INTRODUÇÃO
O Grupo de Estudos e Pesquisa em Políticas de Esporte e Lazer (GEPPOL) é vinculado ao Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e coordenado pelo Prof. Dr. Fernando Augusto Starepravo. A sua origem se dá no ano de 2011, quando na ocasião o coordenador assume o posto de professor efetivo vinculado à instituição.
No ano de 2021, o grupo completa 10 anos de contribuições em várias frentes na discussão das políticas do esporte e do lazer, bem como análises de áreas próximas, relacionadas à perspectiva sociocultural do esporte, especialmente à Sociologia do Esporte. Esta última contempla estudos como a da migração esportiva, do direito esportivo, dos estudos de gênero e dos estudos sobre esporte universitário.
A esse respeito, observa-se que alguns estudos que versam sobre o levantamento e análise da produção do conhecimento sobre as políticas de esporte e lazer no contexto brasileiro, abrangendo essencialmente as áreas e temas citados, demonstram que o grupo apresenta relevância científico/acadêmica no contexto nacional (ROJO; MEZZADRI; MORAES E SILVA, 2019; ONOFRE; COLÂNGENO; LINO, 2019).
Diante desse cenário, o presente texto surge como uma proposta de autoanálise em relação às contribuições do GEPPOL-UEM para a qualificação da produção do conhecimento científico/acadêmico sobre as políticas de esporte e lazer, sociologia do esporte e para a grande área da Educação Física.
CAMINHOS METODOLÓGICOS
Para a realização da autoanálise aqui pretendida, optou-se por analisar as diferentes frentes de atuação do GEPPOL-UEM. Entre elas, identificou-se os artigos publicados, as monografias de conclusão de curso, dissertações de mestrado, teses de doutorado, entre outras produções acadêmicas desenvolvidas durante o período de existência do grupo, como projetos de pesquisas institucionais e ações de cunho extensionistas. Os dados foram coletados junto ao banco de dados do grupo, bases de dados científicos e Plataforma Lattes. A partir disso foi realizada uma análise descritiva das principais produções acadêmicas idealizadas pelos membros do grupo e/ou em parceria com diversificados grupos e professores de outras Instituições de Ensino Superior.
A seguir apresentaremos o tema prioritariamente abarcado em seus estudos e/ou pesquisas, o aporte teórico que os sustenta/embasa e a justificativa de sua opção, o alcance das publicações e o entendimento acerca das perspectivas futuras da produção de conhecimento na área.
GEPPOL, SUAS TEMÁTICAS E CAMPO DE ATUAÇÃO
Durante os quase dez anos de história, o GEPPOL tem trabalhado de forma ampliada na produção do conhecimento. Amparado pela linha de pesquisa do coordenador, alguns projetos de pesquisas com discussões envolvendo a temática das políticas de esporte e lazer foram realizados. Para além das contribuições do grupo no âmbito das produções acadêmicas, também realiza ações externas, desenvolvidas nas esferas municipais e estaduais em parcerias buscando a formação e capacitação dos gestores e técnicos esportivos.
Destacando o início do GEPPOL enquanto grupo de pesquisa, é importante destacar a trajetória do líder do grupo, o Prof. Dr. Fernando Augusto Starepravo e seu processo de formação enquanto pesquisador, essencialmente na Universidade Federal do Paraná. Enquanto estudante de graduação e de mestrado foi orientado pelo Prof. Dr. Fernando Marinho Mezzadri e desenvolveu trabalhos voltados à Sociologia do Esporte e Políticas de Esporte e Lazer, com aproximação à Teoria do Processo Civilizador de Norbert Elias e a relação entre o esporte universitário e o poder público (STAREPRAVO, 2003; 2007). Posteriormente em sua tese de doutorado, agora sob a orientação do Prof. Dr. Wanderley Marchi Júnior, analisou as políticas públicas de esporte no Brasil, por meio das teorias de Pierre Bourdieu (Teoria dos Campos) e Norbert Elias (Teoria dos Jogos Competitivos) (STAREPRAVO, 2011a). Vale destacar a trajetória de pós-graduação de ambos os orientadores na UNICAMP, sob orientação do Prof. Dr. Ademir Gebara, um dos precursores de pesquisas na área de sociologia e políticas de esporte no Brasil e introdutores dos referenciais teóricos de Pierre Bourdieu e Norbert Elias na Educação Física nacional.
A partir dos referenciais utilizados em pesquisas desenvolvidas pelo líder do grupo enquanto aluno de graduação e pós graduação e também nos grupos de pesquisas aos quais participou, ocorreu o processo de incorporação das temáticas evidenciadas anteriormente pelo GEPPOL, destacam-se dois eixos centrais de temas abordados: Políticas de Esporte e Lazer e a Sociologia do Esporte. Embora apresentem-se como dois temas aparentemente distintos, é possível realizar uma associação entre as temáticas, pois não parece profícuo realizar análises de políticas pura e simplesmente sem levar em consideração o contexto social em que são desenvolvidas, tanto em esfera micro, quanto meso e macro. Para tanto, o apoio da Sociologia do Esporte é indispensável. Ao mesmo tempo, análises de cunho sociológico, em muitos casos, perpassam a relação com o Estado e as próprias políticas estatais ou públicas de maneira geral. Outros temas, não menos importantes, encontrados nas principais pesquisas do grupo condizem com a Gestão do Esporte, sendo ela pública ou privada, além de pesquisas voltados aos Espaços de Lazer.
Além de desenvolver estudos sobre Políticas Públicas apoiado na Sociologia do Esporte, o grupo realiza a análise das políticas de maneira técnica, identificando seu mecanismo de funcionamento e possíveis impactos na sociedade. Para tanto, são utilizados essencialmente referenciais e quadros teóricos de análise da Ciência Política.
O GEPPOL ainda tem o compromisso de desenvolver seus trabalhos e projetos voltados a outros segmentos e não apenas ao público acadêmico, pensando na prática cotidiana da política pública, citando como exemplo palestras, oficinais e minicursos a gestores e agentes públicos esportivos de órgão e a atuação do grupo e de seus membros nas políticas municipais de esporte e lazer principalmente no munícipio de Maringá, por meio da atuação no Conselho Municipal de Esporte e Lazer. O GEPPOL mostrou-se presente também na elaboração da política estadual de esporte do Paraná, além da coordenação estadual compartilhada da Rede Cedes.
O Grupo desenvolveu e/ou desenvolve ainda quatro (4) projetos de pesquisa, abordando temáticas diferentes envolvendo pesquisas em políticas de esporte e lazer. Durante os anos de 2012 a 2015 foi desenvolvido e concluído o projeto de pesquisa “O esporte brasileiro frente ao Projeto Rio 2016: expectativas e realidades” com o objetivo de mapear, a partir do projeto Olímpico Rio 2016, expectativas, propostas e programas para o desenvolvimento de um legado esportivo para o Brasil, considerando o esporte em suas diferentes dimensões (educacional, participação e rendimento). O projeto contou com financiamento da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná.
Desde 2013 até dias atuais, o GEPPOL desenvolve o projeto de pesquisa “Análise das políticas municipais de esporte, lazer e atividade física” com o objetivo de analisar as políticas públicas de esporte, lazer e atividade física em municípios brasileiros, com identificação das dimensões policy, polity e politics conforme classificação apresentada por Frey (2000).
De 2013 a 2016 foi desenvolvido e concluído o projeto de pesquisa “Análise dos agentes públicos do Sistema Nacional de Esporte”, com o objetivo de diagnosticar e analisar as principais características, especificidades e modo de ação dos agentes públicos municipais que compõem o Sistema Nacional de Esporte e Lazer em municípios do estado do Paraná. O projeto contou com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq - processo 487407/2013-0).
É importante destacar a importância que tal projeto teve para o GEPPOL, como destacado posteriormente nas informações contidas sobre alguns trabalhos de conclusão de curso e dissertações de mestrado. Os gestores e técnicos municipais de esporte e lazer do estado do Paraná representam um importante segmento de atuação do GEPPOL, estabelecendo um sólido canal de contato entre o grupo e os agentes envolvidos, transmitindo informações relevantes e realizando aproximações entre os campos acadêmico/social.
Nos anos de 2016 a 2019 foi desenvolvido e concluído o projeto “Políticas públicas municipais de esporte e lazer: gestão e agentes” com o objetivo de discutir as políticas públicas de esporte e lazer em municípios do estado do Paraná, com especial atenção aos processos de gestão e os agentes públicos envolvidos nesses processos.
Em seu momento inicial o GEPPOL realizou pesquisas voltados a temática dos Megaeventos Esportivos, uma vez que durante o início da década de 2010 tal assunto representava uma das principais temáticas envolvendo políticas públicas de esporte e lazer a nível federal, em virtude das realizações da Copa do Mundo de Futebol Masculino da FIFA e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 realizadas na cidade do Rio de Janeiro-RJ e as políticas nacionais de esporte e lazer. Posteriormente o Grupo realizou pesquisas voltadas a análise das políticas públicas de esporte e lazer realizadas nos munícipios do estado do Paraná, uma das principais temáticas estudadas no grupo de pesquisa.
Desde 2011, os membros do GEPPOL desenvolveram trabalhos acadêmicos em níveis de graduação (trabalhos de conclusão de curso) e de pós graduação (dissertações de mestrado e teses de doutorado) sobre políticas públicas e sociologia do esporte. Embora os trabalhos se-desenvolveram por meio da relação orientando-orientador, mas com a participação do grupo como um todo em discussões sobre o desenvolvimento do projeto durante o processo de construção, destacam-se algumas produções envolvidas diretamente com os eixos temáticos norteadores do grupo ou com assuntos ligados as pesquisas realizadas pelo mesmo.
Rufino (2012) discutiu o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), uma política pública aplicada a formação continuada dos professores de educação física do estado do Paraná. Já Malagutti (2012) estudou a realidade do esporte universitário na Universidade Estadual de Maringá, identificando os principais agentes responsáveis pela organização da manifestação esportiva, bem como a existência de políticas direcionadas a realização do esporte nas IES.
Rojo (2014) estudou por meio de uma análise ampliada de questões sócio-históricas e de políticas públicas as ações do poder público municipal em relação a evento de corrida de rua tradicional na cidade de Maringá-PR. Andrade (2014) e Zardo (2016) desenvolveram pesquisas relacionadas a temática dos Megaeventos Esportivos, um dos primeiros objetos de estudo do GEPPOL desde sua criação no ano de 2011.
Galli (2015) desenvolveu uma pesquisa relacionada a organização da Universíade de 2019 pelo munícipio de Brasília-DF, destacando os processos políticos e econômicos envolvidos durante o processo de candidatura até a desistência da organização do evento por parte da cidade-sede. Por fim, Rosa (2016) e Barbosa (2017) desenvolveram pesquisas diretamente relacionadas com os dados obtidos por meio do Projeto de Pesquisa “Análise dos agentes públicos do Sistema Nacional de Esporte”, realizado e desenvolvido pelo GEPPOL.
As pesquisas de trabalho de conclusão de curso envolvendo os membros do GEPPOL abordaram temáticas diversificadas. O esporte universitário e as políticas públicas de esporte e lazer apresentaram-se como uma temática recorrente em virtude da aproximação do líder do grupo com o tema, mas também por identificarmos lacunas no conhecimento sobre os assuntos (STAREPRAVO, 2007; 2011b). Houve pesquisas que utilizaram dados obtidos por meio de um Projeto de Pesquisa desenvolvido pelo grupo e, também, temas que abordaram políticas públicas municipais envolvendo um evento tradicional de corrida de rua, políticas estaduais voltadas a formação de professores e, também, trabalhos de iniciação esportiva.
Outro importante marco do GEPPOL mencionado neste tópico trata da consolidação da presença de seus membros no Programa de Pós Graduação Associado em Educação Física UEM/UEL. Nas orientações de Mestrado e Doutorado foram desenvolvidas pesquisas relacionadas aos eixos temáticos norteadores do grupo.
Os dados do Projeto de Pesquisa “Análise dos agentes públicos do Sistema Nacional de Esporte” foram utilizados em pesquisas de mestrado (RUFINO, 2016; BERNABÉ, 2016; ZARDO, 2018) envolvendo a temática da gestão pública, formação dos agentes públicos municipais, bem como a análise das políticas municipais de esporte sob a ótica da Garbage Can, ou teoria da Lata do Lixo, desenvolvida por Cohen, March e Olsen (1972).
Outros temas abordados nas pesquisas dos participantes do grupo condizem com análises sobre políticas municipais e/ou estaduais de esporte envolvendo o tema no estado do Paraná. Silvera (2016) realizou uma análise das associações esportivas presentes na cidade de Maringá-PR e sua relação com o poder público da cidade. Menegaldo (2019) estudou o processo de avaliação das políticas públicas de esporte. Já Milani (2018) realizou uma análise das políticas públicas de esporte do estado do Paraná a partir do orçamento público direcionados a pasta estadual específica.
Sá (2016) desenvolveu uma pesquisa analisando as propagandas governamentais sobre a Copa do Mundo de Futebol Masculino de 2014, uma vez que tal temática naquele momento estava diretamente relacionado com as políticas públicas de esporte e lazer a nível federal. Malagutti (2015), Moura (2018) e Hirata (2019) desenvolveram pesquisas que abordavam pesquisas no campo da sociologia do esporte, uma vez que este também é um dos principais temas de pesquisa do GEPPOL. Por fim, Canan (2018) realizou uma análise sobre o direito ao esporte no Brasil, apresentando sua construção histórica ao longo do processo constituinte, buscando compreender seu significado e abrangência a partir de múltiplas fontes documentais nacionais e internacionais.
Como apresentado anteriormente, durante o processo de afirmação e constituição do GEPPOL enquanto um importante grupo de pesquisa no cenário nacional, foram desenvolvidos inúmeros trabalhos científicos/acadêmicos com temáticas diversas, para isso o grupo utilizou-se de variadas teorias para sustentar as pesquisas desenvolvidas. A seguir apresentaremos algumas das teorias utilizadas, bem como a justificativa para sua utilização.
GEPPOL e o aporte teórico que os sustenta/embasa
A partir da análise da produção acadêmica do GEPPOL, identificamos como principais teorias utilizadas como aporte teórico do grupo: Teoria dos Campos de Pierre Bourdieu, Sociologia Configuracional de Norbert Elias, Policy Analysis, analises sobre o Federalismo, e por fim, o Quadros Conceituais da Ciência Política.
A Teoria dos Campos de Pierre Bourdieu possibilita compreender o funcionamento do espaço social, identificando e analisando as relações entre agentes inseridos nos campos e subcampos (BOURDIEU, 2004). Para isso, o filósofo francês estabelece conceitos básicos em sua teoria, como Campo e Subcampo, Habitus, Capital, Agentes e Estruturas (BOURDIEU, 2007).
O modelo de análise por meio da Teoria dos Campos proporciona categorias interpretativas da realidade social, passível de serem desenvolvidas em outras áreas de conhecimento, além das Ciências Sociais, utilizadas para análise das questões que permeiam a discussão do esporte, assim como das políticas de esporte e lazer (MARCHI JÚNIOR, 2001; STAREPRAVO, 2011a).
O cenário no final da década de 2000 mostrava pesquisas em políticas públicas que eram relatos de experiência ou análises macroestruturais sem diálogo com a empiria. A alternativa foi buscar uma teoria social de médio alcance que considera a estrutura e os agentes, buscando qualificar as análises. Bourdieu ainda coloca a necessidade de reflexividade sobre o conhecimento e as práticas sociais, buscando desvelar os fundamentos ocultos de dominação.
Outra teoria utilizada nas pesquisas do GEPPOL condiz com a Sociologia Configuracional de Norbert Elias, que por meio da análise das sociedades e consequentemente a interações entre seus membros, busca identificar suas diferenças, mas também suas semelhanças (ELIAS, 2008).
Ademais, tal teoria pode se constituir como uma abordagem adequada para procedermos no entendimento dos complexos conflitos estabelecidos em diferentes situações, indo além da relação entre as análises de diferentes sociedades. Souza, Starepravo e Marchi Júnior (2014), destacam as tensões e os processos conflituosos presentes na relação entre teoria e empiria, pesquisador e objeto, entre indivíduo e sociedade e por fim, as relações de poder no contexto das interdependências, como alguns dos exemplos que a Sociologia Configuracional pode ser utilizada como ferramenta de análise.
A utilização de tal aporte teórico é destacada pois no idêntico cenário mencionado anteriormente para justificar a opção pela Teoria dos Campos, a Sociologia Configuracional oferece um instrumental teórico para estudar e compreender as relações de poder, um dos elementos fundamentais na análise de políticas.
As Policy Analysis foram utilizadas em algumas pesquisas desenvolvidas pelo GEPPOL, uma vez que o que dá especificidade às análises de políticas, é a análise política considerando sua contingência. Partimos do pressuposto que o estado e seus membros podem se comportar de variadas formas, o que leva a possiblidade de estudar o funcionamento do Estado, considerando-o em sua complexidade, ambiguidades e contingências.
A teoria empírica do Federalismo é outro importante aporte teórico utilizado e desenvolvido pelo GEPPOL em suas publicações, uma vez que o Brasil é a única federação com três entes federativos que competência para ofertar políticas de esporte, o que teoricamente favoreceria a diversidade e inovação nas políticas de esportes (BURRIS, 2001; ARRETCHE, 2010).
Por fim, destacamos a utilização dos Quadros Conceituais (ou frameworks), embora não se apresentem como uma teoria em si, sua utilização tem como objetivo a identificação do problema a ser investigado, além da teoria a ser desenvolvida de acordo com o objeto de pesquisa identificado. Além disso, permite ao pesquisador, por meio do quadro conceitual identificar os elementos mais relevantes como foco da pesquisa (DE ALMEIDA e MEZZADRI, 2017). Nessa perspectiva destacam-se como principais quadros conceituais de pesquisa em políticas de esporte e lazer do GEPPOL, o quadro conceitual dos Múltiplos Fluxos que busca explicar como os governos adotam decisões sobre as políticas e programas que serão implementadas.
GEPPOL, a disseminação do conhecimento e as perspectivas futuras da produção de conhecimento na área
Em relação a produção do conhecimento disseminada pelo GEPPOL durante o período de sua existência, destacou-se na produção de trabalhos acadêmicos em formatos diversos. Relacionando o GEPPOL e o seu alcance, ao menos 80 trabalhos foram apresentados em eventos acadêmicos e consequentemente publicados em anais nos formatos de resumos, resumos expandidos e artigos. No que tange a produção referente a artigos publicados em periódicos científicos, foram um total de 75 artigos publicados. Para além disso, observa-se que há uma progressão no processo de produção do conhecimento, à medida que o grupo se consolida.
Esses estudos foram publicados em 29 revistas diferentes, sendo periódicos nacionais e internacionais. Dentre eles destacam-se publicações realizadas em periódicos como Licere (10), Movimento (7), Revista Pensar a Prática (6), Journal of Physical Education - UEM, Motrivivência e Revista da Alesde (5 em cada).
A aérea de estudo desses artigos é predominantemente das políticas públicas, no entanto outras áreas são evidenciadas como gestão pública e gestão do esporte, política do esporte e sociologia do esporte. A seguir destacaremos algumas das principais publicações desenvolvidas pelo GEPPOL, além das produções envolvendo projetos de pesquisa e a produção de trabalhos de conclusão de curso e/ou dissertações e teses.
Em um momento inicial o GEPPOL estabeleceu suas publicações de artigos nas principais revistas acadêmicas destinadas a área temática de contribuição do grupo. Malagutti, Hirata e Starepravo (2016) realizaram uma pesquisa utilizando os dados do Projeto de Pesquisa “Análise dos agentes públicos do Sistema Nacional de Esporte”, analisaram os principais programas e projetos de esporte e lazer desenvolvidos nos munícipios do estado do Paraná. Xavier et al. (2017) realizaram uma pesquisa onde analisaram os municípios de mesmo porte, localizados em uma região específica do estado do Paraná possuíam condições distintas ou semelhantes referentes ao quadro de agentes e a gestão das políticas públicas de esporte e lazer.
Zardo, Souza e Starepravo (2018) analisaram a figura dos gestores que ocuparam os principais cargos de gestão do esporte no país entre os anos de 1937 a 2016, traçando um perfil dos mesmos, com o objetivo de identificar os habitus e capitais determinantes para sua chegada em tal posição.
Starepravo et al. (2018), em uma publicação em parceria com professores da Universidade Estadual de Maringá e da Universidade Federal do Paraná, desenvolveram um artigo com o objetivo de identificar se o subcampo político/burocrático de esporte e lazer (representado por um Programa federal de esporte e lazer) se apropriou da produção do subcampo científico/acadêmico que debate as políticas públicas de esporte e lazer, identificando ainda as principais estratégias dos agentes para efetivar tal apropriação.
Em uma pesquisa relacionada com a grande área de conhecimento da Sociologia do Esporte, Xavier et al. (2017), em parceria com professores da Universidade Estadual de Maringá e da Universidade Federal do Paraná, investigaram a existência de uma opinião preconceituosa sobre um grupo de mulheres praticantes de Rugby no munícipio de Maringá.
A partir do ano de 2018 houve por parte do GEPPOL a busca da internacionalização das publicações produzidas coletivamente entre os membros do grupo, ou com professores e acadêmicos em forma de parceria. Canan, Zardo e Starepravo (2018) desenvolveram e publicaram uma pesquisa com o objetivo de investigar as relações entre o esporte e a política, utilizando como objeto de pesquisa a Copa do Mundo de Futebol Masculino da FIFA de 2014. No estudo, os autores debateram sobre a relação entre as regulamentações internacionais e a soberania nacional.
Canan e Starepravo (2019) analisaram as sugestões populares sobre esporte e feitas à última Assembleia Nacional Constituinte brasileira, cadastradas no Sistema de Apoio Informático à Constituinte, plataforma eletrônica governamental desenvolvida para o processo de construção da Constituição de 1988.
Rojo, Simiyu e Starepravo (2020), em parceria com um professor da University of Texas, analisaram o conhecimento publicado sobre a temática da migração esportiva em nível internacional, realçando as questões metodológicas dos estudos catalogados. Já Starepravo, Hirata e Santos (2020), em parceria com um professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco, avaliaram a relação entre a gestão municipal na descentralização de um Programa Federal de esporte e lazer, em três ciclos eleitorais municipais.
E por fim Xavier et al. (2020) analisou cinco legislações específicas de esporte e lazer voltadas às mulheres para identificar o atual cenário das políticas públicas de esporte e lazer para o público feminino no Brasil.
Além da produção científica exclusiva do GEPPOL, no decorrer dos quase dez anos de existência do grupo, foram estabelecidas parcerias com grupos de pesquisa da própria Universidade Estadual de Maringá e de outras universidades. O professor Edmilson Santos dos Santos da Universidade Federal do Vale do São Francisco é um dos principais parceiros do grupo, desenvolvendo em conjunto com o GEPPOL pesquisas que analisam os principais programas federais de esporte e lazer e sua aplicabilidade a nível municipal (SANTOS e STAREPRAVO, 2018; SANTOS, HIRATA e STAREPRAVO, 2018; HIRATA, STAREPRAVO e SANTOS, 2020).
O Centro de Pesquisa em Esporte, Lazer e Sociedade (CPELS) vinculado ao Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná, é o principal grupo parceiro em pesquisas do GEPPOL (CASTRO et al., 2019; ROJO et al., 2019). Por se tratar da Instituição de formação do líder do grupo, tal aproximação ocorreu de forma natural, inclusive não apenas na produção de artigos, mas na realização e organização conjunta de eventos, participações em bancas e cooperações mútuas em outros trabalhos.
O grupo também se destaca pela produção de Livros e Capítulos de Livros. A obra “Políticas públicas na Educação Física” aborda a temática das políticas públicas de esporte e lazer, buscando ampliar durante o processo de formação dos profissionais da educação física, apresentando as relações que o Estado brasileiro tem estabelecido com as práticas esportivas e de lazer. Já o livro “Políticas públicas de esporte e lazer: sistemas nacionais e políticas municipais” apresenta questões relacionadas às políticas públicas de esporte e lazer no Brasil em distintas instâncias da federação, coalizões de governos e sociedade civil (STAREPRAVO; SOUZA e MILANI, 2018; SILVA e STAREPRAVO, 2020).
Já a obra “O esporte nas eleições 2018: candidaturas à presidência da república e aos governos dos Estados”, tem como proposta identificar nos planos de governo da candidaturas cadastradas no Tribunal Superior Eleitoral durante as eleições do ano de 2018 aos cargos de Presidente da República e Governador Estadual de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal, as propostas voltadas para o campo esportivo, Inaugurando uma agenda de pesquisa sobre agendamento do esporte na política nacional e local (CANAN, SILVA e STAREPRAVO, 2018).
Por fim, a obra “Esporte ou festa? O esporte universitário no Paraná” aborda a temática do esporte universitário em suas duas manifestações: o Esporte/Oficial e o Esporte/Festa, apresentando uma manifestação esportiva tradicional e consolidada e outra mais dinâmica, que vem atraindo cada vez mais universitários, em uma obra diretamente ligada com a grande área de conhecimento da Sociologia do Esporte.
O GEPPOL também desenvolveu alguns capítulos de livros, com temáticas diferentes, abordaram assuntos diretamente ligados à área de conhecimento das Políticas Públicas. Starepravo, Canan e Santos (2017) desenvolveram um capítulo para apresentar um panorama das políticas de esporte e lazer no Brasil. Já Canan e Starepravo (2019) buscou apresentar o processo de constitucionalização do direito ao esporte realizando apontamentos e considerações sobre o atual cenário do mesmo enquanto um direito individual.
Outro importante meio de divulgação do conhecimento produzido pelo grupo trata das apresentações de trabalhos em eventos acadêmicos, como congressos, seminários e fóruns nacionais e internacionais. Podemos destacar o Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (CONBRACE), organizado pelo Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte como um dos principais eventos nacionais com forte participação do GEPPOL. A relação entre o grupo e o CBCE sempre foi próxima e participativa, com destaque à participação dos membros do grupo em atividades relacionadas ao Colégio, com atuação no Grupo de Trabalhos Temáticos de Políticas Públicas e envolvidos na gestão estadual da Secretaria CBCE no Paraná.
Além dos eventos nacionais, o GEPPOL costuma participar do Congresso Latino-americano de Estudos Socioculturais do Esporte, organizado pela Asociación Latinoamericana de Estudios Socioculturales del Deporte (ALESDE), e também, o World Congress of Sociology of Sport da International Sociology of Sport Association como principais eventos internacionais.
As temáticas são diversas, podendo citar como exemplo, pesquisas envolvendo o estudo do gênero e o esporte, espetacularização do esporte, gestão esportiva e a análise sobre políticas e programas voltados ao esporte e lazer (STAREPRAVO et al., 2017; HIRATA e STAREPRAVO, 2017; MOURA e STAREPRAVO, 2019; BERGANTIN, MOURA, e STAREPRAVO, 2019).
Por meio de um breve e resumida apresentação dos meios de divulgação do conhecimento utilizado pelos membros do GEPPOL, destaca-se a diversificada utilização de meios para tal. Outro fator de destaque é a busca por parcerias com professores e outros grupos de pesquisa de variadas instituições a fim de fortalecer as relações acadêmicas na busca do aprimoramento da qualidade das produções.
Em relação ao panorama futuro pretendido pelo grupo perpassa pela busca da internacionalização das publicações, uma vez que tal demanda se faz necessária no meio acadêmico a fim de apresentar tal realidade e poder realizar e desenvolver análises comparativas com outras localidades. Próximo a isso, o projeto de pesquisa em andamento e que deve nortear os trabalhos pelos próximos anos busca analisar comparativamente o esporte em diferentes países.
Nesse sentido, o fortalecimento das parcerias institucionais e internacionais são necessárias. Bem como o grupo busca disseminar o conhecimento sobre as políticas de esporte e lazer produzido no Brasil tanto em âmbito nacional, quanto internacional.
CONCLUSÃO
O presente manuscrito buscou realizar de autoanálise em relação às contribuições do GEPPOL-UEM para a qualificação da produção do conhecimento científico/acadêmico sobre as políticas de esporte e lazer, sociologia do esporte e para a grande área da Educação Física. Entre os pontos apresentados compreende-se que o grupo contribuiu para o fortalecimento do tripé universitário, atuando tanto nas áreas de ensino, pesquisa, e também, extensão.
Em termos quantitativos as produções acadêmicas do GEPPOL-UEM se mostram consistentes. Quando se refere a termos qualitativos percebe-se que o grupo tem veiculado suas pesquisas em importantes veículos de comunicação científica, sendo esses valorizados pelos pares da área nacional e internacionalmente.
Mesmo sendo norteado pelas pesquisas em Políticas do Esporte e Lazer, os integrantes também atuam em uma ampla margem de pesquisa na perspectiva sociocultural da Educação Física e do esporte. Diante do cenário apresentado, compreende-se que o GEPPOL-UEM, mesmo estando as portas de completar seu décimo aniversário, sendo um grupo recente no campo acadêmico da área, já demonstrou maturidade acadêmica em suas produções e tem perspectivas futuras no sentido de qualificar essa atuação.