Lemos com muito interesse o artigo de Souza et al.1) sobre programas de pesquisa para graduandos. A disciplina de Iniciação Científica (IC) já é oferecida na nossa universidade desde 19952, porém neste ano passou a ser obrigatória em todos os semestres.
E nos deparamos com dúvidas frequentes entre os discentes relacionadas ao desconhecimento do significado de siglas, abreviaturas e acrônimos empregados na pesquisa científica, e, a partir dessa constatação, iniciamos o estudo desses itens usados em pesquisas e publicação de artigos, livros, capítulos de livros, e de alguns termos em língua inglesa. Com certeza, há nomes e siglas que são de fácil entendimento, como Google Scholar, Google Livros e PubMed. Outras são de uso comum no nosso meio acadêmico, como ABNT, Capes, CNPq, DOI e Qualis. Contudo, existem algumas que não são devidamente compreendidas, como LILACS, MEDLINE, SciELO e SCOPUS, o que pode levar à confusão, e outras, compostas de uma miscelânea de letras, muitas vezes surpreendem o discente, como: BDTD, BIREME, BVS, CEP, COCHRANE, CONSORT, COPE, CROSREEF, GATER, EMBASE, EQUATOR, ICJME, ISI, SIS, JCR, ISSN, ISBN, OPAS/OMS, OPEN ACESS, PRISMA, SPIRIT-AI, STARD, STROBE, STREGA, TCLE, TREND, entre outras. Nessa mesma situação, estão expressões da língua inglesa, como Web of Sciences, peer review, pre print e predatory journals. Para abordarmos esses temas e facilitarmos a compreensão e utilização dessas abreviaturas, realizamos aulas presenciais e práticas ao longo do semestre.
Sabemos que, na prática científica, sempre existirão abreviaturas, acrônimos e siglas, como também termos técnicos específicos em publicações, e que muitas vezes são mencionados rapidamente pelos professores nas aulas de IC, porém os discentes têm somente conhecimento limitado sobre eles.
É imprescindível demonstrar conhecimento apropriado de métodos de pesquisa, incluindo abordagens qualitativas e quantitativas na investigação científica, pois o discente deve ter conteúdos suficientes que o capacitem para realizar uma análise crítica das formas de pesquisa e chegar à conclusão final, independentemente do que os autores apresentarem. Sejam resultados de um estudo científico, publicados em artigos ou apresentados em congressos, as conclusões do discente leitor ou participante de um evento devem ser também ser críticas, além das que os autores apresentam.
No seu trabalho, Fendos et al.3 concluem que os estudantes de Medicina que desenvolvem programas de treinamento em pesquisa esperam que seus orientadores os apoiem de forma significativa, pois somente dessa forma o programa de pesquisa poderia aumentar seus resultados.
Também concordamos com Cuschieri4, que relata que muitos fatores contribuem para uma atitude negativa, compartilhada por muitos estudantes de Medicina em relação à realização de pesquisas. E acreditamos que um dos fatores principais na dificuldade de desenvolver projetos está relacionado às etapas da pesquisa, o que inclui o desconhecimento sobre a assustadora quantidade de abreviações, acrônimos e siglas utilizados no início desse processo. Por isso, passamos a ministrar esses conteúdos em aulas de IC que visam o ensino de temas de relevância em pesquisa, que com toda certeza serão úteis na graduação e vida profissional.
Souza et al.1, no seu estudo com revisão sistemática, mencionam que o discente deve possuir maior familiarização com determinado assunto e desenvolver competências para criticar projetos de pesquisa, o que envolve também conhecer os significados de abreviaturas, acrônimos e siglas, de modo a compreender os conteúdos de IC, melhorar o processo da pesquisa e incentivar a publicação, inclusive em outras disciplinas.