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Revista Práxis Educacional

versión On-line ISSN 2178-2679

Práx. Educ. vol.16 no.42 Vitória da Conquista  2020  Epub 15-Mayo-2024

https://doi.org/10.22481/praxisedu.v16i42.7346 

DOSSIÊ TEMÁTICO: Educação, currículo e juventudes: dilemas e desafios atuais

APONTAMENTOS SOBRE JUVENTUDES UNIVERSITÁRIAS: O CASO DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR, BAHIA, BRASIL

NOTES ON UNIVERSITY YOUTH: THE CASE OF THE CATHOLIC UNIVERSITY OF SALVADOR, BAHIA, BRASIL

APUNTES SOBRE JUVENTUDES UNIVERSITARIAS: EL CASO DE LA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR, BAHIA, BRASIL

Katia Siqueira de Freitas1 
http://orcid.org/0000-0003-0984-814X

Ângela Borges2 
http://orcid.org/0000-0002-6974-7984

Maria de Fátima Pessôa Lepikson3 
http://orcid.org/0000-0002-4952-8768

Julie Lourau4 
http://orcid.org/0000-0003-1848-3664

1Universidade Católica do Salvador - Brasil sfkatia@gmail.com

2Universidade Católica do Salvador - Brasil angelborges@uol.com.br

3Universidade Católica do Salvador - Brasil flepikson@gmail.com

4Universidade Católica do Salvador - Brasil juliesarahba@gmail.com


RESUMO

Resumo: O artigo analisa resultados parciais de uma pesquisa mundial sobre juventudes universitárias, realizada no segundo semestre de 2016, com preenchimento de questionário on line e reporta dados relativos aos jovens com até 30 anos de idade em cursos de graduação na Universidade Católica do Salvador- UCSAL. Os dados selecionados permitiram traçar o perfil sócio biográfico dos alunos, sua relação com o trabalho, atividades e interesses pessoais, satisfação com a vida e autoestima, aspectos importantes da vida e da identidade e suas perspectivas para o futuro. A análise desses dados revelou a diversidade da situação socioeconômica dos jovens e das suas famílias, para o que contribuem os programas de concessão de bolsas e de financiamento público para o acesso a uma universidade particular de jovens em famílias com pouca ou nenhuma capacidade de pagamento das mensalidades. As respostas sugerem uma forte expectativa dos jovens quanto ao sucesso profissional na sua área de formação e a introjeção de valores individualistas, centrais na construção de sujeitos em tempos de hegemonia neoliberal, assim como a pouca importância atribuída à participação política tradicional.

Palavras chave: Estudo; Juventudes universitárias; Trabalho; Valores

ABSTRACT

Abstract: The article analyzes partial results of a worldwide investigation of university youths, carried out in the second semester of 2016 by filling out an online questionnaire and reports data on young people up to 30 years old enrolled in undergraduate courses at the Catholic University of Salvador - UCSAL. The selected data allowed to trace the students' socio-biographical profile, their relationship with work, activities and personal interests, satisfaction with life and self-esteem, important aspects of life and identity and their perspectives for the future. The analysis of these data revealed the diversity of the socioeconomic situation of young people and their families, to which the scholarship and public financing programs contribute for access to a private university for young people in families with little or no ability to pay for school fees tuition. The responses suggest a strong expectation of young people regarding professional success in their area of ​​training and the introjection of individualistic values, central to the construction of subjects in times of neoliberal hegemony, as well as the little importance attributed to traditional political participation.

Keywords: Study; University youth; Work; Values

RESUMEN

Resumen: El artículo analiza resultados parciales de una investigación mundial sobre jóvenes universitarios, realizada en el segundo semestre del año 2016, completando un cuestionario en línea e informa datos sobre jóvenes de hasta 30 años en cursos de grado en la Universidad Católica de Salvador - UCSAL. Los datos seleccionados permitieron rastrear el perfil sociobiográfico de los estudiantes, su relación con el trabajo, actividades e intereses personales, satisfacción con la vida y autoestima, aspectos importantes de la vida y la identidad y sus perspectivas para el futuro. El análisis de estos datos reveló la diversidad de la situación socioeconómica de los jóvenes y sus familias, a lo que los programas de becas y financiamiento público contribuyen para el acceso a una universidad privada para jóvenes en familias con poca o ninguna capacidad para pagar las tasas escolares. Las respuestas sugieren una fuerte expectativa de los jóvenes con respecto al éxito profesional en su área de capacitación y la introyección de valores individualistas, centrales para la construcción de sujetos en tiempos de hegemonía neoliberal, así como la poca importancia atribuida a la participación política tradicional.

Palabras clave: Estudio; Jóvenes universitarios; Trabajo; Valores

Introdução

Este artigo traz à baila resultados parciais de uma pesquisa realizada em 2016, na Universidade Católica do Salvador - UCSAL, pelas autoras do texto, como parte de uma ampla pesquisa desenvolvida pela Federação Internacional de Universidades Católicas (FIUC). Os dados selecionados e as discussões decorrentes versam sobre o perfil sócio biográfico e cultural dos jovens, especialmente no que diz respeito à sua relação com o trabalho, atividades, interesses pessoais, satisfação com a vida, autoestima, elementos importantes da vida e da identidade, envolvimento com algum movimento social e perspectivas para o futuro.

Dois esclarecimentos iniciais devem ser oferecidos ao leitor. O primeiro é que o questionário on line, respondido pelos participantes da Pesquisa Mundial sobre as Culturas dos Jovens nas Universidades Católicas, foi construído pela FIUC. O mesmo apresentou algumas lacunas, quando aplicado à realidade brasileira, como a não consideração da categoria raça-cor, por exemplo, que constitui uma das preocupações da sociedade brasileira como um todo e, em especial, a baiana. Contudo, apesar dessa limitação sobre a abordagem das desigualdades entre os jovens em um país que tem como um dos marcadores sociais a origem étnico-racial, os resultados da pesquisa são relevantes, na medida em que tornam transparentes o perfil e a situação das juventudes inseridas no ambiente universitário de origem confessional, numa cidade do nordeste brasileiro. O segundo diz respeito ao perfil da própria UCSAL, instituição privada, com caráter filantrópico e comunitário, cuja principal fonte de recursos, podemos dizer, advém das mensalidades pagas pelos alunos. A partir do seu caráter filantrópico e comunitário, a UCSAL investe parte dos seus recursos financeiros em bolsas de estudos para os alunos declaradamente mais pobres. Essas iniciativas, limitadas à sua capacidade econômica, antecederam tanto as políticas públicas que oferecem bolsas de estudos conhecidas como ProUni, quanto o sistema de financiamento do Fies. Ambas decorrentes de políticas públicas que ampliaram a atenção pública a um maior número de jovens oriundos das periferias de Salvador, incorporando novos perfis de estudantes, o que torna ainda mais premente a necessidade de conhecê-los através dos seus próprios olhares.

Um olhar sobre o conceito de juventude

Devido à multiplicidade de sentidos e entendimentos do que seja o conceito de juventude e juventudes, ao longo dos anos e das diversas culturas, convém esclarecer, inicialmente, que acatamos o conceito de juventudes como uma criação social, não apenas definido pela idade cronológica.

Atualmente, a percepção corrente acata que há um conjunto de juventudes constituídas com suas peculiaridades, diversidades e sonhos. Cassab (2011) ensina que, na Idade Média, o conceito de juventude poderia referir-se a distintos períodos da vida. A revisão de literatura sobre o tema, realizada por Rocha e Santos (2016), revelou que 85% dos autores analisados usavam o termo juventudes, exatamente pela compreensão de que contextos sociais, familiares e culturais podem ensejar distintas juventudes. Assim, há diferentes definições e orientações sobre o que é juventude ou juventudes em consonância com a sociedade e o tempo histórico.

Santos (2016) afirma que:

ENT#091;...ENT#093; os tempos se associam ao contexto conceitual, compreendendo que para além do tempo da máquina, próprio da modernidade, coexiste um tempo social que redefine o ser jovem e torna-o sujeito substantivado, o que permite percebê-los em sua pluralidade (SANTOS, 2016, p. s/n).

No Brasil é aceito, no entanto, o estabelecido pela Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) e pelo Conselho Nacional da Juventude, criados no ano de 2005. Ambos alocam a juventude em três grupos, como mostram Souza e Paiva:

ENT#091;...ENT#093; 15 a 17 anos - jovem-adolescente; 18 a 24 anos - jovem-jovem; 24 a 29 anos - jovem adulto. De acordo com Aquino (2009), a dilatação para 29 anos não é uma peculiaridade brasileira, e está ocorrendo na maioria dos países que pretendem implementar políticas para a juventude. Tal variação é justificada por dois fatores: maior dificuldade de essa população ganhar autonomia - devido às aceleradas mudanças no mundo do trabalho - e aumento da expectativa de vida da população em geral. (SOUZA; PAIVA, 2012, p. 254)

Essa afirmação corrobora a assertiva de que o conceito de juventudes sofre as nuancem sociais e temporais, sendo plural e polissêmico. É viável lembrar que o tema referente a juventudes é recorrente. São abundantes estudos sobre essa categoria, destacando as inquietações, dificuldades, violências e comportamentos desviantes das normas social, familiar e escolar.

Muitas investigações têm sido desenvolvidas desde o século XIX e evoluídas constantemente com relação aos aspectos focados. Desde o início do século XX, há vários estudos sobre a juventude e, recentemente, sobre as juventudes, focando múltiplas situações do mundo dos jovens nas várias comunidades e sociedades. Alguns desses são clássicos na literatura sociológica e frequentemente referenciados, como os americanos William Foote Whyte (1943) e os de Gerald D. Suttles (1968), ambos na linha da conhecida Escola Sociológica de Chicago. Na linha europeia há franceses como Pierre Bourdieu (2001) e britânicos, como Eric Hobsbawn (1993). Na América do Sul destacam-se alguns brasileiros, como Juarez Dayrell (2007). A contribuição desse último autor, docente da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais e então coordenador do Observatório da Juventude, foca a relação entre os jovens brasileiros, a cultura, a tensão e os desafios na escola, dentre outros temas. No artigo “A Escola ‘Faz’ as Juventudes? Reflexões em torno da Socialização Juvenil”, Dayrell (2007) se refere aos processos de socialização das novas gerações e discute as características dos jovens que chegam às escolas públicas de ensino médio, evidenciando a existência de uma nova condição juvenil no Brasil.

Em 2014, o grupo de pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul publica a obra “Juventudes na Universidade: olhares e perspectivas”. Essa coletânea discute assuntos diversos do mundo dos jovens universitários, como: o que é ser jovem, na perspectiva dos sujeitos da pesquisa; os desafios da Universidade para os jovens; o trabalho, as novas tecnologias, violência, sexualidade, incertezas e projetos. Todos esses temas compõem o universo do cotidiano das juventudes, que buscam tanto a participação social quanto sua realização pessoal. A análise dos dados coletados por este autor evidenciou que os jovens universitários querem ser ouvidos e contribuir positivamente para as mudanças que lhes afetam tanto na educação quanto em outros aspectos da vida familiar, social e laboral.

Retomando a obra de Santos, já referida, encontramos a afirmação de que

ENT#091;...ENT#093; tanto os herdeiros das famílias de tradição universitária, como os novos sujeitos que emergem das camadas historicamente excluídas, buscam a obtenção de um capital cultural institucionalizado para acessar ao ensino superior e, a partir daí, construir uma carreira socialmente aceita, possibilitando-lhes emergir para além da realidade econômica e social da família. (SANTOS, 2016 p. 38)

A busca do capital social institucionalizado e o ideal de alcançar carreira e profissão socialmente valorizadas impulsionam as juventudes a priorizar o estudar e as horas de dedicação às atividades universitárias. São muitos os sacrifícios pessoais e familiares para conseguir o reconhecimento de sua competência na sociedade e no mundo do trabalho, com a obtenção e apresentação de um diploma universitário com reconhecimento e valor social.

De forma complementar aos estudos até então referidos, Castro e Abramovay (2006), em artigo intitulado “Juventude e Participação: alguns aportes da literatura contemporânea”, se referem à participação política de juventudes brasileiras. Mencionam que, a partir da década de 80, as juventudes têm definido parâmetros próprios sobre sua participação política. Destacam que “Emergem no dia a dia, diversos movimentos jovens que não mais se resumem às organizações partidárias, sindicatos e grêmios estudantis”. (p. 29). As temáticas assumidas, por sua vez, não se voltam mais para “mudanças sociais macroformatadas” como o caso dos sistemas capitalistas ou da luta pelo socialismo. As autoras afirmam que, em tempos neoliberais como os que vivemos, são reforçadas ideias “individualistas narcísicas, medos e orientações por consumo, levando-se em consideração condicionantes estruturais, condições de vida que diferenciam os jovens entre si” (p. 29). Com base nessa leitura, é inexorável levar em consideração os diferentes conceitos e perspectivas de interpretação da literatura que aborda o tema “juventudes”.

Outra vertente de estudos sobre as juventudes foca na sua relação com o trabalho, um dos principais marcadores sociais na transição da juventude para a considerada idade adulta. Trata-se tanto de estudos que fazem referências a essa relação no bojo de análises sobre as transformações do capitalismo nas últimas três décadas do século XX, como de pesquisas ou ensaios sobre a mudança nos padrões de incorporação dos jovens no mercado de trabalho. No primeiro caso, dentre outras, destacamos duas obras de Castel, especialmente, “As metamorfoses da questão social” (1998) e “El Ascenso de las incertidunbres” (2010).

Ao reconhecer o trabalho como um dos principais pilares da integração social, Castel adverte como as mudanças no mundo do trabalho - fragilização do assalariamento, das proteções sociais e aumento do desemprego - afetam as novas gerações, colocando as juventudes como os primeiros a serem atingidos pelos processos de precarização e trabalhos intermitentes. Na obra “A miséria do mundo”, coordenada por Bourdieu (1997), (PIALOUX, BREAUD, 1997) voltam ao tema, neste caso, ressaltando como as transformações do capitalismo e as mudanças socioculturais engendram e ampliam o distanciamento entre gerações.

Sennett (1999), em seu livro “A corrosão do caráter”, declara que, no bojo das transformações vivenciadas nas sociedades capitalistas, alguns segmentos sociais estão mais expostos do que outros e, dentre os mais expostos, estão as juventudes em busca de um lugar no mercado de trabalho. Para os que vivem do trabalho, e, sobretudo, numa sociedade onde a maioria da população depende unicamente dessa fonte de renda para sobreviver - esse é o alicerce a partir do qual é possível cada um construir um projeto de vida, uma carreira cheia de sentido e, logo, para conquistar um lugar na sociedade.

No Brasil, um grande número de pesquisadores, sobretudo da sociologia, da economia e da educação, tem se debruçado sobre as repercussões das mudanças em curso no mercado de trabalho, na família, no sistema educacional e no acesso à escola, bem como sobre a relação dos jovens brasileiros com o trabalho e seus padrões de inserção no mercado de trabalho. Destacaram-se, como relevantes para a elaboração das discussões neste artigo, os estudos de Borges (2008; 2009; 2016), Camarano (2006); Montali, L. (2004); Abramo e Branco (2005); Guimarães (2005); Pochmann (2000).

Século XXI e universidades brasileiras

Nos últimos 20 anos, as universidades brasileiras têm sido palco de grandes transformações. Paiva (2013, p. 41) indica que “a história recente do acesso às universidades públicas e privadas no Brasil é fascinante”. De fato, por mais que mobilizações sociais ocorram desde os anos 1980, na luta pela redemocratização do país, em muitas áreas como, por exemplo, na educação institucionalizada, a desejada democratização vem ocorrendo lentamente. Durante os anos 19901, as pautas políticas amadureceram com participação notória do movimento negro denunciando as terríveis desigualdades que existiam entre brancos e não brancos no Brasil.

Vale, aqui, destacar que, historicamente, a população negra não teve acesso a uma educação de qualidade, impedindo, assim, que ela conseguisse acender e se destacar cultural e socialmente. O sucateamento das escolas públicas acabou mantendo este estado de fato. Segundo pesquisa do IBGE, publicada em 2018, a taxa de analfabetismo é de 3,9% para a população branca, enquanto é de 9,1% para a população negra e a taxa de conclusão do ensino médio é de 76,8% para os alunos brancos, já para os alunos negros é de 61,8%. Esses dados têm como consequência a difícil inserção da população negra no mercado formal de trabalho. No Nordeste, 57,8% da população negra tem uma ocupação informal (contra 52% dos brancos) e no Brasil, a renda média para a população negra é de R$ 1.608 contra R$ 2.796 para os brancos.

Somente a partir dos anos 2000 é que, de forma prática, o acesso às universidades se vê modificado e os princípios basilares desse acesso questionados3. O ambiente universitário, que era, até então, um privilégio da elite, começa a se democratizar com a implantação de políticas públicas locais4 e, finalmente, nacionais. Essas políticas provocam um forte impacto nas universidades públicas, a partir da Lei de Cotas para o Ensino Superior (Lei Nº 12.711/2012), e nas universidades privadas a partir da implementação de bolsas de estudo e financiamento para as universidades privadas (Programa Universidade para Todos-Pro Uni, Lei Nº11.096 de 2004, e Programa de Financiamento Estudantil-Fies, de 2001). (Paiva, 2013).

Essas políticas de acesso às universidades foram determinantes para proporcionar mudanças. Pela primeira vez, em 2018, percentual de matrículas de estudantes negros nas universidades públicas (50,3%) foi superior ao de estudantes brancos (49,7%). Na rede privada, em nível nacional, 53,4% de alunos são brancos contra 46,6 % de alunos negros.

O perfil sócio biográfico da amostra

Na amostra dessa pesquisa, as mulheres constituíram a maioria (64,1%) dos estudantes universitários da UCSAL que aceitaram participar da pesquisa. A maior parte da amostra (64%) tinha entre 17 e 22 anos, e apenas 10,3% estava na faixa etária de 26 a 30 anos. Como o limite de 30 anos de idade foi o pré-estabelecido para participar da pesquisa, só podemos afirmar que esse é o perfil parcial do alunado da universidade. Considerando que parte das aulas funciona no horário noturno, com grande inserção de alunos mais velhos, com atividades profissionais durante o turno diurno. A consideração dessa característica da amostra é relevante porque, obviamente, tem influência nas respostas obtidas apesar dos questionários terem sido respondidos por estudantes dos turnos diurnos e noturnos.

A maioria dos participantes origina-se de instituições privadas: ensino básico (70,5%). Este perfil não surpreende, pelo fato de tratar-se de uma universidade paga, o que, obviamente, pode ter se constituído como uma barreira à participação das juventudes que frequentaram a escola pública, oriundas das famílias mais pobres. Esses dados ajudam a avaliar o impacto das políticas de acesso às universidades, cujo propósito é abrir as portas das universidades às juventudes tradicionalmente excluídas.

Quanto ao pagamento das mensalidades, 52% dos respondentes revelaram ter os estudos financiados pelos pais. O pagamento, parcial ou total das mensalidades, com o próprio salário do estudante não alcançou 8% dos casos, demonstrando claramente uma falta de autonomia financeira dos mesmos e larga dependência da família.

Cerca de 7,7% dos participantes da amostra declararam ter bolsas de estudos do Programa Universidade para Todos-PROUNI e o mesmo percentual (7,7%) afirmou usufruir de bolsa de estudos doada pela UCSAL. Além disso, 18,8% dos respondentes declararam ter acesso ao Fundo de Financiamento ao Estudante de Ensino Superior-FIES. Esse financiamento é dirigido para um público com capacidade de pagamento após o término do curso. No segundo semestre letivo de 2016, quando o questionário foi aplicado, a crise política e econômica do país resultou em limitação na oferta de novas bolsas de estudos, mas os alunos dos semestres anteriores, que já usufruíam desse novo direito, continuaram se beneficiando dessas políticas.

Os tipos de instituições de origem dos alunos e o recebimento de bolsas de estudos sinalizam um alunado com perfil heterogêneo quanto à sua origem social. Os alunos têm sua origem em distintos segmentos das classes média e média baixa, incluindo, também, muitos originários de famílias pobres. Importante ressaltar que as bolsas de estudos recebidas apenas cobrem (parcialmente ou na íntegra) as mensalidades da universidade, não são renda.

Outras assertivas deixam mais clara a dependência financeira de mais da metade dos participantes. A grande maioria deles (66,1%) ainda reside com os pais e 12,5% com parentes próximos. Este quadro é coerente com os padrões familiares do Brasil e com o fato de 92,6% do total de participantes ter declarado ser solteira ou solteiro. Esse panorama leva-nos a acreditar, ainda, que a maior parte dos alunos reside em Salvador, não sendo obrigados a se deslocar entre municípios para ter acesso à universidade. Isso é coerente com a declaração de que pouco mais de 14% mora só ou partilha a residência com amigos.

Os antecedentes familiares confirmam a heterogeneidade dos estudantes em termos de posição na estrutura socioeconômica. Quanto à escolaridade dos progenitores, apenas 29% dos pais e 40% das mães têm diploma superior, isto é, pelo menos, 15 ou 16 anos de estudos. Contudo, 23% dos pais e 18% das mães têm, no máximo, até 10 anos de estudos. Um total de 44,6% dos pais e 40% das mães conseguiu entre 11 e 14 anos de estudos, o que equivale, no Brasil, ao curso básico ou a sucessivas reprovações.

São trabalhadores ativos 66% dos pais e 56% das mães, sendo que 13% das mães trabalham em casa sem salário. Chama a atenção os elevados percentuais de desempregados entre pais e mães, respectivamente 8% e 13%, o que revela a repercussão da crise entre os trabalhadores adultos. Essa circunstância sinaliza a mudança de arranjos familiares, resultando na inserção dos filhos no mercado de trabalho (MONTALI, 2004) e confirmando a importância das bolsas de estudos e empréstimos financeiros para viabilizar a entrada e/ou permanência na universidade de uma parcela das juventudes que participaram da pesquisa.

Por fim, a diversidade de origem familiar da amostra confirma a existência de distintas juventudes na UCSAL. Isto fica claro a partir do perfil ocupacional dos pais, organizado em Grupos Ocupacionais, por posição na família - pais e mães. Assim, no grupo Profissional, cientista ou com ocupações relacionadas, a maior parte das quais exigem diploma universitário são encontrados 19,87% dos pais e 18,12% das mães, e nas Ocupações Técnicas e Profissionais de nível médio, a exemplo de contabilista, técnico informático, analista de sistemas, designer, professor do ensino básico e secundário, esses percentuais são de 10,07% e 19,9%, e nas Ocupações gerenciais - executivo ou administrador de nível alto em grandes empresas e proprietário de médias e grandes empresas apenas 4,97% dos pais e 2,15% das mães. A soma desses dois Grupos Ocupacionais representa 35% dos pais e 39% das mães.

A parte expressiva dos pais e mães que trabalham é constituída por Trabalhadores Especializados (ex. operários, micro empresários, motoristas), grupo no qual se encontram 20,8% e 5,5% respectivamente.

Trabalhadores nos Serviços e no Comércio, como lojista e promotor comercial, assistente de loja, empregado de mesa (garçom), segurança, polícia, bombeiro, vendedor, representante comercial (11.68% e 7,38%); Empregados de escritório - secretário, assistente de contabilidade, caixa, bancário, recepcionista, telefonista, agente de bilhetes, chefe de departamento (6,58% e 9,80%), e, finalmente, no Grupo ocupacional Atividades básicas não especializadas estão 10,7% dos pais e 9,4% das mães, em ocupações como as de vendedor ambulante, trabalhador rural, operário da construção civil ou operário fabril não especializados, gari, e mesmo trabalhadores ditos “informais”, que ocupam as posições da base da pirâmide sócio ocupacional, como lavador de carros, trabalhador doméstico.

Concluímos, portanto, que as respostas dadas à questão sobre a atual ou a última ocupação dos pais mostram que quase todas as posições da estrutura ocupacional estão representadas na amostra de estudantes da UCSAL, confirmando a heterogeneidade da juventude pesquisada.

Trabalho e expectativas profissionais

A educação e o trabalho permeiam a vida dos jovens. Os dados sobre o trabalho oferecem uma primeira caracterização, relativa à condição socioeconômica dos mesmos e as expectativas no que diz respeito à inserção no mundo do trabalho.

A maior parte (64,8%) da amostra declarou que “Só estudam”. Com relação aos que afirmaram que “Trabalham e estudam”, a maioria (73,8%) o faz em tempo parcial. Ou seja, predominam os “estudantes que trabalham” e não os “trabalhadores que estudam”, entendendo como tal os que trabalham em tempo integral, (pouco mais de ¼ dos que trabalham). O resultado alcançado pode ser um viés ocasionado pelo corte etário da amostra, que excluiu os maiores de 30 anos. Todavia, revela, também, o impacto da crise que se aprofunda no Brasil desde 2015, responsável pela expressiva elevação das taxas de desemprego, aberto e oculto, em todo o universo de trabalhadores e, especialmente, entre as juventudes. Como mostra toda a literatura, os jovens encontram mais obstáculos à inserção no mercado de trabalho, mesmo considerando as desigualdades internas deste grupo etário.

Um total de 11,97% da amostra declarou ser “Técnico e profissional de nível médio”, na condição de contabilista, técnico informático, analista de sistemas, designer, professor do ensino básico e secundário, enfermeiro, assistente social”. Um grupo de 18,12 % se colocou como: trabalhador na área dos serviços, lojista, promotor comercial, assistente de loja, empregado de mesa (garçom), segurança, polícia, bombeiro, vendedor, representante comercial. Um pequeníssimo grupo (0,77%) assinalou ser “Executivo ou administrador de nível alto em grandes empresas. Proprietário de médias e grandes empresas. Profissional independente de grande prestígio”.

Coincidentemente, dois grupos atingiram os mesmos percentuais de 1,43%, foram eles: a) Trabalhador especializado, como capataz, operador de máquinas, soldador, eletricista, pintor, canalizador, carpinteiro, motorista (de autocarro, caminhão, táxi), etc. Microempresário (quiosque, pequeno comércio, proprietário de táxi, etc; b) Militar, oficial de carreira, pessoa nas Forças Armadas.

Uma parcela significativa (56,37%), dentre os que declararam trabalhar, se declarou em atividades comerciais e burocráticas, desempenhando funções em escritórios, se posicionaram como secretários, assistentes de contabilidade, caixa, bancário, recepcionistas, telefonistas, agentes de bilhetes, chefes de departamento. Convém destacar que 13,51% da amostra se declararam como profissionais em diferentes áreas, afirmando atuar como cientista ou com ocupação relacionadas à de médico, arquiteto, engenheiro, agrônomo, advogado, professor universitário, clérigo ou religioso, escritor ou artista, executivo ou administrador de nível médio em grandes empresas e executivo ou administrador em nível alto em pequenas e médias empresas.5

No segundo semestre de 2016, segundo a PNAD/IBGE, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), onde está situada a UCSAL, a taxa de desocupação daqueles entre 18 a 24 anos era de 33,3% e a do grupo ampliado de 25 a 39 anos de 33,9 (IBGE, 2018). Quando considerado o subemprego, a taxa combinada de desocupação salta para 54,3 no primeiro grupo e para 33,3% no segundo, evidenciando as dificuldades encontradas pelas juventudes e, também, pelos adultos jovens para realizar a transição para a vida adulta, caracterizada por autonomia com relação à família, independência financeira e constituição de família.

A investigação revelou opiniões e expectativas dos componentes da amostra sobre a sua inserção no mundo laboral após a universidade. Embora realizada em 2016, quando a crise econômica e a precarização no mercado de trabalho já se aprofundavam em todo o mundo, as questões sobre o labor se fixam na inserção das juventudes no mercado de trabalho. Com isso, não colocou em pauta os riscos de desemprego nem a opinião dos respondentes sobre as alternativas de atividade autônoma (no discurso do empreendedorismo), nas plataformas digitais etc., as quais têm sido apontadas por governos e instituições internacionais - a exemplo do Banco Mundial - como a solução para o acesso ao labor e à renda no capitalismo contemporâneo.

As respostas às questões voltadas para as expectativas no âmbito do labor (tomando o emprego como proxy das expectativas quanto ao trabalho) apresentam diferenças importantes entre o que idealmente pensam as juventudes sobre esse tema e o que efetivamente mais valorizam.

Quando perguntados sobre o que gostariam, idealmente, de fazer no futuro (ver Tabela 1)6, os aspectos que as juventudes consideram mais importantes e indispensáveis ao futuro trabalho/emprego, (questões com escalas e respostas múltiplas), sobressaem os aspectos que remetem à realização pessoal. Assim, 81,9% da amostra destacaram como relevante a expectativa de que “Fosse algo que gostasse de fazer”; que “... desse tempo para continuar a ter vida e atividades pessoais” (70,6%) e “Fosse interessante e estimulante” (64,7%).

Na mesma linha da realização pessoal, aparece outro conjunto de preocupações quanto ao seu futuro laboral, agora mais diretamente associadas à possibilidade de exercício da profissão que escolheram. Assim 73,8% afirmaram desejar que seu futuro emprego/trabalho “Oferecesse possibilidades de aprender e de me tornar numa (em uma) pessoa altamente competente na minha profissão”; 64,1% que “Estivesse ligado à minha educação, formação ou capacidades”. Apesar desse destaque à realização pessoal, as preocupações com a segurança na inserção laboral também aparecem na expectativa de uma atividade que “Oferecesse segurança e estabilidade, ou seja, me garantisse que não seria despedido do emprego ou que o meu salário não seria reduzido”, referida por 67% dos estudantes.

Nesse item, chama a atenção o fato de que os elementos mais destacados no discurso empresarial, como o retorno material e de status obtido no trabalho, embora referidos como importantes na escolha de um emprego, aparecem com pontuações mais baixas, como as opções por um trabalho que “Oferecesse possibilidades de ganhar um bom salário a tempo de acumular uma grande fortuna” ou “Oferecesse possibilidades de promoção para altos cargos na empresa”, destacadas com relevância máxima por 35% da amostra.

Tabela 1 Tipo de atividade profissional que, idealmente, gostaria de fazer no futuro 

Opções/Escalas 1 2 3 4 5 6
1. Estivesse ligado à minha educação, formação ou capacidades 1,68 0,61 1,99 8,12 23,58 64,01
2. Oferecesse possibilidades de aprender e de me tornar numa (em uma) pessoa altamente competente na minha profissão 0,46 0,46 1,23 4,13 19,91 73,81
3. Oferecesse possibilidades de ganhar um bom salário a tempo de acumular uma grande fortuna 1,53 3,22 8,12 24,04 27,72 35,38
4. Me permitisse tornar numa (em uma) pessoa bem conhecida socialmente e influente 4,13 5,05 16,23 25,27 19,91 29,4
5. Fosse interessante e estimulante 0,61 0,61 2,3 5,97 23,12 67,38
6. Tivesse prestígio social 3,98 4,59 12,25 27,87 22,82 28,48
7. Fosse algo que gostasse de fazer 0,61 0,46 1,38 4,29 11,33 81,93
8. Me permitisse fazer algo para ajudar a vida das outras pessoas e a resolver alguns dos seus problemas 0.92 1,84 5,36 13,78 20,21 57,89
9. Implicasse responsabilidade, em especial, pelas outras pessoas no trabalho 3,37 4,59 14,85 28,79 24,2 24,2
10. Oferecesse possibilidades de promoção para altos cargos na empresa 2,3 4,75 9,65 21,9 26,03 35,38
11. Me desse a garantia de estar a fazer algo útil para os outros e de contribuir para um mundo melhor para todos 0,92 1,99 6,74 12,71 20,98 56,66
12. Me desse tempo para continuar a ter vida e atividades pessoais 0,46 0,77 2,91 7,96 17,3 70.60
13. Oferecesse segurança e estabilidade, ou seja, me garantisse que não seria despedido do emprego ou que o meu salário não seria reduzido 1,23 1,23 3,68 8,12 18,84 66,92
14. Me permitisse tornar alguém valorizado e bem conhecido pela qualidade do meu trabalho 1,99 0,77 4,59 12,1 24,5 56,05
15. Oferecesse um ambiente competitivo e estimulante que, pelo meu esforço, me permitisse chegar a cargos elevados em termos profissionais e sociais 6,89 6,74 15,16 20,98 22,05 28,18
16. Me desse ampla liberdade para iniciativa pessoal e criatividade 1,38 1,68 7,81 16,08 24,81 48,24
17. Me oferecesse uma atmosfera amistosa e de companheirismo 0,77 0,92 4,75 10,87 24,96 57,73
18. Me desse possibilidades de levar a cabo os meus próprios projetos 1,23 1,68 7,35 18,84 27,57 43,34

Fonte: Relatório quantitativo da Pesquisa FIUC

No entanto, quando a pergunta é colocada objetivamente (se tivesses de começar um emprego agora)7, a adequação do emprego/trabalho à formação profissional se mantém como a resposta mais frequente, assim como as opções que subentendem a realização pessoal continuam sendo destacadas, mas passam a ganhar mais destaque aquelas opções referidas à qualidade do emprego, como: um bom salário; segurança, estabilidade; oportunidades de promoção.

Assim, levantamos a hipótese de que esses profissionais estejam em busca de uma segunda profissão na categoria de curso de graduação. A diplomação, possivelmente, abrirá novas oportunidades, permitindo alargar as possibilidades profissionais para melhorar a empregabilidade e a condição salarial. É possível que desejem mudar de área de atuação e conhecimentos, de status, ou, ainda, elevar a autoestima com a sensação de superação de suas capacidades acadêmicas e laborais. Assim, buscam formação continuada. Os motivos podem ser variados: satisfação pessoal ou aprimoramento e atualização de conhecimentos, habilidades e competências requeridas pelo rápido e constante movimento de mudanças na esteira das profissões. É pertinente inferir que desejam elevar seu potencial de empregabilidade.

A própria velocidade do desenvolvimento científico e tecnológico na sociedade atual imprime suas demandas aos que desejam, além de continuarem presentes no mercado de trabalho altamente competitivo, ascender a postos de trabalho e salários melhores em mercados não saturados ainda. A saturação do mercado em determinadas áreas impulsiona os jovens a retornar à universidade. A educação formal em mais de um campo do saber é percebida como um diferencial para a satisfação pessoal e mudança no campo laboral. Nesse sentido, é uma ferramenta que alarga as possibilidades de avançar socialmente e transitar em várias áreas do conhecimento. Ademais, é viável levantar a hipótese de que esses buscavam conhecimentos atualizados na profissão que abraçavam ou que lhes permitissem mudar de profissão. Fato comum, motivado pela rápida mudança de direção das profissões que oferecem oportunidades de trabalho. A luta por empregabilidade e reconhecimento social também faz parte do mundo das juventudes. Além da inserção no mundo do trabalho, a pesquisa explicitou atividades e interesses de caráter pessoal dos respondentes.

Atividades, interesses pessoais e satisfação com a vida

Não só o trabalho e a formação para o trabalho permeiam os sonhos e a realidade de vida desses estudantes. Portanto, a pesquisa investigou também a realização de “Atividades diárias”. Dentre as 18 alternativas apresentadas, destacaram-se, por ordem decrescente de percentagem: navegar na internet (96,47%), interagir via redes sociais (88,32%), ouvir música (82,20%), ver televisão (63,59%), estudar (60,66%). Estes pontos revelam que estudar ocupa a quinta posição e navegar na internet assume a liderança. Vale ressaltar que o uso da internet pode contemplar os estudos, pois é fonte de informações para pesquisa e de complemento para as aulas. Um total de 96,88% dos pesquisados declarou que possuem perfil pessoal postado nos sites tipo MySpace, Facebook, Twitter ou Linkedin e 49% divulgaram seus currículos em site. Ao responderem se usam a Internet para entrar em mundos virtuais via programas como Second Life (site grátis com 3D virtual) ou outros mundos do gênero, 98,37% disseram não. Supomos que o mundo virtual conhecido como Second Life8 não é muito usado pelos internautas brasileiros. Somente 12 pessoas responderam essa questão, com 11 alternativas relativas a programas ou sites. A alternativa “The Sims9” foi selecionada por 16.67 % dos jovens; as demais 11 alternativas receberam uma proposição cada uma.

Sobre o que o mundo virtual representa para eles, é interessante notar que apenas 12 responderam. Desses 12 que responderam a essa questão, 4 pessoas (33,33) % afirmaram que ficam conhecendo um pouco a vida de pessoas, enquanto o mesmo número de respondentes afirmou que não tinha esse interesse. Já seis jovens (50%) dos 12 afirmaram que experimentam identidades e possibilidades diferentes da realidade e cinco (41,67%) afirmaram que, por algum tempo, vivem uma identidade que, na realidade, não podem viver. Ao serem indagados se era só uma forma de passar o tempo e se distraírem, sete (58,33%) falaram que não; enquanto 4 (33,33 %) declararam passar entre três e quatro horas, diariamente, no mundo virtual.

Em relação à Satisfação com a vida e autoestima, os jovens se defrontaram com quatro proposições: 1- sinto-me satisfeito com a minha vida atual; 2- Sinto que tenho pleno controlo (controle) sobre a minha vida; 3- Considero-me uma pessoa muito feliz; 4- Acredito que a vida é plena de significado. Essas proposições deveriam ser assinaladas, a partir da escala crescente do tipo likert com pontuação de 1 a 6, sendo 6 a pontuação que descreveria “na perfeição a forma” como o/a respondente se sentia e 1 indicava que não descreveria “nada a forma como se sentiam”. Somente 39,38% daqueles que cumpriram essa fase acreditavam plenamente que a vida é cheia de significados. Leva-nos a indagar por que a maior parte da juventude na amostra não encontra a vida plena de significados.

Na questão que indagava sobre “sentimentos gerais” da pessoa sobre si mesmo, foram apresentadas 10 proposições para serem assinaladas a partir da escala, também do tipo likert. Os respondentes poderiam marcar as proposições apresentadas com uma das seguintes alternativas: concordavam totalmente, concordavam, discordavam ou discordavam totalmente com as proposições apresentadas.

Optamos por destacar as alternativas com maior incidência percentual sobre as proposições apresentadas, inferindo que tal percentual represente o sentimento mais comum entre as juventudes da amostra com relação à autoimagem. Desse modo, 50,68% disseram que discordavam totalmente da assertiva “Sinto que sou uma pessoa de valor, pelo menos, ao mesmo nível das outras pessoas”. A proposição “Sinto que tenho várias qualidades” recebeu 54,37% vezes a resposta Discordo; a proposição “Regra geral, costumo sentir que sou um fracassado”, foi assinalada 46,72% vezes com a alternativa Concordo; a proposição “Consigo fazer as coisas tão bem como a maior parte das outras pessoas” foi indicada 52,73% vezes com a alternativa Discordo; a proposição “Sinto que não tenho muitos motivos para me orgulhar” foi selecionada por 39,48% da amostra com Concordo totalmente; a proposição “Tenho uma atitude positiva em relação a mim” foi sinalizada 49,86% com Discordo; enquanto a proposição Em geral, estou satisfeito comigo” foi destacada 54,51% das vezes com Discordo; já a proposição “Gostaria de me respeitar mais” obteve Discordo 38,39% vezes; a proposição “Por vezes, sinto-me um perfeito inútil” recebeu 41,94% das respostas como sendo “Concordo totalmente; por fim a proposição “Por vezes, penso que não valho nada” foi assinalada 54,37% vezes com Concordo totalmente.

Examinando as percentagens obtidas, face às escalas de valores assinaladas e às proposições apresentadas, é viável inferir que a maioria dos respondentes não tinha autoestima muito elevada, o que pode estar relacionado, talvez, à incerteza sobre seu futuro e ao contexto geral de precarização do trabalho descrito anteriormente. A grande concorrência em alguns cursos (como o curso de Direito) pode gerar estresse elevado e tendência a se enxergar como pouco competente. Por outro lado, o tipo de resposta pode significar uma certa razoabilidade na maneira de responder às perguntas, nas quais os extremos foram evitados e colocados de maneira mais nuançada.

A família se configurou como a relação de maior importância (31%) nas vidas desses jovens, seguida dos estudos (18,11%) e dos amigos (15,6%), amor/parceiro (9,16%), futuro (8,03%.), trabalho (6,12%), religião (5,46%), lazer (5,27%). O percentual mais baixo apresentado foi em relação ao país/ nacionalidade (0,28%). Podemos inferir, então, que família, estudos e amigos são as relações consideradas como mais importantes. As análises dos dados indicam que a família, apesar de sua diversidade de constituição e relações, ainda ocupa papel relevante na formação e na segurança das juventudes e os amigos, por sua vez, são vistos como relações privilegiadas de convivência.

Em relação à participação política, chama a atenção que, em momento histórico conturbado, como foi o ano de 2016, enfrentado pela nação brasileira, com o impeachment da primeira mulher que assumiu a função de presidenta eleita democraticamente, representando o Partido dos Trabalhadores, que assumia sua segunda gestão, as juventudes universitárias da UCSAL declarassem reduzido interesse pela questão política. Tal “declaração” fica evidente quando os mesmos respondem à pergunta relativa aos três aspectos que consideram mais importantes em sua vida, dentre dez possibilidades de respostas, a questão política ficou em penúltimo lugar (1,87%) seguido, em último lugar, do país e da nacionalidade (1,87). Ressaltamos que o questionário não apresentou possibilidades de respostas referentes aos interesses e às novas formas de participação, inclusive, às mobilizações e manifestações públicas em massa, não mais necessariamente vinculadas a sindicatos e partidos políticos, mas através de mecanismos de comunicação contemporâneos, como é o caso da internet, e dos “Zaps” (What´s up) trocados e replicados continuamente. Contradizendo as respostas dos jovens que “declararam” falta de interesse por determinados aspectos da política em caráter abstrato (país, nação, política) é reconhecida a sua participação visível em momentos históricos da realidade brasileira, na medida em que eles foram agentes sociais que se destacaram nas manifestações em defesa da escola pública e a favor da democracia, dentre outros interesses.

Somente 6,12% dos jovens da amostra revelaram o labor como um aspecto importante em suas vidas. Especulamos que a baixa expectativa sobre o emprego futuro está relacionada ao cenário propiciado pelo projeto neoliberal que, dia a dia, amplia o número de desempregados, a precarização das relações do trabalho e reduz direitos trabalhistas conquistados. Restando construir oportunidade para se engajar no decantado empreendedorismo, que impõe valores como meritocracia e trabalho informal. Se relacionarmos os sentimentos em relação à vida e a si próprio, inferimos certa correspondência entre a pouca importância em relação a si mesmo e o baixo interesse pela política (1,87%) e, mais que isto, a pouca importância dada ao futuro (8,03%). Contudo, enfatizamos que o estudo, elemento formador para a inserção no mercado de trabalho, foi destacado com um percentual quase três vezes maior (18,11%) que o quesito trabalho (6,12%).

Ainda em relação aos aspectos importantes na vida e na identidade dos respondentes, as duas assertivas mais frequentes foram a família (29,6%) e os estudos (18,75%). Reforçando a centralidade das relações próximas dos respondentes, ao serem questionados sobre os grupos locais a que “mais se ligavam”, 18% destacaram o país e 12,35% ao mundo. Isto em detrimento das relações mais próximas como a moradia (cidade, vila e local de moradia desde o nascimento, 17,5%). Nesse patamar, se sentiam mais parecidas com os irmãos/irmãs e com as pessoas da mesma idade.

A grande maioria deseja definir suas próprias vidas (84%) e ter uma vida mais confortável (79%). É viável inferir, então, que a ideologia neoliberal, pautada no individualismo, no consumo de massa, sustenta a ideia sobre o que levou as juventudes universitárias a pensarem primeiro em si próprios, e não na sua contribuição social. Vale, aqui, trazer para reflexão que a grande maioria dos respondentes era do curso de direito, que possibilita certo status na sociedade contemporânea.

Ao serem questionados sobre que objetivos tinham para suas vidas, 52,9% afirmaram “contribuir para mudar a sociedade”, 67% desejariam “ser um cidadão respeitável cumpridor da lei”. Com relação a “Amigos, redes sociais, interação com os outros”, 88% responderam que não se inseririam em “partido/movimento político” e 95% também não se inseririam em sindicatos, como, também, não participariam de organizações de defesa dos direitos humanos (86,03%), organização feminista (84,5%), organização ecologista/ambientalista (88,71%) e movimentos antiglobalização ou antissistema (96,14%). Enquanto 28% apontaram interesse de participar de clubes e organizações desportivas, 32,84% de grupo religioso, 22,29% de grupo artístico ou cultural, 22,09% em organizações não governamentais como voluntários com pobres e grupos menos favorecidos; 27,19% em organizações estudantis os jovens.

O total de 57,89% considerava importante um emprego que lhes permitissem “fazer algo para ajudar a vida das outras pessoas e a resolver alguns de seus problemas”; que lhes “desse a garantia de estar a fazer algo útil para os outros e de contribuir para um mundo melhor para todos”. Um grupo de 61,87% dos respondentes apontou que a empresa deveria respeitar os direitos humanos, 58,35% que deveria ter “uma política de igualdades de oportunidades para todos os empregados” e “respeitar as leis laborais”. Em número significativamente inferior, mas que merece ser destacado, consideram “nada” importante critérios como os que a “empresa paga salários mais baixos às mulheres e discrimina-as para altos cargos” (39,97%), a empresa que “é conhecida por empregar menores de idade” (30,93%) e aquela que “pratica a discriminação quando emprega pessoas de outras raças ou grupos étnicos” (39,51%). Vale ressaltar aqui que as políticas de ações afirmativas implantadas recentemente no Brasil (a exemplo daquelas que visam favorecer o acesso à universidade às populações tradicionalmente excluídas) não fazem a unanimidade. Uma maioria das pessoas que eram tradicionalmente favorecidas pelo sistema da meritocracia rejeitam as cotas sob o pretexto que seria um modo de burlar o sistema ou um tipo de esmola dada às populações mais pobres, arriscando baixar o nível das IES e tirando deles opções de vagas (FERES, 2013). Esse fato pode ter influenciado essas respostas sobre ações afirmativas nas empresas, pois a discussão muitas vezes se resumiu aos “contra” e aos “a favor” das cotas, sem mais análise da situação. Aqui vemos que uma maioria está a favor dos “direitos humanos” ou de “igualdade” enquanto não se distingue minorias; em compensação, políticas para “mulheres”, “menores de idade” ou “grupos étnicos” são rejeitadas por um número maior.

Em relação à confiança que depositavam em pessoas ou grupos, 67% responderam que não tinham confiança nos políticos e no governo (54,99%).

Com respeito às razões que os levaram a ingressar na Universidade, particularmente no que tange à própria inserção social, somente 7,59% achavam “que podiam ser úteis à sociedade se tivesse um curso de um instituto de nível superior/universidade”

Sobre o Futuro, 60,20% dos participantes da amostra concordaram plenamente, ou em grande medida, que “A situação política, econômica e social do país só pode piorar no futuro e, dessa forma, os jovens irão ter muitas dificuldades em conseguir concretizar as suas aspirações” e 84,12% concordaram “que o futuro para os jovens está cheio de incertezas”. Sobre os principais projetos para os próximos 15 anos, 3,51% responderam que “Encontrar forma de trabalhar no sentido de uma sociedade mais justa e igualitária” e apenas 1,15% responderam “Empenhar-me em questões de direitos humanos, paz, ecologia ou outros movimentos sociais”.

Considerações finais

A pesquisa mundial sobre a cultura dos jovens nas Universidades Católicas, ao ser aplicada na UCSAL, em 2016, buscou obter informações sobre valores, expectativas e planos da juventude universitária, visando identificar o perfil e a cultura dos mesmos. Os resultados das análises dos dados coletados revelaram alguns apontamentos bastante significantes sobre as juventudes universitárias na UCSAL. Ficou evidente que, por mais que tenham em comum o fato de estudarem em uma universidade privada, ainda são caracterizadas por uma heterogeneidade de origem social e um complexo leque de sentimentos e expectativas quanto ao estudo, ao trabalho e à vida em geral. A diversidade social e de expectativas foi, portanto, um ponto que se sobressaiu em vários quesitos, coincidindo com o expresso na revisão bibliográfica sobre a categoria juventudes. As questões enfatizadas na literatura corroboram, também, as mudanças que atravessaram as instituições de ensino superior no Brasil desde o início deste século, deixando-as mais inclusivo em vários aspectos, como o social e o étnico-racial. Tornou-se evidente o lugar específico ocupado pela Universidade Católica do Salvador no panorama das instituições de ensino superior do Estado da Bahia. De fato, sua tradição de instituição com vocação filantrópica, aliada às políticas públicas de acesso às universidades tem possibilitado a inclusão de um alunado diversificado, dando espaço (mesmo que ainda minoritário) para estudantes oriundos de famílias de baixa renda. Vale, aqui, lembrar que parte dos estudantes negros vem das esferas socioeconômicas de baixa renda e, consequentemente, dependem, para a sua permanência na Universidade, de recursos públicos, por exemplo, das cotas e de bolsas de estudos, inclusive as fornecidas pela UCSAL. Em relação a este aspecto, é necessário pensar no agravamento da situação econômica dos últimos anos e nos cortes feitos no financiamento da educação, restringindo as bolsas de estudos e pesquisas enquanto políticas de ingresso e permanência nas universidades, como fatores que fragilizam e comprometem sempre mais a permanência das juventudes de menor poder aquisitivo na universidade.

O termo juventudes, no plural, foi caracterizado nessa pesquisa por uma idade limite de até 30 anos. Muitos revelaram que ainda são dependentes financeiramente das famílias, mas repousam a esperança de melhoria com os estudos. É interessante pensar que, se por um lado os jovens apontaram, na maioria dos casos, não querer se envolver em grupos políticos ou serem engajados socialmente, por outro lado, eles esperam ter este tipo de atuação a partir das suas profissões. De acordo com as respostas analisadas, constatamos, por fim, que a expectativa dos jovens em relação ao sucesso profissional e a introjeção de valores individualistas, em tempos de hegemonia neoliberal são percebidas com base na pouca importância atribuída à participação política tradicional. Quanto a esse aspecto, que integra um debate mais amplo sobre as mudanças culturais estruturais, é interessante lembrar que os jovens também declaram ativa participação nas redes sociais e o uso dos demais recursos da internet, para onde já migraram e continuam migrando partes importante dos meios tradicionais de informação e, cada vez mais, o debate e a mobilização política envolvendo posições de todo o espectro ideológico.

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SOBRE AS AUTORAS:

1Pode destacar, na época, os primeiros trabalhos que evidenciam as desigualdades raciais a partir de dados levantados por Carlos Hasenbalg e Nelson Valle.

3Estamos nos referindo às discussões em torno da meritocracia e do forte debate que abalou (e abala ainda) o Brasil sobre as cotas sociais e raciais. Sobre o assunto, ver textos de João Feres como, por exemplo, Feres, J. Jr e Campos L.A. O discurso “Freyreano sobre as cotas raciais: origem, difusão e decadência”. In: Paiva, A.R. Ação afirmativa em questão: Brasil, Estados Unidos, África do Sul e França. Pallas Editora, 2013.

4Importante apontar que as cotas começaram a ser estabelecidas por decisão de algumas universidades estaduais desde 2002, a exemplo da UERJ, UENF no Estado do Rio de Janeiro e da UNEB no Estado da Bahia.

5Nesse leque de ocupações, provavelmente estão incluídos também os estágios, um dos principais espaços de incorporação de jovens no mercado de trabalho brasileiro, em grande parte dos casos sem conexão com a formação profissional, constituindo-se, desde os anos 90, em um tipo de contrato de trabalho precário comum em vários setores da economia.

6A indagação formulada foi: Quando pensas no tipo de trabalho que gostarias, idealmente, de fazer no futuro, numa escala de 1 a 6, queremos que nos diga em que medida cada um dos seguintes aspectos seriam importantes na hora de escolher um emprego. 1 significa nada importante e 6 seria tão importante que não consideraria um emprego sem isso.

7A questão foi colocada nos seguintes termos: Se tivesses de começar um emprego agora, quais os três aspetos da lista seguinte que considerarias indispensáveis para o aceitares. O emprego teria de, indispensavelmente.

8Secondlife é um mundo virtual lançado em 2003.

9Video game com simulações da vida real.

SOBRE AS AUTORAS:

2Pesquisa do IBGE, “Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil”, 2018. Disponível em : https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101681_informativo.pdf

Recebido: 18 de Março de 2020; Aceito: 11 de Julho de 2020

Katia Siqueira de Freitas Doutora e pós-doutora em administração da educação pela The Pennsylvania State University, nos Estados Unidos, professora e pesquisadora da UCSAL, Grupo de pesquisa: Gestão e avaliação de políticas e projetos sociais.

Ângela Borges Doutora em Ciências Sociais. Docente e pesquisadora da Universidade Católica do Salvador- UCSAL, Programa de Pós-Graduação Políticas Sociais e Cidadania. Grupo de pesquisa Núcleo de Estudos do Trabalho -NET.

Maria de Fátima Pessôa Lepikson Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (2014), Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (1998). Docente e pesquisadora da Universidade Católica do Salvador, Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais e Cidadania. Grupo de Pesquisa: Questão Social, Estado e Sociedade Civil.

Julie Lourau Doutora em Antropologia social e etnologia (EHESS-França) e em Ciências Sociais (UFBA). Coordenadora, docente e pesquisadora do PPG de Políticas Sociais e cidadania, Universidade Católica do Salvador, Salvador BA. Líder do Grupo Antropologia, Fronteiras, Espaços e Cidadania (GP AFEC).

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