Introdução
O conceito de TICE (Tecnologias Digitais de Informação, Comunicação e Expressão) foi cunhado em 2010, no âmbito de uma investigação sobre o rompimento de paradigmas quando se aprende e se ensina no meio virtual (Lacerda Santos, 2010). O conceito foi articulado a partir daquele de TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) e integra o termo "digital", para claramente excluir as tecnologias analógicas com esta mesma finalidade (informar e comunicar), bem como o termo "expressão", para claramente incluir as possibilidades inéditas de autoria de conteúdos diversos (textos, sons e imagens), proporcionadas pelas tecnologias decorrentes da Informática. As TICE fazem, portanto, alusão direta às possibilidades inéditas de se informar, de se comunicar e, sobretudo, de se expressar, que somente os aparatos digitais (como os computadores, os tablets e os telefones inteligentes), os ambientes virtuais (como as redes sociais, as páginas eletrônicas, os blogs e a própria Internet) permitem. Desde que foi abordado pela primeira vez, em 2010, no trabalho citado, o conceito de TICE foi empregado em inúmeros trabalhos, tais como Lacerda Santos (2014; 2016; 2018) e Nascimento e Garcia (2015), e incorporado ao repertório dos grupos que pesquisam educação a distância no Brasil, da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED, 2017) e citado no Dicionário Internacional de Educação da Universidade de Oxford (Kenski & Lacerda Santos, 2019). Mais recentemente, o conceito de TICE passou a ser empregado pelo movimento Amplifica, da Google Classroom (Amplifica, 2020).
As TICE funcionam não apenas como formas de transmissão de informações, mas como meios de comunicação e expressão entre os indivíduos que atuam conjunta e colaborativamente no processo de construção e compartilhamento de conhecimentos (Lacerda Santos, 2010; Lacerda Santos, 2018). Do ponto de vista de Kenski e Lacerda Santos (2019), as TICE não são apenas meros suportes tecnológicos; elas exibem lógica e linguagem próprias, assim como maneiras particulares de estimular, desenvolver e potencializar as competências emocionais, cognitivas, intuitivas e comunicativas dos indivíduos de modo geral. Nesta perspectiva, as TICE incorporadas às ações educacionais de indivíduos com Transtornos de Aprendizagem (TA) podem colaborar, enriquecer e facilitar o processo de ensino/aprendizagem, tornando-o mais eficaz e atraente, bem como promover contribuições significativas no que se refere ao planejamento e à mediação pedagógica (Faria et al., 2019).
Nas últimas décadas, devido ao aumento do uso de tecnologias digitais e à popularização da internet no campo escolar, cada vez mais gestores e profissionais de educação têm percebido a importância da incorporação e utilização das TICE no processo de ensino/aprendizagem (Borgato et al., 2020; Conte, 2021). Por outro lado, o cenário decorrente da pandemia causada pelo Covid-19, que fechou escolas em todo o mundo e remeteu professores e alunos para o uso acentuado de TICE, também colocou em perspectiva e importância a aproximação entre tecnologias, professores e estudantes. A inserção das tecnologias digitais em situações de ensino e aprendizagem acontece de várias formas (Lacerda Santos, 2014; Kennedy et al., 2015). Por exemplo, o uso da informática, do computador, da internet,de recursos multimídia, de ferramentas de educação a distância, de redes sociais, de mecanismos de wiki, de estratégias transmídia, de abordagens de ensino e aprendizagem colaborativas em rede, de aprendizagem móvel, de ensino híbrido e outros, que refletem o surgimento de novas estratégias pedagógicas, em consonância com as novas tecnologias, proporcionam novos modos de comunicação e atuação pedagógica (Lima & Versuti, 2018; Kenski & Lacerda Santos, 2019).
No entanto, ao mesmo tempo em que esses avanços ocorrem, também se tornam mais claros os problemas relacionados à aprendizagem, seja no nível interpessoal, de ensino, do ambiente, como também no nível biológico ou orgânico. As inabilidades, dificuldades e/ou o ato de não aprender dos alunos precisam ser vistos a partir da pluralidade de variáveis do processo de aprendizagem, que envolve, principalmente, as dimensões biológica, psicológica, emocional, cognitiva e social. O professor, majoritariamente, devido as suas condições de contorno (formação, ambiente social, cultura, ecossistema escolar e alunos) tem nas mãos a complexa tarefa de lidar ou administrar tal pluralidade e passa a utilizar estratégias, metodologias e recursos com eficácia duvidosa e tradicionalistas, além de pouco flexíveis e adaptativas (Faria et al., 2019; Bellucci & Lacerda Santos, 2020).
Neste sentido, quando se trata da apropriação das TICE como mediadoras do processo de ensino/aprendizagem em ações educacionais destinadas ao auxílio a indivíduos com TA, especificamente os da leitura, da expressão escrita e da matemática, muitos pesquisadores, no Brasil e no exterior, têm se dedicado a entender como as TICE podem, efetivamente, contribuir para a melhoria dos processos de ensino e de aprendizagem envolvendo estudantes com TA. Dado o grande número de trabalhos acadêmicos e científicos realizados, faz-se necessária a organização de uma revisão narrativa acerca das aplicações pedagógicas das TICE em situações de ensino e aprendizagem envolvendo estudantes com TA. Assim, o presente trabalho teve como objetivo realizar uma revisão narrativa sobre o tema TICE aplicadas no apoio pedagógico a indivíduos diagnosticados ou com indicativos de TA, especificamente, os transtornos da leitura, da expressão escrita e da matemática, na perspectiva do docente, refletindo suas necessidades, experiências, condições de contorno e expectativas.
Metodologia Utilizada na Pesquisa
Trata-se de uma pesquisa na modalidade revisão bibliográfica, com características qualitativas e descritivo-analíticas que, segundo Lakatos e Marconi (2010), implica no levantamento de dados de modo indireto através de fontes consolidadas, como livros, monografias, dissertações, teses, periódicos/revistas e artigos científicos, de forma que o investigador tenha acesso à atual base de conhecimento relacionado ao tema proposto, podendo-se ainda levantar novos questionamentos, reflexões e novas abordagens dentro de uma pesquisa já realizada.
Área de Estudo: os principais resultados apresentados neste trabalho refletem os estudos desenvolvidos no âmbito da linha de pesquisa “Educação, Tecnologias e Comunicação – ETEC”, da Universidade de Brasília (UnB). Nesta linha, o grupo de pesquisa Ábaco de Pesquisas Interdisciplinares sobre Tecnologias e Educação concentra suas atividades científicas de caráter multidisciplinar, que vertem sobre estratégias educacionais baseadas em TICE.
Repositórios científicos consultados: o estudo na modalidade de revisão narrativa (American Psychological Association [APA], 2020) apresentado neste trabalho foi realizado utilizando o portal de Periódicos CAPES/MEC, que oferece acesso às bases de dados nacionais e internacionais. As bases de dados bibliográficas consultadas foram: (i) SciELO; (ii) ERIC (CSA); (iii) SCOPUS; (iv) PubMed; (v) BIREME; (vi) LILACS; (vii) MEDLINE; (viii) Web Of Science; e (ix) COCHRNE.
Descritores utilizados: os descritores ou palavras-chave foram selecionados visando à maior concordância entre pesquisa/escopo do estudo, sendo eles: (i) transtornos específicos de aprendizagem (specific learning disorders/transtornos específicos del aprendizaje); (ii) tecnologia (technology/tecnología); (iii) softwares; (iv) computador (computer/ordenador); (v) processo interventivo (interventional process/proceso intervencionista); (vi) dislexia (dyslexia/dislexia); (vii) transtorno da leitura (developmentalreading disorder/trastorno de lectura); (viii) disortografia (dysorthographia ou dysorthography/disortografia); (ix) disgrafia (dysgraphia/disgrafia); (x) transtorno da expressão escrita (disorderof written expression/trastorno de expresión escrita); (xi) discalculia (dyscalculia/discalculia); AND (xii) transtorno da matemática (disorderin mathematics/trastorno en matemática). Inicialmente, os descritores transtornos específicos de aprendizagem, dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia, e suas respectivas traduções foram usados de forma isolada e, em seguida, combinados com os demais descritores.
Critério de seleção: o material bibliográfico encontrado, a partir dos descritores técnicos mencionados anteriormente, foi selecionado de acordo com os seguintes critérios: (i) relevância do tema e do conteúdo, neste estudo compreendido como o alinhamento entre o escopo da obra e o tema de pesquisa desejado; (ii) qualidade técnica da pesquisa, aqui entendido como a extensão e o volume dedicados aos resultados e às discussões dos mesmos; (iii) atualidade do material bibliográfico, preferencialmente de 2010 a 2020; (iv) método e confiabilidade dos resultados, neste estudo entendidos como a clareza e o rigor utilizados na metodologia científica da obra consultada, em especial, priorizando as práticas baseadas em evidência; e (v) conclusões da pesquisa, aqui entendidas como a clareza e relevância da contribuição da obra para o campo de pesquisa. Foram excluídos: (i) trabalhos incompletos, publicados fora do período designado e que não contemplassem o tema em estudo.
Estatística bibliográfica: no processo de revisão bibliográfica, foram encontradas 22 obras científicas, sendo que 16 delas (73%) atenderam aos critérios de inclusão, sem restrição ao tipo de obra, livros, dissertações, teses, periódicos/revistas e artigos científicos. Das 16 obras selecionadas e analisadas, 38% abordavam a dislexia; 31% a disortografia/disgrafia; e 31% a discalculia. A análise das obras foi dividida em 03 partes, a saber: (i) características e principais resultados do estudo; (ii) estratégia educativa adotada no estudo; e (iii) presença ou ausência da perspectiva docente, bem como tais partes foram organizadas na forma de quadros, listando uma síntese, elaborada pelos autores, dos principais resultados disponíveis.
Estratégias Educativas Baseadas em TICE para Alunos com Transtorno da Leitura/Dislexia
A dislexia é um Transtorno Específico de Aprendizagem (TEAp), de origem neurobiológica, que acomete cerca de 3% a 5% dos escolares no Brasil (Rodrigues & Ciasca, 2016). De acordo com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª Edição), as principais características encontradas nesse transtorno estão associadas à dificuldade na aquisição e fluência da leitura e escrita, ao desenvolvimento cognitivo dentro dos padrões de normalidade, ao déficit no processamento fonológico e ao baixo desempenho em algumas habilidades cognitivas (American Psychiatric Association [APA], 2014). A dislexia pode ser identificada ou diagnosticada em idades escolares iniciais, entre 7 e 9 anos, pois, ainda que esta condição tenda a ser permanente e irreversível, seus efeitos podem ser atenuados, dependendo do tipo e da severidade do transtorno. Por isso, a identificação precoce e o adequado processo interventivo são essenciais para minimizar os possíveis efeitos debilitantes dessa condição no processo de aprendizagem de alunos (Franceschini et al., 2015; Shaywitz, 2005). No contexto escolar, o processo de escolarização formal do indivíduo com dislexia pode ser um grande desafio para o docente. Tal realidade pode estar relacionada ao pouco conhecimento acerca da dislexia, dos aspectos que envolvem a aprendizagem da leitura e da escrita, e sobretudo do domínio de diferentes métodos, abordagens e/ou estratégias educacionais de sistematização do processo interventivo voltados para as dificuldades encontradas (Rodrigues & Ciasca, 2016).
Nesta perspectiva, as TICE incorporadas às ações educacionais de indivíduos com transtornos específicos de aprendizagem, como a dislexia, podem colaborar, enriquecer e facilitar o processo de ensino/aprendizagem, tornando-o mais eficaz e atraente, bem como promover contribuições significativas no que se refere ao planejamento e à mediação pedagógica (Faria et al., 2019). Contudo, em geral, os professores enfrentam dificuldades na adequação metodológica, que visaria ao aperfeiçoamento e à personalização da experiência discente e docente. Por isso, a possibilidade de uso e customização das TICE voltadas para esses alunos desperta a atenção no ambiente escolar. Após uma revisão da literatura especializada, identificou-se diferentes estratégias educativas baseadas em TICE, voltadas, especificamente ou não, para o processo interventivo em situações de aprendizagem envolvendo alunos diagnosticados ou com indicativos de dislexia, ou transtorno da leitura.
O quadro 1 apresenta um quadro resumo sobre os principais resultados identificados nos 06 estudos encontrados e associados à utilização de estratégias educativas baseadas em TICE para transtorno da leitura/dislexia. São enfatizados os 03 principais aspectos a seguir: (i) características e principais resultados do estudo; (ii) estratégia educativa adotada no estudo; e (iii) presença ou ausência da perspectiva docente.
Estratégias Educativas baseadas em TICE para Alunos com Transtorno da Expressão Escrita/Disortografia e Disgrafia
Dentre os transtornos de aprendizagem existentes, encontra-se o transtorno da expressão escrita, definido pelo DSM-5 como uma combinação de dificuldades na capacidade do indivíduo de compor textos escritos, evidenciados por erros de gramática e pontuação dentro das frases, má organização de parágrafos, múltiplos erros de ortografia e caligrafia ilegível (APA, 2014). Esse transtorno acomete cerca de 3% a 5% das crianças na fase inicial da aprendizagem (Lima, 2015). Diante disso, cabe destacar que as dificuldades na escrita podem dividir-se em dois domínios: (i) dificuldade na precisão ortográfica, em processos centrais da escrita, e nos processos de ordem superior; e (ii) dificuldade na qualidade da caligrafia (Fletcher et al., 2009).
Com relação à precisão ortográfica, cabe destacar que esta precisão está relacionada com a descodificação fonológica e o acesso à representação ortográfica das palavras que se encontram na memória ortográfica de longo prazo. Já os processos de ordem superior estão associados à planificação, organização e composição de textos, sendo que ambas as dificuldades são conhecidas como disortografia e encontram-se presentes nos transtornos específicos da expressão escrita. Enquanto isso, a dificuldade na qualidade da caligrafia caracteriza-se por alterações quanto à forma, ao tamanho, espaçamento, alinhamento, traçado das letras e à escrita lenta, sendo que, tais dificuldades estão associadas com a disgrafia. Portanto, considera-se a disortografia uma inabilidade específica de aprendizagem caracterizada por dificuldades em escrever sem erros ortográficos, enquanto a disgrafia é uma inabilidade específica de aprendizagem, caracterizada por dificuldades em escrever as letras manuscritas de forma legível e correta (Fletcher et al., 2009).
Diante desse contexto, observa-se que as dificuldades ocasionadas pelo transtorno da expressão escrita podem interferir significativamente no rendimento escolar e/ou nas atividades da vida diária, que exigem textos escritos, como escrever frases gramaticalmente corretas, e parágrafos organizados. Contudo, crianças com transtorno da expressão escrita são capazes de aprender, principalmente por meio de métodos de ensino que as ajudem a converter a forma auditiva da palavra para sua forma escrita ou lida. Entretanto, quando os métodos de ensino são predominantemente os mais tradicionais, os indivíduos acometidos por este transtorno apresentam dificuldade de aprender e realizar esta conversão (Faria et al., 2019; Lima, 2015). Assim sendo, ao realizar uma busca na literatura científica especializada, identificou-se que a inserção das TICE no processo educacional de indivíduos com transtorno da expressão escrita tem se mostrado muito promissora no auxílio do desenvolvimento das habilidades da escrita, como listado no quadro 2.
O quadro 2 apresenta um quadro resumo dos principais resultados identificados nos 05 estudos encontrados e associados à utilização de estratégias educativas baseadas em TICE para transtorno da expressão escrita/disortografia e disgrafia. São enfatizados os 03 principais aspectos a seguir: (i) características e principais resultados do estudo; (ii) estratégia educativa adotada no estudo; e (iii) presença ou ausência da perspectiva docente.
Estratégias Educativas Baseadas em TICE para Alunos com Transtorno da Matemática/Discalculia
O Transtorno da Matemática, também conhecido como discalculia, é considerado, de acordo com o DSM-5, um transtorno específico na aquisição de habilidades aritméticas, resultante de falhas no processamento neurológico. O indivíduo com discalculia apresenta dificuldades para reconhecer grandezas mensuráveis, entender a sequência numérica e realizar operações aritméticas, além de apresentar lentidão extrema na realização de tarefas e confusão de símbolos. Tal indivíduo apresenta um desempenho matemático significativamente abaixo do esperado para a faixa etária, considerando-se a sua idade cronológica, experiências e oportunidades educacionais. Estima-se que no mundo existam entre 3% a 6% de estudantes, no período escolar, com discalculia (Avila, 2017; APA, 2014).
A discalculia, portanto, está associada conceitualmente à ideia de inabilidade ou incapacidade de pensar, refletir, avaliar ou raciocinar processos ou tarefas que envolvam números ou conceitos matemáticos. Nesse sentido, é importante destacar que o professor exerce um papel essencial nas relações pedagógicas junto a alunos com discalculia, oportunizando meios para a construção ou reconstrução das estruturas de pensamento e raciocínio lógico, por meio de estratégias pedagógicas envolvendo cálculos, atividades lúdicas, jogos educativos e TICE (Vargas et al., 2020; Fletcher et al., 2009). Assim, tais estratégias podem ser utilizadas no contexto educacional, de forma a favorecer a aprendizagem de alunos de modo geral e, em especial, dos alunos com discalculia (Castro, 2011).
O quadro 3 apresenta um quadro resumo dos principais resultados identificados nos 05 estudos encontrados e associados à utilização de estratégias educativas baseadas em TICE para transtorno da matemática/discalculia. São enfatizados os 03 principais aspectos a seguir: (i) características e principais resultados do estudo; (ii) estratégia educativa adotada no estudo; e (iii) presença ou ausência da perspectiva docente.
Conclusões
No atual estágio de digitalização da sociedade, em que os alunos possuem crescente acesso à conectividade e a dispositivos tecnológicos, as TICE têm se fortalecido como meio de comunicação, expressão, interação e produção colaborativa de conhecimento, bem como têm sido capazes de mobilizar distintas competências emocionais, cognitivas, intuitivas e comunicativas nos alunos, o que sugere seu potencial de contribuição, enriquecimento, aumento de eficácia e facilitação no processo educacional de ensino/aprendizagem de indivíduos com transtornos de aprendizagem.
Os diversos autores identificados durante o processo de revisão bibliográfica reportaram significativas contribuições das TICE no processo de ensino/aprendizagem de docentes e alunos com TA, em especial, para os alunos com dislexia, tais como Cidrim et al. (2018), Rodrigues (2018), Teixeira (2018), Leite (2016), Lausch e Pereira (2011), Amaral e Costa (2011); disortografia e disgrafia, Pacheco (2019), Tucci et al. (2019), Matos et al. (2018), Lima (2015), Domingues et al. (2012); e discalculia, Vargas et al. (2020), Neto e Blanco (2017), Viana et al. (2014), Castro (2011), Wilson et al. (2006a).
Contudo, mesmo diante dos resultados reportados, a base de conhecimento científico acumulada até o momento nos permite identificar que a perspectiva do docente, que reflete suas necessidades, experiências, condições de contorno e expectativas, não tem sido plenamente considerada no desenvolvimento e na operacionalização de práticas didáticas que utilizam TICE, destinadas a indivíduos diagnosticados ou com indicativos de transtornos de aprendizagem. Pudemos também constatar que pouca tem sido a exploração acadêmico-cientifica conceitual e prática acerca de como a perspectiva docente pode elevar a eficácia das relações educativas em foco ou de como o professor pode ser um agente catalisador para o aperfeiçoamento das estratégias e operacionalizações desenvolvidas. Além disso, a utilização de estratégias metodológicas fundamentadas em TICE proporcionam, em geral, uma base de dados numéricos que pode ter sua evolução monitorada em função de ajustes nestas estratégias, incluindo a perspectiva docente em suas mais diversas dimensões. Temos aí importantes pistas de pesquisa que podem contribuir para o avanço dos conhecimentos acerca das possibilidades das TICE no âmbito de relações educativas envolvendo estudantes diagnosticados com TA.