INTRODUÇÃO
O estágio curricular é um momento de integração dos discentes com o mundo do trabalho, etapa indispensável no processo de desenvolvimento e aprendizado de competências específicas da atividade profissional, de acordo com os princípios e as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS)1),(2. Esse tipo de estágio foi regulado pela Lei nº 11.788/2008, sendo caracterizado como um ato educativo supervisionado e desenvolvido em ambiente de trabalho3.
O estágio é uma atividade curricular que permite ao discente promover a articulação entre os conhecimentos construídos na academia e as demandas dos serviços. Favorece o crescimento pessoal mediante o desenvolvimento de ações vivenciadas que permitam experiências significativas e motivadoras, para que os alunos possam adquirir uma identidade profissional na sua atuação4)-(6.
Devido à complexidade, o processo de ensino das práticas deve ser desenvolvido de forma articulada entre o centro formador e os serviços de saúde, sempre alinhados aos princípios do SUS7.
Nesse sentido, uma boa articulação entre a universidade e os serviços consiste em uma ferramenta fundamental para a integração entre teoria e prática. Pimentel et al.8 apontam a importância em ampliar discussões acerca da realidade dos serviços em busca de soluções para os problemas do cotidiano das práticas.
O supervisor e profissional nos serviços da saúde
O ensino das práticas em saúde é um processo singular que envolve a inserção do aprendiz nos espaços de assistência à comunidade em geral. Nesse contexto, o cenário de aprendizagem é privilegiado pela produção do conhecimento com a experiência na prática, além da construção de relações, o que é fundamental para o desenvolvimento profissional9.
A partir das vivências que possibilitam a inserção dos estudantes na realidade dos serviços, tal qual ela se apresenta, o profissional de saúde que os recebe tem a função de contribuir para a formação de indivíduos críticos e reflexivos diante das exigências da futura prática profissional10)-(12.
Nesse contexto, o supervisor ou preceptor é um trabalhador do serviço e tem responsabilidades com assistência, além de exercer funções de ensinar, acompanhar, orientar e inserir o estudante nas equipes dos serviços2. O supervisor é um profissional que deve apresentar conhecimento teórico e didático, cuja experiência e discernimento são fundamentais para interligar a universidade e o serviço a fim de oferecer habilidades específicas no que concerne à humanização e ética, atuando como orientador e incentivador da aprendizagem13)-(15.
Cerqueira16 e Martins17 compreendem o preceptor como um educador e ressaltam a importância do seu papel no contexto de encontros entre estudantes usuários e outros profissionais como uma etapa importante para a formação em saúde. Nesse contexto, o cenário de aprendizagem é caracterizado não somente pelo aprender-conhecer e pelo aprender-fazer, mas também pelo aprender-ser e pelo aprender-conviver, ou seja, é um cenário de construção de relações. Nessa perspectiva, todos são beneficiados porque essa aprendizagem é estruturada em torno de vivências em cenários permeados pelas necessidades de saúde das pessoas9),(18),(19.
Tendo em vista a complexidade que abrange o ensino nos cenários de prática, Pimentel et al.8 fazem referência a uma função mediadora que demanda disponibilidade para orientação, facilitação, aconselhamento e escuta dos alunos. Soares et al.20 e Oliveira18 fazem menção à função do profissional de ensino nos campos de prática como um ator em ato, que trabalha nas cenas da vida real, proporcionando aprendizado a partir das vivências no cotidiano dos serviços.
O perfil e as atividades do preceptor devem ser pactuados previamente nos programas dos cursos. O conhecimento de metodologias de ensino e aprendizagem e a aplicação delas, além da discussão sobre a importância de métodos de avaliação da prática profissional no local de trabalho, são fatores fundamentais para a educação no trabalho em saúde21),(22.
As práticas pedagógicas no processo de estágio supervisionado
Grande parte dos profissionais de saúde não tem formação para o ensino. Encontramos em Mohr23 uma boa reflexão ao retratar que a maioria dos currículos da graduação dos cursos da área da saúde não apresenta conhecimentos específicos como os pedagógicos, muitas vezes presentes nas suas práticas profissionais, como planejar e executar ações educativas de cuidado com os usuários e familiares.
Alguns estudos apontam como desafio para o exercício da preceptoria e relacionados aos macroproblemas no âmbito da preceptoria no SUS o despreparo pedagógico para avaliar, desenvolver pesquisas e planejar atividades com o uso de tecnologias educacionais que potencializam a aprendizagem, além da baixa valorização das atividades de preceptoria1),(24)-(26.
Sobre essas afirmativas, Lacerda et al.12 trazem a importância de investimentos nos processos de ensino nos serviços para a formação de novos profissionais e afirmam que a maioria dos preceptores atua empiricamente sem uma formação específica para desenvolver um processo de ensino-aprendizagem.
Ainda sobre formação, Girotto27 refere que quanto mais bem preparado for o profissional que recebe o estudante na prática, maior será a chance de alcançar os objetivos educacionais para o ensino de futuros profissionais. De fato, os preceptores que participam de iniciativas educacionais estão mais bem preparados para enfrentar os desafios e são mais satisfeitos com a função de preceptor28.
Diante do exposto, a proposta do presente estudo foi compreender as principais necessidades pedagógicas do processo de supervisão de estágio, bem como as principais características dos supervisores, na visão do discente do curso de Terapia Ocupacional de uma universidade pública.
MÉTODO
Trata-se de um estudo transversal e exploratório de natureza qualitativa, em que se utilizou a análise temática do conteúdo que, de acordo com Bardin29, funciona por operações de desmembramento do texto em unidades e em categorias, segundo reagrupamento analógico.
Coleta dos dados
A coleta dos dados ocorreu de 23 de abril a 20 de junho de 2020.
Fizeram parte do estudo 24 supervisores de estágio do curso de Terapia Ocupacional de uma universidade pública de Alagoas, incluindo 12 profissionais do serviço e 12 docentes do curso que exercem função de supervisão no campo das práticas, e 15 discentes matriculados no Estágio Supervisionado Obrigatório (ESO).
Como instrumento de coleta de dados, utilizaram-se dois formulários semiestruturados, com perguntas fechadas e abertas: um (com 15 perguntas) para os supervisores e outro (com quatro perguntas) para os discentes regularmente matriculados no curso. Disponibilizaram-se os dois formulários na plataforma Google Forms, os quais foram confeccionados pela pesquisadora.
Os procedimentos utilizados para a coleta e identificação dos dados ocorreram em cinco etapas: 1. levantamento do quantitativo de supervisores de estágio e discentes com devido contato de e-mail e telefone, por meio da coordenação do curso e da coordenação de estágio; 2. utilização de uma simulação teste para aplicação do formulário on-line; 3. envio de convite com esclarecimentos sobre a proposta do estudo por aplicativo de mensagem WhatsApp para os supervisores e discentes; 4. envio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) como requisito obrigatório para o link de acesso ao formulário no Google Forms, para participação da pesquisa via aplicativo de mensagem WhatsApp e endereço eletrônico (e-mail) de alguns participantes que assim solicitaram; 5. armazenamento da produção dos dados coletados.
Análise dos dados
A análise de conteúdo organiza-se em torno de três polos cronológicos31 descritos como: 1. pré-análise; 2. exploração do material; e 3. tratamento dos resultados.
A pré-análise (Figura 1) foi a etapa de organização para sistematizar e operacionalizar as ideias com uma leitura flutuante e aprofundada do texto na busca dos objetivos: compreender as principais necessidades pedagógicas dos supervisores de estágio do curso de Terapia Ocupacional; descrever o perfil dos supervisores de estágio do curso de Terapia Ocupacional de uma universidade pública; identificar as principais necessidades pedagógicas dos preceptores nas práticas de estágio; conhecer as características desejáveis do supervisor de estágio, a partir da visão dos discentes, sobre o acesso e acolhimento nos serviços e, ainda nessa fase, com a predeterminação das categorias temática de categorização e definição das regras de codificação das unidades de referência (UR) e de contexto (UC).
A etapa de exploração do material (Figura 2) consistiu na operação de codificação, transformação por recorte, agregação e decomposição em UR, UC e temas.
De acordo com Bardin29, essa fase não se limita ao conteúdo, embora a autora afirme o seguinte: “Codificação corresponde a uma transformação dos dados brutos do texto, transformação com regras precisas, por recortes, agregação e enumeração, permite atingir uma representação do conteúdo ou da sua expressão”.
O tratamento dos resultados (Figura 3) culminou com a identificação de duas grandes categorias - supervisão acadêmica como ferramenta potente de educação transformadora e abordagens pedagógicas nos espaços de aprendizagem do ensino-serviço - e de duas subcategorias (Quadro 1) a partir das evidências encontradas na construção da discussão do trabalho, bem como na elaboração de estratégias de educação permanente e multimídia, que possam ser reaplicadas em outros cursos, ampliando o alcance para outras áreas na formação em saúde.
Categoria temática de análise | Subcategoria |
---|---|
1 - Supervisão acadêmica como ferramenta potente de educação transformadora | A - A função do supervisor como educador e a presença do estudante nos serviços |
B - O que o discente espera de um bom supervisor no campo de estágio | |
2 - Abordagens pedagógicas nos espaços de aprendizagem do ensino-serviço | C - Diálogo entre ensino e serviço |
D - Formação para docência |
Fonte: Elaborado pelas autoras.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nos dados elencados, apresentam-se a seguir as categorias identificadas por meio da análise de temática de conteúdo, que foi empregada por permitir acessar os núcleos dos sentidos que compõem uma comunicação.
A partir do material de pesquisa, foi possível estabelecer a criação de duas categorias temáticas e duas subcategorias com base no referencial teórico apresentado (Quadro 1).
Supervisão acadêmica como ferramenta potente de educação transformadora.
Para essa categoria, identificaram-se as duas subcategorias apresentadas a seguir.
A função do supervisor como educador e a presença do estudante nos serviços
Essa subcategoria trata sobre a presença do estudante que é inserido no cotidiano dos serviços e participa da dinâmica dos atendimentos, de modo a oportunizar a troca de saberes no cotidiano do trabalho, os saberes do discente e a experiência dos profissionais nos cenários de prática.
A presença do aluno traz motivação para o serviço [...] proporcionando atualização e dinamismo aos processos de trabalho e aos atendimentos (P14).
A presença deles é motivadora, me estimula a estar sempre atualizado (P12).
O preceptor conduz o processo e transforma as atividades desenvolvidas no âmbito do trabalho em momentos educacionais, que participam como elemento de mediação entre dois polos de atuação: o mundo da teoria e o da prática22),(31.
Percebe-se ainda a partir dos relatos a troca de experiência entre os supervisores e discentes, com ensino e aprendizagem no campo da prática profissional, nos diversos cenários de estágio.
Aprendizado constante e uma troca recíproca (P13).
A presença do aluno contribui com as práticas no serviço e traz atualidades acadêmicas e inova as atividades oferecidas (P22).
A preceptoria como espaço de troca de experiências é bastante positiva e propicia atualização teórica ao preceptor. Quando associada às práticas de ensino no serviço, traz benefícios para os serviços de saúde e as comunidades18.
Embora o supervisor apresente-se satisfeito com a presença dos alunos, acredita-se que é necessário um maior reconhecimento da atuação do supervisor com os estudantes e com o ensino nos serviços.
As demandas do estágio somam-se as demandas do serviço (P5).
Contribui em vários aspectos no serviço. Traz atualidades acadêmicas e inova as atividades oferecidas (P21).
De acordo com Correa et al.28, a prática pedagógica no ambiente de trabalho, conduzida por profissionais capacitados, mais especificamente no que concerne ao aspecto pedagógico, é importante para alcançar os objetivos da preceptoria.
Quando questionados sobre os conteúdos pedagógicos necessários ao ensino dos estágios, os preceptores apontam a formação e o treinamento como temáticas importantes para melhorar o desempenho da supervisão de estágio.
Curso de formação para o preceptor/docente sobre avaliação de desempenho (P9).
Formação para profissionais não docentes que estão recebendo os estagiários (P11)
Ferreira et al.30 identificaram alguns saberes e competências que os preceptores precisam desenvolver, como ser proativo em sua formação, aprender a refletir sobre sua prática e modificá-la quando necessário, desenvolver atividade de pesquisa, como também adquirir conhecimentos didático/pedagógicos.
O profissional de saúde tem dupla função. Girotto27 complementa que saber ensinar exige aprimoramento constante no trabalho desse profissional, que exerce também a função de supervisor, sendo corresponsável pela formação profissional. Silva et al.22 destacam a importância de um embasamento teórico para as práticas e de investimentos em métodos de avaliação no local de trabalho.
O que o discente espera de um bom supervisor no campo de estágio
Sabe-se que as vivências do estágio, como etapa formativa, possibilitam o aprimoramento dos conhecimentos teóricos e práticos, e proporcionam o amadurecimento e a responsabilidade do discente no cotidiano profissional. Com base nos depoimentos dos discentes sobre o que esperam de um bom supervisor nos espaços de prática, identificaram-se os seguintes aspectos:
Que esteja presente e guiando o estagiário para que ele se sinta seguro em atender e fazer o estágio (P7).
Que supervisione e esteja atento às demandas dos estagiários, que dê suporte e prepare para ser profissional (P4)
Quanto mais preparado para o exercício pedagógico do ensino dos estudantes no ambiente de trabalho, maior será o aproveitamento do estágio e mais perto de alcançar os objetivos educacionais27.
Em relação às contribuições do supervisor e, sobretudo, no que diz respeito às orientações, os discentes esperam que sejam significativas para promover a aprendizagem, além da experiência de ser inserido nas equipes de trabalho e promover reflexões sobre as potencialidades e fragilidades.
Didático, trabalhar em conjunto (P1).
O supervisor deve apresentar o serviço e ter diálogo aberto [...] (P12).
Que seja uma pessoa disposta a ajudar, que incentivam os estagiários, que pontuem qualidades e falhas (P13).
O preceptor deve apresentar conhecimento teórico e ser didático, além de responsabilizar-se pela orientação, explicação, escuta, aproximação e inserção do estudante no processo de trabalho e também na equipe multiprofissional com orientações das práticas, de acordo com os planos de ensino14),(32.
Encontramos em Gubert et al.33 um estudo sobre formação dos profissionais e educação nos serviços, no qual as autoras afirmam que é necessária a capacitação docente para o exercício no campo e pontuam que a integração entre docência e assistência agrega qualidade ao processo de formação e evita dicotomia entre teoria e prática. Entre as necessidades de aperfeiçoamento profissional, destacam-se o compromisso com a aprendizagem do aluno, o conhecimento do papel do preceptor como um formador e a capacidade de incentivar o aluno para sua aprendizagem34.
Em estudo de revisão de literatura sobre definições do papel de preceptor na saúde, Teixeira et al.35 identificaram no preceptor um profissional que serve como elo entre o ensino e o serviço, atuando como um facilitador do processo de aprendizagem do aluno para que este possa formar competências para a prática profissional.
Com base nos estudos dos autores mencionados, foi encontrado um alinhamento com as falas e os desejos dos discentes.
Abordagens pedagógicas nos espaços de aprendizagem do ensino-serviço
Para essa categoria, identificaram-se as duas subcategorias apresentadas a seguir.
Diálogo entre ensino e serviço
Nas respostas dos entrevistados, percebem-se a importância de investimento e aproximação na relação entre a universidade e os serviços, e a necessidade de melhorar a articulação entre teoria e prática.
Para melhorar a presença dos acadêmicos nas unidades, deveria haver uma melhor articulação da IES e a Secretaria Municipal de Saúde (P2).
Dialogar com as equipes de saúde sobre a importância dos estágios para formação de futuros profissionais (P1).
Ribeiro et al.2 mencionam a necessidade de reduzir o distanciamento entre os preceptores do campo das práticas e as instituições de ensino superior (IES), enquanto Ferreira36 destaca a inter-relação entre ensino e serviço como uma estratégia eficaz por permitir a troca entre os serviços de saúde e profissionais com a universidade, de modo a favorecer a qualificação dos serviços e das pesquisas.
Assim, a experiência do supervisor é fundamental para interligar a academia e o trabalho, e os serviços são terreno fértil para o desenvolvimento das habilidades específicas14.
Com base nas falas dos supervisores, nota-se uma necessidade de acompanhamento da universidade para aprimorar questões do ensino-aprendizagem, estreitar as relações e otimizar a comunicação entre os envolvidos.
Uma discussão sobre o projeto pedagógico do curso e o planejamento do estágio (P3).
[...] melhorar a integração ensino-serviço (P4).
Dialogar sobre a importância dos estágios para formação, aproximando a teoria da prática (P1).
Junqueira et al.37, por meio de estudos sobre ensino na graduação e desenvolvidos nos cenários de prática no SUS, identificaram a importância da articulação entre as instituições formadoras e os serviços.
Formação para docência
Como subcategoria de análise, identificaram-se, nos relatos dos supervisores, alguns conteúdos relacionados ao processo de ensino-aprendizagem, como a importância da correlação entre teoria e prática, e a avaliação da aprendizagem, aspectos considerados relevantes para a supervisão dos estágios.
No relato dos supervisores, destaca-se o processo de capacitação docente:
É importante atualização no processo de avaliação da aprendizagem (P3).
Formação para avaliação da aprendizagem para a preceptoria, discussão sobre o planejamento do estágio (P5).
Fazer correlação teórico-prática na preceptoria, inserir o estudante no serviço e junto à equipe, e avaliação da aprendizagem (P2).
As estratégias didáticas devem permear as práticas de ensino nos serviços. Ribeiro et al.31 acreditam que apenas o conhecimento sobre o conteúdo não é suficiente. É necessário que o supervisor ou preceptor tenha expertise da prática pedagógica.
Observa-se, nas falas dos supervisores, a necessidade de aprimoramento sobre o processo avaliativo da aprendizagem, de correlação entre a teoria e prática, bem como de formação e capacitação em docência para profissionais não docentes.
Capacitação dos profissionais em relação às práticas inovadoras (P3).
Constante treinamento com os preceptores de estágios (P12).
Apoio no processo ensino-aprendizagem como a avaliação de processo de ensino e aprendizagem (P2).
Concordando com Ribeiro et al.31, para ensinar, é necessário conhecimento para além do conteúdo da disciplina. Considerando que a preceptoria é uma prática de educação no trabalho, o preceptor precisa de formação pedagógica para receber o estudante no local de trabalho para poder alcançar o objetivo do estágio27.
Quando se evidenciou com os resultados do estudo a importância do investimento na formação docente, foi possível a criação de um desenho de curso on-line para os supervisores de estágio participantes do estudo, a partir do mapeando de suas necessidades, com subsequente aplicação do curso, por meio de ferramentas interativas com ênfase no exercício de comunicação e interação entre os participantes, e uso de metodologias ativas na modalidade on-line38.
CONCLUSÃO
O estudo trouxe à tona a importância da formação pedagógica do preceptor para receber o estudante no local de trabalho e assim exercer sua função de educador das práticas no serviço.
Quanto aos conteúdos pedagógicos necessários ao ensino nos estágios, apontaram-se dois aspectos imprescindíveis: fluxo contínuo de formação e treinamento para a docência no serviço, em especial sobre avaliação de desempenho e práticas inovadoras.
Percebe-se também que a compreensão das necessidades pedagógicas da supervisão de estágio é uma excelente ferramenta para aperfeiçoar o projeto político-pedagógico do curso, bem como para estruturar um desenho de curso de capacitação docente que, no caso, foi realizado na modalidade on-line.
Os discentes disseram que esperam encontrar supervisores que tragam contribuições significativas em sua aprendizagem de uma forma segura, por meio da experiência profissional, demonstrando incentivo e pontuando qualidades e falhas observadas.
O estudo possibilitou ainda compreender que a presença do estudante no serviço contribui para as práticas e a troca de saberes no cotidiano do trabalho. Deve-se destacar que é necessário um maior reconhecimento da atuação do supervisor, pois às demandas do ensino somam-se as demandas do serviço.
Diante da subcategoria “diálogo entre ensino e serviço”, foi abordada pelos preceptores a necessidade de reduzir o distanciamento entre os preceptores do serviço e a IES, em que foi relatada a importância de uma maior aproximação do ensino com os serviços. Um outro aspecto importante encontrado foi a necessidade de uma maior aproximação entre teoria e prática e um diálogo qualificado entre ensino e serviço.
Por fim, vale ressaltar que o presente estudo não preenche todas as lacunas necessárias ao entendimento da temática proposta, sendo limitado a uma área do conhecimento, sugerindo, dessa maneira, a ampliação da discussão por meio de outros projetos mais abrangentes.