INTRODUÇÃO
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2014 determinam que o médico deve ter uma formação “geral, humanista, crítica, reflexiva e ética [...] com responsabilidade social e [...] tendo como transversalidade em sua prática, sempre, a determinação social do processo de saúde e doença”1. Essa construção contextualizada só é possível com a valorização das áreas de humanidades e saúde coletiva ao longo de toda a graduação2.
Em consonância a esse perfil de egresso, os museus possuem grande diversidade de temáticas e podem englobar diferentes determinantes sociais do processo de saúde e doença3. Dessa forma, a educação museal - como prática para além da transmissão de informação - pode promover uma atuação profissional de abordagem biopsicossocial.
Para fins de classificação, existem três formas de educação caracterizadas predominantemente pelo local associado ao processo de ensino e aprendizagem. A primeira é a educação formal definida por ser estruturada, graduada em níveis, de longo prazo e com certificação, como a escola e a universidade. Já a educação informal é assistemática e baseada na vivência cotidiana, como no núcleo familiar. E, por fim, a educação não formal é estruturada, tipicamente realizada fora do ambiente tradicional de ensino, com objetivos educacionais e maior liberdade para exploração pelo educando, como em bibliotecas, museus e centros especializados4.
Portanto, o presente estudo pretende refletir acerca do potencial dos espaços museais para a curricularização de atividades de extensão relacionadas à formação de profissionais médicos, considerando as seguintes perguntas para o desenvolvimento da pesquisa:
MÉTODO
Trata-se de uma revisão narrativa realizada de fevereiro a julho de 2021 que buscou responder à seguinte pergunta principal: “Qual é o panorama acerca dos museus como forma de curricularização da extensão nas escolas médicas brasileiras?”. O estudo foi desenvolvido a partir da análise de três principais documentos: DCN do curso de Medicina de 2014, Política Nacional de Educação Museal (Pnem) de 2017 e Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira de 2018.
Os descritores “educação médica” e “museus” e seus equivalentes em inglês foram utilizados na modalidade de busca avançada nas bases de dados, e obtiveram-se os seguintes resultados: PubMed/MEDLINE (n = 113), SciELO (n = 1), Google Acadêmico (n = 26.900) e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (n = 5). Fez-se a leitura de um total de 74 resumos que, após exclusão por análise do escopo, culminaram em 15 estudos que foram lidos na íntegra. Desses estudos, incluíram-se sete nesta revisão, a saber (em ordem cronológica de publicação no modelo autor principal e ano): Machado (2009), Serres (2012), Silva (2014), Martins (2018), Chaney et al. (2019), Mairot et al. (2019) e Leite (2020).
Não se aplicaram restrições de língua, desenho de estudo ou ano de publicação. Excluíram-se estudos que não tratavam de estudantes de Medicina, não se relacionavam com a temática de educação museal, não eram de acesso livre ou não foram encontrados na íntegra. Cada estudo incluído na síntese qualitativa dos resultados foi lido na íntegra por três revisores independentes que realizaram fichamento das principais evidências e dos dados encontrados.
O panorama de museus relacionados à medicina foi realizado por meio de consultas à edição de 2015 do guia Centros e museus de ciência do Brasil5, além de pesquisa direta a endereços eletrônicos de instituições de ensino superior e redes sociais. Para essa busca, os principais termos considerados relevantes no nome dos museus foram “medicina”, “saúde”, “vida” e “anatomia”. Excluíram-se os museus por duplicata - por causa da mudança de nome - e quando não foi possível encontrar informações mínimas como localização, objetivo, acervo e/ou imagens.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Aspectos didático-pedagógicos
Segundo Martins6, a educação museal possibilita um processo de ressignificação do conhecimento especializado próprio do acervo e pode participar do processo de educação não formal de estudantes de Medicina ao interagir com os objetivos educacionais sobre aspectos biológicos e também psicossociais. Notadamente, o processo de saúde e doença - um dos grandes focos da formação médica - pode ser abordado por exposições de anatomia, patologia, história, etnografia, antropologia, saúde pública e outras temáticas que se fazem presentes nos espaços museais.
Dessa forma, o papel do museu na formação humanística do médico ocorre pela valorização da cultura, da criatividade e da liberdade intelectual para contrapor-se à tendência a uma formação excessivamente técnica e desumanizada7.
Ademais, conforme Mairot et al.8, atividades que envolvem obras de arte - fortemente presentes em museus - podem promover o desenvolvimento de habilidades clínicas pelos estímulos relacionados à observação, à percepção espacial, à descrição, à interpretação, ao pensamento criativo, à investigação de múltiplas perspectivas e à análise de detalhes das obras.
Ainda, ao possibilitar um espaço para ação criadora, favorece o querer saber e fazer, levando a uma aprendizagem mais significativa e crítica. E, como indica Silva9, os museus contribuem para o estudante de Medicina se perceber como sujeito construtor de suas práticas, de suas ações e de suas posturas, de modo que ele possa compreender sua participação na herança cultural da profissão.
Os museus podem oferecer um espaço social para compreender e celebrar as diferenças, o que, somado a uma abordagem crítica do passado, leva ao fortalecimento de grupos marginalizados e dá voz aos usuários do serviço de saúde10. Então, além de enriquecerem a história, podem ser ferramentas poderosas de transformação social por meio de uma formação humanística dos acadêmicos de Medicina.
Um exemplo da experiência internacional é o Museu da Mente de Bethlem, na Inglaterra, que contribui para reduzir o estigma associado às doenças mentais tanto para o público geral quanto para acadêmicos que buscam conhecer mais sobre a história de sua profissão10.
Nesse sentido, é imperativa a necessidade de as escolas médicas buscarem ativamente a transformação e o aperfeiçoamento de seu ambiente e programa educacional, considerando a possibilidade de inserção do museu como prática transversal no currículo. Afinal, para estimular a formação do educando e sua autonomia, são necessárias reformas contínuas e com engajamento docente e discente para a implementação de novas propostas com o intuito de se aproximar de uma educação progressista10.
Políticas educacionais
Educação museal
A Pnem12 é uma orientação político-pedagógica da educação museal como processo de natureza multidimensional. Já as instituições museológicas desenvolvem trabalhos de conservação, investigação e comunicação para elaborar programas, projetos e ações acerca do acervo material e imaterial, de forma que o conteúdo pode ser, por exemplo, histórico, geográfico, científico, artístico, documental, cultural e social sobre determinado tema ou grupo populacional específico.
Entre os princípios dessa política, é indicado que a educação museal deve permitir uma interação entre o museu e a sociedade, considerando as características de seus diferentes públicos, para promover a formação da cidadania e a transformação social. Tal perspectiva vai ao encontro do que se deseja quando se pensa nos médicos em formação e na futura responsabilidade social deles na atuação profissional.
No eixo de “profissionais, formação e pesquisa”, salienta-se a relevância de entender o espaço museal como produtor de conhecimento em educação, já que tal função pode abranger a educação médica ao desenvolver estratégias e metodologias contextualizadas em uma nova forma de ambiente educacional.
No entanto, as práticas pedagógicas desenvolvidas nos museus são intencionalizadas e não neutras, ou seja, respondem a interesses e objetivos que determinam o direcionamento político, filosófico e pedagógico das ações educativas. Por conta dessa intencionalidade, os museus podem cumprir a função de proteger e reproduzir ideais de classes sociais dominantes, ou seus preconceitos, mantendo a marginalização de grupos sociais mais vulneráveis e enfraquecendo sua voz13.
Com o mesmo mecanismo, todavia, esses espaços sociais podem propiciar a transformação de tal sociedade, quando apresentam tais interesses e intencionalidades e questionam sobre as antigas concepções em contraste com novas ideias e ideais, favorecendo a construção de relações sociais voltadas para um novo tipo de sociedade e a formação de profissionais críticos e dispostos a promover profundas transformações sociais13.
Em termos do eixo de “museus e sociedade”, há a indicação de outro recorte: fortalecer redes de profissionais da educação museal para promover a profissionalização do educador de museus, o que é fundamental para um desenvolvimento de qualidade da prática educativa planejada e adequada para fins de formação de profissionais de saúde. Além disso, coloca-se a sustentabilidade em pauta em vários âmbitos, como meio ambiente, economia, sociedade e cultura, o que vai ao encontro de uma prática individual comprometida com o coletivo.
Dessa forma, o futuro profissional, como indivíduo, constrói seu próprio conhecimento ao se apropriar do que já foi produzido pela humanidade, dar a ele significado e ressignificá-lo, o que resulta na aquisição de uma visão contínua e evolutiva sobre o conteúdo, no lugar da estática, dominante no senso comum. Assim, também assimila a humanidade produzida ao longo da história, em vez de produzi-la a partir do zero, desenvolvendo uma identidade coletiva em torno da aprendizagem14.
Diretrizes Curriculares
A seguir, serão expostos recortes das DCN de 20141 acerca de aspectos em que a educação museal pode contribuir. Primeiramente, na área de atenção à saúde, busca-se uma formação para compreender as dimensões “biológica, subjetiva, étnico-racial, de gênero, orientação sexual, socioeconômica, política, ambiental, cultural, ética e demais aspectos que compõem o espectro da diversidade humana”, e essas temáticas estão presentes numa série de museus.
Na área de gestão em saúde, orienta-se a compreensão de “princípios, diretrizes e políticas do sistema de saúde”, e, considerando que o Sistema Único de Saúde foi construído há poucas décadas, essa geração da medicina preventiva e social está contida em vários museus que tratam da história da medicina. Na área de educação em saúde, indica-se a procura por desenvolver a corresponsabilidade do estudante pela própria formação inicial e continuada, sua autonomia e responsabilidade social, de forma que o espaço museal permite uma interação de aprendizagem significativa em consonância com a competência de aprender a aprender.
De maneira explícita, entre os conteúdos curriculares, devem-se salientar os “determinantes sociais, culturais, comportamentais, psicológicos, ecológicos, éticos e legais, nos níveis individual e coletivo, do processo saúde-doença” e a “abordagem de temas transversais [...] acerca dos direitos humanos e de pessoas com deficiência, educação ambiental, ensino de LIBRAS, educação das relações étnico-raciais e história da cultura afro-brasileira e indígena”. Então, é possível delimitar uma íntima relação entre esses conteúdos e a oferta científica e cultural proporcionada pelos museus brasileiros.
Curricularização da extensão
As Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira15 demarcam, como uma das bases da extensão, a interação com a comunidade acadêmica e com a sociedade, promovendo ações que visam à responsabilidade social, o que se aproxima das humanidades na medicina.
A meta da curricularização de 10% da carga horária dos cursos de graduação na forma de extensão ampliou o debate a respeito dessas atividades, que já eram desenvolvidas no ensino superior, mas que - em geral - eram optativas para os discentes por meio do currículo paralelo.
As atividades de extensão são processos de caráter “interdisciplinar, político educacional, cultural, científico, tecnológico, que promovem a interação transformadora entre as instituições de ensino superior e os outros setores da sociedade”. Ainda, a extensão contribui para a promoção de iniciativas em áreas como “comunicação, cultura, direitos humanos e justiça, educação, meio ambiente, saúde, tecnologia e produção, e trabalho”15.
Adiante, é explicitado que são consideradas atividades de extensão “as intervenções que envolvam diretamente as comunidades externas às instituições de ensino superior e que estejam vinculadas à formação do estudante” por meio “programas, projetos, cursos, oficinas, eventos e prestação de serviços” (15.
Assim, pode-se inferir que o espaço museal é um ambiente promissor para o desenvolvimento de competências educacionais a fim de estimular a formação cidadã e a transformação social, ampliando o debate a respeito da formação humanística do médico e aplicando essa formação para suprir demandas e, também, promover melhorias na sociedade. Posto isso, a participação de estudantes na extensão universitária possui potencial para apoiar museus universitários, além de ofertar apoio institucional para que o ensino e a pesquisa estejam envolvidos com a educação museal3. Ademais, mesmo muitos museus que não são formalmente vinculados às atividades extensionistas acabam recebendo financiamentos universitários para a promoção da extensão3.
Os museus que promovem atividades artísticas proporcionam uma estratégia que facilita o aprendizado, pois ela auxilia o estudante a lidar com a complexidade da saúde humana. E tal possibilidade permite uma melhoria na relação médico-paciente durante a prática clínica8. Portanto, o museu é um meio para que as atividades extensionistas sejam desenvolvidas, inserindo e envolvendo a comunidade acadêmica na comunidade externa.
Por fim, a ação museológica como ação educativa deve ser compreendida como ato de comunicação, por ser um meio de propagar e perpetuar o conhecimento, a forma de pensar e a visão de mundo antiga, e até repensar equívocos e inadequações do passado. Por isso, o museu é um importante local de divulgação das ciências naturais e humanas, utilizado - no âmbito médico - como disseminador da história e do processo de construção do conhecimento e da prática médica. Afinal, os objetos dos museus são fontes de informação e comunicação, não se tratando de simples peças, mas sim de instrumentos extraídos de uma determinada realidade e meio com o objetivo de apresentá-la e documentá-la, salvaguardando seu significado e o transmitindo9.
Panorama da educação museal na medicina
Numa busca por instituições museais que têm ligação mais direta com a medicina, foi possível encontrar cerca de 26 museus5 que possuem desde informações escassas sobre seu funcionamento até acervos digitais completos com portfólios fotográficos e possibilidade de visitas virtuais. As principais temáticas trabalhadas pelos museus são história da medicina, biografias e anatomia humana, além de algumas iniciativas mais amplas sobre a temática de saúde e vida.
Foi encontrado apenas um museu de maior visibilidade nos estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco e Rio Grande do Norte, enquanto existem sete em São Paulo, três no Distrito Federal, três no Rio de Janeiro e dois no Paraná e Rio Grande do Sul - conforme está ilustrado na Figura 1.
Nome da instituição | Localização |
---|---|
Museu de História da Medicina de Alagoas | Maceió - AL |
Museu Digital da História da Medicina do Amazonas | Manaus - AM |
Memorial da Medicina Brasileira da Universidade Federal da Bahia | Salvador - BA |
Museu de Anatomia Humana da UnB | Brasília - DF |
Museu da Fundação Nacional de Saúde | Brasília - DF |
Museu de Embriologia e Anatomia Bernard Duhamel | Brasília - DF |
Museu da Saúde | São Mateus - ES |
Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais | Belo Horizonte - MG |
Museu de História da Medicina de Mato Grosso do Sul | Campo Grande - MS |
Museu da Medicina do Pará | Belém - PA |
Museu do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira | Recife - PE |
Museu da História da Medicina do Paraná | Curitiba - PR |
Museu Didático de Anatomia “Professor Carlos da Costa Branco” | Londrina - PR |
Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul | Porto Alegre - RS |
Centro Histórico Cultural da Irmandade Santa Casa | Porto Alegre - RS |
Memorial da Medicina do Rio Grande do Norte | Natal - RN |
Museu Virtual da Faculdade de Medicina da UFRJ | Rio de Janeiro - RJ |
Museu da Vida | Rio de Janeiro - RJ |
Museu Inaldo de Lyra Neves-Manta | Rio de Janeiro - RJ |
Museu de História da Medicina da Associação Paulista de Medicina | São Paulo - SP |
Museu Engenheiro Augusto Carlos Ferreira Velloso | São Paulo - SP |
Museu Histórico Professor Carlos da Silva Lacaz | São Paulo - SP |
Museu de Anatomia Humana Professor Alfonso Bovero | São Paulo - SP |
Museu Histórico da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto | Ribeirão Preto - SP |
Museu de Saúde Pública Emílio Ribas | São Paulo - SP |
Museu de Anatomia da Unesp | Botucatu - SP |
Vale também registrar uma iniciativa recente que buscou construir uma Rede de Museus de Medicina com a realização de dois eventos chamados de “Encontro de Museus de Medicina” nos anos de 2010 e 201116. O intuito dessa proposta era fortalecer a comunicação e o trabalho colaborativo entre instituições para qualificação de sua atividade de preservação do patrimônio, além de intercâmbio de técnicas da museologia. No entanto, com base em pesquisa recente, as atividades parecem ter cessado de forma que essa pauta deve ser resgatada pelos membros da comunidade de educadores, médicos, entre outros interessados na construção e no fortalecimento da educação museal no campo da saúde e, especialmente, da medicina.
Perspectivas e limitações do estudo
Mesmo com a aparente escassez de museus vinculados a instituições de saúde e escolas médicas, essa lacuna deve ser trabalhada como oportunidade para criar e manter um acervo próprio. Isso seria interessante para os discentes e docentes aproximarem-se da educação museal, inclusive por meio de atividades de monitorias que possibilitem o contato entre futuros médicos e pessoas da comunidade nas diversas temáticas, sejam elas de aspectos biológicos e/ou sociais.
Além disso, os museus poderiam abranger não apenas a área médica, mas também propor projetos inter e transdisciplinares associados a outros cursos das áreas de saúde e das ciências sociais aplicadas para buscar desenvolver profissionais mais aptos ao cuidado.
Como apontamentos para novos estudos, é preciso incentivar a produção de literatura nacional acerca dos pontos favoráveis ao uso de espaços de educação não formal - como os museus - no ensino médico, bem como sobre os desafios associados a isso.
Este estudo teve como limitações o fato de basear-se exclusivamente em dados secundários disponíveis nas bases de busca, além de potencial descompasso com a realidade atual, visto que as políticas de manutenção dos museus são instáveis, e as informações nos endereços eletrônicos, frequentemente imprecisas ou incompletas. Há também o risco de viés na análise da adequação das atividades de museus como forma de a extensão ser curricularizada, por não haver evidências na literatura que trabalhem essa temática específica para expor tantos pontos positivos quanto negativos dessa associação ou apresentar relatos de experiências emergentes ou consolidadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em síntese, a educação museal no contexto da formação médica se constitui como prática didático-pedagógica ímpar capaz de contribuir para a formação pessoal, profissional e cidadã em relação a diversos campos. Assim, a educação museal na medicina pode impactar a ressignificação progressista de conceitos sobre o processo de saúde e doença, com consequente transformação do exercício vocacional de estudantes de Medicina que irão proporcionar o cuidado seja em termos de promoção, prevenção, recuperação ou reabilitação.
Dessa forma, esses espaços transmitem a complexidade do processo de formação profissional, social e ética da medicina ao longo da história, possibilitando a compreensão do homem como sujeito histórico-social que entende o mundo e os fatos de acordo com seu contexto sociocultural e suas condições e histórias de vida, percebendo-se assim parte do contexto histórico.
No entanto, deve-se ter cuidado para que tais práticas não se tornem instrumentos de reprodução e manutenção da cultura e das relações sociais dominantes, já que são concebidas, planejadas e realizadas por profissionais inseridos na estrutura social com profundas desigualdades que constituem os indivíduos e a comunidade.