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História da Educação

versión impresa ISSN 1414-3518versión On-line ISSN 2236-3459

Hist. Educ. vol.23  Santa Maria  2019  Epub 06-Nov-2019

https://doi.org/10.1590/2236-3459/93873 

Tradução

PRIMEIRO CONGRESSO NACIONAL PARA O MELHORAMENTO DAS CONDIÇÕES DOS SURDOS-MUDOS - LYON - 1879

The first congress national for improving the conditions of the deaf and mute - lyon - 1879

José Raimundo Rodrigues1 
http://orcid.org/0000-0002-3922-1105

Lucyenne Matos da Costa Vieira-Machado2 
http://orcid.org/0000-0002-7385-6243

1Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória/ES, Brasil.

2Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória/ES, Brasil.

HUGENTOBLER, Jacques; La ROCHELLE, Ernest. 1er Congrés National pour L’Amelioration du sort des sourds-muets (réuni à Lyon, les 22, 23 et 24 septembre 1879). Revue Internationale de l’enseignement des sourds-muets, Paris: 1885.


Os estudos sobre a história da educação de surdos no Brasil popularizaram uma narrativa em que o Congresso Internacional de Educação para surdos, realizado em Milão, no período de 06 a 11 de setembro de 1880, figura como evento monolítico cuja deliberação acerca da preferência do uso do método oral puro sugere uma supressão mundial das línguas de sinais. Compreendido isoladamente, o Congresso de Milão parece ter tido uma força implementadora de uma verdade oralista acerca do melhor método a ser utilizado na educação dos surdos.

Estudos sobre documentos históricos das duas últimas décadas do século XIX apontam para outra situação que merece ser aprofundada nas pesquisas sobre educação de surdos. Milão não foi um evento único e nem suas decisões foram imediatamente acolhidas (RODRIGUES, 2018). Parte deste vácuo na narrativa deve-se ao pouco contato dos pesquisadores brasileiros com documentos, na sua maioria em língua francesa, ainda não traduzidos para a língua portuguesa. Portanto, para compreendermos a importância deste documento de Lyon é preciso relacioná-lo com o Congresso de Milão.

O Congresso de Milão foi precedido por dois outros eventos que mostram como a constituição da verdade oralista se deu de modo complexo e entre resistências por parte dos defensores das línguas de sinais. O Primeiro Congresso Internacional para o Melhoramento das Condições dos Cegos e Surdos-Mudos, ocorrido em Paris no ano de 1878, explicita como o debate acerca do melhor método para o ensino de surdos foi a questão principal a ser discutida e como havia interesses diversos, oriundos de usos de várias metodologias, impedindo uma decisão que fosse consenso dos participantes. No evento de Paris decide-se que serão realizados congressos nacionais a cada dois anos e internacionais a cada três anos (LA ROCHELLE, 1879).

Em 1879 ocorre o Primeiro Congresso Nacional Para o Melhoramento das Condições dos Surdos-Mudos na cidade de Lyon, no período de 22 a 24 de setembro. Neste evento, educadores franceses que trabalhavam com estudantes surdos discutiram qual seria o melhor método a ser utilizado em França (HUGENTOBLER; LA ROCHELLE, 1885). A relevância deste documento pode ser melhor compreendida da seguinte forma:

  1. Realidade nacional: o texto do Congresso de Lyon nos permite acessar a realidade francesa e como as decisões tomadas em Paris -1878 foram acolhidas por aqueles educadores. Esta perspectiva nacional aponta para o uso de diferentes metodologias nos institutos de educação de surdos, ultrapassando a simples polarização entre oralistas e usuários de línguas de sinais.

  2. As discussões entre os participantes de Lyon foram registradas em um relatório que não foi publicado oficialmente por razões desconhecidas.

  3. Os poucos participantes de Lyon mostram que, se por um lado, os defensores do oralismo desejam definir o método oral puro como única metodologia para os surdos, por outro, ao perceber a resistência dos usuários de sinais acabam por ceder a uma posição em que longe de se suprimir o uso de sinais creditam a esta metodologia um lugar de auxiliar para a prática articulatória.

  4. Lyon explicita a resistência dos usuários de línguas de sinais que compreendiam tais línguas como naturais para as pessoas surdas e mantinham certa referência metodológica na pessoa do Abade L’Epeé, considerado como o pai da educação de surdos.

  5. Somente seis anos após a realização do Congresso de Lyon é que o texto foi publicado em uma revista, tornando acessível a um grupo maior as discussões e deliberações tomadas por um pequeno grupo de educadores.

  6. O documento de Lyon nos ajuda a compreender que o Congresso de Milão, que ocorreu um ano depois, foi um evento em que novamente se articulam forças favoráveis e contrárias à ideia de um único método de educação de surdos. Assim, a leitura de Lyon amplia o contexto da discussão de Milão e mostra que as deliberações deste último evento são resultado de um processo complexo ainda a ser melhor problematizado não se constituindo como um evento com tamanha força de implementação metodológica como as exposições didáticas e mais popularizadas sugerem.

Acreditamos que traduzir o texto de Lyon para o público brasileiro contribui para uma revisão da história da educação de surdos até agora escrita e publicizada, recuperando elementos não conhecidos que podem nos fazer rever posicionamentos como, por exemplo, de que a decisão dos oralistas foi aceita sem resistência por parte dos surdos.

Em Lyon podemos perceber como diversos fatores são organizados para que a constituição de uma verdade no ano seguinte pudesse ser apresentada. O Congresso de Lyon seria, portanto, um evento que, juntamente com Paris - 1878 prepara a consecução de Milão (1880). O texto de Lyon não é de fácil acesso por ter sido publicado em uma revista que não mais circula. Enquanto pesquisadores da educação de surdos, consideramos que quanto mais as pessoas puderem ter acesso a este material, maior a compreensão da grade de inteligibilidade que fez com que, estrategicamente, se organizasse o congresso seguinte na cidade de Milão, onde existiam dois institutos com práticas oralistas.

Referências

LA ROCHELLE, Ernest. Congrès Universel pour L’amélioration du sort des aveugles et des sourds-muets - Paris - 1878: Deuxièma partie: Congrès pour l‘amèlioration du sort des sourds-muets. Paris: Imprimerie Nationale, 1879. [ Links ]

HUGENTOBLER, Jacques ; LA ROCHELLE, Ernest. 1er Congrés National pour L’Amelioration du sort des sourds-muets (réuni à Lyon, les 22, 23 et 24 septembre 1879). Revue Internationale de l’enseignement des sourds-muets, Paris, Tomo I, 1885, p. 188-195; 222-226. Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5435688r/f12. image.r=lyon?rk= 21459;2. Acesso em: mar. 2019. [ Links ]

RODRIGUES, José Raimundo. As seções de surdos e de ouvintes no Congresso de Paris (1900): problematizações sobre o pastorado e a biopolítica na educação de surdos. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Espírito Santo - Programa de Pós-Graduação em Educação, Vitória, 2018. [ Links ]

PRIMEIRO CONGRESSO NACIONAL PARA O MELHORAMENTO DAS CONDIÇÕES DOS SURDOS-MUDOS

(Reunião em Lyon, nos dias 22, 23 e 24 de setembro de 1879)

Nos últimos seis anos, um grande número de nossos confrades lamentou não ter conseguido obter um relatório do Congresso realizado em Lyon, em setembro de 1879. Por razões que não sabemos, a mesa organizadora desse congresso, do qual o falecido Sr. Houdin era presidente, não podia ou não achava que poderia publicar um relatório oficial das sessões desta assembléia.

Devemos à gentileza dos senhores Hugentobler e La Rochelle, secretários do Congresso de Lyon, poder publicar aqui um relatório analítico que, na ausência de qualquer documento oficial e completo, preenche uma lacuna lamentável, permitindo que todos os nossos confrades conheçam os debates que poucas pessoas privilegiadas puderam ter seguido.

L. G.

O RELATÓRIO

Primeira sessão

Segunda-feira, 22 de setembro aconteceu, em Lyon, no Palácio de Saint-Pierre, a primeira sessão do Primeiro Congresso Nacional para a Melhoria das Condições dos Surdos-Mudos, ao qual assistiu, como membros do comitê de honra:

Srs. Charles, reitor da Academia de Lyon;

Cuissart, inspetor principal delegado do Sr. Courcière, inspetor da Academia;

Abade Bonnardet, superior do seminário menor de Saint-Jean, delegado pelo Cardeal Arcebispo de Lyon;

Sevène, secretário da Câmara de Comércio;

Os doutores Fontan, Perroud e Pernot;

Aeschiman, presidente do Consistório Protestante de Lyon;

A. Valade-Gabel, censor de estudos na instituição nacional dos surdos-mudos em Paris, delegado do Ministro do Interior.

Após a constituição da mesa, o Sr. Houdin, eleito presidente, lê as cartas de desculpas de:

Srs. Isaac e Eugene Pereire;

Lortet, decano da Faculdade de Medicina de Lyon;

Develle, prefeito da Primeira vila;

Oberkampf, Leroux e Dr. Huguet, de Paris;

Piroult, de Nancy;

Forestier, de Lyon-Vaise e Padre Pendola de Siena, Itália.

Entre os estrangeiros presentes no congresso, notamos:

Srs. Tarra, de Milão;

Marchio e Maccioli, de Siena;

Fellmann, de Lucerne;

Forestier, de Genebra.

Depois de algumas palavras de agradecimento enviadas pelo Presidente aos membros da Comissão de Honra, sob os auspícios cujo Congresso foi aberto, e aos membros da Faculdade de Medicina de Lyon que estão dispostos a dar o seu apoio, o Sr. Ernest La Rochelle, um dos secretários, depôs na mesa o relatório do Congresso Universal de 1878 para melhoramento das condições dos surdos-mudos. Ele então informou ao Congresso sobre a morte do Pastor Bouvier.

O diretor da Instituição Protestante de Surdos-Mudos em Saint-Hippolyte Fort (Gard), membro da convenção de 1878, foi afastado por uma doença do fígado ao carinho de sua família. Ele era o pai dos surdos-mudos e, ao mesmo tempo, o instrutor intelectual e religioso.

Uma carta endereçada ao Sr. Eugène Pereire pelo pastor Rayroux menciona sua dedicação aos surdos-mudos, depois de ser a preocupação dominante da vida de M. Bouvier, foi também de sua última hora, porque as últimas palavras recolhidas em seus lábios foram estas:

"Diretor ... Surdos-mudos ... Persevere.”

O Presidente convidou o secretário a manifestar para com Madame viúva Bouvier, a respeitosa e dolorosa simpatia dos antigos colegas de seu marido no Congresso de 1878.

O Presidente passou a palavra ao abade Goyatton sobre a primeira questão do programa:

Como o benefício da educação será assegurado à generalidade dos surdos-mudos?

Preocupado com a insuficiência das escolas para a educação dessas pessoas desafortunadas, ele pensava que o meio de remediá-las seria aumentar a importância das instituições existentes e pensar que, no momento em que se torna instrução obrigatória é para o benefício dos surdos-mudos que se deveria começar sua aplicação.

Animado pela mesma solicitude, é pela multiplicação desses estabelecimentos que M. Vaisse, diretor honorário da Instituição Nacional de Paris, seria de opinião para satisfazer essa necessidade imperativa. Ele também lembrou o desejo expresso pelo Congresso de Paris do qual ele era o Presidente e que pediu que a gestão dos estabelecimentos de surdos-mudos fosse transferida do Ministério do Interior para o Ministério da Instrução Pública.

Segunda sessão

Na sessão da noite, foi feita a leitura de uma carta do Padre Pendola, que é representado no Congresso pelos senhores abades italianos, onde declara ter abandonado por completo o método dos sinais em favor do método da articulação e felicita o Congresso de Paris pela iniciativa que adotou em favor do segundo método.

Leitura feita de uma carta do Sr. Hirsch, de Roterdã, que pede desculpas por não poder comparecer ao Congresso de Lyon e espera participar do Congresso Internacional no próximo ano.

O Presidente solicitou que se responda em nome do Congresso às cartas dos seus correspondentes.

O Congresso passa para a segunda questão do seu programa:

Quais são as formas mais eficazes de desenvolver a fala em surdos-mudos?

Sr. Hugentobler, secretário, lê um livro de memórias em que ele considera a questão sob quatro pontos de vista diferentes:

1º - Qual é o propósito de se ensinar surdos-mudos?

2 ° - Qual deve ser a organização de uma escola especial?

3 ° - Qual o papel dos gestos no ensino depois do método de articulação?

4 ° - O que deve ser feito em cada um dos diferentes ramos da educação, conservando-se o propósito principal do ensino da língua?

Acreditando que o objetivo principal de uma escola de surdos-mudos é substituir a escola pública, que não lhes dá instrução suficiente, o Sr. Hugentobler acredita que é seu dever dar aos seus alunos esta dose de conhecimento e aptidões intelectuais e morais que são necessárias para a direção de sua vida.

Passando à segunda questão, o Sr. Hugentobler falou das condições de admissão de crianças à escola, em termos de inteligência, do tempo de estudo, dos meios de ensino, da disposição das instalações, da divisão das classes, do número de alunos que devem conter, da supervisão durante as horas de recreação, do recrutamento de pessoal docente, das palestras entre professores e concursos públicos.

Relativamente ao gesto, o orador disse que a linguagem dos sinais naturais deveria servir como primeiro meio de comunicação entre os alunos e o professor e desaparecer à medida que a criança procede no conhecimento das palavras e formas da língua falada que, sozinha, pode conduzir o surdo-mudo para a Sociedade.

Depois de analisar os diferentes ramos da educação relacionados com a palavra oral ou escrita, o Sr. Hugentobler é da opinião de que o objetivo perseguido no ensino da língua não deve ser alcançado até que a criança tenha chegado a ter um uso familiar o suficiente para permitir que ela continue sua instrução para a leitura.

O Sr. Hugentobler disse que seria bom recusar, em estabelecimentos de surdos-mudos, os sujeitos que sofrem de idiotismo; o abade Guerin, vice-diretor da instituição de Marselha, é de opinião, com efeito, de admitir as crianças apresentadas somente após um exame preliminar pelos professores da instituição.

O Sr. Vaïsse concordou com as idéias expostas pelo Sr. Hugentobler e declarou que a leitura nos lábios era tão importante quanto a articulação, não devendo ser dela separada.

Terceira sessão - Terça-feira de manhã, 23 de setembro

Cartas de desculpas dos Srs. abade Delaplace, capelão da instituição dos surdos-mudos de Saint-Médard-lez-Soissons; Ducurty, presidente da Sociedade Nacional de Educação de Lyon; abade Roquette, diretor da Instituição de Rodez, e Vingtrinier, vice-diretor da biblioteca da cidade de Lyon.

O Dr. Dor declara que a disposição das crianças em torno de uma mesa oval, proposta pelo diretor Hugentobler, parece-lhe dificilmente admissível. A luz deve vir do lado esquerdo, porque a luz que vem da direita ou que cai nas costas da criança faz sombra sobre o papel.

O senhor Hugentobler compreende muito bem as observações apresentadas pelo Dr. Dor, que fala como um oculista; mas ele considera que a disposição por ele preconizada também tem seu valor, uma vez que permite ao estudante ler nos lábios de seus companheiros sem se virar. Além disso, a desvantagem relatada é consideravelmente diminuída pelo fato de que as crianças nem sempre permanecem sentadas e muitas vezes recebem suas lições em pé e dispostas em semicírculo.

O Sr. Houdin, Presidente, lê uma síntese sobre as duas primeiras perguntas em conjunto. Ele é um firme defensor da articulação que ele pratica há muitos anos. O professor dos surdos-mudos parece, diz ele, o lavrador, e deve limpar o terreno antes de semear. Dois grandes obstáculos estão no caminho de seu trabalho: primeiro, a ignorância geral dos princípios de seu ensino; em segundo lugar, as más condições em que ocorrem os primeiros anos da vida do surdo-mudo.

De acordo com o orador, o método de articulação, incontestavelmente, oferece numerosas vantagens sobre os sinais, e uma das primeiras consiste no fato de que a construção da frase escrita e da frase falada é a mesma, o que não ocorre na linguagem mímica.

No sentido higiênico, a articulação tem a vantagem de contribuir mais para o funcionamento regular dos pulmões, e sua influência é benéfica em crianças surdas-mudas que frequentemente têm um temperamento mais ou menos linfático.

O Sr. Houdin propõe a criação de um boletim informativo periódico que represente os interesses dos surdos-mudos e sirva de elo com o corpo docente das diferentes instituições. O Sr. Pereire estaria, ele disse, bastante disposto a secundar os esforços de suporte que podem ser feitos para esta publicação. O orador desenvolve o processo da educação do surdo-mudo, segundo o método da articulação, desde seu berço até sua saída da escola. Se a educação, diz ele, é adiada até a idade de dez a doze anos, a criança contrai o hábito de sinais e fica mais difícil familiarizá-la com a articulação. É um fato que uma longa experiência o demonstrou com exatidão.

Por fim, o Sr. Houdin, apontando o fracasso do ensino da articulação na Instituição Nacional de Paris, atribui-o não ao método em si, mas às condições impossíveis que lhe são impostas nas escolas do Estado e em quase todas as instituições antigas. Ele recomenda a fundação de pequenas instituições e declara que elas obtiveram incontestavelmente melhor sucesso que as grandes que excedem o número de sessenta alunos, por exemplo.

Retornando à questão tratada pelo Sr. Hugentobler, o Sr. Houdin reiterou que o ensino da gramática deveria ser subordinado ao ensino de coisas e exercícios práticos, que, além disso, já haviam sido ditos pelo Sr. Valade-Gabel, e antes dele, pelo Sr. J.-R. Pereire, o primeiro professor de surdos-mudos na França.

O padre Guérin também se pronuncia a favor da criação de um boletim periódico. Em seguida, dividindo as escolas francesas de surdos-mudos em três categorias:

1º - Aquelas onde domina a articulação pura;

2º - Aquelas em que os sinais são tolerados no início, ao lado da articulação;

3º - Aquelas onde o ensino é misto, o abade Guérin declara pensar que a verdade encontra-se nos meios termos e ele acredita que a encontra em escolas onde a articulação é ensinada ao lado dos sinais. O método de articulação parece ao honorável orador encontrar dificuldades quase intransponíveis, na medida em que requer um pessoal muito maior e, portanto, implica gastos muito além do orçamento do governo e da caridade pública.

Acrescenta, além disso, que em todas as instituições francesas dos surdos-mudos, se faz uso agora da articulação; somente nós ligamos a esse ramo da educação uma maior ou menor importância, de acordo com os recursos disponíveis para as respectivas escolas.

O abade Guérin, em seguida, aponta que muitas crianças surdas pelo menos três quintos delas ficam fora da escola. Algumas tentativas, no entanto, são feitas para apresentá-las as indispensáveis noções da verdade cristã; mas é por meio de mímica natural, que requer menos tempo que o outro método. O orador acrescenta que a articulação pura, que não admite a mímica, entre os próprios surdos-mudos, quando saem de diferentes instituições, gera uma barreira tão intransponível que eles nem se entendem mais entre si, e é por essa razão que o padre Guérin gostaria de ver nas escolas a mímica mantida ao lado da língua falada.

Sr. Hugentobler opôs ao abade Guérin o testemunho da experiência, que provou que a fusão dos dois métodos dá resultados menos satisfatórios. A criança que usa a mímica negligencia a palavra e a abandona, tão exigente dele, no início, de um maior esforço intelectual. Acontece aos surdos-mudos o que nos acontece quando vamos a um país estrangeiro para aprender a língua. Ao buscar a sociedade dos nativos, nos familiarizamos com sua língua, aprendemos a compreendê-los e a falar em pouco tempo; enquanto procura de preferência a sociedade francesa e, falando nossa língua natural, voltamos para casa sem nos colocar na posse do idioma estrangeiro.

O abade Joseph Lemann manifesta apreço pela mímica e declara que os padres católicos nunca desistirão dos sinais, nem que seja por respeito à memória do abade L’Épée.

A sessão conclui com a apresentação do frei Louis de alguns dados estatísticos sobre a aptidão de seus alunos surdos-mudos em relação à articulação.

Quarta sessão - Terça à noite, 23 de setembro

O Sr. Hugentobler, na sessão de terça-feira de manhã, declarou que o professor só pode ensinar de oito a doze alunos, o Sr. Magnat, na sessão da noite, não hesita em afirmar que o professor pode ensinar vinte de cada vez. Ele então determina o papel dos sinais e gestos. "Em que consistem os sinais?” disse ele. Eu também tenho feito isso; nós não colocamos os sinais na entrada. Desejando preparar o surdo-mudo para a sociedade, reconhecemos que ele tem sua língua materna e nós o respeitamos. O que queremos é que ele entenda as pessoas que ouvem.

“Mas, se eu permitir, é no máximo no primeiro ano, para a aquisição dos nomes de objetos e suas qualidades, substantivos e adjetivos. Nós não impedimos o uso de sinais fora da escola. Mas, a partir do segundo ano, excluímos isso.”

O diretor-adjunto da Instituição de Marselha solicita que a mímica permaneça na base do ensino, sendo da opinião de admitir a articulação apenas para aqueles que podem se beneficiar dela. Para entrar no caminho deste último ensinamento, ele teria que ter certeza do apoio do governo. Ele viu a escola Pereire; é para ele o ideal; mas ele supõe que os alunos de Sr. Magnat tenham sido escolhidos. Ele ficará contente com a mímica até que ele tenha a oportunidade de praticar o outro método, o que ele não pode fazer por falta de recursos. Os eclesiásticos, de fato, farão a articulação apenas sob a condição de que o governo lhes assegure os meios para uma ajuda. Até lá, Sr. Guerin pede que lhes seja permitido, por mais algum tempo, fazer o bem àquelas crianças que ele ama.

O Sr. Magnat se defende de que tenha feito uma escolha. Ele não admite que se faça. Ele fala da dor que teve ao instruir algumas crianças; mas ele acrescenta que aqueles que lhe causaram mais problemas foram aqueles que mais lhe deram satisfação. Ele achava que, em sua nona resolução, o Congresso de Paris concedera a seus adversários tudo o que podiam pedir.

De acordo com o Sr. Magnat em certos pontos, o Sr. Metzger, professor, não acredita, como ele, que se possa instruir vinte crianças. Na Instituição, ele considera preferível colocar, como na Alemanha, crianças em famílias; ele deseja ver os surdos-mudos colocados nas escolas dos ouvintes falantes, para poderem, ao fim da lição, misturar-se com eles.

O Sr. Magnat disse que, ao ouvir o Sr. Metzger, parece que existem apenas escolas externas na Alemanha, enquanto na Europa existem apenas três ou quatro estabelecimentos desse tipo. O Sr. Magnat acrescenta que, na escola Pereire, ele recebe externos e internos e que pode assegurar assim que, conseguiu garantir que, à igual inteligência, os externos são bem inferiores aos internos, tanto em termos de articulação da educação e indica suas causas.

O Sr. Hugentobler acredita que um externato bem organizado pode ser uma coisa excelente para os surdos-mudos, pois deve reconhecer que o contínuo contato dos surdos com a audição tem uma influência salutar na prática da palavra articulada e da leitura dos lábios. Só devemos ser capazes de colocar as crianças em boas famílias. O orador destacou os testes desse tipo feitos na Suíça e no sul da Alemanha. No entanto, ele não acha que esse modo de instituição seja fácil de aplicar, especialmente para famílias pobres. Ele nem acredita ser possível a transformação de nossas instituições de surdos-mudos em externatos, em razão da dificuldade de encontrar casas adequadas para colocar essas crianças. Ele conclui, portanto, que, apesar da excelência do internato organizado nas condições exigidas, o internato permanecerá sempre a melhor modalidade de educação para surdos-mudos.

Para o abade Guerin, que recomendou ter cuidado com o ideal, o Sr. Hugentobler responde aconselhando-o sempre a procurar o ideal, correndo o risco de não alcançá-lo muito facilmente.

A votação das duas primeiras questões é adiada para o dia seguinte, e o Congresso aborda a terceira, da seguinte forma:

"Quais são os meios próprios para permitir que surdos-mudos sejam ensinados em escolas de ouvintes?"

O Sr. Vaïsse começa reconhecendo a extensão da reprovação, às vezes, dirigida às instituições especiais dos surdos-mudos que, ao educar o jovem enfermo no meio de seus similares, o deixam demais em um mundo à parte e não o treinam o suficiente para aquele em que ele tem que viver, quando concluída sua educação. Ele prestou homenagem aos homens que, como Dr. Auguste Blanchet e Grosselin dentre outros, foram movidos pela censura feita para instituições especiais e tentaram educar o jovem surdo-mudo na escola primária simples. Ele admite que alguns casos felizes de educação do surdo-mudo, sob a inspiração desses homens, foram produzidos fora das instituições especiais; mas ele acredita nesses casos devido a circunstâncias excepcionais, e ele não pensa que se pode esperar que, nas condições em que se encontram habitualmente os professores de ouvintes, tais exceções podem se tornar a regra.

O Sr. Emile Grosselin, vice-presidente, começa por declarar que os surdos-mudos diferem dos ouvintes falantes menos na capacidade mental do que pela dificuldade de relação com os que estão ao seu redor. Tornar essas relações é mais fácil, aos olhos do orador, a única maneira de resolver o problema, ele recomenda a phonomimie como a melhor maneira de se colocar o surdo-mudo em boas condições para recuperar a palavra e a perceber entre os outros.

De sua exposição deste sistema de educação e sua aplicação a diferentes tipos de estudos, o Sr. E. Grosselin conclui que se pode procurar no surdo-mudo a bondade da frequência contínua entre os falantes, sem prejuízo daqueles e tendo grande vantagem para ele, seja do ponto de vista de sua própria instrução, seja do ponto de vista do desenvolvimento da fala.

Em reconhecimento à excelência de seu método, o honorável Vice-Presidente deu crédito aos sucessos obtidos, nos exames do Hôtel de Ville: meninas de catorze anos de idade, surdas de nascimento e criadas há sete anos em escolas comunitárias segundo o método fononímico.

5ª sessão, quarta-feira de manhã, 24 de setembro

Um dos secretários, Ernest La Rochelle, tomou a palavra para uma comunicação que o Sr. Eugene Pereire o encarregou de fazer ao Congresso. Ele começa por recordar que Saboureux Fontenay, um dos alunos mais destacados de Jacob Rodrigue Pereire, aprendeu dos recursos de seu mestre a se servir da datilologia para se entreter com ele na escuridão. Ele então lê em um livro que ele está publicando sobre a vida e as obras do famoso professor de espanhol, uma nota escrita, diz ele, sob o ditado do Sr. E. Pereire. Esta nota afirma que os movimentos dos dedos e sensações tácteis mencionados por Saboureux de Fontenay e o irmão de outro estudante de J.-R. Pereire parecem se assemelhar ao sistema do aparelho Morse, no qual um lápis colocado em movimento pela eletricidade imprime linhas e pontos de um valor alfabético em uma tira de papel desdobrada por um movimento de relógio.

Ao final da comunicação que ele foi encarregado de apresentar no Congresso; o secretário lê alguns trechos de um livro de memórias apresentado em 1862, na Academia de Bordeaux, pelo Sr. Daville, diretor de correios e telégrafos em Luçon (Vendée), em que o autor apresenta um novo sistema de digitação baseado no uso do aparelho Morse.

Sabendo que uma reunião seria realizada em Lyon para aconselhar o melhoramento das condições dos surdos-mudos, e preocupado com as vantagens que a aplicação de seu sistema lhe parecia dar àqueles desafortunados, Sr. Daville, sem saber que compartilhava do mesmo pensamento que o Sr. E. Pereire, dirigiu-se a ele, implorando-lhe para chamar a atenção do congresso em suas memórias na Academia de Bordeaux. É essa a encomenda que Sr. La Rochelle cumpre, submetendo aos seus ilustres colegas, com este interessante memorial do Sr. Daville, uma tabela dos signos empregados no alfabeto Morse, da qual ele distribui algumas cópias. O Congresso fica impressionado com as vantagens incontestáveis dessa tipologia, e o interesse com o qual todos a acolhem recomenda esta invenção à solicitude do Ministro do Interior, em cujas atribuições se colocam os estabelecimentos surdos-mudos.

O abade Guérin solicita a atenção do congresso sobre um projeto de resolução pela qual, embora reconhecendo a superioridade da articulação, o congresso emitiria a opinião de que os sinais servem de base para a educação dos surdos-mudos. Diante desta proposição que suscita as suscetibilidades de alguns membros, o abade Bourse, de Soissons, defende-se, apoiando-o, contra a resolução do Congresso Internacional de 1878. Ele não supõe, além disso, que por essa resolução, os proponentes da articulação nunca quiseram fechar o debate: "Nosso desejo", diz ele, "é apenas um retorno sobre o voto do ano passado, mas não é contrário à articulação que os Frades de São Gabriel, aqui presentes, e as Freiras da Sabedoria aplicam aos seus muitos estudantes”.

"Ele não tende a descartar a articulação, ele exclui apenas o princípio exclusivo: ele não contradiz o voto do congresso internacional, ele o completa e o comenta."

A resolução proposta pelo Padre Guérin foi adotada da seguinte forma:

O Congresso de Lyon, ressaltando a vantagem da articulação sobre a mímica, especialmente para tornar mais completamente o surdo-mudo à sociedade, mas considerando ao mesmo tempo que não é possível aceitar a articulação como única base e princípio essencial da educação, expressa o desejo de que uma parte muito grande seja deixada para a mímica no ensino dos surdos-mudos e que, consequentemente, os dois métodos, longe de se excluírem, sempre apoiem-se e trabalhem juntos para o mesmo fim, a saber: a instrução e a educação do surdo-mudo.

O congresso discutiu então a proposta feita pelo presidente na terça-feira de manhã para a criação de um órgão para popularizar o ensino da fala, e adotou por unanimidade a seguinte resolução:

O Congresso, considerando que é importante, em prol do progresso e da humanidade, difundir o conhecimento dos melhores métodos de ensino aplicáveis aos surdos-mudos, manifesta o desejo de uma publicação especial, de vínculo e encorajamento dos professores e do seu órgão ao público, e seja consagrada sob os auspícios do congresso e sob a direção de uma comissão por ele designada.

O Sr. Vice-Presidente E. Grosselin apresenta uma proposta ao Congresso sobre a admissão de crianças surdas-mudas nas escolas de ouvintes falantes, uma proposta que, combatida pelo Sr. Magnat, é apoiada por M. Hugentobler, secretário, sob reserva.

Nesta reunião matinal de quarta-feira, uma resolução foi retomada confirmando as ideias apresentadas pelo senhor Hugentobler e debatidas na segunda-feira à noite sobre as condições de admissão de crianças surdas-mudas nas nossas escolas especiais. É votado nestes termos:

O congresso, considerando que certas habilidades são essenciais para tornar a educação do surdo-mudo possível e eficaz; que seria lamentável ver as bolsas desnecessariamente aplicadas a crianças que não se beneficiariam da educação, e isso em detrimento de outras crianças com todas as habilidades necessárias,

Expressa o desejo de que nenhum sujeito surdo-mudo seja admitido em uma instituição sem antes ter sido submetido ao exame do professor ou de um comitê competente.

6ª Sessão, quarta-feira à tarde, 24 de setembro

O Sr. Hugentobler deu conhecimento de uma carta dirigida a ele pelo Dr. Borg, ex-diretor da instituição dos surdos-mudos de Stokholm, que lamentava não poder comparecer ao congresso por motivos de saúde.

Foi feita a leitura pelo Sr. E. La Rochelle, secretário, de uma carta endereçada ao Sr. E. Pereire pelo Sr. Ed. Seguin, carta na qual o doutor instruído lhe dá uma conta do estado de educação dos surdos-mudos nos Estados Unidos, Inglaterra e Holanda, que ele acaba de visitar.

Ele relata sobre a escola de Northampton na Inglaterra e o colégio de Castelbar Hill, perto de Londres, mas especialmente em Roterdã, a escola dirigida por Hirsch, que, segundo ele, supera todos os outros na arte de dar aos surdos-mudos uma voz clara e pronúncia distinta. O Sr. Ed. Seguin acredita que onde quer que a fala seja ensinada à exclusão da mímica, surdos-mudos de nascimento são melhor compreendidos, e melhor educados do que onde a educação é feita por sinais, com ou sem uma palavra, e ele está disposto a dizer com o Sr. Hirsch que o pior método é o método misto.

Ao abordar a quarta questão do programa do Congresso, o abade Goyatton, de Bourg (Ain), lê um livro de memórias sobre:

As melhores maneiras de manter a disciplina nas escolas de surdos-mudos.

Propõe que as diferentes premissas das casas de educação sejam distribuídas de maneira a facilitar a laboriosa tarefa dos supervisores. Ele também pede que todo o pessoal empregado nas instituições dos surdos-mudos seja, mais do que nas outras casas de educação, animado com sentimentos religiosos e maternais.

O Sr. Vaïsse, por sua vez, apresenta algumas observações sobre os princípios que devem dominar a disciplina em qualquer escola e, mais particularmente, em uma instituição de surdos-mudos. Ele lembra que não seria mais a tarefa da educação impedir a perpetração de falhas apenas por meios materiais, e que é sobretudo sobre as intenções da criança que a educação deve atuar. Ele conclui salientando que o jovem surdo-mudo é, por uma espécie de compensação providencial, mais completamente colocado sob a ação de seu professor do que aquele que ouve, em quem as lições do mestre são muitas vezes combatidas, e observações não saudáveis ou imprudentes, são ouvidas fora da escola.

O congresso responde à quarta questão com uma resolução nos termos usados ​​pelo abade Goyatton.

Sobre a quinta questão assim formulada: "Que método deve ser usado na educação dos surdos-mudos menos inteligentes?”

O Sr. abade Convert, de Bourg, lê um livro de memórias concluindo que a mímica natural deveria ser colocada na base da instrução; que o professor use imagens idealizadas pela mímica; que a escrita seja relegada ao segundo plano.

O abade Convert disse que os sinais convencionais, que o abade de L'Épée havia imaginado enriquecendo a linguagem da mímica, não tinham nenhuma conexão com as idéias que pretendiam traduzir. Vaïsse, sem querer se fazer propagador dos sinais metódicos, declara que ele não pode permitir que essa afirmação passe sem contradizê-la. "A ligação existiu”, ele disse, “embora frequentemente muito sutil e muito longe." O Sr. Vaisse termina observando que se deverá ainda menos descartar absolutamente a palavra do programa dos alunos menos dotados que, às vezes, encontramos nessas crianças mais disposições precisamente para esse tipo de exercício do que para a escrita.

O padre Goyatton não acha que as crianças não inteligentes devam se reunir com os inteligentes, pois é deles que devemos estar mais preocupados.

O Sr. Magnat pede a reunião de uns com os outros nas recreações e não nas classes.

Para a quinta questão, o congresso responde com uma resolução assim formulada:

O congresso considera que, na educação dos surdos-mudos menos inteligentes, é necessário:

1º - Colocar na base do ensino a mímica natural;

2º - De se servir, desde o início, de imagens explicadas e idealizadas pela mímica;

3º - Relegar a escrita ao segundo plano e não considerá-la como um meio poderoso para o desenvolvimento intelectual do aluno;

4º - Admitir, fora das aulas, o encontro dos surdos-mudos menos inteligentes com aqueles que são mais dotados.

Esta última resolução é aprovada por unanimidade.

O Sr. Hugentobler, a fim de prevenir o possível inconveniente de ver uma convenção aberta para aqueles que, durante um ano inteiro, se preocuparam em prepará-la, propõe aos seus colegas nomear, em vez de um comitê provisório, um comitê definitivo.

Sua proposta foi contestada pelo abade Bourse, que, como representante de uma instituição na França, não achava que poderia votar por representantes de outras instituições.

Abade Joseph Lemann, declarando que o congresso não tem o direito de comprometer o futuro, o padre Bonnardet, delegado do Cardeal Arcebispo de Lyon, concorda em princípio com ele, não acredita que o congresso de Paris teria pretendido ligar àquele de Lyon.

O Sr. E. Grosselin, atual vice-presidente do Congresso de Lyon, como era naquele de Paris, agradece ao padre Bonnardet por exonerar este último congresso de qualquer pensamento de usurpação; e o Sr. Vaisse, presidente honorário do Congresso de Lyon, depois de ter sido presidente efetivo do Congresso de Paris, observa, por sua vez, que ninguém jamais pretendeu impor um comitê ao Congresso.

O abade Augustin Lemann, irmão do padre Joseph Lemann, convida os membros da comissão organizadora para preparar estatutos destinados a regular a realização de futuros congressos, bem como excluir qualquer assunto de dissidência. Desejosos de ver homens caminhando juntos que, por diferentes meios, tendam com igual devoção ao alívio de um grande infortúnio, recorda esta forte palavra de pai da igreja: In certis unitas, in dubiis libertas, em omnibus caritas.

O abade Guérin propõe votar os agradecimentos à comissão provisória que preparou este congresso e os agradecimentos são votados por unanimidade.

São eleitos membros do comitê organizador do próximo congresso:

Srs. Vaïsse, presidente honorário;

Houdin, presidente;

E. Grosselin e o Abade Bourse, vice-presidentes;

E. La RocheIle e J. Hugentobler, secretários;

Abade Goyatton, tesoureiro.

E foi decidido que estes senhores representarão oficialmente a França no Congresso Internacional de Como (Itália) no próximo ano, e que o segundo congresso nacional se reunirá em Nancy em 1881.

O abade Bourse agradeceu aos membros do comitê, e especialmente ao Sr. Houdin, presidente, pelo zelo que demonstraram no exercício de seus difíceis deveres.

O Sr. Houdin encerrou o congresso com um discurso no qual, agradecendo a seus colegas pela honra inesperada que haviam feito ao conceder-lhe a presidência, atribuiu esse favor à sua antiga devoção aos surdos-mudos. Apesar de algumas reservas quanto ao uso da articulação, ele gosta de observar que a superioridade desse método foi novamente afirmada pelo congresso de Lyon; que a articulação permanece em primeiro plano e que a mímica vem apenas em segundo, como um acessório e a título transitório. O Sr. Houdin também, era, trinta e oito anos atrás, um defensor da mímica; mas faz mais de trinta anos desde que ele encontrou seu caminho de Damasco. Ele não tem dúvida de que seus colegas, homens de bom senso, de coração e boa vontade, logo encontrarão o deles e, por sua vez, trabalharão para cumprir a promessa do fundador do ensino da fala na França, o famoso Jacob Rodrigues Pereire, quando ele disse mais de um século atrás: "Não haverá mais surdos-mudos; haverá pessoas surdas falantes. "

Paris, 5 de agosto de 1885.

Esta é uma cópia do original:

Os secretários do congresso de Lyon,

J. HUGENTOBLER.

E. L. ROCHELLE

Recebido: 19 de Junho de 2019; Aceito: 31 de Julho de 2019

JOSÉ RAIMUNDO RODRIGUES

é licenciado em Filosofia, mestrado em Educação (UFES), Doutorado em Teologia Sistemática (FAJE-BH - Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia). E-mail: jrrzenga@yahoo.com.br

LUCYENNE MATOS DA COSTA VIEIRA-MACHADO

é graduada em Pedagogia, mestrado e doutorado em Educação (Universidade Federal do Espírito Santo). E-mail: lumatosvieiramachado@gmail.com

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