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Revista da FAEEBA: Educação e Contemporaneidade

versión impresa ISSN 0104-7043versión On-line ISSN 2358-0194

Revista da FAEEBA: Educação e Contemporaneidade vol.33 no.73 Salvador ene./mar 2024  Epub 01-Mayo-2024

 

Apresentação

INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO: TESSITURA DE UM DOSSIÊ

Augusto Cesar Rios Leiro1 

Doutor em Educação pela Universidade Federal da Bahia. Pós-Doutorado na Universidade de Lisboa. Professor Pleno do Departamento de Educação II da Universidade do Estado da Bahia e Professor Titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia. Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade (UNEB) e do Programa de Pós-Graduação em Educação (UFBA). Líder dos Grupos de Pesquisa FECOM/UNEB e MEL/UFBA. E-mails: aleiro@uneb.br; cesarrleiro@gmail.com


http://orcid.org/0000-0002-6075-5187

Monica Fantin2 

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina. Pós-Doutorado na Università Cattolica del Sacro Cuore di Milano/Itália e na Universidad Lleida/Espanha. Professora Titular do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina. Docente permanente do Programa de Pós-graduação em Educação, Linha de Pesquisa Educação e Comunicação da UFSC. Líder do Grupo de Pesquisa Núcleo Infância, Comunicação, Cultura e Arte. E-mail: monica.fantin@ufsc.br


http://orcid.org/0000-0001-7627-2115

1Universidade do Estado da Bahia, Universidade Federal da Bahia

2Universidade Federal de Santa Catarina


Diante1 de um contexto de tantas tensões e de um mundo em conflito, decorrentes de desigualdades sociais, econômicas e culturais, a reflexão sobre as condições necessárias para desenvolver e fortalecer novos olhares sobre processos educativos/formativos que promovam a dignidade humana ‘glocal’ nos põe inquietantes questões acerca da Internacionalização da Educação. Num mundo cada vez mais (multi)polarizado, as dúvidas sobre os direitos humanos e os sistemas democráticos evidenciam a urgência de repensar o sentido da educação em tempos de grandes transformações/transições, suas fragilidades, forças e potências.

Nesse sentido, o dossiê em tela reúne artigos interessados em refletir e ampliar o substantivo debate sobre a Internacionalização da Educação na ambiência da Educação Básica e Superior, em diferentes contextos e a partir de distintas experiências e perspectivas investigativas. A proposta inicial, pensada desde 2021, tornou-se realidade e chega, pelas páginas da prestigiada Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, da Uneb, às leitoras e aos leitores daqui, dali e de lá, oferecendo uma coletânea altamente qualificada e marcada pelo aprofundamento do macrocampo que entrecruza Educação e Internacionalização.

Dada a relevância político-acadêmica do tema no tenso contexto mundial contemporâneo, o Dossiê reúne textos que elegem a Internacionalização da Educação como um conceito-chave em tempos de encruzilhadas civilizatórias e de constantes transformações.

Como conceito e agenda estratégica, a internacionalização é um fenômeno relativamente novo, amplo e variado. Embora esteja fortemente relacionada à Internacionalização da Educação Superior, abarca uma combinação dinâmica de motivações políticas, econômicas, socioculturais e acadêmicas, além de diferentes sujeitos sociais.

Diante da polissemia e das múltiplas interpretações conceituais que envolvem os níveis institucional, setorial e nacional, Knight (2020, p. 532) define internacionalização como “[...] processo de integração das dimensões internacionais, interculturais e globais no propósito, nas funções primárias (ensino/aprendizagem, investigação e serviço à sociedade) e na prestação a nível institucional e de sistema”.

Desse processo catalisador de relações entre nações, pessoas, culturas, instituições e sistemas, Knight (2014) desdobra seu entendimento de internacionalização da Educação Superior, a saber: “[...] o processo de integrar uma dimensão internacional, intercultural e global aos objetivos, ao ensino/aprendizagem, à investigação e às funções e serviços de uma universidade ou sistema de educação superior”. (tradução nossa).

Da diversidade e pluralidade de conceitos, termos, definições e interpretações a respeito da Internacionalização da Educação, destacamos a importância de entender o sentido de processo e a complexidade que envolve a multidimensionalidade e a efervescência acadêmica e intercultural.

As escritas sobre Internacionalização da Educação aqui sistematizadas são historicamente situadas no espaço-tempo social que estamos vivendo e propõem uma reflexão vivaz, ancorada na conjuntura (inter)nacional. E as questões que inquietaram e inspiraram o tema da presente edição, intitulada Internacionalização da Educação, ganharam ainda mais potência nos últimos anos.

Entre tantos desafios da educação contemporânea em geral e dos processos de Internacionalização da Educação em particular, é fundamental pensar nas implicações políticas e pedagógicas destes movimentos interculturais por meio da produção e socialização de conhecimentos, de modo a refletir acerca de parcerias, acordos de cooperação e redes de pesquisas, a fim de melhor compreender as redes de internacionalização e superar as diversas formas de exclusão.

Nesse contexto, em que a cooperação urge e se afirma como condição atual e civilizada para melhor compreender a educação no mundo, há que tensionar os interesses institucionais, locais, regionais, nacionais e internacionais, seus distintos níveis (acadêmico, econômico, político, social, coletivos e individuais), tipos de sujeitos e seus papéis, bem como suas indicações para políticas públicas e suas regulamentações nas diferentes formas de internacionalização da educação. Formas e possibilidades que, por vezes, revelam-se dificuldades, tanto em relação ao trânsito físico entre fronteiras, culturas e línguas quanto em relação aos fundamentos éticos, estéticos, epistemológicos e políticos.

Se, por um lado, as possibilidades da Internacionalização da Educação como mobilidade acadêmica (‘em casa’, no exterior ou ‘transfronteiras’), experiências entre cursos, pesquisas, universidades e países têm sido fortemente afetadas pela recente pandemia de Covid-19, por outro lado, observamos a potência de trocas distintas e inovadoras, que possibilitam outras formas e dialogias. Experiências de universidades abertas, webinar, lives, cursos online gratuitos e muitas outras iniciativas acabam por construir uma certa ‘solidariedade digital’, consolidando outras práticas de cooperação.

Em tempos extraordinários de pós-pandemia, sabemos que nenhum país poderá sentirse verdadeiramente seguro diante da difusão de possíveis novas ondas de contágio e suas variantes. Mesmo na emergência em curso, certos apelos de solidariedade dificilmente prevalecem sobre interesses nacionais. Ainda que a cooperação global não seja sinônimo de altruísmo, como ficam os interesses internacionais ou as diferentes formas de Internacionalização da Educação?

Em decorrência da situação de emergência sanitária global que temos vivido desde 2020, diversos países têm repensado o sentido das mobilidades e o trânsito entre fronteiras, até mesmo impedindo certos deslocamentos, que aos poucos vão sendo retomados por meio de dispositivos como o passaporte vacinal. No contexto mundial, as marcas da incerteza e da instabilidade política, econômica e social agravam-se ainda mais, comprometendo certas possibilidades de mobilidade.

Nesse quadro, ao levar em consideração que a Educação Básica e e o Ensino Superior têm mudado suas políticas e currículos nos últimos anos, juntamente com o contexto das novas realidades, conflitos e restrições geopolíticas, deparamo-nos com o desafio de entender a internacionalização do processo de ensino-aprendizagem, do currículo e das competências interculturais e globais dos alunos, enfatiza Knight (2020). Do mesmo modo, também temos observados mudanças nos enfoques das mobilidades acadêmicas (de estudantes, programas e prestadores), nas possibilidades de campi de filiais internacionais, acordos de franquias universitárias, universidades e programas conjuntos de cursos (graduação e pósgraduação), estágios, aulas virtuais e Cursos Online Abertos e Massivos (Massive Open Online Courses - MOOC), entre outros, que evidenciam os benefícios da mobilidade estudantil.

No entanto, tais possibilidades vêm se complexificando cada vez mais no atual cenário da história, marcado por grandes turbulências, com fronteiras que se fecham por motivos geopolíticos ou sanitários, por catástrofes, guerras e conflitos, que fazem as tensões interculturais, o racismo e os conflitos religiosos aumentarem a cada dia. E tal cenário requer outras formas de cooperação acadêmica internacional, além das mobilidades, como frisa Knight (2020). Por isso, a autora reafirma a importância de entender a “internacionalização como um processo de mudança” e, consequentemente, uma forma de transformar o ensino para melhor, com maior acesso, colaboração internacional nas investigações que dizem respeito aos desafios globais e locais, e outros projetos de formação que possam preparar as próximas gerações para exercer seu papel como cidadãs e cidadãos do mundo.

Na perspectiva de reafirmar a internacionalização como um processo de mudança, a proposta deste dossiê é refletir/discutir as diferentes realidades que envolvem a Internacionalização da Educação, as redes internacionais de pesquisadores e a efetividade dos intercâmbios acadêmicos, durante e depois da pandemia/do contexto de emergência. Afinal, somos sujeitos de um momento histórico que pode significar um divisor de águas em nossas vidas, comprometendo ou fortalecendo o processo de Internacionalização da Educação na contemporaneidade.

Os marcos e as perspectivas teóricas da internacionalização discutidos no dossiê transitam por diversos temas: o papel dos organismos internacionais e da gestão setorial (Educação Básica e Superior) como possibilidade de debate; as redes internacionais de conhecimento, ensino e pesquisa e os acordos de cooperação internacional; pressupostos epistemológicos, metodologias/abordagens e práticas diversas (desenvolvimento científico, artístico e cultural entre cursos, universidades, comunidades e países); estudos sobre o processos de internacionalização na perspectiva histórica dos organismos nacionais e internacionais; sujeitos e contextos na Internacionalização da Educação (pedagogias, cultura escolar, territórios de identidade); internacionalização, diversidades e exclusão (diálogos com migrantes, refugiados, povos originários e afro-indígenas e olhares [de]coloniais); bem como internacionalização, redes, tecnologias e cultura digital (modalidades de ensino remoto, online e híbrido e práticas inovadoras).

Desse modo, os textos traduzem e interpretam diferentes realidades, apresentando reflexões diversas e experiências significativas, que podem inspirar novos estudos, bem como lançar outros olhares sobre alguns desafios no âmbito da Internacionalização da Educação, suas práticas e pesquisas. São reflexões que evidenciam a importância de investigações interdisciplinares no mundo cambiante da educação contemporânea, no qual as diferentes dimensões da educação internacional e intercultural e suas redes (Leiro; Fantin; Morosini, 2024)2 podem dar significativa contribuição ao debate.

Dada a potência e a singularidade dos textos, que podem ser lidos em qualquer sequência, ainda assim organizamos o Dossiê buscando articular os temas em diálogo ou contraposição.

Iniciamos com as reflexões da doutora Jane Knight, uma grande referência internacional deste campo de estudo e que foi recorrentemente citada na maioria dos textos do presente Dossiê, concluindo com a retomada da Sessão Entrevista, com Marília Morosini, outra referência da área, que empresta seu grande prestígio em uma conversa sobre a internacionalização intercultural e em redes, sendo também bastante citada nos artigos que compõem o Dossiê.

Jane Knight aborda o conceito de “diplomacia do conhecimento” no artigo Entendendo e aplicando os elementos-chave da diplomacia do conhecimento: o papel da Educação Superior internacional, pesquisa e inovação nas relações internacionais. Sua reflexão sobre a Educação Superior internacional, a pesquisa e a inovação (international higher education, research and innovation - IHERI) revela a crescente complexidade e interconectividade das relações entre os países, chamando atenção para a ausência de pesquisas sobre a intercessão entre tais fenômenos, que estão em evolução, e abordando o tema a partir do conceito de “diplomacia do conhecimento”, ao invés de soft power, para enfatizar a construção de relações colaborativas, recíprocas e mutuamente benéficas.

O texto A importância das redes colaborativas no processo de internacionalização da Educação Superior, de Sirlei de Lourdes Lauxen, Jocélia Martins Marcelino e Luisa Cerdeira, analisa a contribuição das redes colaborativas, sinalizando que as interações econômicas, políticas, sociais e culturais entre diferentes nações propiciam a busca de cooperação acadêmica nas Instituições de Ensino Superior (IES), com vistas a favorecer o processo de Internacionalização da Educação Superior.

No artigo Red Internacional Alfamed como Propuesta EuroAmericana de Educación y Comunicación, Elizabeth Guadalupe Rojas Estrada, Ignácio Aguaded, Paula Renés-Arellano e Gabriela Borges apresentam aspectos do trabalho da Red, que está presente em 19 países, visando promover uma comunidade global de investigadores que abordam os desafios emergentes do ecossistema midiático de maneira crítica, criativa e ética, enfatizando sua relevância e os benefícios desse tipo de estrutura acadêmica a partir do modelo de internacionalização proposto.

Lucídio Bianchetti e Lara Carlette Thiengo aprofundam a discussão no artigo Pesquisa em educação: do indivíduo ao grupo/rede internacional. Apontamentos sobre origens e perspectivas, a partir da análise da passagem da pesquisa individual para a pesquisa de grupos, visando à construção de redes de pesquisa no contexto do Programa Institucional de Internacionalização (Capes/PrInt), discorrendo também sobre a importância do programa em tela como política expressiva na criação de uma cultura de grupo/ rede de pesquisa.

Bruno Layson Ferreira Leão, Fabiana Araujo Nogueira e Alda Maria Duarte Araújo Castro, no artigo Internacionalização da pós-graduação no Brasil: o programa Capes PrInt (2018-2022), partem de um estudo exploratório sobre o tema e concluem destacando que o programa em questão é altamente seletivo e acaba beneficiando os programas mais bem-conceituados no sistema de avaliação nacional de pós-graduação do país, aumentando as assimetrias regionais.

O texto Nem lá, nem cá: na encruzilhada das internacionalizações..., de autoria das pesquisadoras Martha Maria Prata-Linhares, Daniele Campos Botelho e Isadora Maria Oliveira Tristão, aborda políticas de internacionalização na formação docente vigentes no Brasil a partir de programas de cooperação internacional, indicando a necessidade de equilibrar abordagens econômicas e socioculturais e questionando o papel dos organismos internacionais e os contrastes das iniciativas de internacionalização em países sul-americanos.

A escrita Práticas locais de internacionalização: gestão financeira e sociopolítica do programa Capes-PrInt, de Daniela Alves de Alves e Victor Mourão, traz uma visão mais afirmativa sobre o programa, asseverando que o Capes-PrInt promove uma dinâmica institucional de descentralização da gestão de recursos, juntamente com universidades, programas e grupos de pesquisa estabelecidos, em detrimento de outros perfis de grupos, cenário em que a internacionalização se mostra um indicador legítimo de avaliação da qualidade da produção acadêmica.

Perspectivas da internacionalização: uma análise a partir dos pressupostos epistemológicos, de autoria de Andrezza Cipriani, Marcia Regina Selpa Heinzle e Maria Elizabeth da Costa Gama, é uma escrita que busca analisar parte das perspectivas da internacionalização da Educação Superior a partir das “Epistemologias do Norte”, com uma perspectiva voltada ao intercâmbio acadêmico, e das “Epistemologias do Sul”, que contribuem para uma formação integral, com perspectiva decolonial, sugerindo a criação de redes entre os países do Sul Global, com vistas a fortalecer uma internacionalização solidária e intercultural e contribuir com um debate plural a esse respeito.

No artigo Diretrizes para a internacionalização da Educação Superior em tempos hodiernos, Lourdes Evangelina Zilberberg Oviedo, Diego Palmeira Rodrigues e Maria de Lourdes Pinto de Almeida analisam as diretrizes para a Internacionalização da Educação Superior nos documentos da Conferência Regional de Educação Superior de 2018 e da Conferência Mundial de Educação Superior de 2022, nos quais identificam uma dicotomia entre uma concepção humanista e solidária da internacionalização e uma visão economicista, fundamentada nas ‘regras de mercado’ e nos princípios de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas.

No artigo Brasil e Itália: análise dos contributos da Educação Física para a formação do professor, para além das análises documentais, Ari Lazzarotti, Luana Zanotto e Attilio Carraro sinalizam outros aspectos da internacionalização, a partir de uma experiência de parceria internacional com perspectiva comparada sobre a contribuição da Educação Física em dois cursos (brasileiro e italiano) de formação docente na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

A partir de uma visão crítica sobre a internacionalização dos currículos na Educação Básica, o artigo de Juares da Silva Thiesen, Internacionalização dos currículos na Educação Básica: repercussões nas reformas em curso no Brasil, analisa as repercussões dos discursos das organizações, redes e agências internacionais nas políticas curriculares no Brasil em geral e, particularmente, nas reformas curriculares que envolvem o Ensino Médio.

Ato contínuo, o artigo La educación internacional en Argentina: ¿Para qué, quiénes y por qué?, de Liliana Mayer, analisa uma experiência de Internacionalização da Educação na Argentina, em escolas de nível secundário pertencentes a redes internacionais e escolas binacionais, visando investigar as razões de aderência a essas redes e as implicações da participação em diversos programas, suas formas de pertencimento, bem como os conhecimentos e as competências valorizadas por quem participa das redes e por aqueles que ficam de fora.

O texto Internacionalização do currículo: conteúdos para a formação em fisioterapia no Brasil e em Portugal, de Marcia Regina da Silva, Fátima Kremer Ferretti, Preciosa Fernandes e Carla Rosane Paz Arruda Teo, analisa os conteúdos de cursos de graduação em Fisioterapia na perspectiva da internacionalização do currículo, no Brasil e em Portugal, a partir de diretrizes nacionais e internacionais para a referida formação em ambos os contextos, evidenciando certa convergência de conteúdos e estratégias, o que permite apontar caminhos para a internacionalização do currículo.

Ao abordar o tema do planejamento da Mobilidade Acadêmica Internacional (MAI) num curso de Doutorado, no artigo El proceso de planeación de una movilidad académica internacional: factores y actores, Leslie Adriana Quiroz Schulz e Mónica de la Fare consideram os principais fatores e atores deste processo indicando indicando quatro dimensões a considerar: financiamento e relevância das agências de fomento; orientação de tese, coordenação do Programa de Doutorado e outros atores; experiências prévias e o capital de mobilidade dos(as) doutorandos(as); e as decisões-chave dos agentes: temporalidade e destino.

No artigo As representações sociais sobre “internacionalização” na/da Educação Superior: proximidade do objeto e construção social, Mateus Santos Souza e Natanael Reis Bomfim analisam como o pensamento e as representações sociais a respeito da internacionalização podem contribuir para o fortalecimento dessa política na Educação Superior apontam como tais representações sociais ancoram-se em seus saberes, e na mobilidade acadêmica desencadeada pela cooperação e por convênios que contribuem com a produção e difusão de conhecimentos.

Na atual discussão sobre as potencialidades e os desafios das tecnologias na educação, o artigo A pesquisa em educação e TICs na América Latina: temáticas transversais, de Maria Helena Bonilla, Veronica Sofia Ficoseco e Georgina Ivet Durán Jiménez, aborda a constituição e a renovação das agendas de pesquisas sobre Educação e Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) como fator de destaque nas políticas educativas na América Latina, evidenciando temas comuns, atravessados pelas políticas públicas em diversos países latino-americanos, como chaves de compreensão para os problemas sociais nos contextos atuais.

Por fim, neste convite à leitura do Dossiê Internacionalização da Educação, esperamos que, no diálogo com cada autor(a) ou com cada texto seja possível praticar não apenas a intertextualidade, como continuidade da obra, mas também viver uma experiência plural e intercultural que possa promover o encontro, mesmo pensando e sentindo diferente, tal como sugere ou nos inspira o poeta Fernando Pessoa, no Livro do desassossego:

Cada um de nós é vários, é muitos, é uma pluralidade de si mesmo (...) Por isso aquele que despreza o ambiente não é o mesmo que dele se alegra ou padece. Na vasta colônia do nosso ser há gente de muitas espécies, pensando e sentindo diferentemente.

Agora é com o/a leitor/a. Língua, sujeito e cultura articulados e interessados em novos textos e novas sínteses consoantes com o desafio (inter)nacional de justiça social, conhecimento crítico e vida digna.

1Texto revisado e normalizado por Jonhn Mafra

2Cf. a Sessão Entrevista com Marília Morosini neste Dossiê.

REFERÊNCIAS

PESSOA, Fernando. Livro do desassossego. 2 ed. Jandira/SP: Principis, 2019. [ Links ]

KNIGHT, Jane. La internacionalización de la educación. El Buttletí, Barcelona, n. 75, nov., 2014. Disponível em: https://www.aqu.cat/elButlleti/butlleti75/articles1_es.html. Acesso em: 22 mar. 2024. [ Links ]

KNIGHT, Jane. Internalization as a process of change: an interview with Jane Knight. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, SP, v. 22, n. 3, p. 529-537, jul./set., 2020. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-25922020000300529. Acesso em: 22 mar. 2024. [ Links ]

LEIRO, Augusto Cesar Rios; FANTIN, Monica; MOROSINI, Marília Costa. Internacionalização Intercultural e redes colaboratIvas: entrevista com Marília Morosini, uma referência da pesquisa em Internacionalização da Educação no Brasil. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade. v. 33, n. 73, jan./mar., 2024. [ Links ]

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