INTRODUÇÃO
A palavra mudança sempre acompanhou a história da humanidade. Nas últimas décadas, ganhou mais impacto, agilidade e fluidez. Avançamos significativamente em várias direções, mas, com certeza, a revolução tecnológica, mais precisamente a Internet, revolucionou a sociedade. A conectividade abriu espaços antes impensáveis e saímos de um saber individual para um saber coletivo, construído e reconstruído cotidianamente.
Essas mudanças impactaram e ainda impactam a realidade, transformando contextos e abrindo espaços para novos nexos, sejam eles estruturais, sociais, objetivos ou subjetivos. Existem duas forças que impulsionaram essas mudanças: a evolução da ciência e as novas tecnologias de produção. Ao olhar as transformações decorrentes dessas forças, podemos visualizar as mudanças do poderio econômico, as alterações nos modelos de produção, a circulação e a acumulação de bens e de serviços e o processo de globalização, que eliminou as barreiras do mercado.
Considerando o panorama exposto, o objetivo deste estudo foi de revisar a produção científica sobre cibercultura e educação publicada em artigos nacionais entre 2010 e 2019. Esperamos que este trabalho possa contribuir com as investigações que vêm sendo realizadas acerca desse tema.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No final do Século XVIII e no princípio do seguinte, o termo germânico Kultur era utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade, enquanto a palavra francesa civilization referia-se, principalmente, às realizações materiais de um povo. Ambos os termos foram sintetizados por Edward Tylor (1832-1917), no vocábulo inglês culture, que, “[....] tomado em seu amplo sentido etnográfico, é todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade” (TYLOR, 1871, p. 1 apud LARAIA, 2007, p. 25).
Para Thompson (1995), embora a compreensão de cultura recaia no olhar antropológico, não é possível destituí-la da realidade, descontextualizando-a da materialidade de seu processo histórico. Nesse sentido, a cultura só pode ser considerada no contexto amplo do desenvolvimento histórico, atrelada ao conceito de sociedade e de economia. Ao atar a compreensão de cultura ao conceito de sociedade e de economia, podemos compreender a cultura como algo que se movimenta, que evolui, um processo em constante mudança, cujos sentidos e valores se modificam conforme cada período histórico.
Para ampliar o debate a respeito da relação entre cibercultura e educação, precisamos discutir sobre alguns termos que acompanham esse debate. Pierre Levy, considerado um pioneiro na pesquisa sobre ciberespaço, compreende o ciberespaço como um momento decisivo de unificação da humanidade. Saímos de uma escala local e regional para uma global. Nesse contexto, o ciberespaço seria o elemento unificador, em que haveria o contato de bilhões de cérebros, constituindo o que o autor chama de hipercórtex, ou seja, um grande cérebro, onde se centraria o arquivo de toda a produção e memória humana (LEVY 2001).
Segundo Levy (1999), a cibercultura é um processo de mutação de formas de trabalhar, de se relacionar e de se sociabilizar, realizada a partir da existência do ciberespaço e de suas características novas. Para Lemos (2008), a cultura contemporânea, associada às tecnologias digitais criou uma nova relação entre a técnica e a vida social, denominada de cibercultura.
Ainda, segundo Levy (2009, p. 16), a cibercultura pode ser considera como um “[...]conjunto de técnicas (Materiais e Intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente como crescimento do ciberespaço”.
A partir da leitura que fizemos dos autores e da definição de cibercultura, podemos compreendê-la não apenas como uma cultura produzida em termos de ciberespaço, mas também como uma dimensão da cultura contemporânea, que encontra no ciberespaço o principal lugar para se manifestar.
PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Trata-se de um estudo de revisão sistemática da literatura, que é adequado para se buscar um consenso sobre um tema específico e sintetizar o conhecimento de dada área por meio da formulação de uma pergunta, da identificação, da seleção e da avaliação crítica de estudos científicos contidos em bases de dados eletrônicas. Segundo Sampaio e Mancini (2007), a revisão sistemática se apresenta como uma forma de pesquisa que utiliza como fonte de dados a literatura vigente sobre o tema.
A pergunta de pesquisa foi: Como se encontra as publicações de artigos científicos já produzido no Brasil sobre cibercultura e educação? A busca de artigos foi realizada no Portal da CAPES (periódicos), sua escolha deve-se ao fato de possibilitar o acesso a produção cientifica mundial, com mais de 50.000 títulos de periódicos nacionais e internacionais, incluindo teses, patentes, trabalhos publicados em eventos, artigos, entre outros. Principais bases de dados hospedadas no Portal de Periódicos CAPES: ACM Digital Library; BioMed Central Journals; Cambridge Core; Clinics Collection (Elsevier); JAMA Network (AMA); Journal Citation Reports (JCR); Latindex: Portal de Portales; Library, Information Science & Technology Abstrac; Nature; OECD iLibrary; Oxford Journals (Oxford University Press); Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS); Science Direct; Science (AAAS);Scopus; SpringerLink; Web of Science; Wiley Online Library; IOP Latinoamérica (Institute of Physics - IOP); Taylor & Francis Online
Na pesquisa foram utilizados os seguintes descritores: cibercultura e cibercultura e educação. A escolha dos artigos deu-se a partir do seu título e posterior leitura dos resumos das publicações selecionadas, com o objetivo de refinar a amostra por meio de critérios de inclusão e exclusão. Foram incluídos artigos originais publicados entre 2010 e 2019 e oriundos de estudos desenvolvidos no Brasil.
Os critérios de exclusão foram dissertações, teses e demais textos, pois nosso foco de estudo deteve-se apenas a artigos científicos. Por meio desse processo, a amostra final foi constituída de 28 artigos. A análise dos artigos consistiu na leitura dos resumos e, em seguida, na elaboração de um quadro dos dados coletados com informações de cada pesquisa, a saber: título, ano de publicação, autores e revista/periódico. Também foi feita uma análise temática de conteúdo por meio da leitura e da releitura dos resumos, a fim de identificar o objetivo do estudo, a metodologia utilizada e os resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na busca foram encontrados 50 (cinquenta) artigos, destes selecionamos 28 (vinte e oito), a saber: 01 (um) artigo publicado no ano de 2010; 03 (três) artigos em 2012; 03 (três) artigos em 2013; 02 (dois) artigos em 2014; 01 (um) artigo em 2015; 03 (três) artigos em 2016; 02 dois artigos em 2017; 10 (dez) artigos em 2018, e 03 (três) artigos em de 2019. Os artigos excluídos não se adequaram ao critério de inclusão desta pesquisa, devido a leitura dos resumos que não se faziam pertinente com nosso objeto de estudo.
Em relação ao periódico com o maior número de publicações, destacou-se a Revista Espaço Acadêmico, que publicou três artigos sobre o tema. Convém salientar que os demais artigos da amostra são oriundos de revistas multidisciplinares, que abrangem publicações que ressaltam a cultura, a tecnologia, a filosofia, a comunicação, entre outros.
No que se refere à quantidade de autores, foram encontrados artigos publicados por dois ou três autores, a maioria da área de Educação, além de Ciência da Computação, Filosofia e Linguística. Quanto à titulação acadêmica, os autores eram, majoritariamente, doutores, mestres, doutorandos, mestrandos e especialistas.
Título | Ano | Autor/es | Revista/periódico |
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Os desafios da educação: a cibercultura na educação e à docência online | 2010 | Nelma Vilaça Paes Barreto | Vértices |
Cibercultura e Educação: algumas reflexões sobre processos educativos na sociedade tecnológica contemporânea | 2012 |
Vitor Malaggi Karina Marcon |
Revista Espaço Acadêmico |
A utilização da informática na educação: um olhar através da cibercultura e do pensamento pósmoderno | 2012 | Vitor Malaggi | Revista Espaço Acadêmico |
A educação em um contexto de cibercultura | 2012 | Adriano Canabarro Teixeira | Revista Espaço Acadêmico |
Territórios digitais: dilemas e reflexões sobre práticas de adolescentes na cibercultura | 2013 |
Fátima Ivone de Oliveira Ferreira Lúcia Regina Goulart Vilarinho |
Interacções |
Educação e cibercultura: aprendizagem ubíqua no currículo da disciplina Didática | 2013 |
Edméa Santos Aline Weber |
Revista Diálogo Educacional |
Indústria cultural e cibercultura – aproximações e distanciamentos de conceitos e práticas na contemporaneidade | 2013 | Marcus Alexandre de Pádua Cavalcanti | Periferia – educação, Cultura & Comunicação |
Educação na cibercultura: as tecnologias da inteligência e a práxis educativa | 2014 |
Renato Kraide Soffner Deise Becker Kirsch |
Revista Intersaberes |
Flexibilidade educacional na cibercultura: analisando espaços, tempos e currículo em produções científicas da área educacional | 2014 | Daniel Mill | RIED |
Educação como terreno de epifania da cibercultura: leituras e cenários | 2015 |
Gustavo Souza Santos Ronilson Ferreira Freitas Vivianne Margareth Chaves Pereira Reis Josiane Santos Brant Rocha |
Revista Multitexto |
Mediação docente online para colaboração: notas de uma pesquisa-formação na cibercultura | 2016 |
Edméa Oliveira Santos Felipe Silva Ponte Carvalho Mariano Pimentel |
ETD – Educ. Temat. Digit |
Virtualização e sociedade digital: reflexões acerca das modificações cognitivas e identitárias nos sujeitos imersivos | 2016 |
Martha Kaschny Borges Sandro de Oliveira |
Conjectura: Filos. Educ. |
Processos formativos de uma mídia ninja e as novas narrativas do ativismo no contexto da cibercultura | 2016 |
C.O. B. Sales N.R. Santos S. Junqueira |
HOLOS |
Conversações fluidas na cibercultura | 2017 |
Alex Teixeira Primo Vanessa Valiati Ludmila Lupinacci Laura Barros |
Revista Famecos Mídia, cultura e tecnologia |
Comunicação, educação e tecnologia: espaços colorativos digitais de ensino e aprendizagem | 2017 | Kamil Giglio | Revista Intersaberes |
Contra-educação e cibercultura: uma interlocução possível à luz da cidadania global | 2018 |
Alexandre Guilherme Lucia Maria Martins Giraffa Cristina Martins |
Foro de Educación |
Cibervídeos e multiletramentos na educaçao online | 2018 |
Edméa Santos Vivian Martins |
Revista Observatório |
Cyberativismo e Educação: o conceito de raça e racismo na cibercultura | 2018 |
Luzineide Miranda Borges Mille Caroline Rodrigues Fernandes |
Revista Espaço Acadêmico |
Biopolíticas de currículo: notas de uma pesquisa-formação na cibercultura | 2018 |
Mirian Maia do Amaral Edméa Oliveira dos Santos |
Acta Scientiarum. Education |
Linguagem emocional na prática docente online: implicações educacionais cotidianas | 2018 |
Caroline Costa Nunes Lima Felipe Silva Ponte Carvalho Dilton Ribeiro Couto Júnior |
Rev. Inter. Educ. Sup. |
Ciberautorcidadão: contribuição para pensarfazer a formação docente e discente na cibercultura | 2018 |
Mayra Rodrigues Fernandes Ribeiro Edméa Oliveira dos Santos |
Revista e-Curriculum |
Formação continuada de professores em tecnologia: a “ousadia” na dialogicidade entre a universidade e a escola | 2018 |
Gláucia da Silva Brito Ariana Chagas Knoll Michele Simonian |
Revista e-Curriculum |
Entre filhos e órfãos da cibercultura: revisitando a noção de nativos digitais | 2018 | Gilson Cruz Júnior | Revista Observatório |
O professor e a autoria em tempos de cibercultura: a rede da criação dos atos de currículo | 2018 |
Maristela Midlej Silva de Araújo Veloso Maria Helena Silveira Bonilla |
Revista Brasileira de Educação |
Hibridações da cultura acadêmica com a cibercultura: análise das práticas acadêmicas no ambiente virtual de aprendizagem moodle | 2018 |
Lebiam Tamar Gomes Silva Irinalda da Silva Bezerra |
Edur - Educação em Revista |
Memes de redes sociais digitais enquanto objetos de aprendizagem na Cibercultura: da viralização à educação | 2019 |
Kaio Eduardo de Jesus Oliveira Cristiane de Magalhães Porto André Luiz Alves |
Acta Scientiarum. Education |
Os desafios da Educação no Campo em tempos de Cibercultura | 2019 |
Paula Fernanda Rodrigues Brum Maria Silvana Gritti |
RELACult – Revista Latino-americana de Estudos em Cultura e Sociedade |
Interatividade, m-learning e apropriações das mídias digitais para a inovação da educação superior | 2019 |
Luana Ellen de Sales Inocêncio Letícia Adriana Ferreira Pires dos Santos |
Revista Educação e Cultura Contemporânea |
Fonte: Portal CAPES (2020)
Na busca pelas expressões cibercultura, cibercultura e educação, destacamos os objetivos de cada estudo a partir do olhar dos seus autores.
Barreto (2010) desenvolveu um trabalho sobre os conceitos de cibercultura, interatividade, ambientes virtuais de aprendizagem e educação a distância. O artigo de Malaggi e Marcon (2012) teve o objetivo de argumentar sobre as necessidades de ressignificar os processos educativos que emergem do contexto da sociedade contemporânea, configurada por uma nítida inter-relação entre cultura e tecnologias de caráter digital.
O trabalho de Guilherme, Giraffa e Martins (2018) teve como objetivo discutir sobre as políticas educacionais das organizações internacionais, especialmente as relativas à cidadania global e suas implicações para a cibercultura/ciberespaço. Santos e Weber (2013), a partir do referencial teórico de Santos (2005), discutiram sobre as possibilidades de práticas pedagógicas para uma aprendizagem ubíqua, levando em consideração uma abordagem multirreferencial do currículo.
Santos e Martins (2018) apresentaram os resultados de um estudo exploratório, em que desenvolveram uma oficina de produção de cibervídeos na graduação em Pedagogia da Universidade do Estado do Rio. O estudo de Borges e de Fernandes (2018) buscou compreender quais são os conceitos de raça e de racismo que são compartilhados nas mídias sociais digitais e como esse espaço pode contribuir para um debate crítico e para fortalecer a educação antirracista.
Amaral e Santos (2018), em seu estudo, teceram considerações a respeito das contribuições de Michel Foucault para a Educação e o papel da Biopolítica e suas inter-relações com o currículo nos cotidianos escolares. Oliveira, Porto e Alves (2019) fizeram um estudo sobre o potencial dos memes de redes sociais digitais como objetos de aprendizagem, autoria visual e produção colaborativa na Cibercultura.
Malaggi (2012) trouxe uma reflexão sobre as implicações filosóficas e sociais no contexto de utilização da Informática na Educação. Em seu artigo, Lima, Carvalho e Júnior (2018) se propuseram a investigar as implicações teórico-práticas da linguagem emocional na docência online.
Teixeira (2012) apresentou, em seu estudo, a ideia de que as tecnologias afetam diretamente a forma como nos comunicamos e aprendemos e que a cibercultura, marcada pelas tecnologias da inteligência, autoriza o estabelecimento de processos educativos mais ricos, criativos e inovadores. O artigo de Ribeiro e de Santos (2018), inserido no contexto da pesquisa-formação, teve o propósito de apresentar as tessituras epistemológicas e metodológicas na educação presencial e online na docência do ensino superior que, engendradas de sentidos e em ato, possibilitaram construir a noção de ciberautorcidadão.
Brito, Knoll e Simonian (2017) apresentam os resultados de uma experiência do Grupo de Estudo e Pesquisa Professor, Escola e Tecnologias Educacionais (Geppete), ao planejar, desenvolver e avaliar a formação ‘Tecnologias e Educação na Cibercultura’, o qual é integrante do projeto de formação continuada de professores – EduPesquisa.
Maciel, Brum e Gritti (2019) apresentaram o resultado de uma pesquisa realizada em uma escola municipal localizada em um Assentamento Rural da Reforma Agrária, no município de Pedras Altas - Rio Grande do Sul. O estudo foi realizado com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental.
O artigo de Primo et.al. (2017) visou estudar como o amplo leque de serviços de comunicação on-line participa da criação e da manutenção de relações interpessoais na contemporaneidade. O trabalho investiga os usos de diferentes plataformas digitais vem transformando as práticas de sociabilidade e as conversações no contexto da cibercultura, a partir da articulação de perspectivas teóricas e empíricas sobre esses temas.
Santos, Carvalho e Pimentel (2016) apresentam os dados de uma pesquisa-formação na cibercultura sobre a mediação docente com os cursistas da disciplina Informática na Educação, do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância da UERJ/CEDERJ/UAB.
Cruz Júnior (2018) buscou problematizar a noção de nativos digitais e o entendimento sociocognitivo dos jovens e das crianças e recorreu ao diálogo com a comunicação ubíqua e as culturas globais. Giglio (2017) visou identificar e refletir sobre o uso geral de tecnologias de informação e comunicação (TIC) no âmbito educacional.
Soffner e Kirsch (2014) fizeram um estudo com o objetivo de estudar a gestão da práxis educativa no contexto da cibercultura com o emprego dos recursos tecnológicos disponíveis para os processos de ensino e aprendizagem. Mill (2014) analisou os princípios da flexibilidade na educação e suas implicações na qualidade do ensino e da aprendizagem na Educação a Distância (EaD).
Veloso e Bonilla (2018) desenvolveram um trabalho com a finalidade de destacar a autoria docente na criação de atos de currículo condizentes com o contexto da cibercultura no cotidiano escolar. O estudo de Borges e de Oliveira (2016) teve o objetivo de refletir sobre as modificações cognitivas e identitárias nos/dos sujeitos da sociedade digital – denominados aqui de sujeitos imersivos, no sentido proposto por Santaella.
O trabalho de Paz et al (2016) objetivou compreender como se estruturam os processos formativos de um integrante do Mídia NINJA (MN) e suas relações com o ativismo no contexto da cibercultura. Silva e Bezerra (2018) apresentam os resultados de uma pesquisa de iniciação científica (PIBIC) sobre a cultura acadêmica e o processo de hibridação com a cibercultura. O estudo teve o objetivo geral de verificar de que maneira as mediações entre os aprendentes e as tecnologias intelectuais digitais favorecem ou restringem a ressignificação da cultura acadêmica.
Em seu artigo (2013), Cavalcanti propõe uma reflexão sobre as relações e os processos de comunicação promovidos pelas redes digitais e os meios de comunicação de massas, no sentido de perceber, na contemporaneidade, como ambos se integram e se complementam em suas práticas. Rebouças, Inocêncio e Santos (2019) apresentam um olhar privilegiado sobre a utilização dessas novas mídias para um processo de ensino-aprendizagem inovador e dinâmico voltado para a validade empírica.
Santos et. al. (2015) desenvolveram uma pesquisa sobre a processão da cibercultura e seu entrecruzamento com a educação e apontaram cenários e possibilidades em um tempo de transformações.
Ferreira e Vilarinho (2013) compreendem o ciberespaço como uma extensão da própria vida do adolescente, a qual ultrapassa a separação entre o virtual e o real e, ao mesmo tempo, defende a apropriação crítica e criativa das redes sociais on line.
Quanto aos aspectos metodológicos, foi empregada a abordagem qualitativa. Em relação ao tipo de estudo, são majoritariamente bibliográficos, exploratórios e descritivos. É importante salientar que os delineamentos metodológicos dos estudos são coerentes com os objetivos traçados, embora seja perceptível que as pesquisas de caráter bibliográfico foram predominantes, o que demonstra uma análise da produção do conhecimento acerca da temática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos ressaltam que o crescimento do conceito de cibercultura está atrelado ao conceito de ciberespaço, que apresenta uma nova dimensão social, resultante de um movimento global em que predomina a conexão em tempo real. O ciberespaço é um espaço de aprendizagem, onde o uso de ferramentas midiáticas se apresenta como um recurso a ser utilizado pelo docente no processo de ensino e aprendizagem.
Os estudos sobre cibercultura e educação são sobremaneira interessantes, desafiadores e instigantes. Com a revisão sistemática da literatura, foi possível transitar por várias perspectivas de estudos e as preocupações que os autores tiveram ao abordar o tema. Os conceitos de cibercultura e de ciberespaço nortearam os estudos e abriram um leque na perspectiva de ressignificar os processos educativos em uma sociedade cada vez mais digital.
Vale refletir, também, sobre as barreiras encontradas nas metodologias que cercam a educação on-line. Vale destacar, ainda, os estudos que priorizaram a questão do racismo nas mídias sociais, como um fator que merece atenção e cuidado, além do uso indevido dos recursos digitais. Fomos agraciados com a leitura dos estudos que contemplaram os elementos da subjetividade humana, como a identidade dos sujeitos na sociedade digital. Nessa mesma direção, discutimos sobre os adolescentes na sociedade virtual e o ciberespaço como uma extensão do seu corpo.
À guisa de conclusão, somos convidados a deixar aberta a perspectiva de novos estudos sobre o tema abordado. As leituras feitas nos possibilitaram perceber que as mudanças no conceito de cultura são díspares e, às vezes, contraditórias, porque envolvem posicionamentos, crenças, concepções e valores que se modificam no contexto histórico e temporal. Entretanto, mesmo em meio ao turbilhão de informações e de mudanças na sociedade em rede, convém perceber as contribuições do ciberespaço na educação.