores identificaram a importância da relação professor/aluno no processo de constituição da identidade profissional dos professores da unidade prisional pesquisada.
Por fim, somos gratos pela confiança dos autores que submetem seus trabalhos à nossa revista. Desejamos boa leitura!
Editora
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil