Ações. (Des)Criar ações. Agir ( e não agir ( no plural dos tempos e espaços. Tomar a criar-atividade não como trabalho sobre trama lisa, passada e engomada, mas como re-união de retalhos, costurando, esgarçando, remendando e puindo sentidos. Aparas.
(Des/Re)Criar ações em educações. Fazer emergir educações também múltiplas, plurais em finas destinos e singulares em (entre)meios trajetos. Que plainam, mergulham, (se) encharcam, chacoalham e espirram. Voos.
(Des/Re)Criar ações e(m) quase educações. Derramar educações que resistem à forma, à fôrma, e, amalgamadas às variadas artes e culturas, escorrem pelas quinas da educação formal, formalizada e formalizante, sem preenchê-las, derretendo as superfícies das certezas, veiando-se às experiências do vivido, escorrendo, contaminando, colorindo. Vazantes.
Neste número, a Revista ETD traz o Dossiê Des-cri(a)cões e(m) quase-educações, proposto pelas professoras Elenise Cristina Pires de Andrade e Daniela Franco Carvalho. Reunindo 6 artigos, o dossiê se propõe a desacormodar o conceito de educação e transformá-lo em múltiplo, transpassando-o por sociologias, artes, educações ambientais e discursos dos mais diversos. Em uma forma potente de (des)entender a educação a partir das artes e das culturas, estes textos nos trazem a perspectiva das educações não como escada, mas como malha de trilhas e picadas des-hierarquizantes, confusa, entremeada e viva.
Em um movimento (poético) de despertencer aos limites da área científica, o coletivo de textos apresentados neste dossiê move-se em piruetas, como um bocó truão3. Atrapalhando as fronteiras entre os campos que se avizinham à educação e borrando as bordas demarcadas do academicismo de forma irreverente e brincalhona, resistente e combativa às rigidezes da utilidade dos saberes e das palavras. Lembrando Manoel de Barros em sua “Arte de Encantar Formigas”
As coisas tinham para nós uma desutilidade poética.
Nos fundos do quintal era muito riquíssimo o nosso dessaber.
A gente inventou um truque pra fabricar brinquedos com palavras.
O truque era só virar bocó4.
Com a publicação deste Dossiê e dos demais textos constantes nesta edição, a Revista ETD se presta a cometer uma meninice, um aproveitar(-se) por entre jardins, por quases quintais, por jardins de misturas: evocando Picarelli (2007), um gracejo daqueles que “lidam deliberadamente com a mistura, que aceitam a mistura - sem deixar de escolher” (p. 28)5. Em QuaseS plurais ( que não se resolvem pela ordem do comparativo a diminuir, mas que chegam perto e encostam (e alastram, e entranham!) ( esperamos que os escritos presentes neste número afetem, de forma tão bonita e fresca quanto visceral, como a flor do mato. Que nunca se arranque!
Agradecemos às organizadoras do dossiê e aos demais autores pela participação e desejamos boa leitura!