1. Projeto de pesquisa “School Memories between Social Perception and Collective Representation (Italy, 1861 - 2001)”
O projeto de pesquisa “School Memories between Social Percepction and Collective Representation (Italy, 1861-2001)”2 - iniciado oficialmente com o I Seminário Nacional “Le forme della memoria scolastica: prospettive euristiche e indicazioni metodologiche” ocorrido em Macerata entre 27 e 28 de junho de 2019 - dedicou sua atenção sobre a memória da escola, o entendimento como prática individual, coletiva e pública de evocação de um passado comum escolar. A memória da escola constitui uma categoria interpretativa recentemente introduzida na reflexão historiográfica de âmbito histórico-educativo a nível internacional, tanto em países ibero-americanos quanto no mundo anglo-saxão, e começou a se afirmar na Itália, grande parte graças aos estudos conduzidos neste último quinquênio pelos estudiosos que aderiram a este projeto.
Nesta nova tipologia de fonte e a partir desta base de uma aproximação metodológica de caráter necessariamente interdisciplinar, entre 2019 e 2021, a unidade e subunidade de pesquisa que colaboraram a este projeto3 questionaram tanto o modelo de escola, ensinamento, aprendizado, também a escolaridade emergente como parte da memória individual, quanto a representação que este modelo esteve proposto - durante os últimos dois séculos - do mundo de informação e da comunicação e da indústria cultural. Não obstante, tentamos focalizar em qual memória da escola e do ensinamento foi elaborada no âmbito da representação oficial e da comemoração pública promovida nas instituições locais e nacionais em base a uma política especifica da memória, e um uso público do passado finalizado, e como foi adquirido o consenso e que reforçou o sentimento de pertencimento a uma determinada comunidade.
Nesta perspectiva, o projeto de pesquisa se propôs a delinear a evolução da percepção coletiva do papel e da finalidade da instrução entre 1861 e 2001, assim como de colocar em evidência as mudanças que os dados revelavam - neste recorte de tempo - nesta percepção do status social dos educadores e da função pública destes exercida nas escolas de cada ordem e grau. Estudar a modalidade de representação simbólica e coletiva da escola e da educação durante este período, na verdade, no lugar de reconstruir a dimensão cultural deste fenômeno histórico, podemos definir consentir de definir a origem de algumas hipotecas ainda pendentes hoje dentro da imagem pública da escola e tentamos restituir a todos os atores da instrução pública o saber de si e do seu próprio papel.
Por esta razão - também na ótica do public engagement sempre é mais praticado da instituição universitária pela transferência de resultados da pesquisa cientifica e tecnológica à sociedade civil - este projeto não se dedicou apenas a geração mais distante do conhecimento científico no âmbito histórico-educativo através da produção de estudos e da publicação de ensaios e artigos4, bem como a socialização dos principais resultados desta pesquisa através da realização de um portal web dedicado a memória escolar que está disponível corpora qualificados de fontes a um público mais amplos do que somente os historiadores da educação5, a promoção especifica da iniciativa de divulgação histórica seguindo o modelo da public history anglossassone6 - também em colaboração com quatro museus da escola presentes em outras universidades pertencentes ao PRIN7 - e a realização especifica do percurso didático em torno da escola de cada ordem e grau, que sofreu desacelerações inevitáveis devido à explosão em fevereiro de 2020 da emergência pandêmica ainda em andamento.
A criação do portal www.memoriascolastica.it dedicado a memória escolar responde a exigência de divulgação dos resultados científicos do projeto. Quanto a isso, o portal foi articulado em três seções: aquela relativa a memória escolar individual, que consiste na representação divulgação de ex-professores e ex-alunos através da testemunha oral, os diários, as autobiografias e a memorialística em geral; aquela que atenta a memória escolar coletiva, que consiste na representação que a escola e os professores ofereceram à indústria cultural e ao mundo da informação; e, por fim, aquela concernente a memória escolar pública em base a uma política específica. Cada seção é conectada ao repertório eletrônico relativo as várias formas de memória: da seção relativa a memória escolar individual se vê um repertório inerente ao testemunho oral, os diários e as autobiografias dos educadores e professores; aquelas relativas a memória escolar coletiva são àquelas referentes a obras literárias, obras de arte, ilustrações, cinema e transmissões televisivas; e por fim, aquela relativa a memória escolar pública está relacionada a condecorações e homenagens, mas também placas, bustos, monumentos, selos e moedas.
Além disso, tem aqueles que contribuíram publicando o em processo de publicação em revistas cientificas nacionais e internacionais e ao participando de coletâneas literárias, com isso o avanço contínuo das questões promovidas no âmbito do projeto de pesquisa é testemunhado pelos trabalhos apresentados no curso dos cinco seminários nacionais organizados entre 2019 e 2021 nas várias unidades de pesquisa locais8. Os resultados dos questionamentos conduzidos, enfim, foram apresentados oficialmente no curso da Conferência Científica Internacional “The School and Its Many Pasts. School Memories between Social Perception and Collective Representation”9, que será realizado em Macerata entre 12 e 15 de dezembro de 2022, do qual pretende - com o patrocínio institucional de ISCHE e de oito sociedade cientificas nacionais de História da educação em outros países10 e a participação de 120 palestrantes provenientes de outros vinte países11 - promover um amplo debate metodológico e historiográfico sobre a problemática concernentes ao estudo da memória escolar e, contemporaneamente, de iniciar uma reflexão orgânica em chave comparativa sobre a mesma questão.
2. A premissa do projeto de pesquisa
O projeto de pesquisa se baseou e se sustentou em algumas experiências anteriores. Ao ponto de vista historiográfico, se inseriu na trajetória da Conferência internacional “School Memories. New Trends in Historical Research into Education: Heuristic Perspectives and Methogological Issues” (Sevilha, 22-23 setembro 2015)12, organizado na Universidade de Sevilha em colaboração com o Centro Internacional de la Cultura Escolar (CEINCE), il Centro de Estudios sobre la Memoria Educativa (CEME) da Universidade de Múrcia e o Centro di documentazione e ricerca sulla storia del libro scolastico e della letteratura per l’infanzia (CESCO) da Università degli Studi di Macerata. Já naquela ocasião, na verdade, uma significativa representação histórica da educação proveniente de todas as partes do mundo que se reuniram para elaborar os fundamentos epistemológicos da reflexão historiográfica referente a memória da escola - do qual Agustín Escolano, Antonio Viñao e Pierre Caspard se tornaram pioneiros neste trabalho na última década - e elaboramos uma primeira reflexão sistemática sobre o tema, definindo algumas coordenadas teóricas gerais, fornecendo critérios metodológicos e sugerindo possíveis encontros interdisciplinares com a antropologia da educação e a sociologia dos processos culturais13.
Esta importante experiência possibilitou o grupo de pesquisa de Macerata a promover o número monográfico Memories and Public Celebrations of Education in Contemporary Times14, publicado em 2019 na revista “History of Education & Children’s Literature”, do qual foi dedicado às múltiplas formas de memória da escola elaboradas no âmbito da representação oficial e da comemoração pública promovida da instituição pública local e nacional sobre a base de um “uso público do passado”, em que foi finalizado e adquirido o consenso e foi reforçado o sentimento de pertencimento a uma determinada comunidade, assim como em que explorar a dinâmica social e cultural dos professores e da atividade didática promovida, como também, a comemoração dos pedagogos e de sua revolução teórica, e assim, uma celebração em que a escola e a educação se tornam parte da memória e da identidade coletiva.
Saindo assim de um mero âmbito historiográfico, outras iniciativas cientificas precedentes podem ajudar a delinear as origens conceituais deste projeto de pesquisa. A primeira - em ordem de tempo - e o banco de dados EDISCO, realizado no âmbito do projeto de pesquisa PRIN coordenado por Giorgio Chiosso, que se propõe de registrar os livros para a escola e instrução publicados na Itália entre o século XIX e XX15, seguido o Cataologo cumulativo nacional FISQED, nascido no âmbito da atividade de recuperar, reordenar e catalogar o fundo “Materiali Scolastici” do Arquivo Histórico do Instituto Nacional de Documentação pela Inovação e Pesquisa Educativa (INDIRE) de Firenze conduzida entre 2003 e 2007, que promoveram a realização do software FISQED e a adoção do mesmo para a catalogação dos cadernos escolares conservados nos arquivos pertencentes a Rede documental nacional FISQED16. Neste projeto surgiu após o projeto europeu “History On Line”, financiado pela União Europeia no quadro do programa LLP/Erasmus e realizado entre julho 2007 e dezembro 2009, que levou a construção de um portal web de uma série de bancos de dados, entre elas aqueles referentes a legislação escolar relativa aos livros editados pela Unidade de Pesquisa de Macerata, que foram perdidos após a perda da renovação do domínio pela parte da empresa de informática que responsável pela manutenção do portal17. Este projeto foi seguido pelo projeto de pesquisa PRIN relativo à realização de um dicionário biográfico dos educadores, filantrópicos, pedagogos, homens da escola e escritores pela infância italiana ativos entre os séculos XIX e XX, promovido de um grupo universitário italiano da Universidade de Torino e Macerata e incluso em 2010 ao financiamento do Ministério da Instrução, Universidade e Pesquisa. O aprofundamento da investigação arquivística foi conduzido por uma centena de estudiosos e pesquisadores dos quais realizaram aproximadamente dois mil perfis biográficos, reunidos em dois importantes volumes18, que foram depositados no banco de dados DBE, hoje disponíveis online19.
Estas experiências - em continuidade com as passadas - foram constituídos essencialmente por um ponto de referência, em que o contexto do projeto de pesquisa PRIN atualmente em desenvolvimento pode prosseguir com a realização de oito repertórios eletrônicos relativos às várias formas da memória escolar, perfeitamente integrados entre eles. Não é por acaso, portanto, que o banco de dados referente “Memorie pubbliche della scuola” (coordenada da unidade de pesquisa da Università degli Studi di Macerata) e aquela “Onorificenze conferite a esponenti e istituzioni del mondo della scuola e dell’educazione” (coordenada da subunidade de pesquisa da Università degli Studi del Molise) estão disponíveis na interface de banco de dados DBE que com base num acordo específico com a Editora Bibliográfica de Milão, de modo de possibilitar o diálogo entre os bancos de dados realizados no âmbito de dois projetos de pesquisa PRIN interligados entre eles.
3. Uma nova ideia de comunicação cientifica
Vimos brevemente como algumas experiências importantes, anteriormente conduzidas pelos membros da equipe deste projeto de pesquisa, já contribuíram para sentirmos imediatamente a necessidade de socializar os resultados da pesquisa promovemos, juntando os tradicionais canais da comunicação cientifica (contribuindo em livros e revistas, relacionados à Conferência etc.) e outros mais inovadores, baseados na digitalização dos conteúdos, com o objetivo de atrair um público mais amplo daquele que são adeptos a este trabalho. Outro elemento foi sucessivamente confirmado como se fosse a perspectiva correlata é a de enquadrar o projeto de pesquisa e disseminação dos seus resultados. O primeiro destes elementos foi a publicação de um artigo no PRIN 2017, chamado “Open Access”, que pretendia que a unidade de pesquisa local garantisse “o acesso gratuito e online (pelo menos na modalidade green acess)20 dos resultados obtidos e do conteúdo da pesquisa deveriam ser publicados peer-reviewed no âmbito do projeto previsto pelo art. 4, paragrafo 2 e 2bis, do decreto lei 8 de agosto de 2013, n. 91”21, do qual foi estabelecido que o objeto público proposto seja na entrega ou na gestão do financiamento da pesquisa cientifica terão que adotar “na sua autonomia, as medidas necessárias para que haja a promoção do acesso aberto dos resultados da pesquisa financiada por uma quota igual ou superior a 50 porcento de fundos públicos”22. Este dado é fundamental, do qual não foi possível ignorar, pois obrigou aqueles que participavam do projeto a se questionar sobre qual era o melhor método e mais oportuno para responder às exigências, assim, realizando um plano orgânico de publicação digital e aberta dos conteúdos da pesquisa quem não fosse necessário dividir o conteúdo e publicá-lo em outros instrumentos já disponíveis, embora não necessariamente de natureza científica.
Os vínculos impostos pela proposta, todavia, não eram os únicos elementos que direcionavam. Nos últimos anos, na verdade, em âmbitos acadêmico, se iniciou um caminho - como reação do processo de hiperespecialização do conhecimento científico, na autorreferencia e autorreclusão, induzidos nas aplicações critérios de valorização da produtividade cientifica acadêmica sempre muito míope e pressionados23 - a consciência de que o verdadeiro impacto da pesquisa cientifica é possível apenas através da adoção de um novo paradigma de mediação, que recuperam o papel publico da intelectualidade. Este novo paradigma é representado pela “comunicação cientifica pública” (CSP) que - se diferencia da comunicação interna entre os membros da comunidade cientifica - é aquele tipo de comunicação que acontece entre os especialistas e os não especialistas, entre os criadores e os usuários do conhecimento, e consiste em uma divulgação cientifica de alta qualidade, capaz de mediar o conteúdo do conhecimento para um público em geral, na tentativa de distinguir a perigosa degeneração da pseudo-popularização cientifica que nos últimos anos alcançou o topo dos trending topic nas social network e infiltrado no tecido social, disseminando equívocos e estereótipos e aumentando o ceticismo individual nos confrontos da ciência, como denunciado recentemente no 55º relatório anual do Centro Studi Investimenti Sociali (CENSIS) sobre a situação social italiana24.
A difusão dos meios de comunicação em massa, sempre mais adentrados na sociedade, implicou que os resultados da pesquisa cientificas devam ser comunicados eficientemente através da televisão, rádio, na world wide web e nas social media dos quais - todavia - é necessário utilizar técnicas diferentes daquelas usadas nas publicações cientificas, afim de capturar e manter a atenção dos interlocutores que, de outra forma, cairão nas falácias dos charlatões que dominam perfeitamente as técnicas, difundindo conteúdos ultrapassados ou nocivos. A natureza pública do financiamento concedido a nível nacional e/ou comunitário para o sustento da pesquisa cientifica universitária, no entanto, implicava na necessidade de produzir bens de utilidade pública, como o conhecimento, que não deve ser exclusivo à comunidade científica que o gerou, nem das editoras que o difundiram, mas pertence à comunidade como um todo, a fim de garantir seu desenvolvimento social e progresso cultural.
Não por acaso, em 2021 a Comissão Europeia reafirmou a iniciativa de open Science policy já adotada em Horizon 2020, que dentro do novo programa da União Europeia para pesquisa e inovação pelo período 2021-2027 (Horizon Europe) a fim de compartilhar o conhecimento de forma aberta e transparente desde a primeira fase do processo de pesquisa cientifica, garantindo a reutilização publica dos dados e dos produtos de pesquisa e incentivar a acessibilidade pública e a transparência da comunicação científica25. Paralelamente a isso, a Comissão Europeia entende que - por um lado - a promoção da adoção de prática de open Science e de Citizen Science, este último como atividade cientifica participativa conduzida pelos membros da sociedade civil em colaboração com ou sob o direcionamento dos cientistas profissionais e a instituição cientifica, também através na promoção da pesquisa e inovação responsável26, e - também - desenvolver os novos indicadores para a avaliação da qualidade da pesquisa cientifica e recompensar os pesquisadores mais sensíveis a estas práticas inovadoras. Assim, cada vez mais, aqueles que usufruirão do fundo europeu para pesquisa deverão ser open by mandate, isso é, terão que difundir as próprias publicações em uma modalidade open access27. A disponibilidade de um artigo específico sobre este ponto dentro do PRIN 2017, todavia, como já explanamos, demonstra claramente como tal orientação já foi incorporada nas instituições nacionais, das quais nos próximos anos se dedicarão mais para este critério. Em tal direção, à luz do que já foi tratado, consideramos também o declínio progressivo do financiamento publico concedido a pesquisa e em particular aquele em âmbito humanístico a nível nacional (como vimos recentemente aos projetos aprovados no âmbito PRIN 202028) e como resultado da necessidade de direcionar mais fundos a disposição à linhas de financiamento ativos a nível comunitário, do qual se revela um movimento estratégico preenchendo um esforço de cumprir este critério.
4. O software Mnemosine e os bancos de dados sobre a memória escolar
Neste sentido, nos primeiros dois anos do projeto de pesquisa trabalhamos para a projeção e realização do software para a catalogação da forma de memória descrita ao interior daqueles oito bancos de dados, estabelecendo uma ligação rigorosa entre a Comissão pelo projeto e implementação dos bancos de dados - que eram representados por cada unidade de pesquisa local29 - e os desenvolvedores da empresa informática Elicos s.r.l., encarregada para realização do portal e dos bancos de dados. A comissão para planejamento e implementação dos bancos de dados elaborou um primeiro esboço de ontologia formal de cartões de entradas com dados relativos a cada banco de dados, consistentes a uma estrutura de dados hierárquica contendo todos os campos descritivos relevantes, a taxonomia associada a estes, e a relação existente entre eles, as regras, os axiomas e os vínculos específicos. Logicamente, cada cartão de entrada dos dados foi desenvolvido em base das características especificas da forma de memória que foi descrita, e eram extremamente diversificadas e dotadas de peculiaridades únicas, este intervalo - como já frisamos - dos testemunhos orais, os diários, autobiografias, obras literárias, obras de arte, filmes e transmissões televisivas, mas também as decorações, homenagens, placas, bustos, monumentos, selos e moedas. Os materiais eram heterogêneos, para descrevê-los, não foi nada fácil, identificar o "mínimo múltiplo comum" descritivo capaz de garantir a uniformidade do sistema como um todo.
Uma vez elaborada, o primeiro esboço foi entregue a empresa de informática Elicos s.r.l. para o desenvolvimento do software através do qual podemos inserir os dados uteis e implementar as fichas de catalogação. O software - chamado Mnemosine, a titanida que na cultura grega representava a personificação da memória e deu à luz as nove musas - foi desenvolvido com a base de CMS open source Drupal 9.1.9, do qual garante (em comparação ao Squarespace e WordPress) melhor desempenho em termos de versatilidade e customização, oferece maiores garantias em termos de segurança, além de já contar com uma difusão justa no ambiente universitário.
A Comissão para idealização e implementação do banco de dados iniciou a elaborar as ferramentas de acompanhamento essenciais para a aprovação correta do conteúdo do ponto de vista descritivo e de indexação: os manuais para compilar dos oito bancos de dados, um vade-mécum para ser útil o uso de imagens com especial referência à legislação sobre a proteção de direitos autorais30, um thesaurus de mais de 600 entradas identificados pelas marcações temáticas incluídas nas fichas catalográficas, um protocolo de nomenclatura pela composição na identificação pelo nome, pelas normas editoriais e pelo referimento bibliográfico e arquivístico e as informações sobre o tratamento dos dados pessoais.
O software Mnemosine, que permite a descrição física e a indicação semântica das várias formas de memória escolar acima mencionado, foi publicado pela Elicos s.r.l. com o suporte rígido (cd-rom) em 17 de maio de 2021 e foi registrado em 10 de junho de 2021 no registro público especial de programas de computador, editados pela sessão OLAF da Sociedade Italiana dos Autores e Editores (SIAE)31. Salientamos que essa operação permitiu que os criadores do software registrassem uma patente em nome próprio, o que representa uma novidade absoluta entre os produtos de pesquisa realizados no contexto de projetos de pesquisa em humanidades e mais ainda àqueles referentes a pesquisas históricas.
O software e os instrumentos que acompanham foram apresentados aos compiladores individuais da unidade de pesquisa local e inseridos nas fichas catalográficas dentro do banco de dados como parte do curso de treinamento “O software Mnemosine. Usuários, funcionalidade e casos de uso”, organizado pela Elicos s.r.l. em 18 junho 2021 na modalidade via plataforma Skype. Durante o curso foram apresentadas as seções temáticas do portal www.memoriascolastica.it32 e as suas principais funcionalidades e foram compiladas nas fichas de emissão de dados, carregamento das fichas catalográficas e as publicações no respectivo banco de dados. O curso foi continuado com um teste prático de compilação e inserimento das fichas catalográficas ao interno do banco de dados e com a simulação de alguns casos específicos assinalados pelos usuários. A finalização do curso determinou o início da fase de catalogação das várias formas de memória escolar no interno do banco de dados, que continuou nos meses seguintes. A primeira parte das fichas catalográficas - em quantidades variáveis de acordo com o banco de dados de referência - foram publicados entre os meses de setembro e outubro 2021 em vista do quinto Seminário Nacional PRIN “Apresentação oficial do banco de dados sobre a memória escolar”, desenvolvido em presença conforme as normas de distanciamento social em vigor por causa da pandemia e foi realizado no Dipartimento di Scienze della Formazione da Università degli Studi Roma Ter em 5 novembro 2021.
Nos meses em que os autores das fichas catalográficas estavam dedicados as suas próprias pesquisas - sem contar as numerosas restrições impostas a consulta de materiais arquivísticos e bibliográficos por causa da pandemia - e os compiladores continuaram a fazer o upload dos resultados dos seus trabalhos no banco de dados, a Comissão para o projeto e implementação do banco de dados começou a trabalhar - em colaboração com a empresa de informática Elicos s.r.l. - para a projeção e realização de um sistema de questionamento transversais entre os bancos de dados para serem publicados na homepage, no sistema de questionamentos específicos para cada banco de dados, de uma série de filtros de pesquisa com a interface com um sistema de indicação geográfica, cronológica e temática do conteúdo e do layout de visualização das fichas catalográficas de cada banco de dados, seguindo cada especificidade deles. Este trabalho finalmente foi completo e publicado online - sempre em vista do seminário romano de novembro de 2021 - foram oito bancos de dados realizados no âmbito do projeto33:
Memoria educativa em vídeos, dirigido por Gianfranco Bandini e administrado pela unidade de pesquisa da Università degli Studi di Firenze: um repertório eletrônico de vídeo com testemunhos de professores, estudantes, educadores, diretores didáticos e inspetores escolares, mas também de outros operadores da escola e da educação.
Banco de dados da obra literária dos diários publicados pela escola, dirigidos por Carmela Covato e administrado pela unidade de pesquisa da Università degli Studi Roma Ter: um repertório eletrônico das principais e mais significativas fontes literárias em que é possível rastrear a narração da realidade escolar, dos estudantes, professores e do cotidiano escolar.
Banco de dados de diários de escola e das autobiografias, dirigido por Francesca Borruso, e administrado na unidade de pesquisa da Università degli Studi Roma Ter em colaboração com a subunidade de pesquisa da Università degli Studi di Torino: um repertório eletrônico de diários de escolas inéditos e autobiográficos inéditos redigidos por professores e relacionados a experiencia educativa e do ensino realizado na escola pública e privada;
Banco de dados da ilustração sobre a escola, dirigido por Chiara Lepri e administrada da unidade de pesquisa da Universitá degli Studi Roma Ter: um repertório eletrônico de ilustrações relativas a vida escolar presente na publicação sobre infância e adolescência.
Banco de dados de obras de arte sobre a escola, dirigido por Lorenzo Cantatore e administrado da unidade de pesquisa da Università degli Studi Roma Ter: um repertório de obras de arte disponíveis inspiradas no mundo escolar;
Banco de dados audiovisuais sobre a escola e sobre os professores, dirigido por Paolo Alfieri e administrado da unidade de pesquisa da Università Cattolica del Sacro Cuore di Milano, em colaboração com a subunidade de pesquisa da Università degli Studi di Padova; um repertório eletrônico audiovisual sobre objeto da escola e/ou sobre os professores produzidos e distribuídos na Itália durante o século XX.
Bancos de dados das honras conferidas aos expoentes e instituições do mundo da escola e da educação, dirigida por Alberto Barausse e administrada na subunidade de pesquisa da Università degli Studi del Molise e della Basilicata: um repertório eletrônico de medalhas, decorações, diplomas e honras escolares concedidas pelas instituições publicas nacionais e locais e da instituição privada aos professores da escola italiana de cada ordem e grau, e também, aos dirigentes e funcionários da administração escolar e municipal;
Banco de dados da memória pública da escola, dirigida por Roberto Sani e Juri Meda e administrada da unidade de pesquisa da Università degli Studi di Macerata: um repertório eletrônico das várias formas da memória pública (as lápides, os monumentos, selos postais, moedas) relativas aos educadores e professores na escola italiana de cada ordem e grau, mas também pedagogos e funcionários da administração escolar central e periférica34.
5. Os bancos de dados: um novo instrumento de comunicação cientifica?
Os bancos de dados constituem o coração deste projeto de pesquisa, não apenas como coleta de uma quantidade relevante de dados (no momento existem 536 fichas catalográficas e 436 fichas biográficas35) e tornando-os pesquisáveis e comparáveis, mostrando as possibilidades de interação entre as diversas formas de memória escolar, sejam o individual ou coletivo, mas também contribuíram a disseminar eficientemente os resultados da pesquisa com o público de não especialistas, que anteriormente o alcance estaria prejudicado. Se por um lado, todavia, os bancos de dados são um instrumento eficaz de socialização dos resultados de pesquisa, por outro, nos forçaram a questionar sobre quais são as maneiras de proteger os direitos autorais e impor que as fichas catalográficas sejam interpretadas como o produto de uma pesquisa em todos os aspectos, neste caso sejam relativos à produtividade cientifica certificada ao interno do sistema nacional de gestão de dados de pesquisa cientifica IRIS/AIR. Convencidos que fosse necessário ambas as exigências, temos procurado tornar o banco de dados um instrumento de publicação para todos os efeitos, que ele seja equivalente a um e-book e a uma revista eletrônica.
As primeiras pesquisas realizadas sobre o assunto deixaram claro de imediato como - apesar do grande passo realizado adiante nos últimos anos sobre o tema do reconhecimento da validade cientifica de publicações open access - ainda se tem muito o que fazer e como, e até mesmo no âmbito biblioteconômico, persiste uma profunda incerteza sobre o tratamento de algumas formas de comunicação cientificas não convencionais, com consequentes disparidades e desvalorizações injustas, baseadas mais sobre concordâncias “cegas” a um paradigma cultural antiquado que não sobre princípios normativos sólidos.
Com base a uma investigação aprofundada, se concordou em fornecer para as fichas catalográficas um código DOI (Digital Object Identifier), a fim de consentir identificações unívocas ao interno da rede dos seus respectivos metadados, e ao banco de dados um código ISSN (International Standard Serial Number), que configurou a todos os efeitos de seriés digitais on-line. Por este motivo, Elicos s.rl. se colocou em contato com a Agenzia Europea di Registrazione del DOI (mEDRA) para a aquisição de uma quantidade determinada de códigos DOI - calculado em cada unidade de pesquisa local sobre a base de um número total de fichas catalográficas que eram previstas de serem inseridas ao banco de dados - e procederam com a implementação de um sistema de atribuição automático dos mesmos códigos das fichas catalográficas. Neste meio tempo, a comissão para o projeto e implementação deste banco de dados esteve em contato com o Centro Italiano ISSN localizado na Biblioteca Central do Consiglio Nazionale dele Ricerche em Roma para se informar sobre os requisitos gerais necessários a fim de atribuir um código ISSN a um banco de dados, eventualmente prevista na normativa, mas ainda pouco difundida. Fomos informados que o código ISSN poderia identificar publicações seriais online somente quando o conteúdo intelectual fosse tratado editorialmente em que fossem indicados claramente um título identificativo do serial, o lugar de publicação (com endereço postal completo), com a denominação dos editores, com a denominação dos responsáveis intelectuais, com a data de publicação e a periodicidade, ou a regularidade de atualização, ou até mesmo a indicação da numeração em sequência, ou datação progressiva de cada publicação36. A natureza cientifica desta publicação serial online foi certificada pela presença de um comitê de avaliação, composta por especialistas de renome, capaz de assegurar o procedimento de peer review dos conteúdos nela publicados.
Sobre a base de indicadores recebida, a unidade de pesquisa local estipulou acordos específicos com a university press para a publicação dos respectivos bancos de dados e no momento da realização da criação da interface de usuário dos bancos de dados (front-end) por parte da Elicos s.r.l. que inseriu todas as informações necessárias para o código ISSN37. As editoras universitárias (EUM, Educatt, Roma TrE-Press) se tornaram protagonistas deste processo, serem as responsáveis em divulgar os resultados de uma pesquisa cientifica conduzidas por projetos PRIN através de um banco de dados foi interpretada imediatamente como uma oportunidade inovadora de comunicação cientifica, realizada através de um instrumento completamente acessível em forma gratuita online.
A atribuição do código DOI às fichas catalográficas e de um código ISSN ao banco de dados, publicados pelas editoras universitárias tal como também às próprias universidades, permitiu realizar um verdadeiro repertório eletrônico dentro daquelas publicações e resultados de pesquisas conduzidos na modalidade open access, a respeito de quanto previsto - como já sublinhamos - no artigo 7 no projeto de pesquisa PRIN 2017. Neste ponto, todavia, o portal www.memoriascolastica.it e seus oito bancos de dados científicos iniciantes se tornaram uma verdadeira infraestrutura de pesquisa, enquanto - segundo a definição recentemente dada pela Comissão Europeia38 - possibilitaram a promoção de recursos e serviços (série de instrumentos, coletas de dados científicos, sistemas informativos, redes de comunicação etc.) a comunidade cientifica de referência para desenvolver atividades de pesquisa e inovação39, por exemplos no âmbito da instrução pública.
Por este motivo, a previsão de encerramento do projeto de pesquisas em fevereiro de 2023, durante a reunião do Conselho Diretivo do PRIN ocorrida em Roma a 5 novembro 2021 e dos coordenadores das unidades e subunidades de pesquisa locais foi discutido com unanimidade de subscrever um acordo-quadro que garanta a continuidade de tal infraestrutura de pesquisa, regulamentando-a, disciplinando-a com a repartição de cada responsável de gestão e manutenção ordinária e extraordinária e estabelecendo linhas condutoras para atualizações permanentes do banco de dados existente, a eventual adesão de novos membros e a realização de novos repertórios eletrônicos relativos a outras formas de memória escolar, também através da participação em chamadas futuras de financiamentos nacionais e comunitários em colaboração com pesquisadores e grupos de pesquisa estrangeiros interessados em trabalhar sobre os mesmos temas em perspectiva comparativa a nível internacional.
O financiamento do projeto de pesquisa português “Memórias resgatadas, identidades reconstruídas” (MRIR), coordenado por Ana Isabel Madeira e Justino Pereira de Magalhães (Universidade de Lisboa) e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior português e cofinanciado pela European Regional Development Fund (ERDF), que será concluído em 30 de abril de 2022, e o recente projeto de pesquisa espanhol “Historia pública de la educación em España (1970-2020). Percepción social, memoria colectiva y construcción de imaginários sobre los docentes y sus prácticas”, coordenado por Francisca Comas Rubí e Xavier Motilla Salas (Universitat de les Illes Balears), que será concluído em 2025, mostram como a memória escolar pode constituir uma ocasião de um recomeço para história da educação, indispensável para sairmos do rígido limite heurístico que lhe são atribuídas e atrair financiamentos em um momento histórico do qual - como já frisamos - o sistema de financiamento público a pesquisa se mostra em apuros, arriscando o avanço dos estudos de inúmeras áreas disciplinares e, em particular, nas humanidades.