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Práxis Educativa

versión impresa ISSN 1809-4031versión On-line ISSN 1809-4309

Práxis Educativa vol.16  Ponta Grossa  2021  Epub 09-Feb-2022

https://doi.org/10.5212/praxeduc.v.16.19710.079 

Artigos

O cinema e educação no Endipe: um estado do conhecimento

Cinema and education in Endipe: a state ok knowledge

Cine y educación en Endipe: un estado de conocimiento

*Professora no curso de Licenciatura em Pedagogia (UNESPAR). Doutorado em Educação (UEPG). Membro do Grupo de Pesquisa- GEPAVEC-UEPG-CNPq. E-mail: <andreiabulat@gmail.com>

**Professora no Centro Universitário Santa Amélia (UNISECAL). Mestre em Educação (UEPG). E-mail: <luziachincoviaki2016@gmail.com>

***Professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação- PPGE/UEPG e no curso de Artes Visuais (UEPG). Doutorado em Educação (UNICAMP). Líder do Grupo de Pesquisa - GEPAVEC-UEPG-CNPq. E-mail: <analuiza@uepg.br>

****Professora permanente do Programa de Pós-graduação Profissional de Educação Inclusiva e no curso de Artes Visuais (UEPG). Doutorado em Educação (UEPG). Vice-líder do Grupo de Pesquisa - GEPAVEC-UEPG-CNPq. E-mail: <arsuarez@uepg.br>

*****Bolsista Iniciação Científica - Fundação Araucária. Acadêmica do Curso de Licenciatura em Artes Visuais (UEPG). Membro do Grupo de Pesquisa- GEPAVEC-UEPG-CNPq. E-mail: <leticialupepsa@gmail.com>


Resumo:

O presente artigo objetiva mapear as produções sobre Cinema e Educação nos anais do ENDIPE de 2013 a 2020, tendo como interesse conhecer e compreender o que se tem produzido sobre Cinema e Educação no evento do Endipe nos últimos 7 anos. O período é influenciado pela aprovação da Lei n. 13.006/2014, que institui a obrigatoriedade do Cinema na escola. Utilizou- se como referencial teórico os autores Duarte (2002), Costa (2003) e Fresquet (2015). A pesquisa é do tipo “Estado do Conhecimento”, e buscou-se a partir de análise bibliográfica e documental, nos Anais e livro do Endipe, mapeando-se a produção científica com os seguintes descritores: Cinema e Educação; Educação e Cinema; Lei 13.006/2014 - Linguagem cinematográfica na escola; Leitura fílmica; cinema na sala de aula. Conclui-se com a pesquisa que nos 4 anais e e-book1 do evento do Endipe encontra-se um total aproximado de 4.191 trabalhos publicados, dos quais 45 artigos trazem a discussão sobre o Cinema e Educação.

Palavras-chave: Mapeamento do Conhecimento; Lei n. 13.006/2014; Linguagem cinematográfica

Abstract:

This article aims to map productions about Cinema and Education in the annals of ENDIPE from 2013 to 2020, with the interest to know and understand what has been produced about Cinema and Education at the Endipe event in the last 7 years. The period is influenced by the approval of Law n. 13.006/2014 which institutes the obligation of Cinema at school. The authors Duarte (2002) was used as a theoretical reference; Costa (2003) and Fresquet (2015). The research is of the “State of Knowledge” type, which was sought from bibliographic and documental analysis in Endipe's annals and e-book, mapping scientific production with the following descriptors: Cinema and Education; Education and Cinema; Law 13.006/2014 - Cinematographic language at school; Film reading; cinema in the classroom. The research concludes that in the 4 annals and e-book of the Endipe event there is an approximate total of 4191 published works, of which 45 articles bring the discussion about Cinema and Education.

Keywords: Knowledge Mapping; Law no. 13.006/2014; Cinematographic language

Resumen:

Este artículo tiene como objetivo mapear producciones sobre Cine y Educación en los anales de ENDIPE desde 2013 hasta 2020, con el interés de conocer y comprender lo que se ha producido sobre Cine y Educación en el evento Endipe en los últimos 7 años. El período está influenciado por la aprobación de la Ley n. 13.006/2014 que instituye la obligación del cine en la escuela. Se utilizó como referencia teórica a los autores Duarte (2002); Costa (2003) y Fresquet (2015). La investigación es del tipo “Estado del conocimiento”, que se buscó a partir del análisis bibliográfico y documental en los anales y e-book de Endipe, mapeando la producción científica con los siguientes descriptores: Cine y Educación; Educación y Cine; Ley 13.006/2014 - Lenguaje cinematográfico en la escuela; Lectura de películas; cine en el aula. La investigación concluye que en los 4 anales y e-book del evento Endipe hay un total aproximado de 4191 trabajos publicados, de los cuales 45 artículos traen la discusión sobre Cine y Educación.

Palabras clave: Mapeo del conocimiento; Ley no. 13.006/2014; Lenguaje cinematográfico

Introdução

Este estudo objetiva mapear as produções sobre Cinema e Educação nos anais e e-books do ENDIPE de 2013 a 2020. A opção por este evento se dá devido à sua abrangência significativa, nacionalmente, ao campo da educação, sendo realizado há, aproximadamente, 40 anos, com discussões sobre a didática e a prática de ensino.

Assim, despertou o interesse com o problema: qual é o Estado do Conhecimento que se tem produzido sobre Cinema e Educação no evento do ENDIPE nos últimos 7 anos? Período influenciado pela aprovação da Lei nº 13.006/14,2 instituindo a obrigatoriedade do Cinema na escola, acrescentando na LDB nº 9394/96 (BRASIL, 1996), a exibição de filmes de produção nacional como componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola.

Para realizar este estudo, recorreu-se ao Estado do Conhecimento, que realiza, por meio de uma revisão bibliográfica, a produção de determinada temática em uma área de conhecimento específica. Entende-se que essa revisão busca identificar teorias que estão sendo utilizadas e construídas, quais procedimentos de pesquisa são empregados para essa construção, os referenciais teóricos que utilizam para embasar as pesquisas e qual a contribuição científica e social desta pesquisa ao campo, tendo como objetivo o levantamento, mapeamento e análise do que se produz, considerando áreas de conhecimento, períodos cronológicos, espaços, formas e condições de produção (FERREIRA, 2002; ROMANOWSKI; ENS, 2006).

Para a realização deste estudo, utilizaram-se os descritores para pesquisa nos anais e ebooks do ENDIPE: Cinema e Educação; Educação e Cinema; Lei 13006/2014 - Linguagem cinematográfica na escola; Leitura fílmica; cinema na sala de aula. Com base nesses descritores e o objetivo de conhecer as produções sobre Cinema, encontraram-se ao todo, nos 4 eventos, um total aproximado de 4.191 trabalhos publicados, dos quais apenas 45 trabalhos trazem a pesquisa e discussão sobre o Cinema.

Na sequência, discorrem-se os achados por ano de evento em relação à quantidade de pesquisas, o que cada uma aborda, os descritores e os pressupostos teóricos.

O Cinema na Educação

Para a compreensão significativa dos estudos dos anais e e-books do ENDIPE, primeiramente faz-se um panorama de perspectivas do Cinema na educação, verificando-se aspectos históricos e sua abordagem no âmbito educacional, pois o Cinema, enquanto detentor e difusor de conhecimento, é também considerado a Sétima Arte.

Em 1895, os irmãos Lumiére projetaram a primeira aparição pública cinematográfica em Paris. No entanto, segundo Mascarello (2015), os irmãos Max e Emil Skladanowsky anteciparam esse fato, com uma exibição de 15 minutos no grande Teatro de Vaudeville, em Berlim. Com o surgimento desses eventos, alguns estudiosos acabaram se debruçando nesse novo mundo, fazendo com que a Arte se configurasse em novos caminhos. Diante disso, Mocellin (2009) relembra a publicação do manifesto das “Sete Artes”, no ano de 1991, por Riccioto Canudo, defendendo o Cinema como a Sétima Arte.

De acordo com Brito (2013), historicamente, no mundo da Arte, houve um período em que o Cinema, diante de outras Artes, era considerado inferior. O autor Martin (2005) também rememora e questiona quando é criado um certo desprezo diante do Cinema. Segundo suas palavras, o Cinema é “[...] uma arte que é, socialmente falando, a mais importante e a mais influente da nossa época.” (MARTIN, 2005, p.17).

Essa influência social do Cinema converge em diversas características, entre o articular do conhecimento nas mais variadas camadas, tanto no âmbito educacional quanto fora dele, oferecendo muito mais que experiências estéticas para os espectadores. Duarte (2002) percebe também influências sociais que um determinado filme transcorre. Dessa forma, é criado um alargamento visual do Cinema enquanto Arte. Bernardet (1980, p.132) destaca, ainda, ao afirmar: “Outro fator que possibilitou a implantação do cinema como arte dominante é uma característica técnica: o fato de se poder tirar cópias”. Neste processo, o Cinema consegue deter, através da sua característica, uma expansão para outros lugares e contextos.

Deste modo, há um favorecimento na aplicabilidade de um filme em uma sala de aula, pois é pensando nessa característica da facilidade da sua presença artística, contudo, mesmo que acessível, não diminui a essência enquanto Arte. De acordo com Costa (2003, p.27), o Cinema se assemelha com as diferentes artes, como literatura ou pintura, pois, assim como as outras, ele também contém regras e convenções. Ou seja, está adjunto de uma linguagem, especificamente a linguagem cinematográfica, língua que possibilita a compreensão significativa de elementos que compõem o filme e que, por vezes, passam despercebidos, pois os vivenciamos cotidianamente e não damos um significativo valor.

A linguagem cinematográfica tem por elemento base a imagem, sendo necessária ser decifrada. No que aborda Costa (2003), a inserção do Cinema na escola por vezes constitui uma barreira, pois culturalmente na educação, na sua forma pragmática, são ensinadas palavras, diferentemente de se ensinar com o uso dos filmes, ou seja, através das imagens.

Conhecer os sistemas significadores de que o cinema se utiliza para dar sentido às narrativas aprimora nossa competência para ver e nos permite usufruir melhor e mais prazerosamente a experiência com filmes. Assim como a beleza e a grandiosidade de Dom Casmurro podem ser melhor apreciadas quando se conhece a estrutura que torna possível a produção de um texto literário, a força avassaladora do texto e das imagens que compõem Deus e o diabo na terra do sol podem ser vivenciadas com muito mais intensidade quando se compreende o modo como se articulam os discursos de significação na linguagem cinematográfica. (DUARTE, 2002, p. 38, grifos nossos).

Dessa forma, atentar-se a uma leitura fílmica dentro do contexto escolar é tão importante quanto os preceitos literários para compreender uma literatura. A práxis de pensar no processo educativo se torna essencial no desenvolvimento formativo do professor, abrindo-se novas perspectivas em como realizar métodos viáveis dentro do contexto escolar, e quando se pensa no ensino do Cinema, na Educação, também se fazem necessários tais estudos.

O Cinema dentro da sala de aula é tão essencial quanto outras práticas de saberes, mas nem sempre é visto deste modo. Duarte (2002) questiona uma ocasional demanda de profissionais da educação em não reconhecer o Cinema enquanto arte e a arte enquanto conhecimento, sendo eventualmente configurado como algo de diversão ou um mero recurso didático.

Pensando essas questões, especificamente no Brasil, rememora-se o ano de 2014, quando foi regulamentada a Lei 13.006/14, como uma Política Pública Educacional, tornando obrigatória a exibição de filmes nacionais durante duas horas por mês. Passamos a ver o filme como um meio articulador da compreensão do Cinema. Para Fresquet (2016), a Lei, se aplicada, torna a escola um cerne audiovisual abrangente. Mas é importante destacar que, quando se é usado o filme, deve-se valorizá-lo enquanto elemento da Arte e não um método para uma aula.

O relator da Lei nº 13.006/14, Cristovam Buarque, em alguns momentos valoriza e compreende o Cinema enquanto Arte e vê sua acessibilidade para dentro das escolas, mas de forma rasa, não cria planos específicos. Para Fresquet (2015), é preciso buscar meios para compreender a linguagem do cinema, as experiências estéticas, valorizar sua forma e lidar com o Cinema enquanto Arte. Faz-se necessário questionar a utilização do Cinema dentro do espaço escolar, verificar a demanda de recursos necessários para trazer filmes de forma significativa, e, o mais importante, compreendê-lo como um meio articulador de expressar conhecimento, e não apenas como um recurso didático de uma determinada disciplina, ou como apenas entretenimento extra sala de aula, mas sim com uma linguagem cinematográfica, como uma saber escolar.

A pesquisa tipo Estado do conhecimento

Neste artigo, desenvolve-se uma pesquisa do tipo Estado do Conhecimento, que “é identificação, registro, categorização que levem à reflexão e síntese sobre a produção científica de uma determinada área, em um determinado espaço de tempo, congregando periódicos, teses, dissertações e livros sobre uma temática específica” (MOROSINI; FERNANDES, 2014, p. 155), isto é, o estado do conhecimento, que consiste no mapeamento do tema “Cinema e Educação” em um contexto específico – Anais do Endipe.

O Estado de Conhecimento possibilita uma visão ampla e atual do movimento da pesquisa ligado ao objeto da pesquisa – Cinema e Educação: “Permite-nos entrar em contato com os movimentos atuais acerca do objeto de investigação, oferecendo-nos uma noção abrangente do nível de interesse acadêmico e direcionando, com mais exatidão, para itens a ser explorados (MOROSINI; FERNANDES, 2014, p.158).

Nesta direção, o Estado do Conhecimento, assim como o Estado da Arte, é um tipo de pesquisa dedicado ao estudo de uma área do conhecimento e seu desenvolvimento histórico em um determinado período. Segundo Romanowski e Ens (2006), há uma diferenciação entre Estado da Arte e Estado do Conhecimento, que consiste na abrangência em que se dá à sistematização das produções investigadas, pois envolve uma área do conhecimento nos diferentes aspectos que geraram as produções como dissertações, teses, livros, e-books, publicações em eventos e em periódicos, enquanto o Estado do Conhecimento compreende apenas um setor de publicações.

Seguindo as orientações de Romanowski (2002), inicialmente definiram-se os descritores para a pesquisa, como sendo: Cinema e Educação; Educação e Cinema; Lei 13.006/2014 - Linguagem cinematográfica na escola; Leitura fílmica; cinema na sala de aula, localizados nos 4 eventos no período de 2013 a 2020 - XVII ENDIPE (2014), XVIII ENDIPE (2016), XIX ENDIPE (2018) e XX ENDIPE (2020), um total de 4.191 artigos, recorrendo-se à leitura dos títulos, palavras-chave e resumos dos artigos organizados nos anais e e-books online do Endipe. Seguindo aos descritores da pesquisa, foram encontrados 45 artigos que tratam do objeto da pesquisa “Cinema e Educação”. A organização se deu na sequência após localização dos artigos, a sua leitura na íntegra para a elaboração de um relatório de estudo composto pela sistematização da síntese, dos conceitos, das teorias e abordagens presentes neles.

Tabela 1 Número total de trabalhos por evento 

2014 2016 2018 2020 Total dos 4 eventos
Artigos no evento 1107 772 1119 1193 4191
Artigos com os descritores 9 16 7 13 45

Fonte: Organizado pelas pesquisadoras.

O próximo passo foi realizar a leitura dos trabalhos numa síntese preliminar dos assuntos, autores e discussões acerca do Cinema, momento marcado pela sistematização dos achados, vindo a compor o corpus de análise: “[...] textos advindos de eventos da área, que congregam o novo, o emergente, e, na maioria das vezes, o pensamento da comunidade acadêmica” (MOROSINI; FERNANDES, 2014, p. 156). Nesse momento, deu-se início à escrita analítica dos artigos.

ENDIPE: Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino

Recorreu-se ao processo histórico para compreender sobre esse evento, que envolve a educação. Um evento que surge como movimento de oposição à ditadura militar instalada em 1964, desencadeado por um grupo de educadores brasileiros que deu início a um movimento no campo educacional, com os mesmos anseios de mudança presentes na sociedade da época (ALMEIDA, 2020).

Envolvidos com as práticas de ensino e com a didática, esses educadores reuniram-se, em 1979, no 1º “Encontro Nacional de Prática de Ensino” e, em 1982, no 1º Seminário “A Didática em Questão”, dando início a um processo de questionamento dos fundamentos, das concepções, das orientações políticas e dos modos como a educação era então praticada nas escolas. Em razão da proximidade de propósito entre esses dois movimentos, consolidada ao longo da realização de três encontros em cada uma destas áreas, em 1987, eles se fundiram e deram origem a um encontro único, que foi denominado de IV ENDIPE. Desde então, a didática e as práticas de ensino têm sido alvo de discussões bianuais que congregam pesquisadores, especialistas, dirigentes educacionais, professores e estudantes dos mais distintos espaços do país e do exterior (SFORNI, 2015).

O Endipe se consagrou, ao longo dos seus aproximados 40 anos de existência, como um espaço plural de discussões acerca dos estudos, das pesquisas e das experiências a respeito dos processos educacionais em todos os níveis de ensino. Na atualidade, é um evento muito significativo no cenário nacional e suas contribuições têm sido referência para o avanço da produção de conhecimento sobre os fenômenos educacionais e para a formulação de propostas educacionais inovadoras. Os 20 Encontros realizados até este momento têm permitido acompanhar as tendências educacionais das quatro últimas décadas, seus impactos nas escolas e nas práticas docentes, num movimento dialético com interferências concretas nos processos de ensino e aprendizagem (ALMEIDA, 2020).

O Endipe é organizado por um grupo de profissionais renomados da educação, sendo realizado em instituições de Ensino Superior em diferentes Estados do país. Pimenta (2012) aponta que o Endipe é um dos principais espaços de discussão e troca de experiências, expondo estudos e pesquisas na área da Pedagogia que mais têm agregado os educadores em torno dos desafios da formação docente e da construção de sua identidade nas últimas décadas. Nessa perspectiva, Candau (2002, p. 1) defende o Encipes como encontro - pontos de partida e de chegada, um ponto de chegada por propiciar um espaço de socialização e diálogo de reflexões, experiências e pesquisas realizadas, de confronto de posições e buscas e, principalmente, de balanço crítico do caminho percorrido.

Quadro 1 Mapeamento histórico das edições dos Endipes 

Ano Edição Tema Instituição
1979 Encontro Nacional de Prática de Ensino – ENPE Universidade Federal de Santa Maria/RS
1982 I Seminário A Didática em Questão Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/RJ
1983 II Encontro Nacional de Prática de Ensino – ENPE Universidade de São Paulo – São Paulo/SP
II Seminário A Didática em Questão Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/RJ
1985 III Encontro Nacional de Prática de Ensino - ENPE Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – S. Paulo/SP
III Seminário A Didática em Questão Universidade de São Paulo – São Paulo/SP
1987 IV ENDIPE – “A prática pedagógica e a educação transformadora na sociedade brasileira” Universidade Católica de Pernambuco –Recife/PE
1989 V ENDIPE – “Organização do processo de trabalho docente: em busca da integração da Didática e da Prática de Ensino” Universidade Federal de Minas Gerais – Belo Horizonte/MG
1991 VI ENDIPE – “Perspectivas do trabalho docente para o ano 2000: qual Didática e qual Prática de Ensino? As bases teóricas de uma prática docente interdisciplinar: explicitações necessárias” Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre / RS
1994 VII ENDIPE – “Produção do conhecimento e trabalho docente Universidade Federal de Goiás – Goiânia / GO
1996 VIII ENDIPE – “Formação e profissionalização do educador” Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis / SC
1998 IX ENDIPE – “Olhando a qualidade do ensino a partir da sala de aula” Universidade de São Paulo – Águas de Lindóia / SP
2000 X ENDIPE – “Ensinar e aprender: sujeitos, saberes, espaços e tempos” Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/RJ
2002 XI ENDIPE – “Igualdade e diversidade na educação" Universidade Federal de Goiás – Goiânia / GO
2004 XII ENDIPE – “Conhecimento universal e conhecimento local” Pontifícia Universidade Católica do Paraná – Curitiba/PR
2006 XIII ENDIPE – “Educação, Questões Pedagógicas e Processos Formativos: compromisso com a inclusão social” Universidade Federal de Pernambuco – Recife / PE
2008 XIV ENDIPE – “Trajetórias e Processos de Ensinar e Aprender: lugares, memórias e culturas” Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre/RS
2010 XV ENDIPE – “Convergências e tensões no campo da formação e do trabalho docente: políticas e práticas educacionais” Universidade Federal de Minas Gerais – Belo Horizonte – MG
2012 XVI ENDIPE – “Didática e Práticas de Ensino: compromisso com a escola pública, laica, gratuita e de qualidade” Universidade Estadual de Campinas – Campinas / SP
2014 XVII ENDIPE – “A Didática e as práticas de ensino nas relações entre escola, formação de professores e a sociedade” Universidade do Estado do Ceará – Fortaleza/CE
2016 XVIII ENDIPE – “Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da educação brasileira” Universidade Federal do Mato Grosso – Cuiabá/MT
2018 XIX ENDIPE – “Para onde vai a didática? O enfrentamento às abordagens teóricas e desafios políticos da atualidade” Universidade Federal da Bahia – Salvador/BA
2020 XX ENDIPE – “Fazeres-Saberes pedagógicos: diálogos, insurgências e políticas” Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Fonte: Dados organizados pelos pesquisadores.

Os Endipes já foram realizados mais de uma vez nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, Florianópolis, Goiânia, Curitiba e Campinas. Foram 11 estados brasileiros que acolheram o evento, que acontece de dois em dois anos, o que denota a organização e consolidação desse evento e do prestígio que ele têm perante a comunidade acadêmica e científica.

O Estado do conhecimento nos anais do XVII ENDIPE: a Didática e as práticas de ensino nas relações entre escola, formação de professores e a sociedade

O Endipe é o espaço de diálogo, propondo-se a direcionar as discussões para o trabalho docente na relação com o cotidiano, as políticas de educação e a sociedade. O XVII ENDIPE ocorreu no período de 11 a 14 de novembro de 2014, sediado na Universidade do Estado do Ceará – Fortaleza/CE, com o tema: “A Didática e as práticas de ensino nas relações entre escola, formação de professores e a sociedade”. O evento teve como pretensão o debate da didática e das práticas docentes, numa perspectiva da relação comprometida com a produção de conhecimento, com o propósito de intervir na melhoria da educação, da escola, do campo de formação e do trabalho docente. É uma discussão envolvendo a comunidade escolar, as relações de trabalho e as conexões que se fazem nas contradições e nas possibilidades dessas interações.

O evento é mais que a soma de trabalhos científicos, é um coletivo de vozes com conhecimentos, saberes, estudos, ideias e experiências a serem compartilhados. O evento neste ano tem quatro volumes de anais3 organizando os mais de 1.107 artigos, organizados por eixos.

Com relação específica sobre nosso objeto de estudo C o CINEMA, com base nos descritores anteriormente mencionados, encontraram-se os seguintes artigos, conforme segue o Quadro 2:

Quadro 2 Artigos encontrados nos anais do XVII ENDIPE de 2014 

Anais Temático Total de artigo encontrado Artigos e Autores
Anais 01: Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola 2 Formação (Cultural) docente: a inovação do cinema - Geraldo Magela de Oliveira-Silva
Para além da sociedade disciplinar: o cinema como uma proposta curricular - Tatiane Chagas Lemos
Anais 02: Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores 5 O cinema como dispositivo formativo: contribuições sobre a experiência estética docente - Vanessa Alves da Silveira de Vasconcellos; Caroline Ferreira Brezolin; Valeska Fortes de Oliveira
O uso do cinema no ensino superior: dados preliminares de uma pesquisa na UFOP - Margareth Diniz; Valeska Fortes
Os professores e o cinema: concepções, práticas culturais e pedagógicas - Ana Lúcia Azevedo; Marilia Souza Dias

Os signos estéticos e a aprendizagem inventiva de docentes potencializada pelo uso das imagens-tempo do cinema no currículo

Escolar - Ana Paula Patrocínio Holzmeister

Práticas docentes com o uso da cinematografia para o ensino de literatura - Maria Fatima Menegazzo Nicodem
Anais 03: Didática e Prática de Ensino na relação com a Sociedade 2

O filme como recurso didático para a implementação da lei 10639/03

- Mário Cézar Alves Ferreira; Zenaide de Fátima Dante Correia Rocha; Marilu Martens Oliveira

Uma proposta de ensino interdisciplinar mediante análise fílmica

- Zenaide de Fátima Dante Correia Rocha; Mário Cézar Alves Ferreira; Marilu Martens Oliveira

Fonte: Organização das pesquisadoras.

Ao analisar os textos na íntegra, encontram-se os direcionamentos que falam sobre o cinema e educação. Inicia-se com discussões apontando para uma desatualização da escola e do profissional docente frente às possibilidades do uso do cinema (SILVA, 2015). Não se trata de garantir lugar na escola, esporadicamente em alguma aula para se trabalhar com o cinema, mas de entender que, numa sociedade tecnológica, veloz, as escolas recebem uma quantidade maior de alunos mais “visuais” e menos “leitores”, e assim é importante oportunizar a conexão entre as obras cinematográficas e as literárias (NICODEM, 2015), apontando que muitos espaços escolares ainda desconhecem o seu uso, mesmo os sujeitos vivendo em uma sociedade visual. O Cinema é muitas vezes deixado de lado nas práticas dos professores, ou usado em momentos específicos, como parte de uma data especial e comemorativa na escola, como premiação aos alunos (SILVA, 2015).

Ficou ressaltado o cinema usualmente como um recurso pedagógico para a aproximação da teoria com a suposta realidade (SILVA, 2015), sendo utilizado em alguns cursos de licenciatura por vezes como estratégia para potencializar discussões da própria prática docente, como possibilidade de reflexão dos processos de formação. Outra definição apresentada nos estudos é que, por muito tempo, o cinema foi usado, como outros recursos visuais, apenas com finalidade de entretenimento e lazer, que teve no crescimento das tecnologias, da indústria cinematográfica, o filme, considerado artefato cultural, introduzido nas escolas primeiramente com finalidade instrumental (SILVA, 2015). Ou seja, o cinema passou a ser instrumento de passatempo e premiação aos alunos.

Já outro estudo desvela que o cinema é visto como meio estético, que possibilita pensar o mundo da cultura, refletir, falar, escrever sobre nossa vida, nossa história, associada ao contexto em que estamos (VASCONCELLOS; BREZOLIN; OLIVEIRA et al., 2015; LEMOS, 2015).

Há artigo relatando a proposição do trabalho com o cinema e filmes, buscando contribuir para a formação visual do aluno. Destacam-se os estudos que tentam aproximar a visão de cinema que participa da história não apenas como técnica, mas como arte e ideologia, como linguagem e fruição estética, um cinema que interroga, ao mesmo tempo em que contempla e encanta a vida humana (DINIZ; FORTES, 2015). Outra investigação traz uma discussão a respeito das práticas de ensino com uso de mídia cinematográfica nas aulas de literatura de professores (NICODEM, 2015), marcando que o cinema pode ser trabalhado em diversos níveis de ensino.

Identificou-se um estudo apontando que, ainda que o cinema esteja presente na vida e na profissão dos professores, o filme é visto apenas como um recurso didático que ilustra conteúdos, como um apoio nas aulas, não sendo utilizado todo o potencial cultural e formativo para o ser humano (AZEVEDO, 2015), ou seja, o cinema como uma maneira de ilustrar o conteúdo, para que o assunto ensinado seja melhor assimilado.

Um estudo apontou que o cinema foi utilizado como recurso metodológico, em que se visualizaram cenários desconhecidos e assimilaram-se experiências realizadas num contexto histórico, social e cultural, afastado da realidade dos alunos, estimulando-se a curiosidade e investigação (FERREIRA; ROCHA; OLIVEIRA, 2015).

Ainda, há pesquisas que apresentam caminhos para se pensar o cinema e a educação, defendendo-se a proposição de uma formação docente que passe por uma “alfabetização” da linguagem das imagens e sons, para que se possa entender e agir no mundo. Assim, “é importante não ver o cinema como recurso didático ilustrativo, mas vê-lo como um objeto cultural, uma visão de mundo de diferentes diretores e que tem uma linguagem que performa uma inteligência verbal e, ao mesmo tempo, uma linguagem diferente da linguagem verbal” (SILVA, 2015). Nesse sentido, que o cinema possibilite o desenvolvimento do raciocínio crítico audiovisual, com a leitura cinematográfica, rompendo com o simples retrato da realidade social, isto é, indo além da utilização de filmes como recurso didático ou instrucional.

No artigo dos autores Rocha, Ferreira e Oliveira (2015), foi realizada uma análise fílmica, destacando-se o estudo introdutório do tema, a sinopse, a ficha técnica do filme, que serviu para estabelecer parâmetros de observação sobre os elementos da linguagem cinematográfica como veículo de mensagens. Destaca-se a análise de movimentos de câmera, trilha sonora, fotografia e figurino como componentes de intencionalidade na representação do contexto, grupos e personagens. Outro estudo nessa perspectiva vem pontuando o uso do filme com base em leituras do tema e, ao final, a realização do debate sobre o filme (FERREIRA; ROCHA; OLIVEIRA, 2015).

O cinema é apresentado como criação em dois estudos. Na primeira pesquisa, enfatiza-se a criação de um curta-metragem com as crianças, de 15 minutos, intitulado “Sergipe na Lua”. O curta-metragem foi produzido pelos alunos da Escola, desde a pré-produção, filmagem, edição e exibição, apostando-se no cinema como um fim em si, sem propor regras ou moldes (LEMOS, 2015). No segundo trabalho, projetou-se o curta-metragem “O guarani”, uma produção cinematográfica que propõe uma reflexão no que se refere à relação da população com o cinema, fazendo-nos pensar nas diferenças e semelhanças da relação cinema-pessoa(s), e a implantação do primeiro cinema no Brasil (AZEVEDO, 2015).

De modo geral, nos 9 artigos apresentados no Endipe de 2014, há a presença de autores que discutem o cinema, tais como: Napolitano, Ramos e Teixeira, Bergala, Duarte e Mocelin.

O Estado do conhecimento nos anais do XVIII ENDIPE: Didática e Prática de Ensino no Contexto Político Contemporâneo: Cenas da educação brasileira

O XVIII ENDIPE de 2016 traz como temática Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da educação brasileira. Rememora-se, primeiramente, os aspectos técnicos, históricos e sociais que ocorreram nos anos de 2014 até a entrada 2016. Sendo assim, de acordo com Monteiro et al. (2016, p.11) , “[...] não poderia ter sido outra, uma vez que as Políticas Educacionais, melhor ainda, que o contexto político contemporâneo não poderia ser ignorado neste debate”. Dessa forma, é pensado nesses incidentes anteriores e que convergiram com as Políticas Educacionais, o contexto político contemporâneo, que segundo o evento, não poderia ser ignorado.

A edição do evento ocorreu nos dias 23 a 26 de agosto de 2016, em Cuiabá, no Estado de Mato Grosso, com a proposta de se colocarem em pauta questões da didática e da prática de ensino, inserido nas mais diversas circunstâncias vividas pela realidade da educação brasileira. Neste mesmo ano, o Endipe recebeu 2.895 inscrições de professoras e professores, estudantes de graduação e pós-graduação. Já no que condiz às produções, foram 698 pôsteres, dentre esses 428 aprovados para o evento (MONTEIRO et al., 2016, p. 14, Livro 1).

As publicações dos anais foram divididas em 3 eixos temáticos e 3 subeixos anexados a cada uma, como destacado no Quadro 3, a seguir.

Quadro 3 Artigos encontrados nos anais do XVIII ENDIPE de 2016 

Eixos Temáticos Total de artigo encontrado Artigos e Autores
Eixo 01: Didática e práticade ensino: desdobramentos emcenas na educação pública: 07 Docência Universitária: O Cinema interroga a prática pedagógica - Josaniel Vieira da Silva , Haydenée Gomes Soares Manso
Linguagem Audiovisual e Contextualização Sócio Histórica com Estudantes do Ensino Médio Técnico - Silvana Colombelli Parra Sanches
Movimentos de Invenções Curriculares na Educação Infantil Potencializados pela imagens Cinema: Do necessário ao extraordinário - Sandra Kretli da Silva; Tania Mara Zanotti Guerra Frizzera Delboni
Encontros entre Imagens Cinema e o outro do pensamento nas redes formativas com professores - Larissa Ferreira Rodrigues, Janete Magalhães
Cinema e Educação: (Des)dobramentos de Experiências com um currículo para ‘’Quem quer ser um milinário?’’ Rejane Gandini Fialho, Helder Januário Da Silva, Gomes Hiran Pinel
Desestabilizando o Senso Comum: O Cinema a serviço da formação de professores - Fagner Henrique Guedes Neves
A fígura do mestre na formação de sí através do Cinema - Luciana Tubello Caldas
Eixo 02: Didática, profissão docente e políticas públicas 04 Lei 13.006/2014 Aspectos Históricos- Politicos do Trabalho com o Cinema em Escolas de Educação Básica - Regina Ferreira Barra
A escola, o Cinema e a Lei 13.006/14: Como construir novos territórios - Bruno Teixeira Paes
O que o Cinema transcria na escola? - Glauber Resende Domingues
Formação Docente: Articulações entre PIBID, LIFE E PRODOCÊNCIA - Jessiel Odilon Junglos, Lilian Alves Pereira, Gicele Maria Cervi
Eixo 03: Didática e prática de ensino nas diversidades educacionais 04 Cenas da Educação Brasileira Contemporânea: Exercicios de Alteridade, Diálogos com a diferença - Andreza Berti, Renata Ramos
Cinema, diversidade e extensão na Universidade: Diálogo possível - Maristela Rosso Walker, Ademárcia Lopes de Oliveira Costa
Currículos e Experiências sobre tapete vermelho - Rejane Gandini Fialho, Hiran Pinel, Ana Kátia Pereira Pinto
Transcriações da Educação: A didática Cinemática e as imagens de Currículo - Ana Carolina Cruz Acom, Polyana Cindi Olini, Sandra Mara Corazza

Fonte: Organização das pesquisadoras.

Logo, é possível verificar como foi trabalhada a inserção do Cinema na Educação no ano de 2016, através dos anais do XVIII ENDIPE, com o recurso metodológico de um mapeamento configurado como Estado do Conhecimento.

A análise é iniciada através do Eixo Temático 1, em uma busca categórica, tendo sido registrados um total de 7 artigos, apresentados com o que condiz seus descritores: o Cinema. A princípio, percebe-se a composição de três artigos no que se refere ao Cinema na prática docente, contribuindo-se para a formação do professor, sendo o primeiro pautado nas práticas docentes universitárias. Silva e Manso (2016) sugerem uma reflexão sobre como as práticas cinematográficas são utilizadas em sala de aula. O artigo explicita o quanto o Cinema contribui para um olhar mais crítico dos indivíduos e, ainda de acordo com as autoras, reflete-se que o Cinema enquanto arte pode demonstrar um novo olhar em aspectos sociais e culturais.

No decorrer do Eixo Temático, menciona-se a Lei 13.006/2014:

As ações do projeto se justificam quando se verifica as necessidades legais vigentes. Em junho de 2014 a presidenta sanciona a Lei nº 13.006, que acrescenta o inciso oitavo ao artigo vinte e seis da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no qual obriga a exibição de filmes de produção nacional nas escolas de educação básica em pelo menos duas horas mensais. (SANCHES, 2016, p.1961).

Dessa forma, a autora traz o relato de sua experiência no projeto, condizente ao Cinema, com amparo na Lei nº 13.006/2014, com a utilização do recurso no desenvolver de um projeto de extensão e visando a linguagem cinematográfica como uma prática de diálogo na educação. É interessante destacar que o projeto visa desconstruir o olhar do professor que sempre busca filmes estrangeiros, logo, o projeto trabalha especificamente com a cinematografia brasileira.

Nesse seguimento, verifica-se novamente o Cinema como instrumento de recurso pedagógico em sala de aula, contendo três artigos que abordam exclusivamente um filme: Silva e Delboni (2016), com o filme “Mogli”; Rodrigues e Carvalho (2016), retratando “O balão vermelho”, e Fialho, Gomes e Pinel (2016), que abordam a cinematografia “Quem quer ser um milionário”. O primeiro busca uma compreensão do sonoro e da imagem do filme, trazendo para o contexto em sala. O segundo, através de várias seleções de planos do enredo fílmico, constrói uma perspicaz leitura de imagem e construção da compreensão da realidade. E o último trabalha o filme nas questões escolares, contudo sem seleção de frames.

Nestes trabalhos, o que torna pertinente é a falta de utilização da linguagem cinematográfica e um referencial para a leitura fílmica e ou imagem, a falta condizente de compreender o Cinema enquanto Arte, muito mais que um simples recurso. A autora Duarte (2002) já manifestava sua preocupação ao argumentar a abordagem de um filme na escola; para ela, a essência do Cinema enquanto Arte deveria ser manifestada não somente como um simplesmente “utilizar” o filme.

Seguindo para o Eixo Temático 2, é o momento em que as políticas educacionais são tratadas. Nesta sessão, os trabalhos são, segundo Monteiro et al. (2016, p. 9): “[...] provenientes de pesquisas e estudos acerca da Didática e sua relação com as experiências educativas [...] referentes ao estudo das políticas públicas educativas”. Dessa forma, no que se refere ao Cinema, a Lei 13.006/2014 é reforçada, com entrevistas e debates nas pesquisas, com somente 4 artigos abordados.

Ocorre, portanto, uma mudança na LDB 9394/96, com a inserção do Cinema, construindo-se nos artigos debates sobre: Formação de professores no que condiz ao Cinema, Investimento de recursos para se trabalhar com os filmes, e o modo que o próprio Senado vê o Cinema e a Escola a como meios meramente de diversão. Ao fim, Domingues (2016) traz considerações importantes ao ver a lei como o “enjaular”’ do Cinema enquanto Arte, e através dela uma simples inserção de filmes dentro da escola.

Logo após as reflexões e os questionamentos em torno da lei, são traçadas perspectivas no Eixo Temático 3, composto por apenas 4 artigos, em que na composição das palavras-chave dos artigos selecionados não se encontra o termo ‘’Cinema’’. Contudo, nos descritores se apresentam não somente isto, mas as referências de estudiosos e até mesmo nas descrições dos títulos. Dessa forma, podemos perceber que os artigos elencados visam o cinema como um formato de ferramenta na contribuição didática, uma temática secundária e não propriamente o objeto de estudo para as pesquisas.

Portanto, dos 648 trabalhos aceitos, são elencado somente 16 que dizem respeito ao Cinema, e através da Lei 13.006/2014 se começa a criar novas perspectivas e olhares de alguns docentes. Analisamos a compreensão do Cinema muito mais que diversão, contudo, de acordo com Barra (2016, p. 7792): “Aproximar as pessoas da arte cinematográfica, de sua linguagem e de seus valores é um trabalho que demanda pesquisa, prática e política pública’’.

Dessa forma, acredita-se que apenas a simples inserção da lei não é um meio convidativo para a valorização do Cinema enquanto Arte. Há a necessidade de uma formação continuada para os professores que decidem abordar o filme em sala de aula.

XIX ENDIPE: Para onde vai a didática? O enfrentamento às abordagens teóricas e desafios políticos da atualidade.

O XIX ENDIPE aconteceu de 3 a 6 de setembro de 2018, em Salvador – Bahia, e teve como tema “Para onde vai a didática? O enfrentamento às abordagens teóricas e desafios políticos da atualidade”. Com o tema gerador e eixos temáticos subsequentes, o objetivo do evento consistiu em refletir e discutir sobre diferentes formas de se interpretar o fenômeno do ensino, pensando em novas abordagens didáticas de superação do modelo transmissivo conteudista. E, também, estimular a apresentação de trabalhos de pesquisa e estudos que tensionam as práticas educativas e as políticas educacionais.

A emergência de novos conceitos e valores em tempos de revolução científica e tecnológica, ritos, saberes e modos de intervenção social vem sendo amplamente questionados, como também tem despertado valores e outras sociabilidades que precisam ser investigadas nos diversos segmentos da educação. Questões históricas que atravessam o fenômeno educativo e as práticas sociais da educação necessitam de reflexão e enfrentamento. As reformas educacionais implantadas desde 2016, como o programa Escola sem partido, a reforma do ensino médio, são exemplares icônicos do grave momento político que caracterizava o país no governo da época.

Assim, o Endipe 2018 visou atender 2.500 participantes, educadores e outros profissionais, através de simpósios, painéis, conferências e pôsteres. Nos anais do XIX ENDIPE - 2018, constam 1.127 artigos, divididos em 3 eixos temáticos e 3 subeixos, conforme Quadro 4, a seguir.

Quadro 4 Artigos encontrados nos anais do XIX ENDIPE de 2018 

Eixos Temáticos Total de artigo encontrado Título e Autores dos artigos
Eixo Temático 01: Didática: abordagens Teóricas contemporâneas 5 Experiência do cinema no contexto da escola:relações que potencializam a imaginaçao e a criatividade - Mônica Medina Santos Almeida Neves
A representação dos negros e negras no cinema: três momentos norte-americanos - Camila Biasotto de Araújo Schwarzinger
Mediação tecnológica na educação: cinema e prática pedagógica - Denise Cortez da Silva Accioly
Reendereçamento de vídeos como estratégia no ensino de Ciências: perspectiva de uma professora de Bioquímica - Luiz Augusto Coimbra de Rezende Filho, Gisele Abreu Lira Correa dos Santos, Renato Campos et al.
Cinema na formação docente: diferentes possibilidades para uma educação humanizadora - Ana Lúcia F. Azevedo, Fernanda Omelczuk, Josaniel Vieira da Silva
Eixo Temático 02: A Didática e os desafios políticos da atualidade ---- Nenhum artigo encontrado referente aos descritores da pesquisa
Eixo Temático 03: A Didática, seus saberes estruturantes e formação de professores/as 2 Cinema e educação: espaços tempos éticoestéticos de aprendizagem e da alegria na formação de professores - Maria Riziane Costa Prates, Marcela Fraga Gonçalves Campos
Cinehistória no curso técnico integrado para internet no Campus Viçosa do Instituto Federal de Alagoas - Bruno Rodrigo Tavares Araújo

Fonte: Organização das pesquisadoras.

Ao se realizar o mapeamento dos artigos em cada eixo, verificou-se um total de 7 artigos que apresentam descritores relacionados ao Cinema. Após a leitura dos artigos, percebeu-se que há diferentes abordagens de trabalho com o cinema que refletem práticas pedagógicas no interior das escolas/universidades.

Aprofundando-se um pouco mais a análise, vê-se que os artigos em questão contemplam o cinema na perspectiva de práticas de ensino e da formação docente com abordagens teóricas e metodológicas distintas. Primeiramente, observou-se que as palavras-chave recorrentes nos artigos de 2018 foram cinema, metodologia, práticas pedagógicas, formação docente, indo ao encontro da temática proposta pelo evento. Registra-se, também, que os autores mais citados nos artigos são Bergala, Xavier, Duarte, Napolitano e Fresquet.

Quanto aos demais autores utilizados nos trabalhos, dizem respeito às teorias didáticas, destacando-se Foucault, Vigotsky, Deleuze e Machado. As teorizações foucaultianas: saber, poder e subjetivação e os usos das diferentes linguagens estéticas por meio de cinema, da música, dos textos estudados, dos relatos, das trocas de experiências ficam evidentes nos artigos do Endipe.

Outro ponto que merece atenção na análise é a noção de filme como documento histórico, que contextualiza a história americana numa perspectiva histórico-racial (SCHWARZINGER, 2018). Preocupação constante e recorrente nos trabalhos do ENDIPE 2018 é a contribuição do cinema na prática pedagógica, com perspectivas diferenciadas, como Educomunicação (ACCIOLY, 2018). É uma pesquisa qualitativa de caráter bibliográfico, que traz autores que abordam especificamente o cinema, como Duarte, Fresquet, Napolitano, Bergala, portanto, cinema como arte e mediação tecnológica na educação.

Outra perspectiva de prática pedagógica é a discussão de conceitos de endereçamento e reendereçamento de vídeos em situação didática na ótica da análise fílmica francesa de Vanoye (REZENDE FILHO et al., 2018). Registra-se, também, nos Anais do Endipe 2018 a visão de cinema como forma e conteúdo através da análise fílmica de curtas, com aporte teórico em Bergala, com destaque aos gestos intuitivos: escolha do que vai ser filmado, disposição dos elementos, ataque (que horas começa e termina o plano) (AZEVEDO; OMELCZUL; SILVA, 2018).

Os artigos trazem a relação Cinema x Educação ao se trabalharem projetos que envolvem filmes, seja como arte na sua função estética ou apenas na preocupação com o conteúdo dos filmes abordados. E ainda, observa-se que apenas um dos artigos cita a Lei 13.006/2014, que prevê a exibição de filmes de produção nacional como componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 horas mensais.

O XX ENDIPE: Fazeres-Saberes pedagógicos - diálogos, insurgências e políticas

O XX ENDIPE aconteceu de 29 de outubro a 12 de novembro de 2020, no Rio de Janeiro - RJ. Teve como tema: "Fazeres - Saberes pedagógicos: diálogos, insurgências e políticas.”. O evento propôs reflexões dentro de um contexto totalmente atípico, a pandemia da Covid-19, ocasionada pelo novo coronavirus, com o objetivo de promover um amplo diálogo com os diferentes atores sociais, visibilizar e socializar práticas educativas insurgentes, valorizar a profissão docente, favorecer a superação do “formato escolar” dominante e reinventar a escola. Situado numa direção de articulação dos processos educacionais com as dinâmicas de transformação de uma sociedade justa e plural em que a democracia seja uma prática vigente (ENDIPE, 2020).

Devido à pandemia, diante de um vírus autamente contagioso e letal, a realidade fez com que se mudasse o estilo de vida e hábitos das pessoas, e, deste modo, o Endipe realizou o encontro de 2020 em um formato virtual e transformou os trabalhos, que normalmente compõem anais, em e-books, tendo como título: “Didática(s) entre diálogos, insurgências e políticas”. Cada um sob um eixo, foram apresentados no XX ENDIPE – 2020 o total de 1.193 artigos, dos quais 13 mencionam descritores sobre Cinema, conforme Quadro 5, a seguir.

Quadro 5 Artigos encontrados nos e-books do XX ENDIPE de 2020 

Eixos temáticos Total de artigo encontrado Título e Autores dos artigos
Livro 01: 1 Cinema na Educação Básica e no Ensino Superior - Virgínia de Oliveira Silva
Livro 02: 3 O Cinema movimentando fazeres e outros modos de pensar o currículo e a avaliação na Educação Infantil - Ana Cláudia Zouain, Larissa Ferreira Rodrigues Gomes, Izaque Moura de Faria
Cinema, Escola e um olhar sobre Currículo - Andréa Casadonte, Maria Angélica Rocha Fernandes
As conversas como potências na formação de professores: ‘’FazerPensarSentir’’ NOS/DOS/COM processos migratórios através do Cinema - Fernanda Cavalcanti de Mello, Juliana Rodrigues, Maria do Carmo de Morais mara Rodrigues, Noale de Oliveira Toja
Livro 03 --- Nenhum artigo encontrado referente aos descritores da pesquisa
Livro 04 --- Nenhum artigo encontrado referente aos descritores da pesquisa
Livro 05: 9 Cinema como animação e educação nos processos de ver, fruir, pensar e fazer cinema com crianças - Constantina Xavier Filha, Claudia Maria Ribeiro, Samanta Felisberto Teixeira
A pedagogia audiovisual do Cinema de Vertov e Eisenstein: um encontro da Arte revolucionária com a emancipação humana - José Alex Soares Santos
Arte cinematográfica e formação de professores na universidade -Luciana Azevedo Rodrigues, Márcio Norberto Farias, Larissa Cardoso Oliveira
Cinema skholeiro por uma diáspora episemológica para desaprender e desensinar com o cinema na escola – Daniele Grazinoli
Filme como ferramentas pedagógicas no enisno de radioatividade: as reflexões de um professor pesquisador - Joáo Vitor Fagundes
O ascender das luzes no limiar do século XXI: incentivo à leitura através das tecnologias e o cinema na escola - Roselene Freteiro de Melo
O audiovisual como instrumento educativo: análise da oficina de audiovisual promovida pelo Cineclube Xuxu Comxis - Teresa Cristina Santos Balbino
O feminino, o cinema e os movimentos migratórios – Claudia Chagas, Izadora Ovelha, Alessandra Caldas
Vídeos e filmes como um recurso à formação humanizada no ensino superior - Américo de Araujo Pastor Junior, Wagner Gonçalves Bastos, Marcus Vinícius Pereira et al.
Livro 06: --- Nenhum artigo encontrado referente aos descritores da pesquisa

Fonte: Organização das pesquisadoras.

Inicialmente, destaca-se o Eixo Temático 1, que foi dividido em 2 livros (devido a seu grande índice de submissão de trabalhos - 894), que se centraliza nas políticas de formação docente e os desafios de sua implementação. É elencada apenas uma menção ao Cinema, no segundo livro. Silva (2020) destaca o trabalho em uma compreensão do Cinema regional Paraibano, além de ser feito um estudo, é pensado como proposta de utilização em sala de aula, realizando um resgate da Lei 13.006/2014, qualificando o serviço e a entrada do cinema paraibano na Educação Básica.

Seguindo para o Eixo Temático 2, são elencadas apenas 3 menções no que se refere ao Cinema, de 176 trabalhos publicados. As autoras Zouain, Ferreira e Faria (2020) analisam o Cinema como formato de avaliação, compreendendo que a criança tem um outro olhar acerca das imagens. O segundo, de Casadonte e Fernandes (2020), a partir de um projeto visa o Cinema como um meio de exercer a criação no espaço escolar. E, por último, o longa metragem “O Confeiteiro”, em que é feita uma análise de cenas. Mello et al. (2020) refletem questões a serem trabalhadas nas redes educativas e que precisam ser conversadas para se reprimirem preconceitos e se instaurar o respeito.

O Eixo Temático 5, no qual encontram-se os artigos que serão analisados a seguir, prioriza o debate sobre educar com as mídias, para as mídias e pelas mídias; imagens, literacias e linguagens multimodais nas práticas pedagógicas e na formação de professores; cinema e educação; a informática na educação: a didática e o pensamento computacional na escola básica e na formação de professores; potenciais das mídias digitais em rede para as didáticas e as práticas educativas nas múltiplas redes educativas; educação online: dos ambientes virtuais de aprendizagens às práticas de app-learning; educar em tempos de fake news, fazeres saberes didáticos; educação e Cibercultura; políticas de formação na interface Educação e Comunicação.

Após a leitura dos artigos, percebeu-se que há diferentes abordagens de trabalho com o cinema que refletem práticas pedagógicas no interior das escolas/ universidades. Aprofundando um pouco mais a análise, vê-se que os artigos em questão contemplam o cinema na perspectiva de práticas de ensino e da formação docente, com abordagens teóricas e metodológicas distintas.

Primeiramente, observou-se que as palavras-chave recorrentes nos artigos de 2020 foram Cinema, Arte, metodologia, práticas pedagógicas, formação docente e tecnologias. Registra-se também que os autores mais citados nos artigos são Bergala, Xavier, Duarte, Napolitano e Fresquet.

Entre os artigos encontrados no XX ENDIPE, registra-se a abordagem de cinema de animação como dispositivo pedagógico ao trabalhar com produção de filmes no âmbito da escola (XAVIER FILHA; RIBEIRO; TEIXEIRA, 2020). Na sequência da análise, verificou-se trabalho com abordagem qualitativa, centrada no estudo bibliográfico de natureza histórica, biográfica e autoral com proposta futurista, viés do cine-olho e cinema-verdade pela ótica de Vertov e Eisenstein (SANTOS, 2020).

Análises fílmicas, exibições experimentais de vídeos, discussão e questionários no Ensino Superior, com o objetivo de produzir sentidos que conectam o discurso dos audiovisuais às demandas dos contextos disciplinares, são temas recorrentes no Endipe XX. Os filmes também são utilizados numa perspectiva de ensino crítico e contextualizados no ensino através de sequência didática, por exemplo.

Nos textos do Endipe 2020, ressaltam-se discussões sobre as tecnologias e o cinema na educação com possíveis diálogos sobre novas intervenções através do teatro, cinema, como se pontua em Melo (2020). Ainda, registra-se pesquisa que mostra análise crítica das produções cinematográficas obtidas através de oficina audiovisual, compreendidas como instrumento de comunicação não-formal emancipatório gerador de novas realidades.

Entre as diferentes abordagens do trabalho com os descritores pesquisados sobre cinema, aparecem teorias feministas e de suas inserções no campo do cinema, questionando algumas representações femininas, com foco nos movimentos migratórios nas produções cinematográficas (CHAGAS; OLIVEIRA; CALDAS, 2020).

Considerações finais

Ao concluir a pesquisa sobre a inserção do cinema nos trabalhos publicados nos anais e e-book do Endipe entre os anos de 2013 a 2020, realizado mapeamento a partir de descritores na pesquisa do Estado do Conhecimento, seguido de uma análise descritiva e reflexiva, constata-se, de modo geral, que o Cinema em sala de aula é preocupação dos professores da educação básica e alguns cursos de Licenciatura.

Em sua pluralidade, os participantes do Endipe são professores, graduandos e ou pós-graduandos com formação em Pedagogia, pois o evento volta-se a questões didáticas e pedagógicas. Desta forma, clarifica-se a escassez do uso do Cinema e da leitura filmica em sala de aula, em um formato de pesquisa, mas não se justifica completamente a falta dele, pois sabendo da vigência da Lei n.º 13.006/14, que torna a obrigatoriedade do uso de filmes em sala de aula, surge o questionamento sobre a falta de trabalhos no que diz respeito ao Cinema. Seria a falta de uma formação específica aos professores em relação a essa linguagem?

A partir dos anais de 2016, é repercutida a Lei n.º 13.006/14, mencionando seus avanços e problemas. Ao trazer a obrigatoriedade do filme, é demonstrada uma fragilidade. O autor da lei faz perceber que o Cinema é simplesmente algo por pura diversão, esquecendo também a falta de acessibilidade aos alunos. De qualquer forma, mostra-se uma afirmação do uso do Cinema em sala de aula, desta Arte que chegou ao Brasil no final do século XX, e somente em 2014 é sancionada em lei, com obrigatoriedade de uso em sala de aula.

Por vezes, é verificado o Cinema nos trabalhos apresentados como um simples relato de experiência ou um recurso para conteúdo. Desta forma, percebe-se a falta de uma metodologia para uma leitura fílmica, a qual possibilitaria guiar melhor o olhar do espectador e compreender não somente questões referenciais, mas estéticas e visuais, pois vive-se em um mundo em que a imagem é intrinsecamente ligada ao dia a dia do aluno.

De modo geral, os trabalhos não apresentam o olhar do campo das Artes Visuais. Questões como a linguagem cinematográfica, metodologia de leitura fílmica, estética do Cinema não são abordadas na maioria dos trabalhos, e isso é compreensível, pois como já mencionado a área de formação dos professores que fazem menção sobre o Cinema nos trabalhos do Endipe é voltada à Pedagogia. Contudo, há alguns trabalhos que reconhecem o Cinema enquanto Arte, principalmente quando se tem a utilização do Cinema enquanto projeto social e escolar.

Portanto, são distintas as visões de como o Cinema é abordado em sala de aula nos trabalhos analisados, ora como um instrumento para criação ou avaliação, momentos que fazem uso do Cinema como um recurso instrumental para a temática da aula, ora como recorte de filmes, para contextualizar com o ambiente escolar, ora uma análise fílmica sem um autor que fundamente, mas que gere bastante questionamentos. Registra-se, ao término da pesquisa, que foi possível conhecer e compreender o que foi produzido sobre Cinema e Educação no evento do Endipe nos últimos sete anos.

1A partir do XX ENDIPE, em 2020, os anais se transformaram em e-book do evento.

2Projeto de Lei do Senador Cristovam Buarque (PL 185/08) criou a Lei 13.006, de 26 de junho de 2014, que acrescenta o inciso 8º ao art.26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-9394, de 20 de dezembro de 1996.

3Anais publicados em 2015.

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Recebido: 10 de Setembro de 2021; Revisado: 02 de Dezembro de 2021; Aceito: 04 de Dezembro de 2021; Publicado: 21 de Dezembro de 2021

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