INTRODUÇÃO

A formação inicial na área da Educação Física tem sido foco de estudos que se centram nas estruturas de currículo (^{NUNES; NEIRA, 2018}), na construção da identidade docente (^{PIRES et al., 2017}), na relação entre o conhecimento acadêmico e a formação na escola (^{ZEICHNER, 2010}), nos estágios curriculares (^{BENITES, 2011}; 2012; ^{IZA; SOUZA NETO, 2015}). Neste contexto formativo, dimensionado pelo governo federal, pode-se destacar o Programa Institucional de Bolsistas de Iniciação à Docência (PIBID), ação inserida nos cursos de formação inicial, que na área da Educação Física apresenta intrínseca relação com o fazer pedagógico do futuro profissional, possibilitando uma aprendizagem plural da docência.

Visando a aprendizagem de ser professor, mediada pelas distintas experiências relacionadas à formação inicial, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), instituiu o PIBID, que de acordo com o decreto nº 7.219, de 24 de junho de 2010, o Programa “tem por finalidade fomentar a iniciação à docência, contribuindo para o aperfeiçoamento da formação de docentes em nível superior e para a melhoria de qualidade da educação básica pública brasileira” (BRASIL, 2010, p. 4).

O PIBID permite uma proposta de trabalho integrado entre os estudantes (bolsistas ID), os professores da rede pública (supervisores de área) e os professores universitários (coordenadores de área), culminando em ações pedagógicas que se sistematizam em três dimensões da formação docente: a formação inicial, a formação continuada e a pesquisa/extensão, uma vez que o professor supervisor passa a ser corresponsável pela formação do futuro professor, estimulando-o a se aperfeiçoar e valorizando a prática docente do mesmo (^{RAUSCH; FRANTZ, 2013}). Desta forma, estes agentes contribuem para o aperfeiçoamento dos processos de ensino e aprendizagem das instituições formadoras, escolas públicas e na formação docente.

Na literatura disponível, são encontrados estudos em que o PIBID é foco de investigação contemplando os seus agentes, as contribuições para a formação inicial, e a relação entre a universidade e a escola. Distintas áreas do conhecimento preocupam-se em divulgar os resultados de investigações sobre a construção da identidade docente através do programa como na área da química (^{OBARA; BROIETTI; PASSOS, 2017}), da pedagogia (^{YAMIN; CAMPOS; CATANANTE, 2016}), da Educação Física (^{CLATES; GÜNTHER, 2015}).

No que diz respeito aos estudos sobre o PIBID centrados na figura do professor supervisor, foram investigadas às suas trajetória e desenvolvimento profissional (^{NASCIMENTO; BAROLLI, 2018}), as contribuições de suas ações formativas na integração entre universidade e escola (^{SIGNORELLI; OLIVEIRA, 2013}), a função do professor supervisor (^{CHALUH et al., 2017}), entre outros temas. Em relação aos bolsistas ID as investigações permitem estabelecer um paralelo entre bolsistas e não bolsistas, a experiência acumulada para construção da identidade docente no processo de reflexão para a constituição da docência (^{GOMES; SOUZA, 2016}; OLIVEIRA, 2017; ^{ARAÚJO; ANDRIOLA; COELHO, 2018}), o destaque desses alunos nas intervenções de estágio supervisionado obrigatório (^{PANIAGO; SARMENTO; ROCHA, 2017}), bem como as ações dos egressos do programa (^{OBARA; BOIETII; PASSOS, 2017}).

Reportando-se às experiências formativas que os estudantes do curso de Educação Física são submetidos com a participação no PIBID, pode-se destacar que a multiplicidade de ações e o envolvimento no âmbito da escola são ampliadas, possibilitando a articulação de novos saberes inerentes a formação do professor. Neste sentido, as investigações que abordam questões relacionadas ao programa, pontuam as contribuições para a formação do licenciado que emerge da relação entre a universidade e escola básica. Essa relação é mediada pelo ensino que busca a valorização da profissão, dimensionando a conexão entre a teoria e a prática, e os conhecimentos da realidade escolar como contexto de intervenção.

Considerando a escassez de estudos sobre o PIBID na área da Educação Física, a possibilidade de divulgar ações formativas que podem contribuir para o aprender a ser professor, bem como a relevância do programa na formação de professores, este estudo se caracteriza como um relato de experiência que objetiva descrever as vivências formativas dos bolsistas ID do curso de licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), no período de 2014 a 2018.

Este relato de experiência está pautado nos relatórios individuais e nos currículos lattes de cada bolsista ID do PIBID Educação Física e no material produzido coletivamente na escola de atuação. A formalização deste relato foi estruturada levando em consideração a docência compartilhada, a produção do conhecimento científico e as ações interdisciplinares. Alguns dos elementos centrais do programa são evidenciados neste relato com o intuito de dimensionar as práticas de sucesso desenvolvidas ao longo da sua vigência no curso de licenciatura em Educação Física da UDESC, bem como a memória das vivências no PIBID.

CONHECENDO O PIBID EDUCAÇÃO FÍSICA

O PIBID articulado à Educação Física é percebido como uma oportunidade de inserir o licenciando no contexto escolar, o qual se tornará seu ambiente de trabalho, propiciando melhores condições para a compreensão dessa realidade. Para além disso, possibilita a produção do conhecimento de ser docente, articulando os saberes adquiridos na formação inicial, a experiência de compartilhar com os professores de Educação Física e a docência compartilhada.

O projeto no curso de Educação Física da UDESC teve o seu início em 2014, com a disponibilização 06 bolsas de iniciação à docência. Em 2015 houve a ampliação na oferta, totalizando 10 bolsas. Os primeiros acadêmicos ingressaram sob a coordenação de uma professora efetiva da instituição, em parceria com a Rede Municipal de Ensino de Florianópolis.

As ações foram desenvolvidas em uma escola pública localizada na região centro-oeste de Florianópolis, no bairro residencial da Costeira do Pirajubaé, no qual habitam aproximadamente 12 mil moradores. A escola disponibiliza vagas para estudantes desde a educação infantil até o nono ano do ensino fundamental, além de contemplar como recurso pedagógico o Atendimento Educacional Especializado e atividades complementares.

A escola já apresentava vínculo com a UDESC como escola campo de estágio dos estudantes do curso de licenciatura em Educação Física, ao mesmo tempo em que a professora supervisora de área já estabelecia uma relação estreita com a proposta da universidade. Este fato possibilitou a consolidação desde o início da inserção do PIBID na escola, pois mobilizou conhecimentos plurais nas ações que foram planejadas previamente, e naquelas que foram sendo organizadas no decorrer das intervenções.

Considerando os bolsistas ID, os primeiros acadêmicos que fizeram parte do PIBID de Educação Física na UDESC ingressaram no programa em março do ano de 2014, sob a coordenação de uma professora efetiva da Instituição. Os bolsistas ID tiveram a oportunidade de serem inseridos nas aulas de Educação Física do ensino fundamental, para atuarem ao lado da professora supervisora, responsável por esta disciplina. Os acadêmicos atuavam na escola em dois dias da semana, com turmas do sexto ao nono ano, sendo que em dia específico participavam da reunião semanal com a professora coordenadora de área para agendamento das atividades pedagógicas, ordenamento das atividades e leituras complementares.

A rotatividade de estudantes no PIBID foi considerada mínima, tendo em vista que somente quatro alunos encerraram suas atividades antes da conclusão do curso ou finalização do edital. A tabela 1 apresenta a sistematização dos bolsistas ID quanto ao ano de ingresso, ano de saída e motivo de saída do PIBID.

DOCÊNCIA COMPARTILHADA

O professor da escola básica como supervisor dos bolsistas exerce um papel de estimada importância no processo de aproximação do estudante ao ambiente escolar. Neste sentido, cabe ao supervisor orientar o bolsista no desenvolvimento das atividades pedagógicas planejadas, auxiliá-lo a reconhecer as posturas, as rotinas e as normas institucionais respectivas à escola (^{AMBROSETTI et al., 2013}), além de facilitar a interlocução entre as instituições (^{CHALUH et al., 2017}).

Deste modo, o professor da escola e o bolsista ID se unem em prol do aprendizado mútuo, refletem juntamente com o professor coordenador sobre situações que emergem da prática, a fim de que fomentem novas iniciativas, metodologias ou estratégias de ensino mais eficazes e até mesmo inovadoras, considerando as particularidades de cada turma e o contexto onde a escola está inserida. Sendo assim, a docência compartilhada com o professor supervisor potencializa a aprendizagem da docência dos bolsistas ID por contribuir com a conexão entre os conhecimentos acadêmicos e os conhecimentos profissionais (^{CAMPELO; CRUZ, 2017}).

Nos primeiros contatos, entre bolsistas e escola, foi necessário um tempo de observação das aulas de Educação Física. Com o início das intervenções, a professora supervisora orientava os acadêmicos em relação à prática pedagógica, além de propiciar momentos de reflexões críticas sobre os desafios que compõe aquele cenário, fato que auxilia na aprendizagem dos participantes do programa (^{SIGNORELLI; OLIVEIRA, 2013}).

Em momentos de conversas e de reflexões sobre a prática pedagógica, a professora de Educação Física solicitava aos bolsistas ID sugestões sobre como tornar as atividades ainda mais atrativas, incluindo os acadêmicos no processo de planejamento das aulas. Essas trocas entre os professores e estudantes em suas instituições podem atender as necessidades da realidade escolar, possibilitando melhorias na qualidade da educação básica e da formação inicial (^{SIGNORELLI; OLIVEIRA, 2013}).

Outras responsabilidades foram introduzidas/concedidas pela supervisora no período de atuação dos bolsistas, como buscar cada turma em sua respectiva sala de aula a fim de levá-la ao ginásio de esportes, onde as aulas de Educação Física eram realizadas, e ao final da aula retornar com as mesmas, realizar a chamada, organizá-los em equipes, duplas, trios ou fileiras conforme o planejamento das atividades. Os bolsistas também tiveram a oportunidade de acompanhar as turmas em passeios escolares, gincanas, competições esportivas de vôlei, basquete, handebol e futebol realizados em outras escolas e em eventos como a festa família.

As atividades que incumbiam aos bolsistas estavam voltadas ao auxílio durante suas atividades planejadas e ministradas pela professora e assim, aprender com a experiência dela a partir da observação e atuação conjunta. Mediante as ações do PIBID Educação Física, pôde-se constatar o elo entre universidade e escola da educação básica, promovendo a integração dos diferentes saberes que fazem parte do conhecimento relacionado à docência, como destacado nos estudos de ^{Fernandes e Mendonça, (2013}), ^{Ambrosetti et al., (2013}).

Tendo em vista o supervisor como co-formador ^{Zeichner (2010}), argumenta é que há uma hierarquização nas universidades e nas faculdades a respeito do conhecimento científico em relação a uma visão mais ampla dos diferentes saberes necessários para a formação de professores. O autor propõe que novas conexões sejam criadas por meio da interação desses conhecimentos provenientes de diferentes fontes (escola, comunidade e curso de formação inicial de docentes). Neste caso, os bolsistas inseridos no contexto escolar são contemplados com a possibilidade de adquirir conhecimentos variados, advindos da prática da docência compartilhada com a professora supervisora da escola, dos conhecimentos através do contato com a comunidade e meio acadêmico. Estes saberes diversificados possibilitam as conexões percebidas pelo autor como necessárias nos cursos de formação inicial.

Neste sentido, a docência compartilhada foi um fator relevante, significativo e singular para a formação profissional dos futuros professores. A união que o PIBID proporciona entre professores da escola básica e futuros professores em sala de aula é enriquecedora, pois possibilita aprendizados através das experiências vivenciadas no futuro campo de atuação, da socialização de conhecimentos provenientes do âmbito acadêmico e profissional, de novas ideias e reflexões que somam na vida profissional de todos os envolvidos neste processo.

PRODUÇÃO CIENTÍFICA ATRELADA AO SABER DA DOCÊNCIA

Desde o início da vigência do PIBID, os bolsistas ID participaram de eventos científicos, como seminários regionais e congressos internacionais. Estas participações resultaram na organização de uma oficina prática sobre jogos cooperativos, quatro apresentações em eventos científicos no formato oral e nove apresentações no formato de pôster, totalizando 13 resumos publicados em anais de eventos sobre as experiências e atividades realizadas (quadro 1). A participação nesses eventos oportunizou a ampliação do olhar sobre a formação inicial, através do contato com participantes de outros projetos do PIBID, sendo da Educação Física ou das demais licenciaturas, além da possibilidade de estar presente em palestras ministradas por pesquisadores conceituados da área.

Nomeadamente, em 2015, ocorreu a participação dos bolsistas ID em eventos científicos, culminando na apresentação oral trabalhos que abordam o PIBID no contexto escolar. No ano de 2016 o PIBID Educação Física apresentou quatro trabalhos no formato de pôster e, em 2017, foram apresentados seis resumos, sendo cinco no formato de pôster e um oral, todos publicados nos anais dos eventos (quadro 1). Foi através do auxílio e dos esforços da professora coordenadora que a participação em tantos eventos foi possível, ao proporcionar informações, bem como organizar meios para que os bolsistas ID conseguissem participar em diversos eventos tanto no estado de Santa Catarina, como em outros estados.

A participação em eventos científicos auxilia no desenvolvimento da formação acadêmica dos estudantes (^{LACERDA et al., 2008}), a qual pode ser considerada como a continuação e a complementação dos saberes adquiridos na formação inicial, além de uma possibilidade de acesso à conhecimentos e estudos atuais. Ao entrar em contato com trabalhos realizados em diferentes realidades sociais e culturais sobre a docência e a Educação Física, o profissional ou o acadêmico pode expandir seus olhares e adquirir novos conhecimentos, de modo a obter o reconhecimento sobre o trabalho realizado e compartilhar o que foi adquirido através de sua própria ótica e experiência.

Em relação aos eventos, em 2014, ano de início do PIBID Educação Física na UDESC, os bolsistas participaram de três eventos no estado de Santa Catarina. No ano de 2015, dois bolsistas ID juntamente com a coordenadora participaram do III Congresso Internacional de Formação Profissional e VIII Seminário de Estudos e Pesquisas em Formação Profissional no Campo da Educação Física, no estado da Bahia. Já o ano de 2016 foi marcado pelo maior número de eventos que o grupo participou, totalizando cinco eventos, sendo que dois deles aconteceram no estado de São Paulo, um no Paraná e dois em Santa Catarina. Por fim, em 2017 houve a participação em dois seminários, um no estado de São Paulo e o outro em Santa Catarina. O quadro 2 apresenta a relação de eventos científicos com o respectivo ano e estado onde foram realizados.

Além da participação em eventos científicos, o grupo também participou da sistematização e da organização de eventos de extensão realizados em parceria com o Grupo de Estudo de Práticas Pedagógicas da Educação Física, ao qual tanto os bolsistas, quanto a coordenadora de área estão vinculados. A extensão universitária, articulada ao ensino e a pesquisa, possibilita a troca de conhecimentos entre professores, alunos e comunidade, ao confrontar a teoria com realidade, resultando na dinâmica pedagógica da formação e na produção do conhecimento e em uma formação mais humana e contextualizada do acadêmico.

Os eventos de extensão contaram com a participação efetiva dos bolsistas, foram três edições de um curso para professores de Educação Física Escolar, e quatro edições de um projeto que visa levar uma tarde de lazer e brincadeiras às crianças de creches situadas em área de vulnerabilidade social. Ao participarem da organização de um evento, articulando com os conhecimentos teóricos obtidos na disciplina curricular de “Organização e Administração de Eventos Escolares”, os bolsistas puderam adquirir saberes e competências práticas relacionadas a organização de eventos, bem como trocar experiências através do contato direto com profissionais experientes na área e conhecer uma realidade de atuação em creches e escolas que, por vezes são descriminadas, mas que merecem a atenção dos profissionais e órgãos governamentais.

Além da participação e da organização de eventos científicos e de extensão, o PIBID Educação Física da UDESC também tem proporcionou aos bolsistas a iniciação na pesquisa científica. O estudo de ^{Fuller (1969}) propõe uma teoria que classifica as preocupações dos professores em três blocos: consigo próprio (relacionado à sobrevivência na carreira), tarefa (relacionada ao ato de ensinar) e impacto (relacionada ao impacto das aulas na vida dos alunos). Esta teoria já foi investigada na área da Educação Física por ^{Farias (2000}), ^{Costa (2013}), ^{Folle e Nascimento (2009}), ^{Trusz et al. (2017}), ^{Vieira, Beuttemmuller e Both (2018}), que motivou a elaboração de um projeto de pesquisa que visou analisar as preocupações de professores vinculados as escolas da rede pública municipal de Florianópolis, as quais recebiam atuação de bolsistas do PIBID. Atualmente, o estudo encontra-se em fase de escrita de artigos para futura submissão os periódicos na área da Educação Física.

AÇÕES INTERDISCIPLINARES

Um dos objetivos do PIBID é fazer com que o licenciando tenha a oportunidade de experimentar diversas experiências, sejam elas de cunho metodológico, tecnológico, ou relacionadas à prática pedagógica futura, de modo a buscar a solução das adversidades encontradas no cotidiano escolar (UDESC, 2014). Ao vivenciar a prática docente, o espaço da sala de aula auxilia na troca de conhecimentos, e, no momento em que essas ações ultrapassam este ambiente, o acadêmico amplia sua visão sobre o que é educar, compreendendo como um processo que vai além da percepção cognitiva.

Para que este objetivo pudesse ser alcançado, foram elaborados murais didáticos e jornais informativos, contando com a participação e envolvimento de toda a comunidade escolar. No PIBID/Univali, por exemplo, que atende 8 oito municípios de Santa Catarina, a maior parte das atividades executadas no projeto são de cunho didático-pedagógicas, envolvendo estratégias de ensino, oficinas, elaboração de cartazes didáticos, mural informativo, blogs, entre outros materiais (NEITEZEL; FERREIRA; ^{COSTA, 2013}).

O mural didático foi uma importante conquista na escola, estava situado em local privilegiado do pátio permitindo o acesso e a visibilidade de toda a comunidade escolar. A construção do material desenvolveu-se a partir dos conteúdos ministrados pela professora de Educação Física e a relevância dos mesmos no dia a dia dos alunos. O recurso foi intitulado “Mural PIBID”, tornando-se um instrumento interdisciplinar de divulgações de informações aos alunos, o que favoreceu a troca de conhecimentos sobre temas atuais.

Conforme surgiam as ideias sobre as temáticas (Figura 1) que iriam compor o mural, parcerias foram estabelecidas com professores de outras disciplinas no intuito de elencar conteúdos relacionados ao tema proposto no mural, redigindo textos, mensagens informativas e colagens.

Fonte: os autores, 2018.

Figura 1 Mural PIBID - temáticas abordadas de 2014 a 2016. 

Em 2014, o Brasil havia sido a sede da Copa do Mundo, e por ser um evento a nível mundial e pertencente à cultura escolar, foi escolhido como tema para inaugurar o mural. Dois anos depois, em 2016, o mural foi utilizado novamente como recurso pedagógico interdisciplinar, porém com temas diferentes. Considerando que as Olimpíadas seriam sediadas no Rio de Janeiro, o PIBID Educação Física decidiu que seria relevante trabalhar esta temática, assim como os bons hábitos alimentares e a prática da atividade física, por serem assuntos que estavam sendo trabalhadas nas aulas pela professora de Educação Física.

Como mais uma fonte de informação para os alunos, criou-se em 2014 o “Jornal Teixeirinha”, iniciativa também utilizada por ^{Nascimento, Almeida e Passos (2016}) através do PIBID. Com a intenção do envolvimento completo da comunidade escolar, antes mesmo de sua criação, abriu-se uma votação entre as turmas para a escolha do nome do jornal, sendo que cada uma poderia indicar até dois nomes. Após recolher as sugestões, fixou-se uma tabela com todos indicados na sala dos professores, para que toda a equipe profissional e diretiva pudesse votar no seu preferido. Ao final da data de vigência da votação, o nome mais votado foi “Jornal Teixeirinha”, fazendo referência ao nome da instituição.

Para o processo de criação de um logotipo, abriu-se um edital visando a participação dos alunos na criação da figura. A participação não era obrigatória, porém, cerca de 30 alunos realizaram suas inscrições e entregaram suas ideias. No edital havia critérios para as inscrições, critérios de avaliação, composição da comissão avaliadora, da divulgação do vencedor, além dos recursos que poderiam ser utilizados caso houvesse insatisfação com o resultado. A comissão avaliadora foi composta por uma professora de artes, uma de língua portuguesa, dois representantes da equipe diretiva da escola, e a equipe do PIBID. Ao final da votação, o resultado foi disponibilizado no pátio da escola para toda a comunidade.

No segundo ano de PIBID, elaborou-se a segunda edição do Jornal Teixeirinha, tendo como tema a importância da água, devido à falta da mesma em diversas regiões do Brasil. As colunas realizadas pelos alunos, professora e dos bolsistas do PIBID seguiram o mesmo formato. A partir dessa construção, foi possível obter um total envolvimento da comunidade escolar, desde escolha do nome e logotipo, e posteriormente com a edição das colunas para relatos de experiência de alunos, professores e diretora. Com isso, obteve-se maior valorização do jornal informativo e maior alcance das informações divulgadas.

As ações interdisciplinares possibilitadas pelo PIBID foram valiosas no ponto de vista dos bolsistas. Durante o processo da formação inicial, eles tiveram a oportunidade de organizar e pôr em prática uma iniciativa inovadora para a escola e com repercussão não apenas para algumas turmas, mas para toda a comunidade escolar.

É através das ações interdisciplinares que as práticas formativas são enriquecidas, fortalecem as relações entre professor e aluno (^{GUIMARÃES, 2004}), e favorecem a articulação entre a teoria e a prática, além de gerar vivências que proporcionam a familiarização com as exigências em relação às instituições de educação básica e à profissão (^{DOURADO, 2015}). Com isso, os bolsistas ID puderam adquirir conhecimentos pedagógicos que dificilmente seriam possibilitados através das disciplinas da formação inicial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final deste relato, pode-se constatar que o PIBID traz elementos significativos para a formação de professores, bem como contribui e dimensiona a futura intervenção profissional possibilitando a ampliação da formação inicial. A articulação entre a universidade e a escola é firmada por meio das ações dos estudantes, que se mobilizam na trajetória da formação, no sentido de levar a escola para a universidade e trazer a universidade para escola, numa relação plural e contínua. Desta forma, durante a participação no PIBID do curso de licenciatura em Educação Física da UDESC foi possível aos bolsistas a aquisição de experiências formativas variadas através da docência compartilhada, ações interdisciplinares na escola, produção científica relacionada à docência e participação em eventos científicos nacionais e internacionais da área da Educação Física.

De todas as ações relatadas, o PIBID prioriza a docência compartilhada, no entanto, cada programa de acordo com o contexto da escola e das possibilidades de ações inovadoras, pode ampliar a formação dos estudantes, como descrito neste texto. Assim, a produção cientifica resultante do Programa trouxe para os licenciandos o contato com a realidade da formação para além dos muros da universidade, além disso, promoveu o conhecimento sobre a escrita e a língua portuguesa que é uma ação transversal na formação de professores.

A relação com as demais áreas de conhecimento foi considerada como um ponto forte na formação dos bolsistas, pois permitiu ações que mobilizaram a escola no intuito de articular as atividades propostas pelos licenciandos com a realidade da instituição, por sua vez divulgando por meio de um jornal os depoimentos e atividades de sucesso no âmbito da escola, tornando público o trabalho docente.

Por fim, esse aporte de experiências provenientes de um programa onde a escola é protagonista do processo formativo, se transformou em conhecimentos que possibilitam a formação inicial de professores contextualizados com campo de atuação futura, favorece a construção da identidade docente e a associação entre teoria e prática contribuindo para qualificar a prática pedagógica dos bolsistas no âmbito profissional.