INTRODUÇÃO
O ensino médico brasileiro iniciou-se na Bahia, em 1808, com a chegada da família imperial ao Brasil1. O currículo passou por transformações, e a mais recente se deu com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) em 20142. Houve várias mudanças, mas cabe destacar que o curso de Medicina mantém seis anos de duração e em formato presencial, e classicamente a matriz curricular está estruturada em três ciclos: básico, clínico e internato. Mas, desde a notificação do primeiro caso de infecção pelo severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (Sars-CoV-2), medidas de biossegurança e de segurança vêm sendo adotadas, o que levou o Ministério da Educação (MEC), em 19 de março de 2020, a autorizar, em caráter excepcional, a substituição das disciplinas presenciais do curso por aulas que utilizassem meios e tecnologias de informação e comunicação remotos, exceto o internato3.
A Associação Brasileira de Educação Médica (Abem) recomenda que, nos dois primeiros anos da graduação, obrigatoriamente deve haver uma disciplina voltada para os primeiros socorros ou suporte básico de vida (SBV). Dos 17 temas sugeridos pela Abem, dez são contemplados no primeiro ano da graduação na Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), na disciplina de Fundamentos Assistenciais e Primeiros Socorros, com atividades teóricas e práticas4.
No plano de ensino da disciplina de Fundamentos, até 2019, o treinamento de habilidades manuais em SBV estava baseado em ensino teórico e atividades práticas presenciais, realizadas em ambientes seguros e controlados com simuladores.
Diante da situação preocupante decorrente do cenário pandêmico, tornou-se desafiador ensinar temas que demandam desenvolvimento psicomotor de forma não presencial aos estudantes ingressantes em Medicina. Essa mudança inesperada do presencial para ensino remoto emergencial em ambiente virtual de aprendizagem (AVA) levou as docentes da disciplina a se adaptar à nova realidade com estratégias usadas no ensino a distância (EaD), considerando o momento, a temática e a infraestrutura disponível5.
No que tange ao SBV relacionado ao atendimento de uma pessoa vítima de parada cardiorrespiratória (PCR), foi necessário não só fazer a transposição das atividades teórico-cognitivas, mas também das psicomotoras.
Visando atingir objetivos educacionais em reanimação cardiopulmonar (RCP) no ambiente virtual, buscou-se readequar o ensino teórico-prático presencial tradicional ao remoto-interativo com simulação, incluindo a discussão dos aspectos éticos envolvidos no atendimento a pessoas em PCR. Assim, o objetivo geral deste relato de experiência é descrever ações estratégicas didático-andragógicas adotadas para transposição do ensino médico presencial com simulação em RCP para o remoto-interativo.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Trata-se de um relato de experiência de abordagem descritiva e reflexiva de oito docentes. A experiência do ensino remoto-interativo com simulação em SBV na temática RCP ocorreu no primeiro semestre de 2021 e agregou o cenário das disciplinas de Fundamentos Assistenciais e Noções de Primeiros Socorros (D1) e Bioética e Humanidades Médicas (D2), do Departamento de Saúde Coletiva. Ambas são ministradas para estudantes matriculados no primeiro ano do curso de graduação médica da FMJ, situada na cidade de Jundiaí, no estado de São Paulo.
A disciplina de Fundamentos, ministrada por quatro docentes enfermeiras, tem carga horária de 72 horas. Especificamente para a aula-objeto deste relato, intitulada “Primeiros socorros: suporte básico de vida a uma pessoa em parada cardiorrespiratória fora do ambiente hospitalar”, planejaram-se duas horas de teoria e três horas de prática, tempo definido na expectativa de:
Desenvolver conhecimento científico (competência cognitiva), habilidade técnica (competência cognitiva e procedimental) e atitudes éticas e humanizadas (competências pessoais e sociais), calcadas em protocolos e diretrizes clínicas com o uso da melhor evidência científica em urgências e emergências.
Integrar, nos múltiplos espaços do cotidiano, a aprendizagem pessoal à colaborativa e o mundo físico ao digital.
Combinar atividades que capacitem estudantes para situações em que possam vivenciar emergências clínicas e traumáticas na temática PCR.
A disciplina de Bioética e Humanidades Médicas também é ministrada no primeiro semestre do curso de Medicina da FMJ, com carga de 72 horas. A professora responsável é cientista social com formação em saúde coletiva. Um dos objetivos da disciplina é desenvolver habilidades de tomada de decisões relativas às questões éticas envolvidas no processo de cuidar. Nesse sentido, visa auxiliar os estudantes a também relacionar essas habilidades com o Código de Ética Médica e as leis que se referem ao exercício profissional6. A discussão dos aspectos éticos envolvidos no atendimento a pessoas em parada cardiopulmonar foi inserida na discussão mais ampla sobre bioética e final da vida.
Para transposição didática, houve atuação de uma força-tarefa que envolveu, além das docentes das duas disciplinas já mencionadas, o trabalho colaborativo de uma estatística e um médico que lecionam, respectivamente, as disciplinas de Pesquisa em Saúde e Propedêutica na FMJ; e uma enfermeira, docente das disciplinas Enfermagem e Emergências e Cuidados Intensivos e Introdução às Técnicas Básicas, nos cursos de Enfermagem e Medicina, respectivamente, na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A partir desse trabalho colaborativo multiprofissional e multidisciplinar, realizaram-se adequações no processo de ensino-aprendizagem para adaptar o que estava previsto para ser presencial com simulação à nova abordagem remota.
Entende-se como educação remota interativa em AVA uma modalidade de ensino-aprendizagem em sala de aula virtual, com atividades andragógicas mediadas por tecnologias e plataformas digitais, em que a comunicação entre as pessoas se dá por meio da interconexão dos computadores por meio da internet5),(7),(8. A comunicação nesse ciberespaço ocorre de forma assíncrona e síncrona. Na primeira forma, docente e discente não precisam estar conectados on-line, simultaneamente, no mesmo espaço virtual para que a comunicação ocorra entre eles. Já para segunda, isso é necessário7.
A simulação, por sua vez, é uma metodologia ativa e participativa de ensino, cujo ambiente controlado é passível de ser adaptado às necessidades do momento e da situação hipotética da realidade9)-(11. O estudante integra teoria e prática, vivencia situações de erros e acertos pela repetição dos procedimentos até o acerto e melhora suas ações por meio de feedback, avaliação e reflexão, de tal forma que desenvolva competência de atender sem o risco de causar dano ao paciente9)-(12. Tradicionalmente, a simulação é praticada de forma presencial.
A simulação, alternativamente, pode ser aplicada de forma remota. Assim sendo, surge a telessimulação como uma modalidade de ensino-aprendizado que permite às pessoas participar de maneira remota desse processo calcado na simulação clínica13.
A partir desses conceitos, elaboraram-se planos para ensino remoto interativo com simulação envolvendo as duas disciplinas, com integração de metodologias ativas e tecnologias digitais de informação e comunicação (Tdic).
Os objetivos educacionais dos planos de aula das duas disciplinas e do template de cenários com diferentes técnicas foram baseados na taxonomia de Bloom13)-(17. As DCN de 2014 e os protocolos da American Heart Association também foram utilizados para definição dos conteúdos teóricos e práticos relacionados ao SBV em RCP2),(18)-(24. Para embasar a discussão dos aspectos bioéticos da RCP, recorreu-se à chamada Teoria Principialista, ao Código de Ética Médica e às resoluções nºs 1.805/2006 e 1.995/2012 do Conselho de Federal de Medicina6),(24)-(26.
As atividades foram planejadas para serem realizadas na plataforma Google Sala de Aula, vinculada à conta institucional, onde se hospedou todo o conteúdo para mediar a educação. Combinaram-se diferentes estratégias de ensino, materiais, mídias e linguagens com materiais didáticos on-line hipermidiáticos e off-line multimidiáticos, compostos por diferentes tipos/formatos (Quadro 1).
Estratégias de ensino e aprendizagem | Elementos midiáticos | Materiais didáticos |
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Aula expositiva integrativa: (D1 e D2) | Sala de aula virtual | Projeção de slides por meio de programa computacional |
Textos | ||
Aulas gravadas | ||
Vídeos | ||
Áudios | ||
Chats | ||
Encenação/dramatização (D1) | Sala de aula virtual | Cenário de simulação e simuladores artesanais |
Treinamento por simulação em grupo (D1) | ||
PDCR (D1) | ||
Treinamento por simulação individual (D1) | Vídeos | |
Discussões por turma separadamente (D1) | Sala de aula virtual Chats | Checklist |
Discussões com todas as turmas (D2) | ||
Discussões em grupos de 15 estudantes (D1) |
D1 = disciplina 1: Fundamentos Assistenciais e Noções de Primeiros Socorros; D2 = disciplina 2: Bioética e Humanidades Médicas; PDCR = Prática Deliberada em Ciclos Rápidos.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Assim, foi possível apresentar o conteúdo sobre RCP em linguagem diversificada com estratégias e materiais organizados em três momentos diferentes denominados de preparação do estudante para o ensino remoto interativo com simulação, atividades de aprendizagem e autoavaliação.
Preparação do estudante: Foi solicitado que o estudante criasse dois simuladores artesanais, um torso de garrafa PET e um desfibrilador externo automático - DEA (Figura 1). Solicitou-se que fossem construídos uma semana antes da data programada para a aula teórico-prática, conforme orientações dos docentes e vídeo postado27 no mural da sala de aula virtual. A validação dos simuladores foi realizada pelas professoras da D1 antes das práticas simuladas. Verificaram-se funcionalidade e semelhanças com um tórax humano e um DEA.
Nessa fase, também houve o levantamento do conhecimento pregresso, e apresentaram-se aos estudantes os objetivos educacionais e as competências a serem desenvolvidas.
Atividades de aprendizagem: Os 120 estudantes matriculados no primeiro ano do curso de Medicina foram divididos em dois grupos de 60 alunos, segundo o dia programado para as aulas teórico-práticas remotas interativas em AVA. Todos tiveram a oportunidade de participar das atividades planejadas (Quadro 2).
Atividade de aprendizagem | Forma de comunicação | Interação | Nota | Presença | Adesão N (%) |
---|---|---|---|---|---|
Construção do torso | Assíncrona | Individual | Não | Não | 104 ( 86,7) |
Construção do DEA | Assíncrona | Individual | Não | Não | 09 (7,5) |
Produção do vídeo | Assíncrona | Individual | Não | Não | 02 (1,7) |
Aula 1 - Fundamentos SBV - PCR _RCP | Síncrona | Grupo P/E | Não | Sim | 120 (100,0) |
Dramatização | Síncrona | Grupo P/E | Não | Sim | 120 (100,0) |
Aula 2 - Bioética | Síncrona | Grupo P/E | Não | Sim | 120 (100,0) |
Discussão - Bioética | Síncrona | Grupo P/E | Não | Sim | 120 (100,0) |
Treinamento de habilidades | Síncrona | Grupo P/E | Não | Sim | 120 (100,0) |
Prática deliberada em ciclo rápido | Síncrona | Grupo P/E | Não | Sim | 120 (100,0) |
Treinamento de habilidades | Assíncrona | Individual | Não | Não | 02 (1,7) |
Autoavaliação estudante | |||||
Pré-teste: Conhecimento teórico (QF) | Síncrona | Individual | Não | Não | 26 (21,7) |
Pós-teste: Conhecimento teórico (QF) | Síncrona | Individual | Não | Não | 21 (17,5) |
Bioética (QF) | Síncrona | Individual | Não | Não | 21 (17,5) |
Satisfação (QF) | Assíncrona | Individual | Não | Não | 11 (9,2) |
Autoconfiança (QF) | Assíncrona | Individual | Não | Não | 11 (9,2) |
Imagens gravadas em vídeo (Checklist) | Assíncrona | Individual | Não | Não | 02 (1,7) |
N = Número de participantes; % = percentual; DEA = desfibrilador externo automático; SBV = suporte básico de vida; PCR = parada cardiorrespiratória; RCP = reanimação cardiopulmonar; P/E = professor e estudante; QF = questionário do tipo Google Forms.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Após embasamento teórico e discussões sobre aspectos éticos, foram realizados os treinamentos, que ocorreram em AVA, no domicílio, com simuladores artesanais construídos pelo próprio estudante, sozinho ou com a participação da família ou de colegas de moradia.
No treinamento de habilidades a distância, dois professores dramatizaram de forma síncrona o atendimento de RCP a uma pessoa em PCR em cenário de simulação domiciliar. Encenaram as etapas do atendimento, conforme literatura, demostraram o posicionamento corporal do estudante para realizar RCP e esclareceram dúvidas.
Após essa etapa, os estudantes fizeram as compressões torácicas, utilizando o torso artesanal, ao ritmo da música “Stayin alive”. As quatro docentes acompanharam três ciclos na sala de aula virtual e deram os feedbacks imediatos. Atentaram para o posicionamento corporal entre estudante e simuladores artesanais, e a automatização das habilidades de compressões regulares dos movimentos torácicos descendentes e ascendentes.
Na sequência, realizou-se a Prática Deliberada em Ciclos Rápidos (PDCR), também de forma remota e síncrona, em grupos formados por no máximo 15 estudantes, acompanhados virtualmente por uma professora14. Criaram-se cenários que reproduziram situações de PCR em domicílio. Cada estudante realizou um atendimento. Simularam-se quatro casos clínicos com ciclo progressivo de complexidade. O tempo variou de estudante para estudante. Embora a complexidade dos dois primeiros casos fosse menor, a prática demandou maior tempo, decorrente do maior número de intervenções e feedbacks. Os erros cometidos e pontuados pelas docentes eram superados no ciclo seguinte e no cenário subsequente. A cada cenário, conhecimentos e habilidades eram agregados a todo o grupo. As docentes usaram um checklist norteador.
Também se propôs que o estudante fosse ator ativo no processo da sua aprendizagem. Solicitou-se que produzisse um vídeo em que realizasse um atendimento hipotético de uma pessoa em PCR e avaliasse as imagens gravadas da RCP utilizando um checklist fornecido pelas docentes. Essa simulação clínica assíncrona foi mais uma alternativa para atribuir sentido da teoria à prática, pois se acredita que, impulsionados a utilizar recursos imagéticos, os estudantes podem ter experiências práticas reais e sensoriais mais diversificadas e não lineares, e que, diante de situações de enfrentamento e descobertas, sejam levados a refletir e identificar suas fragilidades, e instigados a aprender7),(8.
A avaliação formativa foi realizada por docentes durante o treinamento de habilidades e a PDCR e pelos próprios estudantes que concordaram em se autoavaliar. Criaram-se instrumentos para medir o conhecimento teórico, técnico-científico e ético-legal, e habilidades procedimentais (psicomotoras): questionários semiestruturados no Google Forms (QF) e checklist; também foi utilizada a Escala de Satisfação de Estudantes e Autoconfiança na Aprendizagem, validada no Brasil28.
DISCUSSÃO
A experiência relatada confirma que a transposição do modelo tradicional para o ensino remoto-interativo com simulação, composta por atividades teórico-práticas, foi singular e desafiadora para docentes e discentes, conforme observado também em outros contextos, na situação de pandemia29.
A urgência necessária para realizar essa transposição e a falta de capacitação prévia dos docentes e de infraestrutura tecnológica disponível constituíram os obstáculos mais evidentes nesse processo. Mas a prática interprofissional e colaborativa entre docentes possibilitou integrar competências individuais de cada um ao planejamento e à implementação do ensino remoto emergencial com simulação clínica. Essa integração entre docentes com diferentes formações agregou uma diversidade de valores ao processo em suas várias etapas. Para os estudantes, também foi desafiador, pois, além das atividades andragógicas, tiveram que confeccionar simuladores e montar cenários para simulação clínica em seus domicílios. Entretanto, percebeu-se que para alguns foi um momento de prazer, criativo, de associação com outras disciplinas e de socialização com a família. Acredita-se que a confecção de simuladores artesanais, pelos próprios estudantes para simulação clínica,
[...] estimula a criatividade, a resolução de problemas, o trabalho em equipe, o trabalho multiprofissional e a comunicação entre pares e outros agentes. São algumas competências necessárias para a formação de profissionais de saúde, geralmente com poucas oportunidades de serem trabalhadas durante os cursos de graduação e residência (p.122)30.
A integração das abordagens das duas disciplinas - Fundamentos e Bioética - também contribuiu para ampliar a inserção dos estudantes na temática da RCP, na medida em que a discussão dos casos clínicos propostos também a partir do referencial bioético levou o debate para além dos aspectos técnicos e estimulou a reflexão acerca do papel dos futuros médicos como aqueles que cuidarão de pessoas e suas famílias, e não apenas de casos clínicos. Nesse sentido, a experiência relatada vai ao encontro do que as DCN descrevem como características da formação do graduado em Medicina: “geral, humanista, crítica, reflexiva e ética [...]”2.
Ao mesmo tempo, porém, observou-se baixa adesão dos discentes à proposta de se autoavaliarem durante a experiência, o que impossibilitou um diagnóstico preciso do aprendizado, da satisfação com a metodologia de ensino remoto com simulação e da autoconfiança para realizar manobras de RCP. É possível que essa baixa adesão tenha se relacionado, por um lado, a uma certa decepção dos estudantes - acadêmicos do primeiro ano - em face das limitações impostas pela pandemia para que pudessem realizar as atividades presencialmente. Por outro lado, também é possível pensar que, mesmo tendo sido esclarecidos sobre o propósito dessa autoavaliação, não tenham compreendido o valor heurístico dessa experiência para promover o aprendizado da RCP ainda que de maneira remota. Essa resistência a aderir ao conjunto das atividades propostas pode ser devida, em parte, à maior afinidade e ao sentimento de segurança relacionados ao estilo de aprendizagem tradicional.
Estudos sobre estilos de aprendizagem podem dar uma luz a esse comportamento31)-(34. Há quatro “perfis psicológicos de aprendizagem” calcados nas vias de preensão e transformação do “novo”: experiência concreta, experimentação ativa, conceituação abstrata e observação reflexiva. Cada estilo de aprendizagem se adapta a certas modalidades de ensino. Como exemplo, os estilos “experimentação ativa” e “experiência concreta” teriam maior afinidade com a simulação clínica que os estilos “observação reflexiva” e “conceituação abstrata”. Neste relato, não se realizou o “inventário dos estilos de aprendizagem”, o que limita a possibilidade de fazer inferências mais concretas a esse respeito.
O meio remoto interativo e a simulação de baixa fidelidade mostram-se suficientes; a iniciativa ocorreu no início do curso, e, portanto, os objetivos de aprendizagem foram próprios dessa fase. Porém, não há um estudo comparativo que mostre que o desenvolvimento foi semelhante ao presencial. Consequentemente, será necessário que a assessoria pedagógica avalie as possíveis lacunas de aprendizagem e como poderão ser superadas ao longo do curso.
Mesmo considerando as limitações mencionadas, acredita-se que a abordagem utilizada, combinando alguns meios tecnológicos, possibilitou o ensino e a aprendizagem da RCP de estudantes primeiranistas no contexto das restrições impostas pela pandemia em curso. Os estudantes tiveram a oportunidade de desenvolver competências cognitivas, técnicas e comportamentais, e avaliar o próprio progresso, realizando e recebendo feedbacks imediatos, bem como por meio de avaliação formativa sem atribuição de nota.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A transposição didática do processo de ensino e aprendizagem mediada por tecnologias possibilitou que estudantes primeiranistas se aproximassem do conteúdo teórico e participassem de simulações clínicas síncronas e assíncronas, em seus lares, com segurança. Entretanto, percebeu-se dificuldade de adesão dos estudantes em adotar uma postura mais ativa e de autoavaliação.