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Educação & Formação

versión On-line ISSN 2448-3583

Educ. Form. vol.8  Fortaleza  2023  Epub 02-Ene-2024

https://doi.org/10.25053/redufor.v8.e10617 

Artigos

Educa[n]ção intercultural: canções baseadas em contos para uma educação intercultural

Juan Rafael Muñoz Muñozi  , Conceituação, redação do rascunho original, revisão e edição
http://orcid.org/0000-0002-6601-7329

Javier González-Martínii  , Redação do rascunho original, redação de revisão e edição
http://orcid.org/0000-0003-3531-9655

iUniversidade de Almeria, Almeria, Espanha. E-mail: jrmunoz@ual.es

iiUniversidade de Almeria, Almeria, Espanha. E-mail: jgonzal@ual.es


Resumo

O canto é uma das principais atividades desenvolvidas no âmbito da educação musical, promovendo relações sociais e favorecendo a integração. A música é a principal protagonista desta atividade e a sua utilização como meio de promover a educação em valores e a interculturalidade é cada vez mais comum. A sua temática e os contextos que evocam facilitam o tratamento da educação para a paz, o acolhimento, o respeito, a coeducação e a diversidade cultural. Este artigo apresenta um repertório de canções que fazem parte da formação de alunos de educação infantil e primária da Universidade de Almeria (Espanha), bem como de escolas de Almeria e da província que participam de concertos didáticos e solidários.

Palavras-chave: canções; educação em valores; emoções; integração; interculturalidade

Resumen

El canto es una de las principales actividades que se realizan en el ámbito de la educación musical, fomentándose las relaciones sociales y favoreciéndose la integración. La canción es la principal protagonista en esta actividad y su utilización como medio para potenciar la educación en valores y la interculturalidad es cada vez más habitual. Su temática y los contextos que evocan facilitan el tratamiento de la educación para la paz, la aceptación y el respeto, la coeducación y la diversidad cultural. En este artículo se presenta un repertorio de canciones que forman parte de la formación del alumnado de los grados de educación infantil y primaria de la Universidad de Almería (España) así como de centros escolares de Almería y provincia que participan en conciertos didácticos y solidarios.

Palabras clave: canciones; educación en valores; emociones; integración; interculturalidad

Abstract

Singing is one of the main activities carried out in the field of musical education, promoting social relations and favouring integration. The song is the main protagonist in this activity, and its use as a means to promote education in values and interculturality is becoming increasingly common. Their theme and the contexts they invoke facilitate the treatment of education for peace, acceptance and respect, coeducation, and cultural diversity. This article presents a repertoire of songs that are part of the training of students in the Degrees of Early Childhood and Primary Education at the University of Almería (Spain), as well as schools in Almería that participate in didactic and solidarity concerts.

Keywords: songs; education in values; emotions; integration; interculturality

1 Introdução

A interculturalidade é definida como “[...] a presença e a interação equitativa de diversas culturas e a possibilidade de gerar expressões culturais compartilhadas por meio do diálogo e do respeito mútuo” (Unesco, 2005, p. 16). Assim, entender a interculturalidade como um espaço de encontro e conhecimento que favorece a igualdade não apenas entre diferentes grupos étnicos, linguísticos ou religiosos, como tem sido tradicionalmente entendido, mas também entre meninas e meninos, jovens e idosos, levando em conta as diferentes identidades sexuais ou de gênero, bem como a diversidade familiar e os novos modelos de família, seria um resultado educacional importante para uma cidadania inclusiva.

Por isso, a escola deve ser o espaço no qual se desenvolvam competências socioemocionais que permitam responder adequadamente aos desafios representados pela interculturalidade e pela diversidade com o uso de habilidades educacionais que promovam recursos didáticos, como canções, que favoreçam um maior conhecimento da realidade e permitam compensar as desigualdades, fortalecendo a convivência (Pedrero-García; Moreno-Fernández; Moreno-Crespo, 2017).

Por sua vez, o canto está presente em nossas vidas desde a mais tenra idade por meio das melodias que são cantadas para os bebês no ambiente familiar, sendo um meio de relacionamento e comunicação entre mãe e filho (Morant, 1999). Do ponto de vista cultural, o canto faz parte dos elementos básicos que definem as culturas, como ressalta Kodaly: “Uma cultura musical profunda só se desenvolveu quando a base foi o canto. A voz humana é acessível a todos e, ao mesmo tempo, constitui o instrumento mais perfeito e mais belo e deve ser a base da cultura musical das massas” (Ördög, 2000, p. 6).

Além disso, no desenvolvimento dessas culturas, o canto tem sido usado como um meio de expressão de sentimentos, sensações, emoções e experiências humanas. Nesse sentido, Willems (1981, p. 140) chega a afirmar que “[...] pode-se dizer com segurança que o canto é o princípio e a alma da música”. Do ponto de vista de sua importância no campo educacional, cabe destacar como, por meio do canto, é possível desenvolver habilidades que não são exclusivamente musicais, relacionadas ao campo da audiopercepção (Monks, 2003) ou mesmo ao aprimoramento de habilidades psicomotoras (Phillips, 2014).

Normalmente, no canto, a atenção está voltada para esses aspectos que apresentamos; no entanto, há outros ligados à educação em valores que têm uma relevância especial nessa atividade, especialmente quando realizada em grupo. A ação de cantar requer a disposição dos participantes para demonstrar solidariedade, pois o resultado final será a soma das contribuições de cada uma das pessoas envolvidas. Essa solidariedade determina que o trabalho em equipe seja um pilar básico para seu desenvolvimento e, para que isso seja possível, é essencial que todos os cantores se sintam parte do grupo e, portanto, que todos se sintam incluídos nele. É difícil pensar que seja possível cantar em grupo se seus membros não se aceitarem, respeitarem e valorizarem uns aos outros, pois não haveria como controlar a própria interpretação e, principalmente, a influência das emoções pessoais no canto. Portanto, quando propomos uma atividade de canto na sala de aula, independentemente do nível em que ela é realizada, estamos oferecendo a possibilidade de melhorar as relações sociais dos alunos, promovendo a solidariedade e a integração de todas as meninas e meninos, independentemente de sexo, raça, cultura, religião ou nível socioeconômico.

Essa dimensão do canto como meio de promover a integração e a interculturalidade é ainda mais acentuada quando se faz uma seleção adequada das músicas que farão parte do repertório de nossa sala de aula. O tema de cada música levará os alunos a todos os aspectos relacionados à interculturalidade. Dessa forma, fortalece-se a ideia de que a escola desenvolva valores que favoreçam a aceitação e a integração das pessoas, fazendo uso do conhecimento da cultura de cada sociedade (Bitir; Duran, 2019).

2 Canções como meio para o tratamento da educação intercultural

Além da importância das canções infantis no âmbito da educação musical, é importante destacar seu papel como centro integrador de atividades em diferentes áreas do conhecimento, tanto na educação infantil quanto no ensino fundamental (Estévez Vila, 2006; López de la Calle Sampedro, 2007; Martín Escobar, 2002). Sua relevância na educação musical das crianças tem sido frequentemente apontada, a ponto de ser considerada por Hemsy de Gainza (1964, p. 113) como “[...] o alimento musical mais importante que a criança recebe”. Sua repercussão no campo educacional é abordada por Bernal Vázquez e Calvo Niño (2000, p. 83), que apontam sua contribuição não apenas para a aprendizagem musical, mas também para a aprendizagem em outras áreas do conhecimento, pois a canção infantil “[...] é um excelente recurso didático porque solicita a participação direta e ativa da criança, o que a torna um elemento básico, tanto em nível de educação musical infantil como para a aprendizagem e internalização de outras áreas do currículo”.

Sua justificativa didática deve ser destacada pelas possibilidades que oferece no campo da educação integral das crianças (Cámara Izagirre, 2005; Oriol de Alarcón; Parra, 1979). Nessa linha, o uso de canções é promovido como um meio para o desenvolvimento de outras habilidades, como a memorização de melodias ou textos, ao mesmo tempo que oferece uma fonte inesgotável de vocabulário e uma conexão com diferentes assuntos nas diversas áreas do conhecimento (Pérez Miguel, 2003). Nessa perspectiva, Muñoz Muñoz (2003) destaca a canção como o contexto de trabalho musical mais completo e globalizante dos que costumam ser utilizados em sala de aula, que é capaz de integrar habilidades e conteúdos musicais e extramusicais.

O uso de canções baseadas em histórias, poesias e outras obras literárias facilita a aproximação das crianças às suas primeiras leituras, de modo que as canções podem ser usadas como um meio de incentivar a leitura desde a educação infantil (Muñoz Muñoz, 2022), mas, ao mesmo tempo, a música tem uma presença ativa em sua educação emocional, com o uso frequente de canções e canto como um meio de promover o desenvolvimento emocional (Bisquerra, 2017).

A música favorece a educação em valores em diferentes níveis educacionais (Conejo Rodríguez, 2012). Por meio de canções e cantos, promove-se a educação intercultural e o respeito pelos outros sem diferenças de raça, sexo ou religião (Bernabé, 2013). Da mesma forma, contribuem para a formação das crianças em educação para a paz e a não violência, promovendo atitudes e comportamentos típicos de uma cultura de paz (Cabedo-Mas; Moreno, 2018). A promoção de valores por meio de músicas e cantos oferece a vantagem de poder começar na educação infantil e continuar durante todo o ensino fundamental (Moya Martínez et al., 2014).

Epelde Larrañaga (2011) também propõe educar a partir de uma abordagem intercultural com o uso de canções que oferecem a possibilidade de estabelecer relações entre a música e o texto literário, trabalhando em conjunto com a área de Língua e Literatura (Quiles, 2008). Quando, além disso, o gênero literário utilizado é uma história para a qual se compõe uma canção baseada nela, o trabalho será ainda mais completo, ao mesmo tempo que se desenvolverá uma abordagem didática interdisciplinar que favorecerá uma melhor aprendizagem por parte dos alunos (García Sánchez, 2016).

3 Literatura infantil e juvenil para o desenvolvimento de propostas interculturais

A literatura infantil e juvenil é um reflexo da situação real do contexto em que é gerada e desenvolvida, bem como dos valores que transmite (Gárate, 1997), ao mesmo tempo que é uma referência que contribui para o fortalecimento das identidades e do sentimento de pertencimento ao grupo e à sociedade, mas também tem uma função pedagógica:

[...] trata-se de educar cidadãos que assumam a diversidade, a múltipla pertença e a singularidade como riqueza individual e coletiva; além disso [...] devemos ir além da simples tolerância para chegar ao respeito e à aceitação positiva da diferença como elemento enriquecedor; finalmente, devemos chegar à afirmação simultânea do direito pessoal à singularidade, do direito dos outros a serem singulares, do direito à diferença e da abertura à universalidade como elementos complementares e assumíveis (Oltra Albiach, 2011, p. 1768).

Como Mínguez López e Olmos Fontestad (2013) apontam, a literatura infantil e juvenil não tem a obrigação de mudar nossa sociedade, mas deve pelo menos refleti-la. Por meio dela, podemos encontrar maneiras de abordar temas como respeito e igualdade, mas também de fazer com que a diferença não seja percebida como uma dificuldade, mas sim como uma oportunidade:

A ideia de diferença implicou, para a LIJ, uma oportunidade de gerar conteúdos que retratam e destacam, por meio de uma perspectiva crítica, o que acontece no mundo social, recorrendo a diferentes linguagens estéticas, como a palavra falada, cantada e ilustrada, que, por meio de uma razão poética, apresentam e falam daqueles que julgamos improváveis de falar, de forma cuidadosa, delicada e sensível (Duque Cardona, 2022, p. 44).

O uso dessa literatura começa na educação infantil com a seleção de histórias que são usadas regularmente em sala de aula. Da mesma forma que representam um contato direto com a promoção da leitura e da escrita (López Martín, 2017), também representam um meio muito valioso de abordar os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento. Ao mesmo tempo, o uso de histórias facilita o desenvolvimento da imaginação e da criatividade (Borislavovna Borislova, 2017). Tudo isso faz com que elas sejam consideradas um dos principais recursos didáticos para trabalhar diferentes áreas e conteúdos na educação infantil e no ensino fundamental (Jiménez Frías et al., 2001; Martínez-Antequera; Dalouh; Soriano-Ayala, 2020).

4 Foco no uso de músicas para abordar a interculturalidade

Vamos utilizar canções baseadas em histórias como eixo para o desenvolvimento de nossa proposta de trabalho. As histórias são um elemento fundamental como recurso didático na educação infantil e no ensino fundamental, devido às possibilidades e vantagens educacionais que nos oferecem. A inclusão dessas canções favorece a criação de um currículo interdisciplinar que permite a aprendizagem significativa sobre justiça, poder, dignidade e autoestima (Beane; Appel, 1997), com base na democracia, igualdade, diálogo, participação e pluralismo (Aguilar, 2009).

Os personagens, os momentos, as situações, as ações e o mundo da realidade, da fantasia e dos sonhos nos ajudarão a levar os alunos a diferentes momentos que servirão como experiências dos temas que pretendemos abordar (Nobile, 1992).

As músicas que usamos são baseadas em histórias infantis ou obras literárias cujos temas estão relacionados à interculturalidade. O texto dessas canções tenta oferecer uma ideia sintetizada do conteúdo da história em que se baseia, das principais ações que ocorrem e de seus personagens. Por meio dele, os alunos podem ser apresentados à observação, identificação, conhecimento e conscientização de aspectos relacionados à diversidade e à interculturalidade.

O texto das canções ocupa um lugar importante em seu uso, pois dele dependerá o nível educacional ao qual cada canção se destina e as atividades a serem realizadas com ela. Por outro lado, as características do texto - vocabulário, frases, dimensão ou mesmo sua simplicidade ou complexidade para memorização - terão de ser adaptadas aos conhecimentos, experiências e vivências das crianças a quem o texto se destina. Dessa forma, poderemos facilitar a compreensão das canções e as montagens das canções para sua interpretação de forma rápida e direta.

O ritmo das canções deve ser simples, sem grandes contrastes, repetitivo e, ao mesmo tempo, marcante, estimulante e motivador, a fim de gerar vontade de aprendê-las e de participar das atividades que queremos propor com cada uma delas. Da mesma forma, a melodia deve ter as mesmas características do ritmo: simples, sem grandes saltos entre as notas, e repetitiva. Se o ritmo e a melodia não atraírem a atenção dos alunos, será difícil que eles demonstrem uma disposição adequada para as atividades que serão realizadas.

Sua presença também é comum em cursos de treinamento e atualização de professores e em outras atividades, como concertos didáticos para escolas e famílias. Todos os anos, uma série de concertos educativos é realizada na Universidade de Almeria e em outros locais da província, com a participação de mais de 7.000 crianças de escolas maternais, infantis e primárias. Nesses concertos, canções baseadas em histórias que as crianças trabalharam em suas escolas formam o núcleo do seu repertório.

5 Atividades de canções baseadas em histórias para o desenvolvimento da interculturalidade

A proposta de trabalhar com canções baseadas em histórias e obras literárias significa que temos de prestar atenção especial à seleção das histórias e canções que vamos usar. Nesta proposta, optamos por uma série de histórias que abordam de diferentes maneiras questões relacionadas à interculturalidade, levando em conta que todas elas têm uma música escrita sobre seu conteúdo. Seus temas nos levarão à cultura de diferentes países e grupos étnicos e, ao mesmo tempo, abordarão questões relacionadas à diversidade, solidariedade, integração, aceitação e respeito por todas as pessoas, sem nenhum tipo de discriminação.

As atividades que podemos realizar com canções baseadas em histórias podem ser classificadas da seguinte forma:

  • Atividades de narração de histórias.

  • Atividades musicais.

A apresentação dessas atividades não é de natureza prescritiva, mas tem o objetivo de servir como um guia para os professores que desejam usar histórias com canções baseadas nelas em suas salas de aula.

5.1 Atividades de narração de histórias

É importante planejar como apresentar às crianças a história na qual a música que vamos trabalhar se baseia. Dependendo de suas características, podemos usar estratégias diferentes:

  • Leitura da história: devemos aproveitar as possibilidades oferecidas pela voz para ajudar a captar a atenção dos alunos, seja para dar personalidade a cada um dos personagens ou para enfatizar as ações que eles realizam no desenvolvimento da história.

  • Narração da história: permite uma apresentação mais livre e com maior capacidade de adaptação às circunstâncias e características dos alunos.

  • Encenação da história: tradicionalmente, isso é feito quando a história é conhecida. Entretanto, aqui propomos usá-la como uma estratégia para contar a história.

5.2 Atividades musicais

As atividades musicais com músicas baseadas em histórias não são muito diferentes daquelas que desenvolvemos com outras músicas. Elas podem ser tão variadas quanto quisermos, dependendo do tempo disponível e da idade e do conhecimento dos alunos. Podemos mudar o tom, aumentar ou diminuir o tempo de execução, usar apenas o refrão ou o refrão e um verso, mesmo que tenhamos mais versos. Dependendo do vocabulário do texto, da música e da estrutura, alguns são adequados para a educação infantil e o primeiro ciclo do ensino fundamental e outros para o segundo e o terceiro ciclos do ensino fundamental. Caberá a cada professor decidir o nível de uso e o ano em que deseja trabalhar com eles.

Entre outras atividades, teríamos:

  • A montagem da música, por imitação, repetição ou decodificação: o uso da imitação e da repetição dependerá das características da música com a qual estamos trabalhando e, acima de tudo, da extensão e da complexidade de seu texto. O processo de montagem por decodificação dependerá do nível de conhecimento da linguagem musical que as crianças adquiriram. Devemos levar em conta que a montagem por imitação e repetição facilita o aprendizado rápido da música e a participação fluida dos alunos, quase desde o primeiro momento.

  • Interpretação da música: a interpretação da música pode ter uma infinidade de variáveis. Podemos fazer uma interpretação que simplesmente se ajusta ao que está estabelecido na música, mas também podemos fazer interpretações nas quais são realizadas variações simples de timbre, intensidade, duração e tom (Muñoz Muñoz, 2021). Outras apresentações podem se concentrar em interpretações de diferentes gêneros e estilos.

  • Acompanhamento instrumental: o acompanhamento, assim como a montagem, pode ser realizado por imitação, repetição e decodificação. Vamos nos concentrar no acompanhamento baseado em imitação e repetição. Em suma, é um acompanhamento simples, baseado em seguir as indicações dadas pelo professor durante o processo. Inicialmente, os instrumentos a serem usados são: instrumentos naturais do corpo, objetos do ambiente e pequenos instrumentos de percussão de som indeterminado (caixa chinesa, clavas, triângulo, maracas, pandeiro...). Em outros momentos, podemos usar pequenos instrumentos de percussão com um som específico (sinos, xilofones, metalofones...) e outros instrumentos convencionais.

  • Acompanhamento gestual e de movimento: o acompanhamento gestual e de movimento também é realizado por imitação e repetição. Sua maior importância está em permitir que as crianças intervenham na interpretação da música desde o início, mesmo que não a conheçam (Muñoz Muñoz, 2021). Simplesmente imitando o professor, desde o início da música, ela pode ser acompanhada por gestos e movimentos simples.

5.3 Análise, comentários e atividades de conscientização sobre o assunto

As atividades de análise, comentários e conscientização dos aspectos interculturais podem ser realizadas em diferentes momentos das sessões de trabalho com canções baseadas em histórias. Algumas delas podem ser feitas no início, para servir como pano de fundo do que será abordado; outras são desenvolvidas durante a sessão de trabalho, depois que a história foi contada ou a música foi cantada pela primeira vez; finalmente, outras são propostas como uma fase final do trabalho para proceder a uma avaliação e conscientização do que estamos abordando:

  • Atividades de contato e conhecimento prévio: no início, as atividades de contato serão usadas para que os alunos possam ser informados, mas também para motivá-los em relação ao assunto que será abordado. Ao mesmo tempo, vamos usá-las para descobrir o conhecimento prévio que os alunos têm sobre o assunto.

  • Atividades de análise: são propostas durante ou no final da sessão. Um bom momento é quando termina a leitura, a narração ou a encenação da história, quando se comenta sobre o tema, as ações, os personagens e, em suma, tudo o que estiver relacionado ao conteúdo da história. Outro momento que pode ser usado para esse tipo de atividade é quando a música termina. Podemos comentar sobre o conteúdo da letra e sua relação com o que sabemos sobre a história. Isso nos levará, mais uma vez, ao tema específico no qual estamos concentrando nossa atenção. Em todas essas atividades, o objetivo é que os alunos possam trocar opiniões sobre esse tópico, expressar-se oralmente sobre ele, conhecer a opinião de seus colegas de classe, bem como qualquer outra informação complementar que o professor possa fornecer.

  • Atividades de conscientização: essas atividades nos ajudarão a valorizar, respeitar e considerar todas as questões relacionadas à interculturalidade. A troca de ideias, o debate e as apresentações orais nos ajudarão a demonstrar atitudes positivas relacionadas ao nosso tema. Por meio delas, as crianças adquirem compromissos pessoais com o objetivo de tornar essas atitudes uma realidade, tanto em sala de aula quanto em casa e em suas vidas diárias. Esses compromissos são simples, mas, ao mesmo tempo, são reais e estão ao alcance delas. São, em resumo, atividades de conscientização intercultural.

6 O desenvolvimento de atividades musicais e a interculturalidade

As atividades musicais que propomos têm a capacidade de se adaptar ao conhecimento, às experiências e às características de qualquer tipo de aluno. A realização dessas atividades em grupos nos oferece a possibilidade de desenvolver situações de trabalho e convivência em que todos os alunos possam ser verdadeiramente incluídos. A execução ou o acompanhamento vocal, instrumental e de movimento favorece a integração dos membros do grupo-classe. E se, além disso, as obras selecionadas permitirem estabelecer uma relação direta entre as culturas dos alunos, será promovido um contexto intercultural rico e variado, que ajudará a conhecer a realidade cultural de cada um deles.

O trabalho em equipe gerará situações de solidariedade, cooperação e ajuda, sempre respeitando os outros e valorizando os papéis que cada um desempenha em prol da obtenção de produtos finais, resultado do esforço e das contribuições de todos os alunos. Ao mesmo tempo, estão sendo facilitadas situações em que as crianças podem viver em grupos e comentar diferentes informações relacionadas ao conteúdo das histórias e canções e, portanto, aos aspectos ligados à interculturalidade. A flexibilidade dos agrupamentos e as rotações que propomos neles estão ajudando a fortalecer as relações entre os membros e a aceitação de todos. Dessa forma, a inclusão efetiva sem condições ou diferenciação será sempre favorecida.

Por outro lado, quando a idade dos alunos e as características das atividades a serem realizadas permitirem, serão eles que planejarão o trabalho. Essas situações geram trocas de ideias, debates e busca de informações, o que, mais uma vez, colocará os alunos em contato com o tema intercultural abordado no momento.

O processo de seleção levou em conta o tema da história e sua relação com aspectos ligados à diversidade, à inclusão e à interculturalidade. Essa seleção foi realizada por diferentes centros educacionais que estavam interessados em trabalhar esse tema com seus alunos. Para cada um deles, foi escrita uma canção ad hoc, com características musicais, uma estrutura e um texto que podem ser adaptados a diferentes níveis educacionais. Da mesma forma, foi considerado especificamente que sua melodia e ritmo permitem uma rápida interação e participação dos alunos. Essas músicas têm sido usadas por esses centros e muitos outros, sendo disseminadas por meio de várias atividades de treinamento de professores e redes sociais. Ao mesmo tempo, elas fazem parte do repertório utilizado na Universidade com os alunos dos cursos de formação de professores do ensino infantil e fundamental e do repertório das apresentações e dos Concertos Didáticos que são organizados para as escolas.

Todas as atividades descritas acima podem ser realizadas com cada uma das histórias e músicas selecionadas. Além disso, o trabalho que vamos desenvolver nos permite abordar, simultaneamente, uma série de valores e emoções. Da mesma forma, podemos estabelecer as conexões que consideramos adequadas com possíveis projetos, áreas de conhecimento e contextos de trabalho.

Obviamente, não é necessário realizar todas as propostas. Entretanto, a diversidade de opções de trabalho possibilitará que a mesma história seja usada em diferentes níveis educacionais, quando for considerado apropriado. As histórias e canções selecionadas, levando em conta as características dos alunos da educação infantil e do ensino fundamental a que se destinam, são as seguintes.

6.1 Manuela y el mar

Manuela y el mar é uma história escrita por María Osorio com ilustrações de Violeta Monreal (1993), na qual a personagem principal é uma menina cigana e que também inclui diferentes fragmentos de obras de flamenco. Em nossas salas de aula, há crianças ciganas que nos permitirão conhecer seus costumes e tradições. Ao mesmo tempo, iremos nos aproximar do mundo do flamenco, com o qual o grupo étnico cigano está tão intimamente relacionado. Em termos emocionais, destaca-se a alegria de Manuela ao descobrir o mar pela primeira vez. A duplicidade das frases no refrão faz com que os alunos repitam por imitação a frase apresentada pelo professor. É uma história e uma música que podem ser usadas principalmente na educação infantil e no primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental para a comemoração do Dia do Flamenco, bem como em projetos que tenham o grupo étnico cigano como tema.

Fonte: Juan Rafael Muñoz Muñoz.

Figura 1 Canção: Ven con Manuela 

6.2 Elmer

Elmer, escrito e ilustrado por David McKee (2003), aproxima-nos da diversidade por meio da autoestima pessoal. Embora se possa pensar, às vezes, que o melhor a fazer é ser exatamente igual a todos os outros, a autoaceitação nos leva a entender positivamente que somos diferentes. As diferenças na cor da pele são tratadas de forma simples, e precisamos observar que essa questão não deve nos influenciar a entender que somos todos iguais. O importante é aceitar cada um de nós como somos, e é por isso que a tristeza de Elmer se transforma em alegria quando ele percebe que todos o amam como ele é. Essa é uma história e uma canção que é frequentemente usada na educação infantil e no ensino fundamental por um grande número de escolas para comemorar o Dia da Paz.

Fonte: Juan Rafael Muñoz Muñoz.

Figura 2 Canção: Elmer 

6.3 Los colores de Mateo

Los colores de Mateo, de María López Soria e ilustrações de Katarzyna Rogowicz (2003), é uma história sobre a diversidade de uma criança adotada que toma consciência de quem é e se sente feliz com isso. A raiva e os confrontos com alguns colegas de classe por causa da cor de sua pele cessam quando Mateo aceita a cor de sua pele e, ao mesmo tempo, sente-se feliz por ter sido adotado por uma família que o ama. As crianças, especialmente as da África Subsaariana, estão muito presentes nas salas de aula de nosso país, especialmente na Andaluzia. Com essa história e sua canção, promovemos a aceitação e o respeito por esses alunos, no contexto de sua total integração na vida cotidiana. Mateo existe na realidade e nós o conhecemos por meio da autora da história, María López Soria. É frequentemente usada em muitas escolas para a comemoração do Dia da Paz.

Fonte: Juan Rafael Muñoz Muñoz.

Figura 3 Canção: Los colores de Mateo 

6.4 Llegué... de China. Cuéntame mi historia

Llegué... de China. Cuéntame mi historia, de Miquel M. Gibert, com ilustrações de Luci Gutiérrez (2006), também reflete o caso de uma adoção internacional em que a protagonista é uma menina da China que chega para alegrar a vida de uma família ocidental. A música - e o uso dessa história - surge da presença dessa menina em uma de nossas salas de aula e nos aproxima da realidade de conhecer outras culturas e, ao mesmo tempo, levanta uma situação real em nossa sociedade.

Fonte: Juan Rafael Muñoz Muñoz.

Figura 4 Canção: Sol naciente 

6.5 El pequeño Uno

El pequeño Uno, de Ann Rand, com ilustrações de Paul Rand (2006), trata fundamentalmente de amizade. Embora ninguém queira brincar com o pequeno Uno, tudo muda quando ele conhece “Zero”. A rejeição demonstrada pelo restante dos personagens nos faz pensar e tomar consciência das repercussões desse tipo de atitude. A união com Zero é o primeiro passo para normalizar as relações com os outros e fazer com que ele se sinta aceito por todos. Também nesse caso, a tristeza se transforma em alegria, quando isso acontece em uma história que nos lembra da necessidade de aceitar todos como são e de compartilhar nossa vida com eles. Por outro lado, ela nos permite abordar o mundo da matemática do ponto de vista da diversidade.

Fonte: Juan Rafael Muñoz Muñoz.

Figura 5 Canção: El pequeño Uno 

6.6 El sueño de Amina

El sueño de Amina, escrito por Anna Gasol e ilustrado por Mariona Cabassa Cortés (2011), leva-nos a ambientes de guerra em diferentes países, onde as crianças precisam brincar, estudar e viver como outras crianças em outros lugares que não têm conflitos armados. Amina pensa como seria maravilhoso trocar armas por flores para fazê-las felizes. É uma oportunidade de nos conscientizarmos da situação dessas crianças e de nos solidarizarmos com elas para que cresçam em um mundo de paz. Isso também nos ajuda a apreciar o medo e a tristeza da guerra e, diante dela, a alegria e o amor da paz.

Fonte: Juan Rafael Muñoz Muñoz.

Figura 6 Canção: Sueña, Amina, sueña 

6.7 Por cuatro esquinitas de nada

Em Por cuatro esquinitas de nada, escrito e ilustrado por Jerome Ruillier (2014), vemos que o personagem principal gostaria de ser como os outros, pois o “quadradinho” não pode ser igual aos “redondinhos”, para poder entrar pela porta redonda da casa grande. A proposta inicial dos “redondinhos” de cortar os cantos do “quadradinho” para que ele possa entrar muda quando eles entendem que o que tem de ser cortado é a porta e torná-la quadrada. Desde a educação infantil, é muito importante que os alunos sejam capazes de aceitar a realidade de cada um tal como é. Não podemos esperar que todos sejam redondos, mas sim que se valorize a diversidade que encontramos todos os dias em nossas salas de aula e na sociedade em que vivemos. Emocionalmente, a tristeza inicial diante da possibilidade de entrar na casa devido às características do “quadradinho” se transforma em uma grande alegria quando é encontrada uma solução que respeita o protagonista. É usado em projetos com o tema: “Somos todos iguais e somos todos diferentes”.

Fonte: Juan Rafael Muñoz Muñoz.

Figura 7 Canção: Por cuatro esquinitas de nada1  

6.8 Una pareja diferente

Una pareja diferente, escrito e ilustrado por Daniela Kulot (2017), aproxima-nos da realidade de que os casais, hoje em dia, podem ser formados por pessoas muito diferentes. Dois protagonistas tão diferentes quanto uma girafa e um crocodilo nos ajudam a visualizar esse tipo de casal e os problemas causados pela rejeição dos outros. O amor entre as pessoas supera qualquer diferença e encontramos casais de diferentes raças, culturas, condições econômicas e sociais e nos quais o sexo nunca é um problema, como acontece em nosso ambiente social. É uma história que permite que os alunos abordem a diversidade em todas as áreas e que é cada vez mais usada para o tratamento de temas educacionais.

Fonte: Juan Rafael Muñoz Muñoz.

Figura 8 Canção: Una pareja diferente 

7 Conclusões

As histórias e canções selecionadas foram muito valorizadas nas escolas que desenvolveram atividades com base nelas. Em muitos casos, elas foram usadas como meio de preparação para a celebração do Dia Internacional da Paz e da Não Violência, no âmbito das celebrações, festividades e comemorações incluídas em seus projetos escolares (Muñoz Muñoz; Garrido Cano, 2022). Em outros casos, foram utilizadas para a celebração do Dia dos Direitos da Criança, Dia da Música ou Dia do Livro.

A principal qualidade das atividades musicais propostas é sua capacidade de se adaptar aos conhecimentos, experiências e características de qualquer tipo de aluno. A realização dessas atividades em grupos permite o desenvolvimento de situações de trabalho e convivência em que todos esses alunos possam ser realmente incluídos. Especificamente, a execução ou o acompanhamento vocal, instrumental e de movimento em nível de grupo favorece a integração de todas as crianças. Além disso, os trabalhos selecionados permitiram estabelecer uma relação direta entre as culturas dos alunos, estabelecendo um contexto intercultural rico e variado que ajuda a compreender a realidade cultural de cada um dos alunos (Ilari; Chen-Hafteck; Crawford, 2013).

O trabalho em equipe oferece a possibilidade de gerar situações de solidariedade, cooperação e ajuda, sempre com respeito pelos outros, dando a oportunidade de valorizar o papel que cada um desempenha na obtenção dos produtos finais, que são o resultado do esforço e das contribuições de todos os alunos. Ao mesmo tempo, também são incentivadas situações em que as crianças possam conviver em grupos e comentar diferentes informações relacionadas ao conteúdo das histórias e canções, abordando e lidando, assim, com aspectos relacionados à interação intercultural.

Por outro lado, a flexibilidade dos conjuntos musicais e as rotações no desenvolvimento das apresentações que lhes propomos ajudam a fortalecer as relações entre seus membros e a aceitação mútua, promovendo que todos tenham a possibilidade de assumir diferentes papéis e responsabilidades. Dessa forma, promove-se uma inclusão efetiva das crianças, sem restrições ou distinções (Muñoz Muñoz, 2018).

Da mesma forma, sempre que a idade dos estudantes e as características das atividades a serem realizadas permitirem, eles se encarregarão de planejar o trabalho, estabelecendo suas fases e os processos e recursos a serem utilizados em cada momento. Essas situações dão origem a novas trocas de ideias, debates e busca de informações, o que aproximará as crianças das questões interculturais abordadas naquele momento.

Em conclusão, pode-se afirmar que o mais importante seria pensar que, por meio do uso de canções para o tratamento da interculturalidade, está-se contribuindo para o bem-estar pessoal e social dos alunos. Em suma, como diria Vernia-Carrasco (2022), estaríamos ajudando nossas salas de aula a ter uma boa qualidade de vida.

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1Exemplos da música “Por cuatro esquinitas de nada”: (a) Na língua de sinais: https://youtu.be/PeVSXnFVqrc - (b) https://youtu.be/LRwpTzT67GM - (c) Com alunos com TEA e em sala de aula específica: https://youtu.be/MyquXhUhrEs.

Pareceristas ad hoc: Mercedes Causse Cathcart e Sérgio Luis

Recebido: 03 de Maio de 2023; Aceito: 10 de Julho de 2023

Juan Rafael Muñoz Muñoz, Universidade de Almerea, Departamento de Educação

https://orcid.org/0000-0002-6601-7329

Doutor em Ciências da Educação. Professor de Didática da Expressão Musical. Departamento de Educação da Universidade de Almería.

E-mail: jrmunoz@ual.es

Javier González-Martín, Universidade de Almerea, Departamento de Educação

https://orcid.org/0000-0003-3531-9655

Doutor em Ciências da Educação. Professor de Didática da Expressão Musical. Departamento de Educação da Universidade de Almería.

E-mail: jgonzal@ual.es

Editora responsável:

Lia Machado Fiuza Fialho

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