Introdução
A população idosa vem crescendo nos últimos anos e isso se deve, principalmente, pela mudança demográfica e atenção redobrada no processo de envelhecimento. Esta maior perspectiva de vida propiciou novos conflitos culturais, econômicos e teóricos sobre o processo de envelhecer, já que os idosos passaram a ser um número significativo na sociedade. Neste panorama iniciaram-se as diferenças, o questionamento sobre os direitos das pessoas mais velhas e as possibilidades para uma qualidade de vida desta população. Estas indagações possibilitaram a criação de ações que abarcassem as mudanças culturais, sociais e econômicas decorrentes do aumento na perspectiva de vida.
Apesar das transformações, oriundas do número elevado de seniores, houve uma grande desigualdade entre os países no que tange a atenção social, cultural e educacional, devido, principalmente, a fatores políticos/econômicos envolvidos.
Neste cenário, o Brasil acabou primando mais pelos aspectos epidemiológicos envolvidos no envelhecimento e na qualidade de vida, dando ênfase, principalmente, a questões da saúde, tanto na geriatria como na gerontologia social. Uma das formas de propiciar a qualidade de vida, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) é a participação em atividades que favoreçam o bem estar, entre elas a educação.
No entanto, muitas indagações surgem com estas mudanças, entre elas: qual é o perfil do idoso brasileiro? Quais são os interesses sociais e culturais desta população? A educação permanente é um interesse global dos idosos? A imersão no mundo tecnológico digital deve ser uma realidade para todas as pessoas mais velhas? Muitas são as questões que permeiam os estudos gerontológicos atuais e, entre elas, destaca-se o uso das tecnologias digitais pelos mais velhos.
A tecnologia, anteriormente, era utilizada, principalmente, para aumentar a produtividade no trabalho (exemplo da Revolução Industrial), sendo deixada de lado no que tange o lazer. No entanto, nas últimas décadas, esta se tornou também uma fonte de entretenimento social e cultural, além de um local de informações e comunicação da população. Este panorama possibilitou a discussão sobre o uso das tecnologias digitais pelos idosos. Neste cenário iniciou-se a vasta oferta de cursos de inclusão digital para alfabetizar, digitalmente, os idosos no uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), principalmente por instituições educacionais, governamentais e não governamentais (ONG).
Nesta perspectiva, cada vez mais recursos didáticos sobre o uso do computador por seniores vêm sendo desenvolvidos para serem incluídos ao processo de aprendizagem, podendo ser adaptado às diferentes necessidades dos usuários.
Paralelamente a educação está em constante transformação, principalmente com a incorporação das tecnologias como apoio à aprendizagem. A Educação a Distância (EAD) pode ser tornar um espaço rico para a aprendizagem das pessoas mais velhas, principalmente pelas possibilidades de interação social e comunicação. A EAD é uma modalidade da educação onde o processo de ensino e aprendizagem ocorre independentemente dos atores envolvidos estarem separados temporal ou espacialmente.
Com os novos paradigmas emerge também a necessidade de investigar sobre o uso educacional das tecnologias digitais, como uma possibilidade de inclusão dos cybersêniors na sociedade.
Os cybersêniors são idosos ativos na internet que utilizam, com facilidade, os serviços oferecidos online como busca de informações, comunicação com família e amigos, uso de redes sociais, pagamento de contas em bancos virtuais etc. O perfil deste grupo é formado por seniores que são mais propensos a ser desafiados por diferentes barreiras no uso das tecnologias virtuais (McMellon; Sciffman, 2002; Lee, 2012).
Portanto o espaço virtual possui rico potencial educacional para os mais velhos. Uma das possibilidades é atender individualmente as necessidades dos alunos, proporcionando contribuições para o bem -estar do idoso que esteja interessado em uma educação permanente. Salienta-se que, apesar dos benefícios desta modalidade de ensino, ainda existem limitações para o público sênior, como a necessidade de um maior tempo de dedicação. Estas dificuldades também devem ser consideradas ao serem planejados cursos de EAD para o referido público.
Em relação à utilização da EAD pelos idosos existem poucas experiências, tanto no Brasil como no exterior, de investigações na área da gerontologia educacional. No entanto, entende-se que esta modalidade de educação pode atender às diversas demandas do público a partir de conteúdos direcionados, tempo e prática pedagógica específica para os mais velhos. Contudo, para isso ocorrer é necessário criar ações educativas para um planejamento de qualidade. Portanto, esta pesquisa investigou estratégias pedagógicas na modalidade à distância para idosos.
Para delinear as estratégias pedagógicas foi oferecido, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS/Brasil, um curso voltado apenas para pessoas com 60 anos ou mais. Este curso teve como objetivo discutir aspectos relacionados com a qualidade de vida dos mais velhos. Foram ofertadas 7 oficinas virtuais com duração total de 120 horas. As temáticas foram variadas (música, fisioterapia, língua espanhola, uso das cores no cotidiano, fotografia, história e memória), de acordo com a solicitação dos alunos mais velhos.
A partir dos dados coletados nestas oficinas foi possível construir estratégias pedagógicas na modalidade à distância para o público sênior. Antes de abordar a metodologia adotada nesta pesquisa é importante, inicialmente, contextualizar o panorama mundial da EAD e os cybersêniors.
Texto na íntegra em PDF