INTRODUÇÃO
É imprescindível destacar os desafios que ocorrem diante das atuais exigências do mundo corporativo. Por conta da grave crise vivida no Brasil, houve aumento do desemprego nos últimos anos1, e, com isso, o mercado de trabalho passa a ser mais competitivo e exigente. Tal fato corrobora uma tendência de aumento na procura por cursos de graduação de qualidade, com a finalidade de o cidadão aprimorar as próprias habilidades e obter maior conhecimento corporativo.
A sociedade atual vive uma época em que os trabalhadores deixaram de ser especialistas técnicos, que são bons em realizar tarefas práticas, e passaram a ser especialistas tecnológicos, que possuem habilidades de gestão da informação2.
Estudos e publicações governamentais analisados por Vieira et al.3, veiculados no período de 2001 a 2011, mostram grande diversidade dos instrumentos de coleta de dados na busca para avaliar o egresso de cursos de Enfermagem quanto à sua formação profissional. A utilização de instrumentos de coleta de dados é interpretada como o desenvolvimento de políticas públicas, visto que a universidade possui um singular papel social4.
Além da perspectiva profissional, ressaltam-se os resultados que são oferecidos aos indivíduos que apresentam efetiva mudança de vida por meio da conclusão de um curso, sejam elas mensuráveis ou não, levando-se em conta que o Brasil possui apenas 15,7% de pessoas com mais de 25 anos que possuem nível superior completo1.
Na Universidade de São Paulo (USP), a avaliação de egressos ocorre a partir do tripé ensino, pesquisa e extensão, sendo desenvolvida de forma centralizada na reitoria e também em suas unidades de ensino4. Em 2018, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) disponibilizou o portal Alumni Unesp que propicia a conexão de ex-alunos e apresenta notícias, oportunidades de trabalho, solicitação de serviços e contato com a instituição.
De forma semelhante, a Universidade de Yale em New Haven, nos Estados Unidos, possui uma página que atua como papel colaborativo e de responsabilidade social, sendo geradora de relacionamento entre a instituição e os antigos alunos, de modo a proporcionar sinergia benéfica entre os egressos e até o mercado de trabalho5. Porém, as redes de conexão de egressos nas universidades mais tradicionais do mundo, comumente chamadas de Alumni, atuam como redes de arrecadação de recursos para as instituições.
Países da União Europeia adotam processos avaliativos com diplomados, envolvendo também familiares e empregadores, e propõem transformações e ajustes curriculares com a colaboração de terceiros especialmente do campo laboral. Em Portugal, diversos estudos são realizados com o foco no papel social da universidade6.
Atualmente é possível encontrar trabalhos4),(6)-(8 que desenvolvem metodologias de avaliação com a participação do aluno recém-formado. Contudo, reconhecemos a necessidade de verificar que formatos ou modalidades são utilizados no processo de avaliação e se eles têm se mostrado eficientes para a realidade da educação superior brasileira.
A criação de um mecanismo efetivo de coleta de dados dos egressos de um curso é de expressivo significado em qualquer instituição de ensino superior (IES), e sua aplicação não deve ser realizada somente em momentos sazonais, mas também de forma constante para que os benefícios sejam solidificados e priorizem a qualidade do ensino, de modo a fazer parte da cultura da instituição, seja ela pública ou particular.
Este trabalho teve como objetivo conhecer experiências de avaliação de egressos de cursos de graduação da área da saúde no Brasil, a partir da revisão de literatura, identificando processos e o protagonismo do egresso na verificação da qualidade do ensino superior com foco na medicina e enfermagem.
Historicamente, o ensino superior no Brasil assume um papel profissionalizante, com a abertura das primeiras IES. Pontualmente, a primeira Escola de Medicina iniciou seus trabalhos em 1808 com a chegada da Família Real e estava localizada na Bahia. Porém, a educação superior no formato de universidade começou a ser difundida no país na terceira década do século XX, com a criação de escolas profissionalizantes com cursos voltados à área médica, ao direito, à engenharia, à artes e aos serviços militares9.
A formação acadêmica de qualidade é mais que o preparo profissional para atuação no mercado de trabalho. Ela envolve a formação do ser humano integral como cidadão político e ético10.
A corresponsabilização do aluno no processo formativo é decisiva em todas as áreas, mas, na área da saúde, pontos como a responsabilidade na formação inicial do curso, a formação continuada, a autonomia e a responsabilidade social também precisam ser o foco estratégico das instituições de ensino11.
A atual sociedade passa por um intenso momento de transformações sociais, e as instituições precisam estar alinhadas e preparadas para lidar com tais mudanças. Por conta disso, os cursos de Medicina e da área da saúde têm incorporado em seus currículos as metodologias ativas com a intenção de estimular a autonomia do aluno e promover a visão de libertação educacional, fazendo com que o discente busque alternativas para consolidar o próprio conhecimento12.
A melhoria da qualificação profissional é tida como um diferencial para que o sujeito possa inserir-se no mercado de trabalho. Com base na premissa do capital humano, o investimento em educação é estratégico para a obtenção de melhorias sociais e para a potencialização do crescimento social e econômico de comunidades13.
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional determina que a finalidade da educação superior é “formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para inserção em setores profissionais e para participação no desenvolvimento da sociedade brasileira”14) (artigo 43, inciso II). Ao regulamentar a avaliação do sistema educacional brasileiro, a LDB determina no artigo 9º que cabe ao governo central:
[...] V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação; VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino; [...] VIII - assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino; [...] IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino14.
À vista desses objetivos, o atual Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), criado pela Lei n° 10.861, de 14 de abril de 2004, tem a seguinte intencionalidade:
[...] articular duas dimensões importantes: a) avaliação educativa propriamente dita, de natureza formativa, mais voltada à atribuição de juízos de valor e mérito em vista de aumentar a qualidade e as capacidades de emancipação e b) regulação, em suas funções de supervisão, fiscalização, decisões concretas de autorização, credenciamento, recredenciamento, descredenciamento, transformação institucional, etc., funções próprias do Estado15.
Com um amplo leque de dimensões avaliativas, destaca-se a dimensão em que o aluno é o protagonista. Assim sendo, são objetivos do Sinaes:
[...] melhorar o mérito e o valor das instituições, áreas, cursos e programas, nas dimensões de ensino, pesquisa, extensão, gestão e formação; melhorar a qualidade da educação superior e orientar a expansão da oferta, além de promover a responsabilidade social das IES, respeitando a identidade institucional e a autonomia de cada organização15.
Para tanto, congrega um conjunto de estratégias, a saber:
Autoavaliação institucional, conduzida pela Comissão Própria de Avaliação: Cada instituição realiza uma autoavaliação, que será o primeiro instrumento a ser incorporado ao conjunto de mecanismos constitutivos do processo global de regulação e avaliação. A autoavaliação articula um estudo reflexivo segundo o roteiro geral - proposto em nível nacional -, acrescido de indicadores específicos, projeto pedagógico, institucional, cadastro e censo. O relatório da autoavaliação deve conter todas as informações e demais elementos constantes no roteiro comum de base nacional, análises qualitativas e ações de caráter administrativo, político, pedagógico e técnico-científico. Esses aspectos devem guiar o processo de avaliação e identificação dos meios e recursos necessários para a melhoria da IES, bem como uma análise de acertos e equívocos do próprio processo de avaliação. Exame Nacional do desempenho do estudante - ENADE: O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) avalia o rendimento dos concluintes dos cursos de graduação, em relação aos conteúdos programáticos, habilidades e competências adquiridas em sua formação. O exame é obrigatório e a situação de regularidade do estudante no Exame deve constar em seu histórico escolar. A primeira aplicação do Enade ocorreu em 2004 e a periodicidade máxima da avaliação é trienal para cada área do conhecimento. O Conceito Enade mantém relação direta com o Ciclo Avaliativo do Enade, sendo os cursos avaliados segundo as áreas de avaliação a ele vinculadas. O Ciclo Avaliativo do Enade foi definido pelo art. 33. da Portaria nº 40, de 12 de dezembro de 2007, republicada em 2010. Ele compreende a avaliação periódica de cursos de graduação, com referência nos resultados trienais de desempenho dos estudantes. Avaliação externa: Essa avaliação é feita por membros externos, pertencentes à comunidade acadêmica e científica, reconhecidos pelas suas capacidades em áreas específicas e portadores de ampla compreensão sobre instituições universitárias. Censo da Educação Superior: O Censo é um instrumento independente que carrega grande potencial informativo, podendo trazer elementos de reflexão para a comunidade acadêmica, para o Estado e para a população em geral. Por isso, é desejável que os instrumentos de coleta de informações censitárias integrem também os processos de avaliação institucional, oferecendo elementos úteis ao entendimento da instituição e do sistema. Os dados do Censo também fazem parte do conjunto de análises e estudos da avaliação institucional interna e externa, contribuindo para a construção de dossiês institucionais e de cursos a serem publicados no Cadastro das Instituições de Educação Superior. Cadastro de cursos e instituições: De acordo com as orientações do Inep e da Conaes, também são levantadas e disponibilizadas para acesso público às informações do Cadastro das IES e de seus respectivos cursos. Essas informações, que também serão matéria de análise por parte das comissões de avaliação nos processos internos e externos, formarão a base para a orientar de forma permanente pais, alunos e a sociedade em geral sobre o desempenho de cursos e instituições15.
É importante salientar que a autoavaliação institucional compreende dez dimensões abrangentes. A dimensão “Políticas de atendimento a estudantes e egressos” consiste em dois indicadores básicos: inserção profissional dos egressos e participação dos egressos na vida da IES. À vista disso, esses indicadores são estrategicamente importantes para a gestão da educação superior nacional15.
A devolutiva fornecida pelos alunos é muito valiosa para a adequação e revisão do currículo dos cursos, podendo fornecer subsídios para uma nova percepção das experiências educacionais e do ambiente de aprendizagem. O processo avaliativo leva à reflexão e consequentemente à possibilidade de mudança com foco no resultado das atividades educacionais realizadas dentro das instituições12.
As avaliações institucionais estão em evolução no Brasil, devido ao interesse das instituições em sistematizar ferramentas que podem ser utilizadas na prática de políticas no ensino superior. A transparência fornecida pelas metodologias de avaliação é muito significativa para a gestão dos cursos e currículos, já que os pontos contraditórios podem ser tratados com dinamismo e transparência16.
Institucionalmente existem diversas formas de avaliação educacional, e aquela realizada com base no ponto de vista do aluno é muito importante, independentemente de ele exercer ou não a atividade laboral. Esse tipo de avaliação pode apontar quais melhorias são necessárias para o progresso da educação, considerando que, no dia a dia, esse recém-formado é capaz de confrontar os conhecimentos adquiridos com as atividades efetivamente exercidas. Além disso, pode-se avaliar a adequação dos conteúdos pedagógicos e do processo formativo à atividade laboral16.
Apresentar uma ferramenta de avaliação de perfil de egresso perpassa pelo importante processo de validação, que inclui planejar a melhor estratégia de elaboração bem como o melhor método, a escolha de indicadores condizentes com a realidade e o melhor desenho de pesquisa, de acordo com os objetivos da proposta17.
MÉTODO
Para este estudo, foi realizada uma metassíntese, uma modalidade da revisão de literatura, com a finalidade de analisar qualitativamente estudos que tratam da temática da avaliação de egressos do ensino superior. A busca de produções científicas sobre o tema teve como ponto de partida a seguinte questão:
Como são avaliados os egressos de ensino superior da área médica no Brasil?
Optou-se por empreender uma busca nas principais bases de dados da área da saúde PubMed, Web of Science, LILACS, IBECS e SciELO, com a utilização dos seguintes descritores: “avaliação de egressos”, “avaliação da educação médica” e “avaliação de graduados”.
A escolha das bases de dados se deu devido à possibilidade de encontrar trabalhos da saúde, em específico das áreas médica e enfermagem, com experiências significativas.
Obteve-se um total de 245 trabalhos, e, após a utilização de critérios de inclusão, selecionaram-se 13 trabalhos que foram submetidos à análise qualitativa. Os trabalhos encontrados foram selecionados por meio da leitura do título e resumo, e, na escolha dos textos, consideraram-se os critérios apresentados na Figura 1.
Foram considerados os trabalhos que apresentavam no mínimo três seleções “sim”.
A pesquisa nas bases de dados ocorreu entre os meses de abril e maio de 2019, e não foram adicionados filtros temporais nas pesquisas; optou-se por analisar os trabalhos nacionais.
Salvaram-se todos os artigos no Excel. Os aspectos principais deles foram registrados também em planilha do Excel, analisados individualmente e, depois, comparados com foco no protagonismo do egresso e na forma de avaliação (questionário, entrevista ou outra forma de participação). Observaram-se os seguintes aspectos nos trabalhos encontrados: protagonismo do egresso nos processos de avaliação, indicadores relacionados à qualidade da educação e avaliação de egressos como política pública.
RESULTADOS
A partir da leitura e análise qualitativa dos trabalhos, elaborou-se um quadro com a síntese dos principais aspectos buscados na literatura selecionada, com os seguintes destaques: “autor/ano publicação”, “título” e “considerações”.
AUTOR | TÍTULO | CONSIDERAÇÕES | |
---|---|---|---|
1 | Vieira et al. (2016)3 | “A construção e validação de um instrumento para avaliação de egressos” | Instrumento validado de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) com a participação dos egressos respondendo ao questionário. |
2 | Francisco et al. (2016)18 | “Avaliação da formação de enfermeiros: o reflexo dos métodos de ensino-aprendizagem e pressupostos curriculares na prática profissional” | Questionário sobre aspectos socioeconômicos, atuação e avaliação do curso, e uma narrativa com aspectos de sua formação e vivência profissional. |
3 | Lima et al. (2018)19 | “Acompanhamento de egressos: subsídios para a avaliação de instituições de ensino superior (IES)” | Alunos responderam a um questionário: parte presencialmente e parte via contato telefônico. |
4 | Andriola (2014)20 | “Estudo de egressos de cursos de graduação: subsídios para a autoavaliação e o planejamento institucionais” | Egressos responderam a um questionário on-line que verificava informações laborais, percepção do mercado de trabalho e satisfação com o curso. |
5 | Senger et al. (2018)21 | “Trajetória profissional de egressos do curso de Medicina da Universidade de Campinas (Unicamp), São Paulo, Brasil: o olhar do ex-aluno na avaliação do programa” | Questionário semiestruturado aplicado após reforma curricular e respondido pelos egressos digitalmente. |
6 | Meira et al. (2008)22 | “Avaliação da formação de enfermeiros segundo a percepção de egressos” | Revisão que aborda a avaliação de cursos de graduação sob a perspectiva do egresso. |
7 | Tonhom (2008)23 | “Os egressos como atores do processo de avaliação curricular do curso de Enfermagem da Famema” | Os egressos participaram da avaliação após três anos de graduação. Trabalho realizado com entrevistas semiestruturadas. |
8 | Hafner et al. (2010)24 | “A formação médica e a clínica ampliada: resultados de uma experiência brasileira” | O egresso participou da avaliação respondendo a entrevistas semiestruturadas com foco na formação clínica ampliada. |
9 | Torres et al. (2012)25 | “Inserção, renda e satisfação profissional de médicos formados pela Unesp” | Os egressos responderam a um questionário enviado pelos Correios. O estudo avaliou os egressos de um intervalo de mais de 30 anos. |
10 | Torres et al. (2011)26 | “Qualidade de vida e saúde física e mental de médicos: uma autoavaliação por egressos da Faculdade de Medicina de Botucatu - Unesp” | Os egressos apresentaram feedback sobre a qualidade de vida por meio de respostas a um questionário encaminhado pelos Correios. A satisfação pessoal teve um peso importante. |
11 | Meira et al. (2018)27 | “Avaliação de curso de graduação segundo egressos” | Revisão sobre a avaliação de cursos superiores no Brasil, tendo a perspectiva do egresso como indicador. |
12 | Falavigna et al. (2013)28 | “Sistema de saúde e educação médica no Brasil: história, princípios e organização” | Revisão sobre a educação médica no Brasil com a participação do egresso no momento da devolutiva. O estudo não especifica outros métodos de avaliação com a participação do aluno. |
13 | Poles et al. (2018)29 | “Percepção dos internos e recém-egressos do curso de Medicina da PUC-SP sobre sua formação para atuar na atenção primária à saúde” | Os alunos responderam a um questionário com questões abertas e fechadas sobre sua satisfação e percepção sobre o curso. |
Fonte: Elaborado pelas autoras.
A Figura 2 apresenta os temas considerados na análise dos trabalhos encontrados.
DISCUSSÃO
Considerando que o produto final da educação é a formação de conhecimento do sujeito, buscou-se neste trabalho verificar como são feitas as avaliações de egressos da área da saúde.
A maioria dos trabalhos apresentou estudos de desenvolvimento e validação de instrumentos em forma de questionário, aplicados em turmas de alunos concluintes dos cursos de Medicina e Enfermagem. A literatura aponta diversificadas formas de validação de ferramentas avaliativas, com destaque para trabalhos que utilizam o método DELPHI, que consiste na verificação da concordância de opiniões de especialistas da área em questão.
De acordo com Francisco et al.18 e Andriola20, a inserção do recém-formado no mercado de trabalho - isto é, o aluno conclui o curso e consegue sua colocação - é considerado um indicador positivo para a universidade. Aqui se aponta o importante papel social da IES, pois, quando é verificada a inserção solidificada de um sujeito com qualificações no mercado de trabalho, considera-se que a instituição cumpriu sua “missão”.
Destaca-se também o fato de esta revisão analisar a avaliação da área saúde com reflexos importantes na área do bem-estar da população, considerando que um bom médico e um bom enfermeiro que estão bem colocados no mundo do trabalho representam a geração de renda para famílias e também a disponibilização de serviços de qualidade para a sociedade.
Como as comunidades são beneficiadas direta ou indiretamente pelo desenvolvimento do conhecimento fomentado nas universidades, a avaliação de um curso da instituição por meio da opinião das “sementes” plantadas, que são os egressos, é capaz de mensurar parte dessa formação profissional; afinal, o egresso, além de ocupar o papel social de trabalhador e gerador de renda, também pode atuar como multiplicador do conhecimento e boas práticas, além de desenvolvedor de tecnologias, que podem retornar para a população, como fármacos, protocolos e procedimentos clínicos eficientes e muitas vezes até econômicos.
Outro ponto analisado nos trabalhos de Lima et al.19) e Poles et al.29 foi a satisfação do egresso acerca da formação recebida. O nível de satisfação do egresso com o seu processo de formação é um importante indicador da instituição de ensino. Foi possível encontrar de forma constante a abordagem das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). Nos artigos de Vieira et al.3 e Senger et al.21, existe a comparação de indicadores antes e depois da adequação às DCN.
Encontraram-se estudos de caso em que se utilizaram entrevistas com os egressos, a fim de subsidiar a reformulação de currículos com foco no processo formativo, fugindo um pouco do tema de inserção no mercado de trabalho.
Uma temática abordada no trabalho de Hafner et al.24 foi a avaliação do egresso com enfoque na formação do médico generalista, humanista ou crítico reflexivo, que trata de avaliar a formação do profissional fora da ótima empregatícia ou da alteração de conteúdos institucionais.
Um estudo retrospectivo realizado por Torres et al.27 apresenta a utilização de envio de questionário autoaplicável, via Correios, com um intervalo de 37 anos, com uma taxa de resposta de 45%. Estudos com a utilização dessa metodologia podem traçar o perfil do egresso com possibilidade de comparar dados com o passar dos anos. O mesmo grupo realizou o trabalho de verificação da qualidade de vida de egressos do curso de Medicina, com a utilização da mesma metodologia, e apontou que a saúde física e mental dos egressos está associada à qualidade de vida deles. Portanto, neste trabalho foi possível encontrar o egresso inclusive como protagonista da avaliação da qualidade de vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A trajetória percorrida para a elaboração deste trabalho permite concluir que, entre os formatos de avaliação que consideram o protagonismo do egresso, encontram-se, preferencialmente, questionários impressos e on-line, e entrevistas estruturadas e semiestruturadas. É possível apontar ainda que o egresso participa do processo de avaliação de forma singular, já que sua atuação fica fulgente nos estudos analisados, seja ele atuante como entrevistado ou sujeito que responde ao questionário desenvolvido com métricas científicas.
Assim, a avaliação de egressos é uma importante ferramenta estratégica utilizada pela gestão de instituições de ensino, podendo ser considerada uma política pública de significativo impacto quando se trata da avaliação de alunos de universidades públicas. As evidências ratificam a necessidade de incorporação de egressos também como protagonistas nos processos de autoavaliação institucional.