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Revista Brasileira de Educação Médica
versión impresa ISSN 0100-5502versión On-line ISSN 1981-5271
Resumen
SOBRAL, Dejano Tavares y WANDERLEY, Miriam da Silva. Pacientes ginecológicas diferem de pacientes do pré-natal na apreciação da participação de estudantes de medicina nos atendimentos ambulatoriais. Rev. Bras. Educ. Med. [online]. 2023, vol.47, n.4, e125. Epub 17-Oct-2023. ISSN 1981-5271. https://doi.org/10.1590/1981-5271v47.4-2023-0003.ing.
Introdução:
A participação de estudantes nas consultas clínicas é essencial para a educação médica deles. Tal experiência permite a aquisição de habilidades técnicas e a transmissão de valores ético-profissionais.
Objetivo:
Este estudo teve como objetivo avaliar como diferenças na condição ambulatorial (atendimento ginecológico ou pré-natal), na apreciação de experiências anteriores e nos perfis sociodemográficos influenciariam a disposição das mulheres em aceitar a participação de estudantes em suas consultas.
Método:
De um total de 893 mulheres atendidas no ambulatório de ginecologia (52,6%) e de pré-natal (47,4%) do Hospital Universitário de Brasília de 2016 a 2019, foram selecionadas 743 (45,1% pré-natal) que referiam experiência prévia com a participação de estudantes em suas consultas. Foram adotadas escalas para avaliar a apreciação das mulheres sobre a comunicação interpessoal dos estudantes e a disposição e a falta dela em aceitar a participação deles. Foram utilizados o teste t para avaliar as diferenças, as estatísticas qui-quadrado para comparar as proporções entre os grupos, as correlações entre variáveis-chave e a regressão linear para estimar as variáveis associadas à boa vontade das pacientes quanto aos estudantes.
Resultado:
Razões de chance acima de 1 (p < 0,01) para mulheres do grupo ginecológico emergiram quanto à idade acima de 35 anos, não casadas, escolaridade aquém da educação terciária, multíparas, desconfortáveis com estudantes e menor aceitação de equidade de gênero dos médicos ginecologistas obstetras. Mulheres no grupo ginecológico apresentaram melhor apreciação da comunicação interpessoal, de um a cinco (4,75 versus 4,43, tamanho do efeito g = 0,605), maior disposição (4,58 versus 4,26, g = 0,625) e menor indisposição (2,35 versus 2,47, g = 0,143) em aceitar a participação de estudantes do que mulheres do grupo pré-natal. Na análise de regressão linear (n = 743), maior disposição em aceitar estudantes foi significativamente associada (em impacto decrescente), com melhor apreciação da comunicação interpessoal destes (p < 0,001), menor indisposição (p < 0,001), grupo ginecológico (p < 0,001), tolerância ao exame pélvico realizado por estudante (p = 0,017) e idade maior que 35 anos (p = 0,016).
Conclusão:
A experiência de comunicação interpessoal de suporte, principalmente no que concerne ao grupo ginecológico, teve impacto predominante na disposição das pacientes em aceitar a participação de estudantes nas consultas. No geral, a vontade de aceitar essa participação difere dependendo dos fatores da paciente (motivo da consulta, menor indisposição, idade) e do estudante (comunicação, gênero). Espera-se que os achados possam contribuir para fomentar parcerias estudante-paciente na perspectiva da articulação entre serviço e ensino em medicina.
Palabras clave : Estudantes de Medicina; Comunicação; Exame Ginecológico; Pré-natal; Hospital Universitário.