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Revista Diálogo Educacional

versión impresa ISSN 1518-3483versión On-line ISSN 1981-416X

Rev. Diálogo Educ. vol.21 no.70 Curitiba jul./sep 2021  Epub 20-Abr-2024

https://doi.org/10.7213/1981-416x.21.070.ap01 

Apresentação

Práticas docentes: narrativas e representações sociais (Volume II)

Adelina Novaes, Doutora em Educação: Psicologia da Educaçãoa 
http://orcid.org/0000-0003-2028-2837

Romilda Teodora Ens, Doutora em Educação: Psicologia em Educaçãob 
http://orcid.org/0000-0003-3316-1014

Maria Paula Carreras, Doutora em Ciencias Políticas y Sociologíac 
http://orcid.org/0000-0001-9410-2267

Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira, Doutora em Educaçãod 
http://orcid.org/0000-0003-3759-0377

aFundação Carlos Chagas (FCC), Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), São Paulo, SP, Brasil. Doutora em Educação: Psicologia da Educação

bPontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Curitiba, PR, Brasil. Doutora em Educação: Psicologia em Educação

cUniversidad Nacional de Tucumán; Universidad Católica de Santiago del Estero, Tucumán, Argentina. Doutora em Ciencias Políticas y Sociología

dPontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Curitiba, PR, Brasil. Doutora em Educação


Em um dos momentos mais incertos da pandemia provocada pela doença do coronavírus (Covid-19), a Revista Diálogo Educacional lançou o primeiro volume do Dossiê Práticas docentes: narrativas e representações sociais (v. 21, n. 66, jul./set. 2020). A ampla quantidade de submissões destacava uma necessidade premente: dar conta de novas e antigas interrogantes sobre a prática docente.

Os artigos lá reunidos lançaram mão de investigações por meio de narrativas e da teoria das representações sociais com o intuito de compreender a educação que é levada a termo com o trabalho cotidiano dos professores. Mas a demanda foi maior do que a prevista, o que muniu a Revista com mais contribuições que contemplavam o propósito de compreender produções e significações docentes.

Foi assim que nasceu este segundo volume, que possui características próprias. Se na primeira publicação a tônica recaiu na teoria das representações sociais, aqui encontram-se relatos maiormente amparados em narrativas e prática docente. As noções de percepção e concepção colaboraram para as análises, além do complexo constructo das representações sociais. Dos 11 artigos, depreendem-se dois eixos: o primeiro, com número superior de contribuições, é dedicado à formação docente; o segundo é voltado ao exercício da docência na educação básica, caracterizado pelo frequente emprego do termo experiência.

Em “O relato de si e a escuta do Outro - violência e responsabilidade nas narrativas docentes”, Kellen Dias de Barros e Luciana Pires Alves estimulam uma reflexão ético-metodológica que contribui não apenas para a análise de seu próprio estudo, mas para a leitura dos demais textos, visto que debateram as implicações da escuta dos relatos de si de professoras durante pesquisas dos cotidianos escolares.

Os dois artigos que seguem dão destaque à formação docente para a educação inclusiva. No primeiro deles, “Formação continuada de professores ao incluir aluno surdo no ensino superior: relato de experiências”, Terezinha Richartz e Thiago Lemes de Oliveira discutem a importância da formação continuada face à inclusão de um aluno surdo em sala de aula, ao apresentarem o gênero autobiográfico para conhecer o contexto histórico do discente no intuito de identificar e desenvolver metodologias para sua interação e mediação. No segundo artigo, “A narratividade na formação continuada de professores para uma educação inclusiva”, José Eduardo de Oliveira Evangelista Lanuti e Maria Isabel Sampaio Dias Baptista analisam pontos em comum entre dois processos de formação continuada que levaram os participantes à reflexão e à reconstrução de práticas pedagógicas que respeitassem singularidades, sem a pretensão de que ocorresse uma homogeneização da aprendizagem.

Na sequência, Janinha Gerke e Alessandro da Silva Guimarães oferecem um diferente contexto de experiências formativas, em “Memórias e narrativas dos estudantes da educação do campo mediadas pelo caderno da realidade”. No artigo, os autores analisam memórias e narrativas de licenciandos em Educação do Campo, registradas nos Cadernos da Realidade, estratégia que tem potencializado as aprendizagens construídas nos territórios formativos do tempo universidade e do tempo comunidade.

A expoente temática do emprego de tecnologia na educação é abordada por Marcelo Siqueira Maia Vinagre Mocarzel e Mary Rangel em “Por uma nova didática: discursos e narrativas no Ensino Superior”, onde os autores analisam experiências promovidas por um convênio firmado com o Google para Educação, que levaram à apresentação aos docentes do conceito de metodologias ativas, incluindo ferramentas que buscavam dinamizar as aulas e tornar mais significativo o aprendizado dos estudantes.

O artigo de Klalter Bez Fontana Arndt e Dulce Márcia Cruz, “Pedagogos em formação: revisão sistemática das trajetórias formativas, identidades, letramento e perfil midiático”, mantém a discussão na formação docente, mas em articulação com a Teoria das Representações Sociais. Nele, é apresentado um retrato temporal de pesquisas já realizadas sobre trajetórias formativas, representação social, identidades, letramento e perfil midiático, evidenciando desde o detalhamento do percurso metodológico até os resultados encontrados.

“Formação de professores da Educação Infantil: ressignificando as práticas docentes por meio de propostas psicocorporais”, é um texto que oferece outra ótica ao dossiê, uma vez que Ângela Adriane Schmidt Bersch e Eliane Lima Piske dedicam atenção às técnicas de intervenção psicocorporais que envolveram o lúdico e suas interfaces em encontros formativos com professoras da Educação Infantil.

“Narrativas de professores ribeirinhos: tensões, fragilidades e desafios”, de Edwana Nauar de Almeida e Lucelia de Moraes Braga Bassalo, dá início a um corpo de artigos voltado às narrativas das experiências docentes. Nele, as autoras apresentam, a partir de narrativas de professores ribeirinhos, a discussão de um dos aspectos mais objetivos, mas não tão patentes da atividade pedagógica: as percepções sobre os e as estudantes e os modos de lidar com os desafios que lhes são impostos e que atravessam o fazer docente.

No mesmo sentido, a análise de uma rede de parceiros e apoios docentes, estabelecida a partir de narrativas sobre as práticas pedagógicas realizadas por professoras atuantes em uma escola pública, é apresentada por Janaina Carrasco Castilho e Maria Auxiliadora Bueno Andrade Megid em “As redes pedagógicas materializadas em narrativas docentes”.

Ainda acerca da experiência docente, mas por outra via de análise, Valdete Aparecida Fernandes Moutinho Gomes, Célia Maria Fernandes Nunes e Karla Cunha Pádua discutem, em “Entre ser ‘a pessoa mais importante do lugar’ e ‘apenas um professor’”, a influência do contexto sociocultural em que a escola está inserida por meio da percepção de valorização docente de uma professora do ensino fundamental I.

Por fim, retomando a teoria das representações sociais, a atenção se volta para a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no artigo de Camila Rodrigues dos Santos, Elda Silva do Nascimento Melo e Erivania Melo de Morais, “Base nacional: uma reflexão a partir da representação social de professores(as) sobre a BNCC”, que traz debates da pesquisa quanti-qualitativa de abordagem psicossocial que assumiu o objetivo de refletir sobre a representação social que professores da rede básica têm sobre a BNCC.

Para além do debate proposto originalmente, que reunia práticas docentes, narrativas e representações sociais, neste segundo volume a noção de experiência emergiu como uma categoria associada à formação de professores, remetendo-nos às contribuições de Jodelet (2005). Para ela, a experiência vivida é “[...] o modo através do qual as pessoas sentem uma situação, em seu foro íntimo, e o modo como elas elaboram, através de um trabalho psíquico e cognitivo, as ressonâncias positivas ou negativas dessa situação e as relações e ações que elas desenvolveram naquela situação” (JODELET, 2005, p. 29).

Os textos aqui reunidos introduziram distintos conceitos. Por meio deles, os professores tiveram sua experiência vivida reconhecida, ganharam voz, corpo, subjetividade. Fazemos votos de que o debate iniciado nos dois volumes de “Práticas docentes: narrativas e representações sociais” perdure num movimento de ampliação transdisciplinar.

A sessão da demanda contínua, não menos instigante que o dossiê apresentado, traz nove artigos sobre temáticas atuais e de interesse à formação de professores, que é o escopo da Revista Diálogo Educacional. O primeiro artigo, de Hanslivian Correia Cruz Bonfim e Orliney Maciel Guimarães, “A formação ética e o autoconhecimento para a formação de professores(as) em direitos humanos e ciências naturais”, discute a formação continuada de professores(as) de Ciências Naturais que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental, com ênfase na formação ética e no autoconhecimento, levando em conta uma educação em direitos humanos. Para tanto, os autores realizaram pesquisa bibliográfica, buscando aprofundar a temática.

Com o objetivo de discutir o olhar docente no Atendimento Educacional Especializado (AEE), Liziane da Silva Barbosa e Helena Venites Sardagna produziram o artigo “O corpo da deficiência sob o olhar docente no Atendimento Educacional Especializado”. Nele, procuram compreender e analisar governamentos engendrados nas práticas que incidem sobre os estudantes que recebem atendimento nos espaços denominados Salas de Recursos Multifuncionais. Com apoio nos trabalhos de Foucault, organizaram os resultados da pesquisa em três eixos temáticos: a) saberes especializados; b) verdades sobre a família; c) a deficiência, que são aprofundados no texto.

No artigo “Revista Wacht und Weide in Kriche und Schule: saberes a ensinar e para ensinar geometria”, os pesquisadores Malcus Cassiano Kuhn e Sílvio Luiz Martins Britto analisam essa revista técnica, editada para pastores luteranos e professores paroquiais pela Igreja Evangélica Luterana do Brasil, no período de 1936 a 1939. O objetivo da publicação era colaborar na formação de pastores e professores para que ministrassem uma educação cristã, com vivência da espiritualidade na prática e uma ação educacional para servir no mundo. A revista tratava, em suas edições, de temas teológicos e pedagógicos, dentre os quais a geometria. Com aporte na pesquisa histórica e no conceito de cultura escolar, foram analisadas 17 edições da revista, em pesquisa documental com abordagem qualitativa.

Os autores Renata Cristina Oliveira Barrichelo Cunha, Andreza Barbosa e Thiago Antunes-Souza, em “Iniciação científica nos cursos de licenciatura e contribuições para a formação de professores”, entendendo que a Iniciação Científica (IC) constitui uma oportunidade privilegiada de inserção de estudantes de licenciatura na pesquisa, analisam suas contribuições para a formação inicial de professores. A pesquisa, de caráter bibliográfico, foi realizada na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), no Banco de Dissertações e Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e na Scientific Electronic Library Online (SciELO), no período de 2000 a 2020.

O quinto artigo da demanda contínua, de Márcia Gouvêa Lousada e Maribel Oliveira Barreto, “Autoconhecimento como estratégia formativa do professor”, levando em conta a modificação ocorrida na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), segundo a qual espera-se que o professor desenvolva competências em seus estudantes que envolvam uma formação humana e ética, além da formação técnica, procura compreender como os autores da área realizam esse desenvolvimento. Nesse sentido, foram analisados 22 resumos de artigos, dissertações e teses publicados entre 2015 e 2020, em plataformas digitais, com o objetivo de conhecer as técnicas empregadas na promoção de tal capacidade e/ou habilidade.

Na sequência, “Educação inclusiva: diferentes configurações, olhares e mundos possíveis”, de Elaine Conte e Adilson Cristiano Habowski, traz uma análise sobre os entraves à atividade do educador em relação à inclusão de crianças com necessidades especiais em sala de aula, a partir de pesquisa bibliográfica e de um questionário respondido por professores que atuam no campo da educação inclusiva dos anos iniciais da educação básica.

O artigo “A escola confessional: entre o desafio de preservar a missão e a necessidade de inovar o desenvolvimento de valores na educação. Um estudo em Portugal e no Brasil, na Rede Marista de Educação”, dos pesquisadores Ceciliany Alves Feitosa e Antonio Moreira Teixeira, traz estudo desenvolvido em Portugal e no Brasil, em duas escolas da Rede Marista de Educação, buscando compreender o desafio de preservar a missão e o desenvolvimento de valores, no âmbito da educação confessional. Para tanto, foi utilizada uma metodologia mista de análise de dados quantitativos e qualitativos, obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas aplicadas para a liderança da instituição e de inquérito por questionário, aplicado ao corpo docente, da qual resultaram os eixos temáticos: a) confessionalidade; b) liderança; c) contexto, que são desenvolvidos no texto.

Os autores Alessandra Maieski e Kátia Morosov Alonso, em “Educação a distância e o uso dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem: entre o ideal e o possível”, considerando a relevância desses espaços de formação, investigam, numa perspectiva histórico-cultural, os processos e procedimentos de mediação e de interação nos cursos de formação on-line de uma instituição de ensino superior. A abordagem utilizada foi qualitativa, com a metodologia da observação participante.

Por último, apresentamos o estudo “Estratégias autoprejudiciais em Matemática: uma revisão sistemática da literatura”, de Edmilson Minoru Torisu e Evely Boruchovitch, que traz uma revisão sistemática da literatura que investiga a adoção de estratégias autoprejudiciais no âmbito da Matemática, realizada nas bases de dados SciELO, PsycINFO e ERIC. Foi possível identificar fatores que contribuem para a adoção, ou não, de estratégias autoprejudiciais em Matemática.

Boa leitura!

Referência

JODELET, D. Experiência e Representações Sociais. In: MENIN, M. S. de S.; SHIMIZU, A. de M. Experiência e Representação Social: questões teóricas e metodológicas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. [ Links ]

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