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Revista da FAEEBA: Educação e Contemporaneidade

versión impresa ISSN 0104-7043versión On-line ISSN 2358-0194

Revista da FAEEBA: Educação e Contemporaneidade vol.33 no.73 Salvador ene./mar 2024  Epub 01-Mayo-2024

https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2023.v33.n73.p19-35 

Internacionalização da Educação

ENTENDENDO E APLICANDO OS ELEMENTOS-CHAVE DA DIPLOMACIA DO CONHECIMENTO: O PAPEL DA EDUCAçÃO SUPERIOR INTERNACIONAL, PESQUISA E INOVAçÃO NAS RELAçÕES INTERNACIONAIS

UNDERSTANDING AND APPLYING THE KEY ELEMENTS OF KNOWLEDGE DIPLOMACY: THE ROLE OF INTERNATIONAL HIGHER EDUCATION, RESEARCH AND INNOVATION IN INTERNATIONAL RELATIONS

ENTENDIENDO Y APLICANDO LOS ELEMENTOS CLAVE DE LA DIPLOMACIA DEL CONOCIMIENTO: EL PAPEL DE LA EDUCACIÓN SUPERIOR INTERNACIONAL, LA INVESTIGACIÓN Y LA INNOVACIÓN EN LAS RELACIONES INTERNACIONALES

Jane Knight1 

Professora Adjunta da Universidade de Toronto, Canadá. E-mail: Jane.knight@utoronto.ca


http://orcid.org/0000-0002-4187-5407

1Universidade de Toronto


RESUMO

Poucos questionariam o cenário desafiador da educação superior internacional, pesquisa e inovação (international higher education, research and innovation, IHERI) ou a crescente complexidade e interconectividade das relações entre os países. Contudo, paradoxalmente, há uma ausência de pesquisas sobre a intercessão destes dois fenômenos em evolução. Este Internacionalização da Educação pretende abordar este tema, propondo o conceito de diplomacia do conhecimento ao invés do de soft power para entender o papel da IHERI na construção de relações baseadas em colaboração, reciprocidade e mutualidade de benefícios. Uma definição e um quadro conceitual da diplomacia do conhecimento são propostos e detalhados. Três iniciativas de IHERI- a Pan African University, a German Jordanian University e RENKEI - uma rede de pesquisa entre universidades japonesas e do Reino Unido - são examinadas para ilustrar como elementos e princípios fundamentais do quadro da diplomacia do conhecimento podem ser aplicados. O Internacionalização da Educação finaliza questionando o futuro da diplomacia do conhecimento e a necessidade de outras pesquisas.

Palavras-chave: educação superior internacional; inovação; diplomacia do conhecimento; reciprocidade; parceria; pesquisa; soft power

ABSTRACT

Few would question the changing landscape of international higher education, research and innovation (IHERI) or the increased complexities and interconnectedness of the relationships between and among countries of the world. But paradoxically, there is a lack of research on the intersection of these two evolving phenomenon. This article aims to address this by proposing the concept of knowledge diplomacy, instead of soft power, to understand the role of IHERI in building bilateral and multi-lateral relationships based on collaboration, reciprocity and mutuality of benefits. A definition and conceptual framework for knowledge diplomacy are proposed and examined in detail. Three IHERI initiatives - The Pan African University, the German Jordanian University and RENKEI - a research network between Japanese and UK universities - are examined to illustrate how the major elements and principles of the knowledge diplomacy framework can be applied. The article ends by posing questions about the future of knowledge diplomacy and the need for further research.

Keywords: international higher education; international relations; innovation; knowledge diplomacy; mutuality; partnership; research; soft power.

RESUMEN

Pocos cuestionarían el desafiante panorama de la educación superior internacional, investigación e innovación (international higher education, research and innovation-IHERI) o la creciente complejidad e interconectividad de las relaciones entre los países. Sin embargo, paradójicamente, hay una ausencia de investigaciones sobre la intersección de estos dos fenómenos en evolución. Este artículo tiene como objetivo abordar este tema, proponiendo el concepto de diplomacia del conocimiento en lugar del de soft power para comprender el papel de la IHERI en la construcción de relaciones bilaterales y multilaterales basadas en la colaboración, la reciprocidad y la mutualidad de beneficios. Una definición y un marco conceptual para la diplomacia del conocimiento son propuestos y examinados en detalle. Tres iniciativas de IHERI: la Pan African University, la German Jordanian University y RENKEI - una red de investigación entre universidades japonesas y del Reino Unidoson examinadas para ilustrar cómo se pueden aplicar los principales elementos y principios del marco de diplomacia del conocimiento. El artículo finaliza planteando preguntas sobre el futuro de la diplomacia del conocimiento y la necesidad de más investigaciones.

Palabras clave: educación superior internacional; relaciones internacionales; innovación; diplomacia del conocimiento; mutualidad; asociación; investigación; soft power

Introdução1

A educação superior internacional tem uma longa e rica história no que diz respeito às suas contribuições para as relações internacionais. Contudo, no mundo atual mais complexo, interdependente e globalizado, há novas racionalidades, oportunidades, benefícios e riscos ligados a este fenômeno. A análise do papel da educação superior internacional, pesquisa e inovação na construção e fortalecimento das relações entre os países não é algo novo. Tradicionalmente, a contribuição da educação superior internacional é vista através das lentes da diplomacia cultural (Gienow-Hecht; Donfried, 2010; Goff, 2013), diplomacia pública (Byrne & Hall, 2014) diplomacia científica (Ruffini, 2017; Leijten, 2017), diplomacia educacional (Piros; Koops, 2020) e soft power (Yang, 2010; Nye, 2005). Contudo, a utilização de uma estrutura de análise baseada na diplomacia do conhecimento ao invés destas lentes mais tradicionais é mais recente e será o foco deste Internacionalização da Educação.

As relações internacionais estão passando por mudanças profundas relacionadas ao papel dos atores estatais e não-estatais, novas estratégias e um foco mais aprofundado nos desafios atuais, tais como a mudança climática, insegurança alimentar, pandemia, direitos humanos, migração, além dos assuntos convencionais, mas também importantes, como paz, segurança e desenvolvimento econômico (Cooper et al., 2013). O panorama da educação superior internacional, pesquisa e inovação também está evoluindo, incluindo o desenvolvimento de universidades internacionais associadas, centros regionais de excelência, redes de pesquisa internacionais e temáticas, hubs de educação/ conhecimento e cidades, entre outros (Altbach, 2013; Knight, 2015a). É importante tirar vantagem dessas mudanças na diplomacia e na educação superior internacional para desenvolver uma abordagem colaborativa para enfrentar as questões globais urgentes. Este Internacionalização da Educação introduz o conceito de diplomacia do conhecimento como um novo quadro teórico para explorar e entender o papel contemporâneo e mutável da educação superior internacional, pesquisa e inovação2 nas relações internacionais e para ilustrar como elementos-chave deste quadro proposto de diplomacia do conhecimento podem ser operacionalizados.

O Internacionalização da Educação se organiza da seguinte forma. A primeira parte enfatiza as maiores mudanças na diplomacia, tais como o papel dos atores não-estatais, o uso do soft power e os novos desenvolvimentos na educação superior internacional que impacta seu papel nas relações internacionais (RI) contemporâneas. A seção seguinte introduz e desenvolve o conceito de diplomacia do conhecimento, discutindo a definição proposta e o quadro conceitual. Cada um dos cinco elementos fundamentais do quadro - intenções, atores, princípios, modos e atividades - serão examinados. Para iluminar ainda mais as características fundamentais da diplomacia do conhecimento, a seção subsequente ilustra como elas podem ser operacionalizadas em situações reais, examinando três iniciativas que claramente contribuem para fortalecer parcerias entre países, através de atividades de IHERI. Finalmente, a última seção olha para o future e aborda alguns assuntos e desafios enfrentados para entender e usa o conceito de diplomacia do conhecimento. O foco deste Internacionalização da Educação é a conceitualização da diplomacia do conhecimento com alguns exemplos das suas características-chave. Ele não explora o papel da IHERI nas tensões geopolíticas atuais entre os países.

Pesquisas sobre o papel da IHERI na RI requer uma abordagem interdisciplinar e atenção sobre como diferentes conceitos e termos são usados entre campos de estudo. Neste Internacionalização da Educação, o termo país é usado de forma ampla e inclusiva para cobrir conceitos como jurisdição, nações, sociedades e sistemas. Diplomacia é outro termo usado com uma variedade de formas e sua definição é muito debatida nas RI. Para os propósitos deste Internacionalização da Educação, diplomacia é usada de forma genérica e se refere amplamente ao gerenciamento das relações entre países. Educação superior se refere aos processos de ensino e aprendizagem formal ou informalmente, usando uma gama ampla de estratégias. Pesquisa inclui o recolhimento de informações sobre um assunto, investigação ou experimentação objetivando produzir novos conhecimentos. Inovação refere-se à aplicação dos resultados de pesquisa e de novos conhecimentos para criar mudanças e novas ideias. Conhecimento, no termo diplomacia do conhecimento, é usado em um sentido representacional e inclusivo, não literalmente. Refere-se à combinação de educação superior, pesquisa e inovação.

Os mundos moventes e contemporâneos da diplomacia e da educação superior internacional

A mudança de uma abordagem baseada no Estado, tipicamente centrada no papel do Ministério das Relações Exteriores e diplomatas profissionais, para uma abordagem de múltiplos atores é um novo mundo da diplomacia (Hocking et al., 2012). Esta abordagem não apenas tem um amplo espectro de organizações governamentais - incluindo agências de educação superior, ciência e tecnologia - que se tornaram atores-chave nas relações diplomáticas, assim como organizações da sociedade civil, empresas multinacionais e redes de especialistas (Pigman, 2010). Educação superior e pesquisa na forma de associações nacionais e regionais, universidades e faculdades, centros de pesquisa, grupos disciplinares, redes de especialistas, fundações e agências governamentais são alguns poucos exemplos da diversidade de atores estatais e não-estatais de educação ativamente engajados nas relações internacionais (Knight, 2015b).

O uso crescente do soft power também tem um impacto de longo alcance na natureza das relações entre os países. Desenvolvido por Joseph Nye, o conceito de soft power é popularmente conhecido como a habilidade de influenciar outros para atingir interesses nacionais próprios através da atração e da persuasão, ao invés da força militar ou sanções econômicas - comumente conhecido como hard power (Nye, 2004). Nye nota que as noções de coerção e comando estão normalmente associadas com o hard power enquanto o soft power está associado aos conceitos de conformidade através da atração e persuasão (Nye, 2010). A introdução e o uso do termo soft power por Nye teve um grande impacto na forma como o papel em expansão da educação superior na diplomacia é conceitualizado. Por exemplo, Nye (2004), acreditando na importância de ganhar poder através da atração e da persuasão, afirma que “o número de países que veem a educação como a melhor forma de promover os interesses locais no cenário mundial está crescendo... . Grandes poderes, pela primeira vez na história, passaram a dará atenção especial e importância para os sistemas educacionais de suas universidades” (Nye, 2004, p.16). Em 2009, ele continuou a enfatizar o poder da educação superior, afirmando que “países, como os Estados Unidos estão perfeitamente informados sobre o fato do sistema educacional ser um dos instrumentos mais essenciais em termos de dominância na arena política global. Todos sabem que o sistema educacional permite a melhoria da situação econômica e política do país” (Nye, 2009, p.17). Um debate intenso foca na retórica, potencial e limitações do soft power (Hayden, 2012) mas, em geral, o conceito de soft power de Nye tem sido extremamente influente no estudo das relações internacionais e também na educação superior internacional, apesar de haver interpretações múltiplas e conflitantes com o conceito.

Quando se discute as contribuições da educação superior internacional para a melhoria das relações entre os países (Jones, 2010; Altbach; McGill Peterson, 2008; Li, 2018) normalmente são citados programas de soft power em educação superior, incluindo o programa Fulbright, as atividades do British Council, iniciativas do German Academic Exchange Service (DAAD) e os projetos do Erasmus Mundus. Certamente, estes programas são respeitados, duradouros e bem aceitos e que contribuem enormemente para a área. Contudo, por que eles são descritos como instrumentos de soft power quando em seu âmago promovem o intercâmbio de alunos, professores, cultura, pesquisa, conhecimento e expertise? Sim, há interesses próprios em jogo, mas há uma mutualidade de interesses e benefícios envolvidos para todos os parceiros. A educação superior internacional não é tradicionalmente vista como um jogo de ganhadores e perdedores - ela é focada no intercâmbio e na parceria, construída nas forças respectivas dos países e nas instituições de pesquisa e de ensino superior. Porém é ingênuo ignorar a realidade de que a IHERI pode ser usada como uma forma de ganhar uma vantagem competitiva ou pressionar por interesses nacionais e prioridades da política externa própria em detrimento dos interesses de outros (Wojciuk, 2018). Uma questão importante aqui é distinguir entre diferentes objetivos, estratégias e resultados quando a IHERI é usada de forma colaborativa para assegurar benefícios mútuos, mas diferentes, entre parceiros e países como na abordagem de diplomacia do conhecimento e quando a IHERI é usada para ganhar influência e vantagem sobre outros atores e países em uma abordagem de soft power.

Uma definição operacional e um quadro conceitual para diplomacia do conhecimento

Em um estudo recente, Knight propôs a seguinte definição para diplomacia do conhecimento: “o processo de construir e fortalecer relações entre países através da educação superior internacional, pesquisa e inovação” (Knight, 2021). Nesta definição, a diplomacia é intencionalmente apresentada como um processo - uma série de ações para se chegar a um resultado. Esta abordagem para definir diplomacia do conhecimento é consistente com o entendimento de que esta é normalmente entendida como o processo de desenvolver relações entre países para operacionalizar políticas externas (Griffiths et al., 2014). Esta é uma definição concisa e genérica que captura o sentido de diplomacia do conhecimento, mas não inclui atores, valores ou estratégias específicas. Há muita confusão sobre o uso de definições e descrições em pesquisas de conceitualização. A ‘definição’ difere da ‘descrição’. A última pode mudar dependendo dos objetivos específicos, atores e resultados de um conjunto particular de circunstâncias, enquanto as definições normalmente não mudam e, por isso, são sucintas e abordam apenas os significados de conceitoschave. Novamente, o quadro conceitual difere da definição ou da descrição, sendo uma ferramenta analítica para explorar o significado e aprofundar o entendimento de um conceito, tal como a diplomacia do conhecimento, através da identificação e categorização de elementos ou conceitos fundamentais de um fenômeno (Ravitch; Riggan, 2016). O quadro conceitual proposto, apresentado na Tabela 1, é voltado para o fenômeno ou para o processo de diplomacia do conhecimento, não para a política ou para a teoria da diplomacia do conhecimento. A estrutura do quadro conceitual proposto para a diplomacia do conhecimento é baseada em cinco elementos fundamentais: 1) intenções, propósito ou justificativas de condução; 2) múltiplos atores e parceiros, 3) princípios e valores subjacentes; 4) modos primários ou abordagens usadas e 5) atividades ou instrumentos (Knight, 2021).

Tabela 1 Quadro conceitual para a diplomacia do conhecimento 

INTENçÕES, PROPÓSITO OU JUSTIFICATIVAS DE CONDUçÃO 1 MÚLTIPLOS ATORES E PARCEIROS 2 PRINCÍPIOS E VALORES SUBJACENTES 3 MODOS PRIMÁRIOS OU ABORDAGENS USADAS 4 ATIVIDADES OU INSTRUMENTOS 5
Construir/ fortalecer relações entre países através da educação superior internacional, pesquisa e inovação (IHERI)
Usar a IHERI para ajudar a lidar com desafios globais e promover paz e prosperidade.
Fortalecer a IHERI através de relações aprimoradas entre os países.
Departamentos governamentais e agências relacionadas a educação, ciência, tecnologia e inovação em todos os níveis.
Agências intergovernamentais relacionadas a IHERI
ONGs relacionadas a ESIPI
Centros de pesquisa de educação superior, Think Tanks, Centros de excelência, redes de pesquisa, fundações, centros de inovação, experts
Setor privado - Corporações multinacionais
Reciprocidade
Mutualidade
Cooperação
Base comum
Troca
Pontos comuns
Parcerias
Bem comum
Interdisciplinariedade
Multi-setores
Transparência
Negociação
Comunicação
Representação Resolução de
conflito
Comprometimento
Colaboração
Mediação
Conciliação Desenvolvimento de confiança
Diálogo
Genéricas: Projetos conjuntos em rede
Conferências
Cúpulas
Coalizões
Track Two
Agreements Grupos de trabalho
Desenvolvimento institucional
IHERI específicas: Universidades internacionais em conjunto Intercâmbio de estudantes e acadêmicos Redes de pesquisa
Hubs de educação/ conhecimento Bolsas
Projetos ODA Programas geminados e em conjunto

Fonte:Knight, 2021

A seção seguinte discute cada um dos elementos constituintes do quadro conceitual para a diplomacia do conhecimento.

Intenções, propósitos e justificativas

Os objetivos macro que subjacentes a diplomacia do conhecimento incluem a construção e o fortalecimento das relações entre os países, utilizando a IHERI para ajudar a encarar os desafios globais. A colaboração entre diferentes atores e parceiros trabalhando juntos para atender desafios próprios e comuns é uma noção central na diplomacia do conhecimento, aprofundando e fortalecendo as relações positivas e produtivas entre os países. Uma vez que a diplomacia do conhecimento reúne uma rede de diferentes parceiros de vários setores para abordar assuntos em comum, haverá diferentes intenções, interesses próprios e implicações para países e atores envolvidos. Isto significa que, independente de preocupações comuns, os atores trarão diferentes necessidades, prioridades e recursos para a parceria e, consequentemente, as tensões são inevitáveis. Estas diferenças devem ser respeitadas, negociadas e mediadas para assegurar que as forças e oportunidades de cada parceiro sejam otimizadas. Para tanto, estabelece-se um tipo de relacionamento horizontal e colaborativo que reconhece justificativas coletivas, necessidades e recursos do grupo de parceiros para alcançar um entendimento comum. Este é o centro da noção de diplomacia em geral e da diplomacia do conhecimento em particular.

Atores e parceiros

Enquanto as universidades e faculdades são jogadores-chave na diplomacia do conhecimento, há uma ampla gama de outros atores estatais e não-estatais da IHERI envolvidos. Estes incluem centros de excelência nacionais, regionais, ou internacionais, instituições de pesquisa, fundações, think tanks, associações profissionais, empresas do setor privado, organizações não-governamentais hubs de educação e conhecimento, cidades e diferentes setores governamentais, departamentos e agências. Em muitos casos, os atores da IHERI estão trabalhando com outros setores e/ou disciplinas dependendo do tipo de iniciativa. Parceiros comuns incluem a indústria, grupos da sociedade civil, fundações e agências governamentais. O trabalho com uma diversidade da IHERI e outros parceiros é uma característicachave para a diplomacia do conhecimento. A diplomacia do conhecimento inclui atores e parceiros trabalhando juntos em acordos bi/ multilaterais nos níveis nacionais, regionais e internacionais objetivando construir relações fortes entre os países e compartilharem conhecimento para lidar com questões nacionais, regionais ou globais e prioridades de pesquisa.

Princípios e valores

Princípios e valores são uma parte integral da democracia (Rathbun, 2014) e da política externa (Srinivasan et al., 2019) e, sendo assim, central para entender a diplomacia do conhecimento e a diferenciá-la de outros termos. Os valores de cooperação, reciprocidade, e mutualidade são blocos de construção fundamentais para a diplomacia do conhecimento. Necessidades diferentes e recursos dos atores resultarão em benefícios diferentes (e riscos potenciais) para os parceiros. Mutualidade de benefícios não significa que todos os atores/ países receberão os mesmos benefícios de forma simétrica. Contudo, significa que o princípio de mutualidade e reciprocidade de benefícios guiará o processo e haverá benefícios coletivos acumulados para diferentes atores e países. O quadro conceitual explicita os valores e princípios fundamentais da diplomacia do conhecimento. Explicitar os valores não implica necessariamente que eles têm uma natureza normativa ou indicam uma abordagem preferível. Se estes valores são interpretados como inerentemente bom ou desejável depende da perspectiva de cada ator ou parte interessada e depende do resultado esperado. Por exemplo, cooperação e reciprocidade podem ser vistas como desejáveis em alguns casos enquanto, em outras circunstâncias, a competição pode ser considerada mais atraente e vantajosa.

Modos e abordagens

A diplomacia do conhecimento é baseada nas relações horizontais entre os principais atores e países, focando na colaboração, negociação e compromisse para assegurar que os objetivos sejam atingidos e beneficiem a todos. Não há dúvida de que, apesar de preocupações comuns, há um conflito potencial considerando diferenças inevitáveis devido aos interesses próprios e expectativas dos atores. No entanto, a abordagem diplomática é geral e a diplomacia do conhecimento mais específica, baseada na negociação, mediação e resolução de conflito para lidar com essas diferenças e encontrarem um consenso. Em geral, a diplomacia do conhecimento é baseada numa abordagem colaborativa que ambos os lados ganhem para abordarem assuntos em comum e satisfazendo interesses nacionais próprios.

Atividades/instrumentos

As atividades/instrumentos geralmente associadas com as relações internacionais e a diplomacia incluem reuniões conjuntas, conferências, track two negotiations, cúpulas, coalizões (Cooper et al., 2013). Estas atividades são centrais na diplomacia geral e também se aplicam à diplomacia do conhecimento. Con tudo, visto que a diplomacia do conhecimento tem a educação superior internacional, a pesquisa e a educação no seu centro, há outras atividades que a diferenciam dos outros tipos de diplomacia. Tradicionalmente, atividades como bolsas de estudo e intercâmbio de alunos e acadêmicos são citadas como importantes para construir parcerias (Chou; Spangler, 2018) mas, como discutido previamente, algumas iniciativas de IHERI mais contemporâneas, como universidades parceiras internacionais, redes de pesquisa interdisciplinares, hubs de educação/conhecimento, centros regionais de excelência, campi internacionais, redes de ex-alunos, centros de excelência e programas geminados têm um papel importante na diplomacia do conhecimento.

É importante enfatizar que os elementos da diplomacia do conhecimento posem se sobrepor a tipos diferentes de internacionalização da educação superior. Todavia, seria errôneo sugerir que elas são iguais. A diplomacia do conhecimento se constrói a partir das funções fundamentais do ensino superior (ensino/ aprendizagem, pesquisa, produção de conhecimento, inovação e serviço à sociedade). Normalmente, o processo de diplomacia do conhecimento envolve múltiplas formas de IHERI ditadas pela natureza e complexidade do assunto a ser abordado. Atividades individuais de educação superior internacional (por exemplo, mobilidade estudantil, intercâmbio acadêmico, conferências conjuntas) são parte de uma ampla série de atividades em rede envolvendo múltiplos atores e estratégias, mas as atividades isoladas normalmente não estabelecem uma diplomacia do conhecimento. Como atividades isoladas, elas podem ser melhor descritas como estratégias de internacionalização e, apesar de terem múltiplos benefícios, não foram especificamente desenhadas para contribuir com as relações internacionais sustentáveis entre países, apesar de serem um produto secundário. Assim, é importante não misturar ou rotular todas as atividades de educação superior internacional como sendo diplomacia do conhecimento. É prudente reconhecer que, mesmo que os conceitos se sobreponham devido a semelhança de seus atores, as atividades e justificativas, as intenções e os resultados podem diferenciar.

Ilustrando os elementos-chave da diplomacia do conhecimento

O propósito desta seção é ilustrar como os principais elementos do quadro conceitual proposto para a diplomacia do conhecimento podem ser aplicados em situações reais. Para este fim, analiso três iniciativas contemporâneas de IHERI para demonstrar como os cinco elementos fundamentais da diplomacia do conhecimento podem ser operacionalizados. Estas iniciativas de IHERI funcionam há mais de cinco anos e veem de diferentes países desenvolvidos e em desenvolvimento. Apresento a Pan African University - uma iniciativa regional com múltiplos campi criados pela União Africana, a German-Jordan University estabelecida em conjunto pelos governos da Alemanha e da Jordânia, localizada neste último país e a rede de universidades RENKEI com instituições do Japão e do Reino Unido que trabalha em iniciativas de economia do conhecimento.

Pan African University3 - uma universidade regional

A Pan-African University (PAU- Universidade Pan-Africana) é um exemplo contemporâneo de iniciativa IHERI envolvendo uma universidade com múltiplos campi localizados no continente africano. A universidade iniciou em 2013 para estabelecer um sistema de universidade regional que atendesse todo o continente em áreas-chave de desenvolvimento e fortalecer o objetivo de integração regional da Agenda 2063. A iniciativa começou pelos Estadosmembros da União Africana e foi fundada em conjunto pelo Banco Africano de Desenvolvimento, países africanos sede, Banco Mundial e parceiros internacionais.

A Pan-African University é estabelecida por cinco institutos de pós-graduação, treinamento e pesquisa, localizados em universidades proeminentes nas regiões Oeste, Norte, Leste, Central e Sul do continente africano. Cada instituto foca em uma área estratégica para o desenvolvimento africano, como definido pela Conferência de Ministros da Educação da União Africana. Os institutos de pesquisa são: 1) Quênia: Ciências Base, Tecnologia e Inovação, localizado na Jomo Kenyatta University of Agriculture and Technology, 2) Nigéria: Ciências da Vida e da Terra, incluindo Saúde e Agricultura, localizado na University of Ibadan, 3) Camarões: Governança, Humanidades e Ciências Sociais localizado na University of Yaounde II, 4) Argélia: Ciências da Água e da Energia, localizado na Abou Bakr University of Tlemcen , 5) África do Sul (plano futuro): Instituto de Ciências do Espaço, localizado na Cape Pennisular University of Technology (Africa Union, 2016).

Intenções, propósitos e justificativas:

A universidade é considerada um ator-chave, contribuindo para operacionalizar a primeira fase de 10 anos da Agenda 2063 da União Africana. A Agenda 2063 delineia a visão para uma união pan-africana para criar uma África integrada, próspera e pacífica, guiada por seus próprios cidadãos, sendo uma força dinâmica na arena internacional’. O documento Agenda 2063, ratificado em 2015, mapeia um caminho para um ‘desenvolvimento inclusivo, sustentável, uma política integrada continental, para a paz e segurança, mesclados com uma forte identidade cultural, uma herança comum, valores compartilhados e ética’ (African Union, 2015). Este é um exemplo claro do uso de IHERI para incrementar a integração regional africana de forma similar a feita pela União Europeia que usou a educação superior para alcançar seus objetivos de desenvolver uma identidade regional forte e uma integração social, econômica e cultural mais profunda.

Uma análise dos objetivos declarados mostra como a universidade busca melhorar a colaboração e integração entre os países africanos através das atividades de IHERI. Os dois principais objetivos acadêmicos são 1) estimular pesquisas de ponta, colaborativas, internacionalmente competitivas e voltadas para o desenvolvimento em áreas com influência direta no desenvolvimento técnico, econômico e social da África, recrutando, treinando e mantendo talentos africanos, e 2) aumentar a mobilidade de alunos, professores, pesquisadores e pessoal administrativo entre as universidades africanas para melhorar o ensino, liderança, pesquisa colaborativa e criar redes regionais/ continentais integradas4.

Atores:

A União Africana, o Banco Africano de Desenvolvimento e cinco governos nacionais africanos foram os principais impulsionadores da Pan-African University. Atores estatais e não-estatais incluindo universidades, centros de excelência, fundações e centros de pesquisas membros de cinco redes regionais. Universidades internacionais e governos foram parceiros adicionais, compartilhando conhecimentos, participando de projetos de pesquisa conjuntos e oferecendo algumas oportunidades de financiamento. Por exemplo, a Alemanha apoia o instituto de pesquisa da Argélia, a Suíça trabalha com um instituo em Camarões, a Índia e o Japão estão envolvidos no apoio ao instituto da Nigéria, e a China colabora com o instituto no Quênia. A União Europeia também tem participado, dando um financiamento inicial para bolsas estudantis. O Banco Africano de Desenvolvimento foi o financiador principal do projeto e o Banco Mundial ofereceu fundos adicionais iniciais.

Princípios/valores:

Parcerias e colaborações são princípios fundamentais que guiam o desenvolvimento e a operacionalização de sistemas regionais coordenados por uma estratégia continental am pla. A cooperação com organizações africanas públicas e privadas para estágios, pesquisas conjuntas, e intercâmbio de conhecimento são uma prioridade e ilustram a importância do benefício mútuo. As relações entre a educação regional, redes de pesquisa, governos internacionais e universidades demonstram, mais uma vez, o valor e os benefícios do trabalho em parceria. O tema de cada rede ilustra a natureza multissetorial e interdisciplinar de toda a iniciativa da Pan-African University. Com relação aos benefícios mútuos, os pesquisadores e pós-graduandos africanos se beneficiam da colaboração crescente na região, assim como do apoio internacional e do intercâmbio com seus parceiros internacionais sobre o tema. Os governos nacionais dos países africanos sede se beneficiam pelo aumento da capacidade de pesquisa em suas instituições e o desenvolvimento de um papel de liderança na região, colaborando com a indústria e organizações não-governamentais para lidar com as grandes questões sociais que atingem o continente. Os parceiros internacionais se beneficiam por encontrar um consenso, pela construção de confiança e o aprofundamento das relações com os institutos de pesquisa africanos e com a indústria. Por outro lado, estas atividades e benefícios contribuem para operacionalizar o objetivo da Agenda 2063 um “desenvolvimento inclusivo, sustentável, uma política integrada continental, para a paz e segurança, mesclados com uma forte identidade cultural, uma herança comum, valores compartilhados e ética” (African Union, 2015).

Modos:

Um projeto tão grande e ambicioso como a Pan Africa University não ocorre sem conflitos e a existência de diferentes prioridades entre seus principais atores e financiadores. As negociações, resoluções de conflitos, mediações e acordos são necessárias para se chegar a um consenso e um caminho a seguir. A criação de cinco redes regionais com múltiplos atores estatais e não-estatais também requer uma abordagem consultiva e colaborativa para negociar prioridades, orçamentos e estratégias. Estas são formas fundamentais utilizadas nas relações diplomáticas e essenciais na diplomacia do conhecimento.

Atividades/Parceiros:

Baseadas nos objetivos basilares e princípios operacionais da universidade, as principais atividades de IHERI focam nos programas de pós-graduação incluindo estágios, produção de conhecimento e inovação, intercâmbio de estudantes e acadêmicos pelo continente e pesquisas em conjunto com as redes e com os parceiros internacionais. Bolsas de estudo são disponibilizadas para estudantes dos países africanos, assim como para os da diáspora africana. Cotas de matrícula foram estabelecidas para assegurar uma representação regional e a paridade de gênero, não mais do que 20% dos novos estudantes podem ser do país sede e um número igual de homens e mulheres devem ser aceitos. Uma característica importante e interessante da universidade é que os programas de pós-graduação são intencionalmente delineados para construir uma identidade africana que se sobrepõem às diferenças nacionais. Os estudantes devem seguir dois cursos de educação geral para avançar este propósito: História Geral da África e Direitos Humanos e de Gênero. Todos os alunos devem colaborar com parceiros da indústria ou governamentais através de seus programas, sendo os estágios obrigatórios. Por fim, os pós-graduandos devem assinar um contrato se comprometendo a trabalhar na África após completarem o programa, garantindo assim que os novos talentos permaneçam e trabalhem para o desenvolvimento das prioridades do continente e pela sua integração5.

Dois projetos emblemáticos de pesquisa ilustram a ênfase na colaboração, parceria e mutualidade de benefícios, assim como os tipos de questões globais e regionais abordados. O projeto West African Science Center on Climate Change and Adapted Land Use [Centro de Ciên cia do Oeste Africano sobre Mudança Climática e Uso Adaptado da Terra] desenvolvido em conjunto com pesquisadores das universidades de Cotonou (Benin), Bonn (Alemanha) e Miami (EUA) e seus parceiros governamentais e da indústria. O objetivo deste projeto foi criar relações institucionais sustentáveis para desenvolver uma comunidade de especialistas nas áreas de gerenciamento de recursos naturais, objetivando realizar pesquisas e oferecer aplicações práticas. O Institute for Water and Energy Sciences [Instituto para Ciências da Água e Energia] na Argélia é um outro exemplo dos projetos de pesquisa colaborativos da Pan-African University com pesquisadores trabalhando em universidades alemãs para sediar simpósios de pesquisa internacional, agregando especialistas em ciências da água e energia ao redor do mundo (Koli et al., 2019).

Quando plenamente implementado, a universidade será a soma de cinco redes/instituições temáticas regionais com 50 centros de excelência relacionados através do continente africano trabalhando com e usando a IHERI e a diplomacia do conhecimento como forma de alcançar os objetivos de longo prazo e a aspiração central da Agenda 2063 que é criar um continente africano “ forte, unidade, resiliente e um ator e influenciador global”.

The German-Jordanian University - uma international joint university

Como discutido, o cenário da educação superior internacional está dramaticamente mudando e vai além das atividades tradicionais de bolsas, mobilidade estudantil e de acadêmicos e acordos universitários bilaterais. Um desenvolvimento inovador nas parcerias acadêmicas internacionais é a criação International Joint Universities (IJUs)6. As IJUs são universidades novas e independentes criadas através da colaboração entre institutos internacionais e governos de dois ou mais países. Estas novas instituições vão além do modelo campus-sede, no qual uma universidade estabelece um campus físico por si própria em outro país. Ao invés disso, a IJUs é co-fundada pelo governo/ universidade localizado no país sede e os governos/universidade localizados em um país estrangeiro parceiro. Juntos eles desenvolvem uma nova universidade baseada em programas acadêmicos conjuntos, projetos de pesquisa colaborativos, intercâmbios de acadêmicos e alunos e parcerias com a indústria local, governos e organizações não-governamentais (Knight & Simpson, 2021).

A Alemanha tem sido líder nessa área, estabelecendo sete novas IJUs em parceria com governos estrangeiros do Vietnã, Egito, Mongólia, Cazaquistão, Jordânia, Omã e Turquia e várias outras sendo planejadas. Na experiência alemã de co-criar IJUs, é comum que as novas IJUs comecem com um Memorando de Entendimentos entre os dois governos, após o qual um conselho com representantes de ambos os países é estabelecido para determinar a missão e operação da nova instituição. Estes conselhos incluem líderes universitários, acadêmicos, oficiais do governo na área de relações internacionais e ministérios da educação. Juntos, eles determinam prioridades mútuas, papéis, responsabilidades e benefícios. As IJUs estão baseadas e demonstram muitos elementos da diplomacia do conhecimento, como ilustrado pela análise de alguns detalhes da GermanJordanian University.

A German-Jordanian University (GJU- Universidade Alemanha- Jordânia), criada em conjunto em 2005, foi uma das primeiras IJUs. Ela se baseia na educação alemã e no modelo de pesquisa aplicada para criar programas acadêmicos relevantes para responder às demandas de recursos humanos da Jordânia, construir pesquisas de alta tecnologia neste país através de parcerias entre acadêmicos e indústrias da Jordânia e da Alemanha, e fortalecer as relações e a confiança entre estes países. A GermanJordanian University está comprometida em facilitar o intercâmbio entre estudantes e aca dêmicos, programas acadêmicos e pesquisas conjuntas, compromisso com a indústria e com a extensão na Jordânia e na região ao redor.

Intenções, propósitos e justificativas:

A GJU foi criada em conjunto e financiada pelo Ministério de Educação Superior e Pesquisa Científica do Reino Haxemita da Jordânia e do Ministério de Educação e Pesquisa da República Federal da Alemanha com a missão explícita de integrar “pessoas e nações; culturas e disciplinas; ciência e prática”7 . A GJU baseia-se na abordagem de ciências aplicadas da Alemanha e é caracterizada pelo foco em transformar conhecimento em prática e promover a transferência de conhecimento, frequentemente em colaboração com a indústria, agências não-governamentais, centros de pesquisa e fundações.

Atores/Parceiros:

Os atores-chave nesta iniciativa bilateral incluem governos nacionais, universidades e parceiros externos, incluindo indústria, negócios e organizações não-governamentais da Jordânia e Alemanha.

Princípios/valores:

Como ilustrado pelos esforços colaborativos de financiar e estabelecer esta nova universidade conjunta e a missão declarada de integrar “pessoas e nações; culturas e disciplinas; ciência e prática”, os principais princípios que apoiam esta iniciativa IHERI são cooperação, reciprocidade, trabalho voltado aos interesses comuns, de acordo com as necessidades e prioridades de cada país e os benefícios mútuos, mas distintos.

Modos/Abordagens:

Durante as fases de planejamento, desenvolvimento e operacionalização da IJU, houve continuamente consultas, diálogo, negociação, colaboração e intercâmbio entre os governos da Jordânia e da Alemanha e das universidades fundadoras. Podemos descrever essa relação como horizontal, tentando fazer com que todos ganhem e garantindo que as diferentes necessidades, prioridades e expectativas de cada país sejam respeitadas.

Atividades:

Como previamente discutido, as principais atividades incluem programas acadêmicos conjuntos, iniciativas colaborativas de pesquisa, intercâmbio de alunos e acadêmicos, colaboração nas ciências aplicadas e inovação com a indústria e agências governamentais e não-governamentais. Um exemplo de iniciativa conjunta inovadora e bem-sucedida foi o estabelecimento de um Escritório da IJU para Relações com a Indústria a fim de criar e manter a ligação entre atores universitários e não-universitários para pesquisa, treinamento e empregabilidade. Para este fim, até 2019, o Escritório já havia desenvolvido 32 parcerias na Jordânia incluindo vários com grandes ONGs e agências governamentais e assinado 75 acordos de parceria com negócios alemãs, entre eles a Thymoorgan Pharmaceuticals e a Puma Athletics. Estas parcerias focam na pesquisa, inovação e dão aos alunos a oportunidade de realizarem estágios de 5 a 6 meses na Alemanha ou na Jordânia e fazerem uma transição suave para o mercado de trabalho, além de expandirem a rede de parcerias entre os dois países8.

Em termos de pesquisa e inovação, todos os programas de pós-graduação da IJU estão ativamente engajados na pesquisa com ênfase na produção de conhecimento para aplicação e inovação, especialmente para os negócios e a indústria. Contudo, pesquisas também são realizadas para o bem público mais amplo da Jordânia e arredores. Por exemplo, o Departamento de Arquitetura e Arquitetura de Interiores têm um forte enfoque na conservação. Professores e pós-graduandos trabalham com comunidades locais para desenvolver projetos de arquitetura sustentáveis que levam em consideração edifícios históricos e os sítios arqueológicos no entorno. Da mesma forma, o Departamento de Trabalho Social foca nas necessidades de imigrantes e refugiados. As pesquisas dos professores aprofundam o conhecimento de base sobre pessoas em deslocamento, focando especificamente na Síria e em outros países do Oriente Médio.

A mobilidade e intercâmbio estudantil é a principal prioridade da IJU. Desde 2006, mais de 100 estudantes viajam todo ano nas duas direções. O governo alemão concedeu bolsas de estudo para que alunos da IJU continuem seus estudos de pós-graduação na Alemanha. A IJU também desenvolveu acordos com diversas universidades alemãs para acolher estudantes jordanianos por um ano de intercâmbio durante seus estudos. Do mesmo modo, há acordos para que alunos alemães possam estudar na IJU, seja por períodos de curta duração ou por toda a duração do programa, a fim de entenderem melhor a cultura da Jordânia e desenvolverem relações acadêmicas próximas.

Os estudantes jordanianos que não podem participar de intercâmbios têm a oportunidade de vivenciarem a cultura alemã no campus através da aprendizagem de língua e de atividades sociais realizadas no German Language Centre [Centro de Língua Alemã]. Todos os alunos de graduação da IJU são encorajados a terem aulas básicas de alemão. A GJU acredita que a aquisição da língua é útil para que os alunos e pesquisadores jordanianos possam conhecer melhor a cultura alemã e estabelecer laços mais estreitos com os parceiros alemães. Este acordo ilustra os benefícios mútuos do intercâmbio estudantil e seu importante papel no fortalecimento das relações entre Alemanha e Jordânia9.

A análise da IJU demonstra como as atividades de IHERI, através da diplomacia do conhecimento, são uma forma de estabelecer laços estreitos e colaborações entre os dois países e fortalecer as prioridades acadêmicas.

RENKEI - The Japan-UK Research and Education Network for Knowledge Economy Initiatives

Em 2010, o secretário de relações exteriores do Reino Unido visitou o Japão para mapear um plano de colaboração entre as duas nações. O Japão e o Reino Unido são importantes aliados devido às suas semelhanças: ambos são ilhas pequenas e densamente povoadas com sistemas similares de educação superior e produzem pesquisas e programas internacionalmente respeitados. A colaboração entre pesquisadores universitários e parceiros da indústria e da sociedade civil é vista como uma estratégia-chave para construir confiança, fortalecer o relacionamento entre as duas nações e abordar os problemas em comum de ambas. Para tanto, a RENKEI [Rede de Pesquisa e Educação Japão-Reino Unido para Iniciativas de Economia do Conhecimento] foi fundada em 2012 como uma iniciativa conjunta dos governos do Japão e do Reino Unido objetivando fortalecer as relações entre as duas nações através do desenvolvimento de colaborações de pesquisas entre academia e indústria que lidem com grandes problemas sociais. O British Council atua como uma secretaria para a rede. Entre 2012 e 2018, os grupos de trabalho da RENKEI abordaram questões pertinentes, tais como Energia Renovável, Guerra, Escravidão, Engenharia Aeroespacial, a Renascença do Empreendedorismo e a Vida em uma Sociedade em Envelhecimento10.

Intenções, propósitos e justificativas:

O propósito da rede RENKEI apresentado no Relatório Anual 2018-2019 é “proporcionar uma base sólida através da qual outras relações bilaterais de comércio e segurança, por exemplo, possam prosperar...o consórcio tem um papel vital no compartilhamento de conhecimentos e ideias levando a níveis mais profundos de confiança, prosperidade e segurança entre os dois países” (British Council, 2019, p.3). Esta afirmação apresenta claramente que um objetivo primário que guia a RENKEI é fortalecer as relações entre os dois países através de atividades de IHERI, ilustrando o papel integral da diplomacia do conhecimento.

Atores/Parceiros:

A rede inclui seis universidades no Japão e seis universidades no Reino Unido. A colaboração entre parceiros das áreas de negócios, indústria, grupos da sociedade civil e agências governamentais é central na missão da rede. Estas parcerias externas estão envolvidas, em diferentes níveis, em eventos e projetos implementados por grupos de trabalho com temas específicos.

Princípios/Valores:

A palavra RENKEI, além de um acrônimo para o nome da rede, também significa ‘colaboração’ em Japonês. A colaboração, parceria e intercâmbio são valores fundamentais expressos através das relações recíprocas entre 12 universidades e a cooperação com parceiros externos, especialmente na indústria. A mutualidade dos benefícios é um princípio fundamental. Tanto o Japão como o Reino Unido se beneficiam das colaborações binacionais desenvolvidas através da RENKEI. Por exemplo, no campo da Energia Sustentável foram realizados workshops em Southampton e Tohoku, incluindo pesquisadores sênior, estudantes de pós-graduação e parceiros da indústria. O Japão se beneficiou destas atividades uma vez que o incidente de Fukushima recebeu atenção especial e estratégias foram desenvolvidas para lidar com a falta de energia após desastres naturais. Participantes do Reino Unido criaram um sistema de energia com baixa emissão de carbono para uma nova área de Southampton. Além disso, o escopo global dos problemas sociais e dos pesquisadores significou benefícios para outros países, uma vez que os grupos de pesquisa continuaram a desenvolver intervenções de energia sustentável cidades na Bolívia, Taiwan, México e Espanha (British Council, 2018).

Modos/Abordagens:

Durante o estabelecimento e a operacionalização da rede, as diferentes prioridades, necessidades e recursos de cada país foram discutidas e negociadas para assegurar que os interesses mútuos, mas distintos, dos principais atores de ambos os países fossem considerados. Os diferentes grupos de trabalho da rede foram baseados no modelo de colaboração através de parcerias e intercâmbios de pesquisa, alunos, professores e conhecimentos relacionados a seus temas específicos.

Atividades:

Workshops, seminários e conferências são atividadeschave desta rede. Elas diferem em termos de propósito, escopo, formato, participantes e resultados. Cada grupo de trabalho temático desenvolve uma série de workshops nas universidades membro no Japão e no Reino Unido sobre seus temas para desenvolverem ainda mais a colaboração nas pesquisas e o intercâmbio. Por exemplo, em 2016, a Universidade de Osaka trabalhou em conjunto com a Universidade de Liverpool para realizarem o workshop ‘Vivendo em uma Sociedade em Envelhecimento”. Através de visitas de campo, sessões de intercâmbio de pesquisas e ideias sobre os principais desafios, os participantes trabalharam juntos para entenderem as diferentes percepções da velhice no Japão e no Reino Unido e criarem propostas de pesquisas para futuras colaborações. Os workshops/ conferências relacionados à engenharia aeroespacial foram delineados para construir uma colaboração de pesquisa com a indústria. Os workshops cumprem com um objetivo-chave da RENKEI de engajar atores externos na universidade para colaborações universitários a fim de fortalecer a produção e o intercâmbio de conhecimentos, inovação e as relações entre os dois países. Aproximadamente 90 organizações externas participaram em workshops da RENKEI durante os primeiros 6 anos da operação11.

Ao fim do primeiro quinquênio da RENKEI (2012-2017), a organização estabeleceu novas prioridades estratégicas para guiarem suas atividades entre 2018 e 2023. Nesta segunda fase, as principais áreas de pesquisa da RENKEI são Mudança Climática e Saúde. Estes assuntos foram escolhidos para se alinharem com as prioridades da Japan-UK Joint Declaration on Prosperity Cooperation [Declaração Conjunta de Cooperação Próspera entre Japão-Reino Unido] de 2017. Dessa forma, a RENKEI continua a ser um colaborador chave para fortalecer as relações entre Japão-Reino Unido e, ao mesmo tempo, melhorar a capacidade de pesquisa e resultados de professores e pós-graduandos, aumento sua colaboração com a indústria de ambos os países.

Análise de três inciativas de IHERI

A análise destas três iniciativas de IHERI ilustram como elementos-chave do quadro conceitual da diplomacia do conhecimento podem ser operacionalizados. A diversidade de parceiros envolvidos nas atividades colaborativas de IHERI ilustram como a abordagem de diplomacia do conhecimento inclui atores estatais e não-estatais. O estabelecimento de redes IHERI bilaterais e multilaterais entre países, disciplinas e setores baseadas em colaboração, intercâmbio e parcerias são comumente usadas para construir e expandir relações mais fortes entre os países, gerando benefícios mútuos, mas distintos, para os parceiros. Atividades tradicionais de IHERI tais como bolsas de estudo, intercâmbio de alunos e pesquisadores e treinamento linguístico, assim como projetos contemporâneos de IHERI como universidades regionais multi-campi, universidades internacionais parceiras e redes de pesquisa temática com diferentes partes interessadas ilustram diversas atividades-chave usadas na abordagem da diplomacia do conhecimento. Estas correspondem aos grandes princípios, modos e atividades detalhadas no quadro da diplomacia do conhecimento apresentado na Tabela 1.

É importante notar que os propósitos oficialmente declarados para estas três iniciativas de IHERI. A Pan- Anfrican University é vista como um ator chave para a implementação da Agenda 2063 da União Africana que mapeia o caminho para um “desenvolvimento inclusivo, sustentável, uma política integrada continental, para a paz e segurança, mesclados com uma forte identidade cultural, uma herança comum, valores compartilhados e ética”. De forma similar, a German Jordanian University “foi estabelecida para ajudar a integrar povos e nações; culturas e disciplinas; ciência e prática” através de atividades de IHERI e parcerias. A RENKEI é vista como uma “estratégia chave para construir confiança, fortalecer relações entre as duas nações e lidar com questões sociais” e cumprir os objetivos da Japan-UK Joint Declaration on Prosperity Cooperation de 2017. A forma como a IHERI é utilizada para alcançar objetivos de relações internacionais nestes três projetos está alinhada com as intenções claramente articuladas no quadro conceitual da diplomacia do conhecimento.

O objetivo de discutir estas três iniciativas de IHERI foi ilustrar como cada elemento/ conceito-chave do quadro de diplomacia do conhecimento pode ser aplicado na vida real e o quão diferente são da abordagem de soft power que usa atração e persuasão para atingir conformidade e competitividade em uma relação de cima para baixo (Knight, 2021).

Desafios e questões

Este Internacionalização da Educação introduz o conceito de diplomacia do conhecimento baseado na colaboração, negociação, resolução de conflito, reciprocidade e benefícios mútuos na cocriação, transferência e aplicação do conhecimento. Ele envolve múltiplos atores de diferentes países, setores e disciplinas. Ele difere substancialmente da abordagem de soft power cujo foco primário é servir os interesses nacionais através da educação superior competitiva e estratégias de pesquisa e sutilezas de persuasão, atração e conformidade. Contudo, é importante ter consciência que a diplomacia do conhecimento pode facilmente se tornar um chavão para camuflar ambições nacionais e regionais que promovem interesses próprios em detrimento de interesses e benefícios mútuos. À medida que o conceito de diplomacia do conhecimento se torna um lugar comum, expectativas não realistas podem ser feitas sobre seu papel, contribuições e sustentabilidade. A diplomacia do conhecimento não é uma bala de prata. As expectativas desta contribuição para as relações internacionais precisam ser gerenciadas para evitar mal-entendidos ou a rejeição de seus valores e potenciais.

Há muitas questões não respondidas sobre a diplomacia do conhecimento. Os políticos irão valorizar a diplomacia do conhecimento como um instrumento de relações internacionais que pode avançar os interesses de algumas nações sem limitar as perspectivas de outras? A diplomacia do conhecimento pode ser operacionalizada e sustentada à luz de prioridades concorrentes dentro e entre países/regiões e de um crescimento no nacionalismo? As contribuições e impactos da diplomacia do conhecimento podem ser mensuradas? É factível desenvolver mecanismos nos quais a educação, a pesquisa e a inovação se complementem para atingir objetivos que cada um desses elementos sozinhos não pode ser alcançar? A diplomacia do conhecimento será vista como um processo de mão dupla no qual a IHERI pode contribuir para construir relações entre os países e, por outro lado, ajudar a melhorar a educação superior e a pesquisa? Estas são algumas das várias questões que precisam ser exploradas.

O desenvolvimento de um marco, de políticas, estratégias e um compromisso com a diplomacia do conhecimento não podem ser feitos sem encarar a dura realidade das políticas internacionais e os desafios de um mundo cada vez mais competitivo, nacionalista e turbulento no qual vivemos. Contudo, deve-se perguntar se podemos ignorar o potencial da diplomacia do conhecimento para abordar e contribuir para a resolução dos desafios nacionais, regionais e globais (Knight, 2018).

1Tradução em língua portuguesa de texto originalmente publicado em língua inglesa na Revista Higher Education Forum da Univeresidade de Hiroshima, Japão, com autorização de seu editor Dr. Futao Huang (KNIGHT, J. Understanding and Applying the Key Elements of Knowledge Diplomacy: The role of international higher education, research and innovation in international relation. Higher Education Forum, Hiroshima, v. 19, p.1-19, 2022. Disponível em: https://ir.lib.hiroshima-u.ac.jp/journals/HighEduForum/v19/).

2Nota de tradução: Ao longo do texto, utilizaremos a sigla original IHERI, em inglês international higher education, research and innovation.

6N.T.: Em português podemos traduzir como “universidades internacionais conjuntas”. Neste texto usaremos a sigla original IJUs.

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Recebido: 20 de Dezembro de 2023; Aceito: 02 de Janeiro de 2024

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