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Educar em Revista
versão impressa ISSN 0104-4060versão On-line ISSN 1984-0411
Educ. Rev. vol.39 Curitiba 2023 Epub 06-Set-2023
https://doi.org/10.1590/1984-0411.88168
Dossiê: Processos migratórios e história da educação em perspectiva transnacional
A “Dante” para a “perene Italianidade” dos emigrantes no exterior. O trabalho da “comissão de livros” desde a primeira década do século XX até a ascensão do fascismo
*Università degli Studi della Basilicata, UNIBAS, Potenza, Itália. E-mail: michelina.dalessio@unibas.it
O artigo traz uma nova luz ao trabalho da “Comissão de livros” interna à Sociedade “Dante Alighieri” no início do século XX. Serão alavancadas várias fontes, entre as quais as relações do primeiro presidente Arturo Galanti. Em particular, a ação conduzida pela “Dante” para difusão de livros gratuitos para os emigrantes italianos é parte de esfera de interesse trazida desde o início pelo presidente Villari a emigração e às escolas no exterior, combinando a necessidade de difundir a língua e a cultura italiana com a de contrariar a “desnacionalização” e o risco de oblívio daqueles separados da pátria. Quais eram os livros enviados gratuitamente para fora do Reino? Quais os destinatários, entre os quais, escolas, educadores, patriotas? Quais lugares de chegada, na Europa, nas Américas e até a Australia? São essas algumas questões a serem respondidas. Em síntese, a circulação transacional dos livros italianos, como principal instrumento destinado à proteção e integração dos emigrantes, será reconstruída nos elos essenciais das estratégias educacionais e culturais implantadas pela “Dante”: a cooperação no solo italiano com a direção geral das escolas no exterior, com o Comissário geral da emigração, com editoras e outras associações; a organização de bibliotecas a bordo de navios a vapor, a distribuição de milhares de livros nos diversos países de emigração “entre os italianos que deixam sua pátria e para se manterem neles a marca nacional muito fácil a se perder” (GALANTI, 1918, p. 1).
Palavras-chave: Emigração Italiana; História da Educação; Culturas Escolares; Circulação do Livro; Associações Privadas
Il contributo si propone di gettare nuova luce sull’opera della “Commissione dei libri” interna alla “Dante Alighieri” nel primo Novecento. Si farà leva su un variegato novero di fonti, tra cui le relazioni del primo presidente Arturo Galanti. In particolare, l’azione condotta dalla “Dante” per la diffusione di libri gratuiti per gli emigranti italiani rientra nella sfera d’interesse portata con il Presidente Villari all’emigrazione e alle scuole italiane all’estero, coniugando l’esigenza di diffondere la lingua e la cultura italiana con quella di contrastare la “snazionalizzazione” e il rischio dell’oblio di quanti si separavano dalla patria. Ma quali erano i libri spediti gratuitamente fuori dal Regno? Quali i destinatari, tra cui scuole, educatori, patronati? Quali i luoghi di arrivo, in Europa, nelle Americhe e fino all’Australia?Sono questi alcuni interrogativi cui il lavoro intende restituire risposte. In sintesi, la circolazione transnazionale del libro italiano, quale strumento principale indirizzato alla protezione ed istruzione degli emigranti, sarà ricostruita negli anelli essenziali delle strategie educative e culturali poste in campo dalla “Dante”: la cooperazione sul suolo italiano con la Direzione Generale delle Scuole all’Estero, con il Commissariato Generale dell’Emigrazione, con case editrici e altre associazioni; l’organizzazione di bibliotechine a bordo dei vapori; la diffusione di migliaia di libri nei diversi paesi di emigrazione “tra gli italiani che abbandonano la patria e per conservare in essi l’impronta nazionale troppo facile a perdersi” (GALANTI, 1918, p. 1).
Parole chiave: Emigrazione Italiana; Storia Dell’educazione; Culture Scolastiche; Circolazione Del Libro Italiano; Associazionismo Privato
The contribution aims to shed new light on the internal “Book Commission”’s work of the “Dante Alighieri” in the early twentieth century. It will draw on many sources, including the reports of the first president Arturo Galanti. In particular, the action carried out by the “Dante” for the dissemination of free books for Italian emigrants falls within the sphere of interest brought with President Villari to emigration and Italian schools abroad, to flight against the “nationalization” and the risk of oblivion of those who were separated from their homeland. But what were the books sent free of charge outside the Kingdom? Which recipients, including schools, educators, patronages? What were the places of arrival, in Europe, the Americas and as far as Australia?These are some of the questions to which the work aims to return answers. In summary, the transnational circulation of the Italian book, addressed to the protection and education of emigrants, will be reconstructed in the educational and cultural strategies of the “Dante”: the cooperation on Italian soil with the General Directorate of Schools Abroad, with the General Commissariat of Emigration, with publishing houses and other associations; the organization of libraries on board steamers; the dissemination of thousands of books in the different countries of emigration “among Italians leaving the homeland and to preserve in them the national imprint too easy to get lost” (GALANTI, 1918, p. 1).
Keywords: Italian Emigration; History of Education; School Cultures; Italian Book Circulation; Private Associationism
Dove vive la lingua italiana, ivi è Italia1
(Boselli, 1917)
Introdução: O tema e as fontes de investigação
A contribuição tem como objetivo lançar nova luz sobre o trabalho da comissão dos livros instituída internamente pela “Dante Alighieri” começa em 1903 e vai até 1917, para examinar o papel e o compromisso colateral com o governo (SALVETTI, 1995), em várias camadas exercitados pela Sociedade em favor das escolas e dos emigrantes italianos no exterior, no início do século XX. Em ocasião da Mostra dos Italianos no Exterior na Exposição Internacional de Milão em 1906, no pavilhão construído na Praça d’Armi, o relatório do professor Bernardino Frescura, secretário geral do júri, foi publicada pelo comissário geral da emigração que colaborou em sua realização. O documento nos oferece com precisão a seção de Milão da “Dante Alighieri” na organização do evento que permitiu a coleta “dos documentos explicativos/ falados sobre as atividades multiformes dos italianos que vivem longe da sua pátria e o que ela poderia fazer para tomar nossa emigração conhecida e apreciada e o que está sendo feito na Itália e no exterior para sua proteção” (BOLLETTINO DELL’EMIGRAZIONE, 1907, p. 3). O elenco de premiados naquela circunstância e em modo particular as motivações que acompanham as atribuições de homenagem oferecem um vislumbre interesse em torno do papel desempenhado na temporada do início do século XX das principais sociedades no exterior “mais ativas no confraternizar os emigrantes italianos, em acudir as necessidades e sobretudo manter viva a tradição da pátria distante” (BOLLETTINO DELL’EMIGRAZIONE, 1907, p. 14). Especificamente, as razões ilustradas pelo relator na atribuição do Diploma de Grande mérito ao Conselho Central da “Dante Alighieri” deliberado pelo júri, para a defesa da italianidade ajudam a comprovar o amplo espectro das atividades conduzidas pela sociedade em “espalhar e preservar a língua (nossa) e a cultura dos italianos espalhados pelo mundo” afim de fazer “uma ação que complementa a do governo nacional, isto é, uma ação estatal’ (BOSELLI, 1917, p. 9).
Os méritos expostos retraçam as dificuldades dos princípios da vida de “Dante” na incompreensão do seu perfil de academia literária: nas intenções dos fundadores, no entanto, “a língua era um fator importante para a influência política. Não se tratava apenas de um escritório literário, mas de um edifício alto para preservar e revigorar em nossos compatriotas expatriados o sentimento e, diria mesmo, o orgulho da pátria comum” (GIANTURCO, 1896, p. 8). Outra acusação feita à Sociedade “Alighieri” foi a de ser uma “conspiração irredentista”, já que especialmente em certas fases da vida, o organismo moveu-se, ao menos em uma de suas correntes, em defesa da língua italiana entre os povos das terras irredentes e, como um campo preparatório para sua reapropriação. Novamente a “Dante” era suspeita de ser uma extensão de outras organizações sectárias, uma vez que:
Suspeita para algum Estado vizinho, como aquele que visava perturbar as boas relações internacionais, a “Dante” parecia, para alguns, ser uma seita obscura, que chocava intenções de sedição, não uma Associação livre, estabelecida e operando à luz do dia (GIANTURCO, 1896, p. 5).
Pelo contrário, foi reivindicado por várias partes como ter sido o presidente Ruggiero Bonghi a acreditar que “a Itália tinha sua própria missão de civilização, que tinha que cumpri-la com vigor crescente, e que a língua era o meio mais eficaz de difundir nossa influência, nossa cultura e o nome italiano” (GIANTURCO, 1896, p. 6). O próprio Bonghi pontuava tais esclarecimentos no seu discurso inaugural ao Primeiro Congresso organizado pela “Dante” na sede principal em Roma, em 26 de março de 1890. A partir da indiscutível “consanguinidade consagrada pelas tradições, língua, história comum” entre os italianos em casa e aqueles dispersos pelo mundo, afirmou vigorosamente: “Cuidar a italianidade além das fronteiras é uma mola de italianidade deste lado da fronteira” (BONGHI, 1896, p. 42).
Os primeiros passos incertos, foram então seguidos pelo consenso lentamente obtido na opinião pública sobre o elevado ideal que orientava a “Dante” para “as aspirações morais e patrióticas e para a utilidade prática”. Os méritos do progresso constante são atribuídos tanto à distância das intenções políticas como à prossecução do “programa puramente italiano”, abraçado com prudência e teimosia pelo Conselho Central presidido pelos seus primeiros presidentes, Bonghi, Villari e Rava, com outros expoentes de diferentes fé políticas, mas unidos pelo mesmo impulso patriótico. O discurso comemorativo proferido por Emanuele Gianturco sobre a morte de Ruggiero Bonghi transmite, em muitas passagens, os sentimentos de grande apreço pela função que desempenhou como fundador do organismo, desde então:
Na minha opinião, a fundação da Sociedade Dante Alighieri foi a mais admirável das obras de Ruggiero Bonghi. Nele acolheu todas as forças do patriotismo italiano, mais amplas e mais iluminadas: nele conservadores e radicais, anarquistas e republicanos, todos passaram a um pensamento comum, e quase em terreno neutro, onde as dissensões miseráveis da política quotidiana não se enraízam (GIANTURCO, 1896, p. 4).
Em relação à “experiência única do associacionismo político no nosso país” representada pela “Dante” (SALVETTI, 1995), o impulso inicial de um sinal “nacional”, não só político, mas também pedagógico, tanto no país como no exterior, ainda recoava nas palavras de Bonghi, o arrastador da primeira hora:
Fundaremos escolas, escreveremos e distribuiremos livros, instituiremos livrarias, estabeleceremos prémios, abriremos relações, defenderemos interesses legítimos, salvaremos direitos. Na universalidade da sua acção e intenções, a nossa Sociedade não pode ter qualquer fim político; mas tem um fim moral, intelectual, social, que impediria, quando alcançado, um fim político de ser subtraído ao terreno (BONGHI, 1896, p. 42).
A marca fortemente pragmática do fundador transmite uma ideia de proximidade e de intervenção por parte de um círculo interno de homens de cultura impregnados de classicismo, bem como o de heranças do Ressurgimento mais próximas das necessidades reais da sociedade italiana interna e externa, para o fortalecimento de uma ideia de nação que possa fazer a Itália uma protagonista na cena política internacional. Em particular, a ação desenvolvida pela ‘Dante’ para a divulgação de livros gratuitos para emigrantes italianos, ‘não apenas instrutivos, mas também inspirados pela moral mais sadia e [pela] propaganda patriótica’, foi uma das vias mais compartilhadas (GALANTI, 1918, p. 15), consta na área de interesse do Presidente Villari aos problemas da emigração e das escolas italianas no exterior. Algumas frações da Sociedade haviam de fato, mostrado até então uma certa tibieza em relação ao tema da emigração e aos italianos “onde quer que estivessem”, não apenas nas terras a serem reanexadas. Villari, ao contrário, argumentou com força que a necessidade de difundir e promover a língua e a cultura italianas andava de mãos dadas com a necessidade de contrastar a “nacionalização” e o risco de esquecimento daqueles que estavam separados de sua pátria. Além das fricções que surgiram ao longo do tempo, é útil recorrer novamente as palavras de Bonghi para entender as finalidades perseguidas por a “Dante” desde o seu início, ao se tornar o “fogo e luz” de referência para os italianos distantes:
Nós italianos, erguemos uma nação e constituídos como um estado, aliás um estado que conta entre os grandes potenciais do mundo, devemos exercer com nossos compatriotas distantes e afastados, o serviço de fogo e de luz; [...] devemos, de todas as maneiras, manter firme em seus corações e mentes a imagem desta pátria, ideal ou real, e garantir que eles tenham a coragem e constância de constatar com a das pátrias dos outros, nas quais, satisfeitos ou descontentes, levam suas vidas (BONGHI, 1896, p. 39).
Na onda deste afirmações, o Diploma concedido a “Dante” no evento internacional de 1906, do qual começamos, documenta bem a posição adquirida na política e na sociedade italianas na primeira década do século XX. Nestas premissas, portanto, passaremos a delinear as escolhas e as intervenções implementadas em favor da difusão da língua e cultura nacional entre os italianos fora das fronteiras. O foco se concentra, em específico, sobre a atividade da “Comissão do Livro”, que ainda precisa ser mais bem investigada. De fato, a circulação transnacional dos livros italianos como objeto didático e principal instrumento destinado a proteção e educação dos emigrantes, é fato, a circulação transnacional dos livros italianos (ASCENZI et al., 2019; LUCHESE; BARAUSSE; SANI; ASCENZI, 2021). O livro como objeto didático e principal instrumento destinado à proteção e educação dos emigrantes, na experiência da intervenção ‘Dante’, será investigada nos elos essenciais do circuito de estratégias educativas e culturais implantadas; em solo italiano, na cooperação interna para o envio de livros nacionais, com a Direção Geral das Escolas no Exterior, com o Comissariado Geral da Emigração, com editoras e outras associações; já fora das fronteiras do Reino, durante a expatriação, na organização de bibliotecas navais a bordo de navios a vapor; em solo estrangeiro, na distribuição de milhares de livros, não somente livros escolares, nos diversos países de desembarque. Antes de entrar no conteúdo da investigação, vale mencionar a variedade de fontes utilizadas para a construção do trabalho realizado pela “Comissão do Livro” da “Dante”. De grande interesse foram os relatórios do Conselho Central da Sociedade e, especificamente, os emitidos pela “Comissão do Livro”, graças sobretudo a seu primeiro presidente, o professor Arturo Galanti (1854 -1920), já membro do Conselho Central. O estudo pretende cruzar diferentes planos de atenção em manter o tema da proteção e da educação relacionada com a “perene italianidade” dos emigrantes no exterior, nos diversos circuitos formais e informais, aproveitando as discussões e os trabalhos dos congressos anuais da sociedade, desde seu início até o fascismo. Os documentos publicados lembrados no início, como discursos de abertura e relatórios de congressos anuais e debates sobre o tema das bibliotecas circulantes enviadas pelas pátrias confinantes para as mais distantes do exterior; as Atas ou Boletins da sociedade; evidencias empíricas guardadas no arquivo do Ministério das Relações Exteriores; alguns periódicos ilustrados para a educação de compatriotas no exterior imprimidas e editadas por iniciativa da Sociedade, incluindo o publicado por Vallardi Patria e colonie; uma literatura para emigrantes até então considerada menor mas, ao contrário, rica em sugestões relevantes - nos referimos à produção de “livros especiais” para emigrantes, manuais práticos, vade-mécum, calendários e guias (D’ALESSIO, 2021b) publicados pela sociedade para alimentar “a memória e o desejo da pátria de origem” (CAIROLI, 1880): Estas são as principais fontes que ajudam a cimentar a investigação sobre uma página pouco conhecida da circulação de livros para emigrantes italianos promovida pela ‘Dante’ até a Primeira Guerra Mundial para a proteção, difusão e preservação da ‘alma nacional’ italiana como elemento de cultura, progresso e prestígio no mundo.
Esta contribuição pretende fazer uma incursão pelo interior da história e ação da “Dante” na consciência de marcar apenas alguns sulcos em um terreno fértil para ser melhor arado, apoiando uma perspectiva histórico-educacional suscetível a novas contribuições e aquisições mais maduras. Entre as premissas, é importante destacar imediatamente a intenção de conectar vários fios para circunscrever o itinerário da promoção e realização da circulação dos livros italianos entre os emigrantes: a partir da consideração, por um lado, das escolhas complementares do Estado e dos sujeitos privados, no trabalho conjunto entre a Direção Geral das Escolas Italianas no Exterior, o Comissariado Geral da Emigração e a “Dante” em solo italiano; assim como, por outro, da variada e densa teia de presenças de instituições leigas e confessionais cooperando no exterior no empreendimento de preservar e aumentar o caráter italiano da língua e da cultura, a partir da instrução e da leitura de livros para cada país de emigração.
O nascimento, funcionamento e trabalho da “Comissão de Livros” do congresso de Udine realizado, em 1903
No contexto das políticas em favor da emigração disponibilizada pelo governo italiano, especialmente após a lei de 1901 que estabeleceu o Comissariado Geral de Emigração (D’ALESSIO, 2021a; 2022), ficou evidente a correspondência de intenções de associações privadas que contribuíram incisivamente para a proteção e disseminação da cultura nacional entre os emigrantes. Nesta gama de atenção, emerge o papel central desempenhado pela Sociedade “Dante Alighieri”. Fundada em 1889 por iniciativa de Carducci e Villari (PISA, 1995; SALVETTI, 1995), a organização estabeleceu claramente em seu estatuto a intenção de defender e promover a língua e a cultura italiana no exterior através de uma série de iniciativas, que pretendemos destacar aqui especialmente no que diz respeito ao trabalho de divulgação dos livros “entre os italianos que deixam sua pátria e de preservar neles a marca nacional que é muito fácil de perder” (GALANTI, 1918, p. 1). Os relatórios trazidos aos primeiros congressos na virada dos séculos XIX e XX apresentam as principais questões discutidas e as relações adotadas pela “Dante” em relação à emigração: o papel de assistência e presidência dos Comitês no país e no exterior; o debate sobre as escolas italianas no exterior (CIAMPI, 1998; SALVETTI, 2002), em reconhecimento à tarefa nevrálgica da escola como meio de difundir o uso da língua e expandir a influência política e moral do povo italiano (GALANTI, 1918); a proteção dos expatriados, começando com sua preparação “especial” antes de partir, para torná-los “mestres do alfabeto” (VALLARDI, 1914, p. 155); as iniciativas educacionais e de propaganda social realizadas principalmente através da coleta, circulação e fornecimento de livros tanto a bordo dos navios a vapor, ao longo da lenta travessia do exterior, como posteriormente nos portos de atracação. Os temas recorrentes foram os relativos às “relações que devem ser estabelecidas entre as escolas e sociedades italianas e a Dante Alighieri no exterior” (GALANTI, 1898) (IX Congresso em Turim, em 1898); as relações entre emigração e a “Dante” (no XI Congresso em Ravenna, em 1900) Pullè apresentou trabalhos comparativos entre Italianidade cultural e Italianidade exultante preparados com Marinelli (COLAJANNI, 1904, p. 8); a proteção dos emigrantes (XII Congresso em Verona); as bibliotecas de bordo para emigrantes (no XIV Congresso em Udine, Zaniboni interveio ilustrando o dever da “Dante” de intervir na medida de sua força em favor da alfabetização e moralização das massas migrantes); as condições intelectuais dos emigrantes e a ação da “Dante”: ver o relatório do deputado Napoleone Colajanni no XV Congresso em Nápoles, em 1904, com o objetivo de definir os benefícios diretos e indiretos da emigração, juntamente com o papel da “Dante” neste movimento social (COLAJANNI, 1904), que também foi debatido no XIX Congresso em L’Aquila; os manuais e guias práticos para emigrantes (XVII Congresso em Gênova, em 1906); a atribuição de prêmios especiais a professores no exterior, incluindo a grande medalha de ouro com a efígie de Pasquale Villari, para italianos meritórios no exterior (XVIII Congresso em Cagliari e Sassari em 1907).
Em relação, portanto, as dinâmicas culturais que estavam de acordo com as diretrizes do governo da política de italianidade no exterior, através principalmente da organização escolar (BARAUSSE, 2015), vale a pena refazer o desenvolvimento do compromisso pela ‘Dante’, começando com as metas estabelecidas pelo primeiro presidente Ruggero Bonghi à frente da associação, entre 1889 e 1895, para promover a linguagem e as leituras circulantes. Em particular, foi o seu sucessor Pasquale Villari que chamou a atenção de todos os membros, entre 1896 e 1903, para a importância de fortalecer os laços entre os emigrantes e sua pátria. De fato, os discursos de abertura proferidos por Villari nos congressos de Verona, em setembro de 1901 e Udine, em janeiro de 1903, contra os riscos de “desnacionalização” que era fácil de incorrer naquela virada da emigração, especialmente ultramar, parecem ser alimentados por um impulso sincero. Duas junções no tempo não foram coincidentes: a primeira, coincidindo com a promulgação da lei governamental de 1901 que instituiu o Comitê Geral de Emigração (CGE), que lançou uma política atenta à questão da emigração como fator econômico e social nacional que não podia mais ser adiada; a segunda, que dois anos depois, na onda dos conselhos expressos pelo Ministro Emanuele Gianturco, membro da ‘Dante’ entre os mais atentos à promoção da cultura nacional através da circulação de livros italianos, levou à criação da ‘Comissão Especial do Livro’ durante o 14º Congresso Nacional de Udine. Fornecido com seus próprios meios pelo Conselho Central, foi destinado a coletar mais ofertas gratuitas de livros a serem enviados através da fronteira. A presidência foi atribuída ao Professor Arturo Galanti, membro proeminente do conselho de administração da Sociedade desde sua fundação. Sob o terceiro presidente da ‘Dante’, Luigi Rava, no cargo de 1904 a 1907, e com seu sucessor Paolo Boselli (1907-1932), a direção do novo órgão se revelaria contínua e eficaz na pessoa de Galanti, até 1917. Professor Angelo Scalabrini, Inspetor Geral de Escolas no Exterior desde 1903, então Diretor de Escolas no Exterior desde 1911; Conde Donato Sanminiatelli, membro do Conselho Central de Dante, como Vice-Presidente desde 1897; Federico Minutilli e Angelo Piazza, conselheiros do Comitê Romano; Condessa Giulia Vimercati-Sanseverino e Cavalier Ignazio Lozza, proprietário e diretor da editora ‘Giacomo Agnelli’ em Milão, que contribuiu substancialmente para a doação de 40.000 volumes para duzentas bibliotecas de duzentos livros cada (GALANTI, 1904, p. 25). Os relatórios oficiais trazidos aos congressos e outros escritos úteis de Galanti vêm em nosso auxílio na reconstrução do trabalho da comissão, realizado também através da coordenação efetiva com aqueles organismos que direcionaram suas intenções para a proteção das massas migrantes, antes, durante e especialmente na chegada aos países de destino, no desejo comum de defender sua italianidade em solo estrangeiro.
O trabalho da “Comissão do Livro”: a organização em solo italiano
A função estatutária da distribuição gratuita de livros italianos define o alcance do compromisso da ‘Dante’ em favor dos emigrantes: na “aquisição gratuita de livros de vários tipos, mas sempre exclusivamente italianos [...], cooperando na sua educação e mantendo viva neles a memória de sua pátria” (GALANTI, 1918, p. 7). O trabalho que a Comissão foi chamada a fazer mostrou-se, portanto, bastante articulado e complexo, envolvendo aspectos de natureza econômica e comercial, na compra e distribuição de livros; aspectos de natureza relacional, com relação aos diversos doadores; aspectos de natureza organizacional, na coordenação com os cerca de trezentos Comitês (no exterior e no Reino); de natureza institucional e associativa, nas relações mantidas com outros órgãos governamentais e assuntos particulares. O Presidente Galanti, quinze anos após a criação da Comissão, traça seu trabalho, os métodos de intervenção e os resultados obtidos: ficamos sabendo que entre 1903 e 1917 cerca de 1.000 bibliotecas haviam sido criadas e enviadas para o exterior, havia bibliotecas maiores e menores, como poderemos especificar com base em alguns documentos de arquivo, com nada menos que 250.000 volumes, para um gasto de acerca de 213.000 liras (GALANTI, 1918, p. 8). As bibliotecas criadas em navios em cooperação com algumas companhias de navegação pelos Comitês de Gênova e Nápoles. O compromisso da “Dante” do lado do livro para a difusão e preservação da cultura italiana entre italianos no exterior “e entre estrangeiros desejosos de cooperar nesta difusão em seus países” (GALANTI, 1919, p. 4) também foi dirigido, apesar das dúvidas quanto à sua adequação, à publicação, além das Atas, de um livro de leituras para escolas italianas no exterior, preparado por Camillo Manfroni sob o título La patria lontana. O texto, no entanto, não encontrou apreciação geral, tanto que o próprio Galanti fez uma avaliação limitadora ao especificar que “era um livro como tantos outros, porque falava apenas da beleza, da glória e do ressurgimento político da pátria distante” (GALANTI, 1911, p. 13). Foi também o início da série ‘Biblioteca per l’emigrante italiano’ (Biblioteca para os emigrantes italianos), disparado por Bernardino Frescura, com a Guida dell’Argentina (Guia da Argentina).
Fundos financeiros
Na parte financeira a “Dante” podia contar com fundos estanciados pela sede central que foram aumentando ao longo dos anos, em resposta ao aumento das demandas por livros didáticos, especialmente nas primeiras fases, de livros e revistas: a partir de 3.000 liras se alcançará, através de uma gradualidade acerca de 2/3 aumentando a cada dois anos, para as 20.000 liras seguradas em 1913. O Ministério das Relações Exteriores também forneceu apoio substancial através da CGE para o estabelecimento de bibliotecas circunstantes a serem enviadas para a América, totalizando aproximadamente 3.000 liras entre os anos 1903 e 1909, ano em que uma contribuição extraordinária de 1.000 liras acrescentada. Há um vestígio disto no fundo documental sobre bibliotecas que circularam no Brasil, depositado no Ministério das Relações Exteriores (ASMAE, AS 1889 1910, POS B, b. 339, f. Brasile PG Biblioteche Circolanti). Nas cartas dirigidas ao Ministério, são comunicadas as disposições decididas desde 1904 e renovadas pelo CGE na gestão dos orçamentos anuais, estacionado complexamente 3.000 liras para a compra de livros para pequenas bibliotecas em circulação a serem instaladas nas colônias “onde existem escolas italianas e sociedades de ajuda mútua italiana”. As informações a ser destacadas na correspondência no MAE referem-se a três níveis: financeiro interno, como mencionado acima: custos de remessa, absorvidos pelos descontos reservados para a “Dante” por algumas editoras, incluindo Paravia, Albrighi e Segati e Bemporad; e livros, para os quais as faturas anexas fornecem informações originais, sobre os fornecedores dos livros e os vários países de destino. Na carta de 11 de julho de 1906, todas as despesas incorridas contra as 3.000 liras concedidas pelo CGE são contabilizadas e detalhadas. Assim, sabemos que existiam bibliotecas circulantes de vários tipos, primeiro, médio, superior, desde aquela enviada por exemplo a Barcelona de L. 76,95 até a categoria superior reservada a Rosário de L. 365,35. Também conhecemos o nome do principal embarcador, a Elefante Company, e os custos aplicados por ela, nos vários países de destino, incluindo Brasil, México, Argentina, mas também a Suíça, Grécia e o próprio Trentino.
As listas de livros adquiridos são de grande interesse, devido à orientação formativa e impressão educacional veiculada pelas leituras propostas aos emigrantes fora do Reino: entre outros, a compra de duzentos exemplares do volume Edmondo De Amicis educatore, impresso por Dante Alighieri em 1908, com um desconto de 25%, destaca-se como prova da fortuna do autor nas costas da América Latina (PANIZZOLO, 2021, p. 289-295). Ao todo, a “Dante” contava mais de 60.000 membros em 1914, dentro e fora da Itália, todos pagando uma taxa de 6 liras. Como lembra Galanti, contra os subsídios coletados de outros doadores, a sociedade poderia vangloriar gastos que, em propaganda social e educacional através do fornecimento de livros fora do reino, desde sua fundação até 1917 era de acerca de três milhões de liras.
Os doadores
Informações detalhadas sobre a contribuição de outros doadores públicos e privados para a coleta da “Comissão do Livro” destinada a “enviar livros italianos para centros de população italiana fora do reino e promover nesses centros, com a ajuda de comitês locais dentro e fora do reino, a formação bibliotecas circulantes, populares, literárias ou cientificas, a distribuição de livros escolares, a oferta de livros premiados” (GALANTI, 1911, p. 3), assinados pelo presidente Galanti. Somos informados sobre as formas como as contribuições foram asseguradas através da disponibilidade de fundos e doações de livros de sujeitos particulares, mas especialmente de empresas como Consorzio Nazionale per le biblioteche gratuite e le Proiezioni Luminose (Consorcio Nacional para Bibliotecas Livres e Projeções de Luz) em Turim, que também cooperou enviando projetores e outros materiais didáticos que vale a pena mencionar, e várias editoras, incluindo a Unione Tipografica Editrice em Turim, a editora Salvatore Biondo em Palermo e a tipográfica Editrice Agnelli em Milão (GALANTI, 1918; 1919).
Um estímulo útil para a reflexão sobre o desenvolvimento do compromisso da Biblioteca “Dante” vem do aumento gradual das solicitações que a Sociedade não conseguiu acompanhar ao longo do tempo. Assim, limitando as remessas apenas à própria iniciativa da Sociedade e às bibliotecas “sob medida” que não estavam mais padronizadas, o caminho foi aberto para uma segunda fase, posterior à vida da Comissão que nos preocupa, que terminou em 1917, coincidindo com a atmosfera política do pós-guerra e o início do fascismo. Alguns anos depois, o estrangulamento nacionalista também condicionaria o renascimento das políticas de italianismo através do braço comercial e educacional ao mesmo tempo da produção de livros, em paralelo com as intervenções das Comissões Ministeriais para a aprovação de livros didáticos para escolas no exterior, em parte modificando a relação entre a frente governamental e a ação privada (BARAUSSE, 2019). São as considerações ao proposito, que expôs na Convenção de Trento em 1921, pois elas transmitem claramente o impulso subsequente em torno da propaganda do livro. Imbuídos de linguagem e mensagens bastante enfáticas, eles esboçam o novo perfil que a “Dante” estava prestem a assumir no contexto do período fascista de vinte anos, além disso, invocando uma “dignidade austera de critérios” (FRACASSETTI, 1922, p. 8), a Sociedade, ao mesmo tempo em que confirma a tarefa de seus “voluntários do ideal” de preservar, defender e até mesmo lutar em nome de valores patrióticos o sentimento nacional no exterior, reivindicou as dificuldades de levar adiante o escritório de propaganda do livro, não apenas por causa do aumento dos custos de publicação e envio. Mas também devido à seleção de “livros italianos de autor e edição, de língua e forma, de pensamento e sentimento” (FRACASSETTI, 1925, p. 24) que respondeu ao elevado e renovado “empreendimento de irradiação espiritual” (FRACASSETTI, 1922, p. 7) a ser realizado especificamente a partir da batalha do livro. O clima político geral estava mudando, discernível nas direções da propaganda do livro devolvido por Fracassetti. Em suas palavras, não apenas a “defesa do idioma, mas [...] a difusão de nossa influência intelectual e moral” implicava um interesse na qualidade superior, e evidentemente vigilante, dos textos a serem difundidos nas escolas e entre os compatriotas no exterior, na “obra de solidariedade da grande família italiana espalhada pelo mundo” (FRACASSETTI, 1922, p. 10).
As editoras que se disponibilizaram desde a primeira hora também foram acusadas de só quererem esvaziar seus armazéns de depósitos volumosos: além disso, as notícias fornecem um relato insuficientemente investigado de um circuito alternativo, procurado além fronteiras, tanto para a comercialização interna como para a destruição de estoques antigos de manuais obsoletos enviados à celulose, aos quais muitas siglas editoriais foram induzidas pelas transformações dos programas ministeriais e novos textos introduzidos com repentina e agitação do mercado ‘escolar’ (começando no início do século XX com as indicações de Orestano em 1905 e ainda mais tarde em 1923 com às de Lombardo Radice) (CHIOSSO, 2013).
Cooperação com outras instituições para a difusão de livros fora do Reino
Retomamos a nos ocupar da rede de empresas cooperantes com a “Dante” na difusão de livros para os italianos no mundo, desde as primeiras etapas. Em primeiro lugar, naturalmente, é preciso lembrar a importante intervenção da Direção Geral das Escolas Italianas no Exterior, nos desenvolvimentos conhecidos desde a iniciativa da Crispi, em favor das escolas governamentais ou estatais e daquelas subsidiadas nos países de emigração da Europa Oriental e depois transoceânica. As atas dos Congressos da “Dante” documentam a questão relevante debatida em seu trabalho em torno do tema nodal da organização escolar no exterior. Há também evidências das diferentes opiniões sobre a prioridade a ser dada à abertura de escolas governamentais ou subsidiadas nas diversas áreas do Mediterrâneo em oposição às ultramar, juntamente com os esforços feitos pela mesma sociedade para abrir não apenas escolas primárias, mas também escolas secundárias. As observações de Galanti, em seu relatório sobre a questão especifica colocada pela Comissão central desde os trabalhos do congresso em Turim em 1898, sobre as possíveis relações pela “Dante” com as escolas italianas no exterior, voltam a esses aspectos. Particularmente, a ajuda em livros e material escolar. Um cálculo médio das despesas entre 1914 e 1918 na compra e expedição de livros mostra que não menos de 1.000 volumes por ano foram enviados pela Direção às populações italianas em todo o mundo, não apenas livros escolares, mas também livros para leitura amena e instrutiva. Outros temas cooperaram na divulgação de livros uteis para os compatriotas fora de sua terra natal. Um papel importante foi desempenhado pelo Comissariado Geral de Emigração, estabelecido como previsto graças à lei de 1901, um verdadeiro ponto de inflexão em termos de proteção daqueles que deixaram sua pátria, que foi seguido pela chamada lei Tittoni de 1910 e a de 1913, visando garantir não apenas a educação quanto a proteção e assistência às massas migrantes (AMBROSOLI, 1999). A particular outorga de fundos viu a colaboração ativa entre a “Dante” e o CGE, especialmente para a fundação do Instituto Ítalo-Brasileiro do Meio em São Paulo; a publicação do ‘Bollettino dell’Emigrazione’ (Boletim da Emigração); o estabelecimento de inúmeros Patronatos para emigrantes; uma intensa atividade editorial ligada à publicação de manuais práticos, guias e vade-mécum, úteis para avisos e conselhos aos que partem em suas viagens, para escapar dos enganos das empresas e agentes, e para a disponibilidade de textos mais úteis do que guias sobre os países de destino, juntamente com uma série de livros destinados a professores especiais da emigração (D’ALESSIO, 2019; 2022). Evidências úteis disso podem ser encontradas no catálogo de 1911 de todas as publicações da CGE, de caráter legislativo, instrutivo e educativo, girando em torno do valor e utilidade de livros e panfletos de ampla difusão, de forma gratuita, destinados tanto a escolas para emigrantes que foram abertas em bom número após 1904 nos países de maior emigração para a Itália, quanto àqueles que haviam chegado aos países de destino.
Junto ao trabalho da CGE a “Dante” colaborou em boas sintonias com outras associações. Entre eles, um lugar de destaque foi ocupado pela Società Umanitaria em Milão com seu Escritório Central de Emigração das Secretarias de Assistência à Emigração de Leigos (com 35 seções). Em suas fileiras, um dos expoentes mais destacados foi Angelo Cabrini, autor de muitos escritos sobre emigração, bem como do texto mais conhecido Il maestro degli emigranti (O professor dos emigrantes), um verdadeiro protótipo deste manual que visa o desenvolvimento de uma cultura magistral específica para instruir e educar os emigrantes antes da sua partida. Não menos comprometidos com a cooperação no envio de publicações para o exterior foram tanto o Istituto Coloniale Italiano fundado em 1906 (apesar de alguns atritos gerados com a “Dante” que reivindicou uma espécie de primogenitura na iniciativa em favor da emigração, por ocasião do 2º Congresso de Italianos no Exterior em junho de 1911), quanto a própria Sociedade Geográfica (em seus congressos permanecem traços de tal atenção à educação dos emigrantes através da cultura geográfica dos lugares de partida e chegada dos expatriados). Não menos intensa foi a relação entre a “Dante” e as muitas instituições leigas coloniais e as acerca de vinte congregações religiosas católicas que atuam do outro lado da fronteira, desde os franciscanos até os salesianos (que também tinham sua própria tipográfica), os Missionários do Sagrado Coração da Madre Cabrini, a Ópera Bonomelli, o Instituto São Carlos Borromeo e a Associação Nacional Italiana de Socorro e Proteção dos Missionários, liderada por Ernesto Schiapparelli. A conformidade dos objetivos respondeu a um bem superior, de acordo com Bernardino Frescura: “Unidas no supremo interesse pela pátria- em face do qual todas as divisões partidárias devem cessar- as sociedades seculares e confessionais podem complementar de fórmula útil o trabalho do Estado, e complementar-se” (BOLLETTINO DELL’EMIGRAZIONE, 1907, p. 129).
Relações com as editoras
Muitos entes e associações competiram com a “Dante” para a compra e distribuição de livros italianos através das fronteiras. Para este fim, foram estabelecidas parcerias com várias editoras que, embora incentivadas por estes pedidos, não arriscaram abrir filiais ou filiais fora da Itália. Mais numerosas foram as aberturas de livrarias italianas em Montevidéu, Alexandria, Malta e Trípoli, deixando o campo aberto à circulação de uma “literatura popular clandestina”, pela sobrevivência da qual Galanti culpou as grandes editoras. Soubemos que as únicas editoras que abriram filiais na Argentina, especialmente na cidade de Buenos Aires, foram a UTET de Turim, que também publicou a revista “L’Italia” sob a égide da ‘Dante’ entre 1912 e 1913; a Messaggerie Italiane de Bolonha; a empresa Fratelli Treves e Francesco Vallardi de Milão. Vale mencionar que este último promoveu a partir de 1912 a publicação de um periódico ilustrado para a educação dos emigrantes através de leituras mensais intituladas “Patria e colonie” (Pátria e Colônia), com o subtítulo significativo ‘Ai vicini ai lontani’ (Para quem está perto e longe). Na edição que lançou a distribuição da revista sob os auspícios da “Dante”, em janeiro de 1924, o Presidente Boselli explicou as razões do apoio dado pela associação, “agora como sempre da Italianità, uma afirmadora pronta e imutável”, às páginas que queriam ser “uma voz que da Itália vai para seus filhos distantes e que dos filhos distantes volta à Pátria”, especificando “que também por meio desta bela publicação da “Dante” quer manter vivo nas colônias o sentimento e o carinho pela Pátria e quer que a Pátria conheça as virtudes de seus filhos”. Quase em contraponto, o próprio Vallardi lembrou como faltava uma revista
Que estudariam e seguiram de perto o trabalho, as necessidades e as aspirações dos italianos que vivem além de nossas montanhas e mares, que trariam para seus filhos e filhas distantes a lembrança de sua pátria e manteriam viva sua memória, mantendo viva a chama do italiano e amor pela língua e cultura nacionais, fatores poderosos para o futuro de cada país (VALLARDI, 914).
O tema do comércio de livros entre países estrangeiros e a Itália havia sido debatido em várias ocasiões do congresso. As propostas apresentadas pela Cerboni por ocasião da Exposição dos Italianos no Exterior na Exposição de Milão de 1906 são significativas neste sentido. Estes incluem: 1) um acordo formal e definitivo sobre propriedade artística e literária; 2) a abolição do imposto sobre livros devolvidos não vendidos; 3) edições bem feitas a um preço baixo, para evitar a concorrência de editoras estrangeiras; 4) a concessão aos livreiros italianos estabelecidos no exterior, por editoras locais, de terem seus livros em depósito por um período bastante longo, juntamente com algumas concessões econômicas; 5) a união dos principais livreiros italianos para o comércio de livros no exterior (BOLLETTINO DELL’EMIGRAZIONE, 1907, p. 123-124). Uma contribuição útil em termos de doações e vendas a preços favoráveis à Sociedade também veio de algumas editoras para o fornecimento de bibliotecas a bordo de navios a vapor, que foram experimentadas a partir das propostas trazidas ao congresso de Udine por iniciativa dos comitês de Nápoles e de Gênova.
Bibliotecas a bordo para emigrantes analfabetos: durante a expatriação
No relatório do professor Zamboni, o professor oferece um relato preciso da palestra dada em Udine em 1903 sobre o tema específico das pequenas bibliotecas a bordo projetadas para o uso dos emigrantes durante longas travessias, por iniciativa do membro Emanuele Gianturco. Zamboni apresenta a primeira experiência realizada com a criação de quatro pequenas bibliotecas portáteis seguindo acordos com empresas de navegação e solicitações feitas a uma série de editores conselheiros avisados. Soubemos que os livros foram doados pelas editoras Pierro de Nápoles Sandron de Palermo, Laterza de Bari, Vecchi de Trani e por doadores privados, aos quais foram acrescentadas compras nos catálogos editoriais. Cada biblioteca consistia em 250 volumes para a “classe especial de leitores” que eram analfabetos ou tinham apenas os rudimentos da educação. Vale a pena mencionar os vários tipos de livros dessas bibliotecas circulantes, que, juntamente com os silabários e pequenos manuais para primeira leitura, incluíam “livros que com um espírito sincero e confiante de italianidade que anotam e ilustram, de forma popular, fatos de nosso Risorgimento, e biografias de patriotas, homens de letras, artistas, cientistas e trabalhadores” (LE BIBLIOTECHE DI BORDO PER GLI EMIGRANTI, 1906, p. 9); alguns dos tratados populares e práticos sobre as diversas artes e ofícios; livros sobre lugares distantes e sobre os costumes da vida social e política nos países de desembarque; dicionários da língua italiana e alguma gramática popular; atlas e mapas. Entre as publicações que apoiaram a “boa disposição dos emigrantes para recorrer aos livros durante as horas ociosas da travessia” (p. 21) estavam também os guias e vademecums dos emigrantes, promovidos e publicados tanto pelo CGE como pela “Dante”. Nesta específica literatura menor, algo híbrida, entre objetivos de assistência, proteção e educação daqueles que se separaram com um senso de perplexidade em direção a costas estrangeiras desconhecidas, caem por exemplo o Catecismo do Emigrante e os muitos guias para países específicos (D’ALESSIO, 2021b; HELLER, 2017).
É interessante voltar às regras de funcionamento das bibliotecas portáteis, que circulavam nos vaporizadores em movimento. A experiência havia começado com os quatro vapores Sardegna e Liguria da “Navigazione Generale Italiana”, a Duchessa di Genova da “Veloce” e a Viagem do “N.D. Lloyd” de Bremen, com destino aos portos de Buenos Aires e Nova Iorque, partindo do porto de Nápoles. A iniciativa foi bem recebida, pois estas pequenas bibliotecas provaram ser “de utilidade real, assim como uma recreação bem-vinda para os emigrantes durante a travessia” (p. 14).
Com certeza estas pequenas bibliotecas itinerantes respondem às condições especiais do tempo e do ambiente da viagem, oferecendo uma oportunidade para a cultura em horas ociosas e garantindo a possibilidade de leitura e talvez “apegar-se” aos livros e à leitura, para a preservação de elementos da cultura nacional. Basta considerar a duração da travessia, que variou entre 13 e 15 dias, para avaliar as condições favoráveis: daí a possibilidade, especialmente incentivada pela “Dante”, de ter professores emigrados a bordo dos navios a vapor, para instruir e ao mesmo tempo entreter durante a viagem, que também se tornou um itinerário de primeira alfabetização, percebida positivamente pelos expatriados. O relator Zamboni, por causa da significativa oportunidade a ser dada aos professores dos emigrantes, prometeu no Congresso de Udine, de fato, reduzir suas despesas de navegação, considerando a assistência útil e prática que eles trouxeram entre as ondas. Este é, em uma inspeção mais detalhada, o segundo elo nessa circulação do conhecimento através dos livros, para a preservação e promoção da identidade nacional na travessia do Atlântico. Uma primeira forma de proteção que, senão em casa, onde as formas de combater o analfabetismo generalizado haviam se mostrado difíceis, foi favorecida pelo menos em parte durante a longa travessia, graças a livros instrutivos e educativos. O deputado Napoleone Colajanni foi porta-voz dessas necessidades, que havia reiterado em seu discurso no 15º congresso em Nápoles o papel da “Dante” em relação aos emigrantes analfabetos. Ao garantir a proteção deste último, ele declarou que “a luta pela língua e cultura, que a princípio se torna a luta contra o analfabetismo, pode ser travada no país e no exterior” (COLAJANNI, 1904, p. 50).
Os destinatários distantes de pequenas livrarias: nos locais de chegada
Evitando a enumeração dos muitos lugares para onde os livros foram enviados pela Comissão encarregada da difusão dos textos nacionais, Galanti específica em suas contas a amplitude e a variedade, sem exclusão, dos destinatários:
De outro lado, nenhum núcleo notável da emigração italiana além das montanhas e dos mares foi negligenciado por nós dentro dos limites de nossos modestos recursos. Enviamo-los a escolas seculares e denominacionais, a educadores, a vários institutos e professores individuais, a bibliotecas a sociedades caritativas e de ajuda mútua, a clubes populares e educacionais, a universidades populares, a patronatos e secretarias para emigrantes e trabalhadores de ambos os sexos, a comitês Dante, a párocos católicos e pastores protestantes, a instituições judaicas e a lojas maçônicas (GALANTI, 1918, p. 9).
Naturalmente, os envios incluíam muitos livros escolares, em relação ao compromisso assumido com a escola considerada “o meio mais eficaz de divulgação de livros italianos fora do Reino” (GALANTI, 1918, p. 1). Galanti recordou como a escola era, de facto, o meio de propagação da civilização italiana; um lugar de divulgação do uso da língua; um instrumento para expandir não só a influência económica, mas também política e moral do povo italiano. Mas a Comissão também recolheu e distribuiu livros sobre leitura amena, literatura, ciência e até oração, juntamente com livros ‘especiais’ de conselhos e guias e revistas educativas.
Também foram doados livros nacionais a algumas bibliotecas públicas estrangeiras, especialmente na América. Galanti lembra novamente como 127 bibliotecas ‘Dante’ tinham sido confiadas a várias instituições no exterior. Um papel importante neste trabalho de divulgação de livros italianos entre compatriotas no estrangeiro foi desempenhado pelos comités da Sociedade, tanto em Itália (numeraram 235) como fora do Reino (cerca de 90), que enviaram caixas de donativos cheias de livros, panfletos e revistas. Os comitês de Mântua, Bolonha, Gallarate e Varese foram muito activos na distribuição de manuais para emigrantes, e os de Nápoles e Génova, como vimos, na criação de bibliotecas a bordo. A estas juntaram-se outras instituições, como acima mencionado, demonstrando que o trabalho de conformidade entre a Direcção Geral das Escolas no Exterior, a CGE e o ‘Dante Alighieri’ que, segundo Galanti “vale a pena mostrar que a censura que algumas pessoas fazem à Itália por negligenciar em todos os aspectos a protecção e difusão da cultura nacional entre emigrantes e estrangeiros não é inteiramente merecida” (GALANTI, 1918, p. 9).
O Presidente da Comissão sublinhou, contudo, que precisava melhorar a qualidade dos livros para emigrantes, para os quais não os de natureza literária ou popular eram úteis, mas “livros escolares especiais, adequados para cada país de imigração” com referências
primeiro, à história, geografia, glórias, belezas artísticas, produtos naturais, geografia, costumes e tradições da pátria, e segundo, ao país de eleição; livros escolares, ou seja, para as colónias da Ásia, para as da África, América, Europa e talvez para os estados individuais de cada continente (GALANTI, 1918, p. 14).
Para alcançar isso, Galanti exigiu um trabalho poderoso em estreita cooperação entre as editoras, o Estado e a “Dante” à frente, e as instituições italianas de educação e propaganda. Evidentemente contando com o apoio financeiro que, a partir de 1911, havia diminuído a favor da associação. Pouco tempo depois, porém, a atividade da Comissão terminaria, pois estava na fase mais útil de propagação e coordenação na empresa de difusão da cultura italiana através dos livros. Certamente, em seus quinze anos de trabalho, a “Comissão do Livro” havia demonstrado uma capacidade prática de intervenção que, apesar de alguns atrasos e dificuldades financeiras crescentes, havia assegurado a coleta e a circulação transnacional de livros italianos.
A heterogeneidade, sem fechamentos, dos destinatários é reforçada pelos dados relativos aos locais para os quais os textos nacionais foram enviados. A título de exemplo, além do Reino, Europa, África, Egito, Tunísia, Tripolitânia e Ásia, ficamos sabendo que na América do Sul eles foram enviados para São Paulo, Brasil: livros escolares e de leitura receptiva ao comitê da “Dante” em 1903; 15 bibliotecas ao Cônsul Geral em 1906 para serem distribuídas, entre outras, às sociedades caritativas, ao Circolo Italiani Uniti de Campinas, à associação Patria e Italia de São Simão, à União Italiana de Ribeirão Preto; ao Principessa Mafalda Recreational Club de São Paulo; à Società operaia di mutuo soccorso uma biblioteca circulante em 1910; às escolas italianas de Descalvano (São Paulo) em 1907; a alguns professores-agentes de Botucatù, de Amparo, de Cando Rodriguez; ao Colégio Garzone de São Simão livros elementares em 1910; livros premiados para os alunos do curso de língua italiana do Centro Comercial Brasileiro no Rio de Janeiro; a sociedade Italiana de Caridade “Umberto 1” em Porto Alegre uma biblioteca, livros acadêmicos e ‘Giornaletti istruttivi’; livros escolares também à Escola Italiana das Sociedades Unidas em Pelotas (Rio Grande do Sul); em Florianópolis livros escolares através do vice-consul. Há outros livros para a defesa e difusão da língua italiana foram enviados, incluindo bibliotecas, livros escolares e livros de leitura, para a Argentina, Uruguai, Chile e Peru, e as cidades de Melbourne na Austrália e Batavia na ilha de Java, também foram alcançadas. A reconstrução proposta até então torna possível avaliar como o trabalho realizado pela “Comissão do Livro Especial” (embora precisasse aprofundar as muitas dobras ligadas à vida da “Dante”) havia alcançado resultados apreciáveis em suas reflexões “de natureza moral e patriótica”, tanto que seu presidente, há tanto tempo em funções, expressou: “Pode-se dizer com razão que esta difusão de livros italianos nos centros da população italiana fora do reino é, entre as iniciativas pela Dante Alighieri, uma das que mais efetiva e praticamente cumprem seus nobres objetivos” (GALANTI, 1911, p. 26).
A abolição da “Comissão de Livros”: novas estratégias culturais e políticas na propaganda dos livros italianos
Embora tivesse desempenhado suas funções durante os anos de guerra, durante os quais enviou principalmente livros para hospitais e soldados nas trincheiras (gastando mais de 50.000 liras), a comissão foi abolida em 1917, devolvendo sua atividade às funções do Conselho Central. Sem dúvida, os debates e os descontentamentos sobre a organização e o funcionamento das escolas italianas no exterior, com posições mesmo divergentes sobre se apenas as escolas subsidiadas deveriam ser financiadas, com escolhas orientadas para as confessionais ou seculares, assim como sobre a provisão de financiamento pelas colônias, influenciaram esta transição. Por outro lado, alguns grupos da opinião pública italiana reclamaram do excesso de gastos em favor das escolas italiano fora do país. Os acontecimentos dos anos seguintes assistiram ao declínio do período liberal e ao surgimento de uma nova atmosfera política e cultural na qual a propaganda do livro assumiria novos contornos, não só pela escassez dos meios colocados à disposição da ‘Dante’, mas ainda mais por causa das mudanças de direção destinadas a não invadir o campo da função estatal, na escolha de livros didáticos para as escolas.
Na experiência, portanto, que foi retratada da comissão especial dentro da “Dante” ao longo dos quinze anos do início do século XX, visando a defesa da cultura, da língua e da identidade nacional através dos livros, podem ser apreendidas as reflexões das principais mudanças políticas, educacionais e culturais no contexto italiano mais amplo, tornando-o um observatório interessante. Prospectando, portanto, uma retomada das vias de consulta aqui indicadas, será mais bem elaborada a complexa dinâmica cultural através da qual a “Dante” perseguiu seus objetivos de forma ativa e complementar ao Estado, dentro do alcance da significativa presença do associacionismo privado no início do século XX liberal. Vale a pena, além disso, focalizar ainda mais nosso olhar nas diferentes posições dentro da organização e nas escolhas da Sociedade em que estamos interessados. A lente de leitura, de fato, poderá destacar melhor as linhas divergentes de intervenção promovidas, nas diversas conjunturas temporais, pelas diversas correntes internas e examinar em maior profundidade a complexidade daquela “relação dialética, nunca em posição anti-institucional” entre o Dante e o Estado (GALANTI, 1918, p. 14) no que diz respeito às políticas de organização das escolas no exterior e à defesa enérgica do italianismo nas fronteiras fora do Reino, que depois se repercutiu nas mudanças das estratégias desenvolvidas para a difusão dos livros.
Em 1926, pouco antes de uma década após o fim da experiencia da “comissão do livro”, Fracassetti, que havia tomado o lugar de Galanti como conselheiro delegado à propaganda do livro, afirmaria que a função cultural e social do livro seria dirigida “com intransigência patriótica” não apenas à defesa, mas a uma “batalha boa e orgulhosa” conduzida com “fé industriosa nos grandes destinos da Itália” (FRACASSETTI, 1926). A difusão da língua italiana através do livro nacional, como um “instrumento de expansão cultural”, já estaria cada vez mais subordinada à “conquista de posições políticas”: o fascismo estava a caminho de assumir sua nova facilidade autoritária e cada vez mais antiliberal (FRACASSETTI, 1926), na escola e na política do livro e fora do reino.
REFERÊNCIAS
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Recebido: 28 de Outubro de 2022; Aceito: 12 de Fevereiro de 2023