Introdução

Na Universidade, a pesquisa é um dos temas mais discutidos entre professores e estudantes, sendo de responsabilidade do professor universitário favorecer sua efetividade. A importância da pesquisa fomenta a perspectiva de formar um professor pesquisador no contexto universitário e concernente mudança de prática docente no exercício de sua profissão.

A docência universitária no âmbito da pesquisa nos remete a um compromisso social, o qual se refere a uma responsabilidade com as investigações e formação de qualidade aos estudantes na garantia de melhores aspectos metodológicos para o exercício profissional. Contudo, a docência universitária perde seu espaço para a pesquisa, tendo em vista que, no exercício da profissão, deixa a desejar, abrindo espaços significativos para “o fazer pesquisa”, destacando a produtividade científica.

Nos Programas de Pós-graduação, dá-se o lugar para a pesquisa científica, pela qual, o estudante adquire experiências para ensinar aprendendo por meio dela. Entende-se que um professor é um bom pesquisador, que se destaca no exercício de sua profissão. Nesse sentido, a pesquisa universitária possibilita ao professor e ao estudante benefícios que contribuem na construção do conhecimento, que modifica a forma de pensar e agir no fazer docente, de forma que contribuirá nos aspectos metodológicos e inovação de práticas pedagógicas.

Ensinar e fazer pesquisa nos permitem o compartilhamento de conhecimentos mútuos que foram e são produzidos por pesquisadores, que nos remetem a uma orientação para o acesso e discussões sobre novos conhecimentos. Dessa forma, a pesquisa e o “fazer docente” propõem ao professor e ao estudante construir seus próprios conhecimentos.

A necessidade de ampliar os conhecimentos e compreender as competências de um professor, enquanto atua como pesquisador, surgiu a partir de discussões do curso atuação e competências do professor universitário da disciplina Metodologia do Ensino Superior com Tecnologia da Informação e Comunicação - TIC de um curso de Pós-graduação em Educação (Mestrado e Doutorado). As leituras procedentes de discussões realizadas no referido curso instigaram-nos a rever nossa prática como professores e, por exigência da disciplina, assumirmos o papel de formadores nesta temática, quando nos foi dada como tarefa a construção de um curso online para professores universitários acerca da atuação e das competências para a pesquisa na Universidade.

O objetivo geral desse artigo é identificar as competências do professor universitário e a importância da pesquisa para a formação docente. Os objetivos específicos são: destacar a importância da pesquisa na formação docente do professor universitário; identificar as competências que ele deve desenvolver para o exercício da profissão docente; desenvolver, um curso sobre a atuação e competências do referido profissional.

Este artigo relata o desenvolvimento do Curso “Atuação e Competências de um Professor Universitário”, o qual destaca novas formas da utilização do saber que potencializa mudança de práticas e competências pedagógicas no fundamento da formação docente para o exercício da profissão. Expõe a docência na Universidade e a sua atuação no campo da pesquisa, na qual, discute a docência universitária, com ênfase na pesquisa, e a necessidade de se estudar um professor pesquisador em suas ações docentes. Apresenta a contribuição da pesquisa e do ensino no universo acadêmico. Descreve a experiência de criação do Curso “Atuação e Competências de um Professor Universitário” e as reflexões sobre a formação docente e o professor como ser pesquisador em sua prática pedagógica, por fim, conclui-se que a pesquisa é de suma importância na formação docente e destaca o reflexo da identidade de ser professor na Universidade.

Formação docente: teoria e prática

A formação do professor no século XXI não diverge, totalmente, daquelas que foram propostas em séculos passados. Essa formação não precisa ser contingente àquela de séculos passados e/ou futuros, mas é preciso fornecer orientações aos professores para um limiar de um futuro promissor que o contexto escolar espera de um professor e formador. A Universidade é um lugar de convívio do professor que mobiliza a construção do conhecimento para o desenvolvimento de competências para atuar em uma sociedade diferente, hermética e tecnológica (^{PERRENOUD, 2002}).

Para que o professor atue nessa sociedade é preciso um repensar sobre a formação docente e de que maneira está acontecendo tal formação, organizar um currículo que desperte a autonomia, o gosto pela cultura e o desafio das buscas de “certezas” que provém da intelectualidade. O repensar sobre a formação docente requer a disponibilidade do professor para mudanças de práticas pedagógicas, em sala de aula.

^{Perrenoud, (2002}) destaca dez critérios básicos para a formação docente:

Transposição didática baseada na análise das práticas e das suas transformações ̶ reconhecer que a formação do professor depende das observações empíricas que são baseados em uma visão prescritiva da profissão sobre a realidade, diversidades e ambientes atuais. É preciso que a prática evolua de acordo com a formação do professor para que não fracassem na pedagogia pregada de formas diferenciadas e que a visão prescritiva na formação se limite ao trabalho real e se efetive em condições possíveis ao trabalho docente;

Referencial de competências que identifique os saberes e as capacidades necessários para “o fazer aprender” a partir de um trabalho real que esteja ligado diretamente à prática- ao identificar ascompetências é preciso escolher, estrategicamente, de acordo com os recursos das práticas profissionais o que deve ser construído na formação inicial do docente reflexivo;

Plano de formação organizado em torno das competências - estabelecer critérios e resgatar programas que tenham como finalidade a formação inicial e que potencializem saberes para ocupar espaços em currículos que viabilizem o saber didático, pedagógico e sociológico no contexto escolar por meio da prática pedagógica;

Aprendizagem por problemas, um procedimento clínico - a formação inicial do professor deve ser pautada em currículos para resolução de problemas nos quais a teoria se relacione com a prática e, com isso, partir de um pressuposto para lidar com situações / problemas, em que o estudante sinta-se confortável em sala de aula e que o processo de aprendizagem seja dinâmico e eficaz;

Verdadeira articulação entre a teoria e a prática - a formação inicial deve acontecer de forma ativa para uma articulação entre teoria e prática, na qual viabilize uma formação reflexiva, crítica e criadora;

Organização modular e diferenciada - a organização da formação inicial docente depende de vantagens e aquisições flexíveis de módulos que possibilitem competências de forma coerente e não acumulação de unidades para formação;

Avaliação formativa baseada na análise do trabalho - fundamentada na percepção de uma avaliação formativa, na qual a aprendizagem e a realimentação sejam importantes e que possibilitem uma desenvoltura em suas próprias competências em matéria de observação e de análise do trabalho e das situações.

Tempos e dispositivos de interação e de mobilização das aquisições - a formação do professor deverá ser pautada em planos de formação, tempos e dispositivos que viabilizassem, especificamente, a integração e mobilização das aquisições;

Parceria negociada com os profissionais - pretende-se construir uma forte transposição didática próxima à prática e criar uma forte parceria com instituições de formação de professores, levando em consideração o sistema educacional e estabelecimentos escolares para acolher os estagiários;

Divisão dos saberes favorável à mobilização no trabalho - a formação inicial dos professores deve contrapor ao curso de formação, no qual deve oferecer subsídios aos estudantes, unidades de formação centradas em enfoques coerentes e relativamente estáveis.

^{Tardif e Lahaye (1991}) destacam que o professor sempre está em fase de mudança, devido às novas formas da utilização do saber, no qual, potencializa mudança de práticas e competências para o fundamento da formação e atuação do professor no contexto escolar. O saber docente é definido como um saber plural, que constitui uma visão argumentativa e social, que viabiliza uma relação interativa entre o conhecimento e a sociedade.

O professor precisa de uma postura frente às novas atividades do aprender profissional que o habilite como pesquisador. Para atender a essa exigência é necessário considerar os desafios em saber lidar com o conhecimento que, na sociedade contemporânea, é considerado como transitório. Nesse contexto, ser professor universitário demanda: capacidade de autoaprendizagem; habilidade para tomar decisões; competência para avaliar domínios de escritas e aspectos cognitivos do estudante; autocontrole no processo de formação inicial para lidar com transições e polivalência cognitiva para uma constante atualização.

Docência na universidade e a sua atuação no campo da pesquisa

A docência universitária com ênfase na pesquisa vem sendo discutida por ^{Ramos (2010}), ^{Pimenta (2009}) que se preocupam em tornar o professor, na sua formação, um pesquisador. A preocupação desses autores remete-se à necessidade de se estudar um professor pesquisador, com o objetivo de formar profissionais da educação em pesquisadores em suas ações docentes.

^{Ramos (2010}) destaca que, durante séculos, a universidade foi convocada a redefinir o estatuto de produção e o de difusão de conhecimentos, em que a docência é o ponto-chave a ficar na linha de frente nesta missão. A universidade visa manter a pesquisa de forma condensada para ampliar horizontes no encadeamento científico, uma vez que, ela se materializa na metodologia investigativa e exploratória para fundamentar-se na objetividade dos fenômenos a serem estudados de formas indispensáveis.

^{Ramos (2010}) assegura que o professor pesquisador permeia a indissociabilidade no processo de construção do conhecimento, no qual sua reconfiguração permita uma assunção de incerteza e supere os fenômenos de tarefas não compreendidas e integrando-o a sua prática pedagógica. Contudo, ^{Gatti (2002}, p. 9-10) destaca que “a pesquisa é o ato pelo qual procuramos obter conhecimento sobre alguma coisa”, assim, a contribuição da pesquisa para o professor é trivial na consideração de tributos advindos da complexidade do fenômeno o qual se torna um estudo cultural para uma compreensão da realidade social.

^{Pimenta (2009}) destaca que o professor do ensino superior precisa considerar a identidade na qual assegura o exercício profissional do que é ser professor, e as condições do exercício profissional. De acordo com Benedito (1995) apud ^{Pimenta (2009}, p. 35) “(...) o professor universitário aprende a sê-lo mediante um processo de socialização em parte intuitiva, autodidata ou (...) seguindo a rotina dos outros”. Essa declaração nos leva a entender que o déficit da formação de profissionais para um professor de ensino superior predomina na inexistência de experiências como estudante universitário.

A deficiência na formação do professor na universidade reflete no exercício do futuro profissional, uma vez que, possibilita a ineficiência do profissionalismo nos cursos de licenciaturas. ^{Vasconcellos e Oliveira (2011}, p. 224) afirmam que “a qualidade da docência, é um fator importante que, com frequência, tem sido ignorado pela universidade”. Destarte, a qualidade da docência não tem sido um fator primordial na universidade, tendo em vista que, a produtividade é medida quanto à qualidade de ensino e não quanto à postura do professor em relação a sua metodologia e didática para formar o futuro professor.

^{Chauí (1999}, p.2) destaca que a “docência não entra na medida da produtividade e, portanto, não faz parte da qualidade universitária”. A qualidade do professor é um dos desafios a serem superados na universidade, visto que o ensinar não é a sua prioridade e sim a produtividade científica. Esta vem se fortificando na universidade e servindo como medida para avaliação da qualidade do curso e dando ênfase ao professor, que produz um título de destaque.

Destacamos os Programas de Pós-Graduação como campo de formação para o futuro professor pesquisador que, ao entrar na Universidade, seu objetivo seja formar pesquisadores científicos e, consequentemente, aumentar a produtividade e dar oportunidade para a melhoria da qualidade do curso, enquanto a formação centrada no ensino deixa a desejar. ^{Bolzan e Isaia (2010}, p. 23) destacam que a “formação não é somente prática nem teoria, mas consiste também nos discursos assumidos e nas relações estabelecidas identificadas pelos jeitos de ser e fazer-se docente”. O professor pesquisador deve priorizar o ensino e a pesquisa, pois, ao pesquisar, busca o preenchimento de necessidades e brechas em meio às reflexões, em busca de possíveis soluções. Ao ensinar, o professor mostra o aprimoramento de sua didática baseado em teóricos para que “o fazer docente” seja de qualidade e com resultados positivos numa relação social entre as articulações de ensino e pesquisa.

^{Shigunov Neto e Maciel (2009}, p. 5) destacam elementos que são fundamentais no âmbito da pesquisa: “a criatividade, a inovação, a elaboração própria, o questionamento da realidade, a criação, a descoberta”. A pesquisa científica possibilita ao professor universitário construir seu próprio conhecimento de maneira pessoal e coletiva, tendo em vista, que o adquirido favorece o coletivo de forma que a capacidade do professor pesquisador é fundamental em captar e compreender a realidade de forma eficaz e positiva. A construção da identidade da docência, no ensino superior, corresponde a ser pesquisador,

^{Ludke e Cruz (2005}, p. 12) defendem que “a pesquisa continua a ser a moeda mais valiosa na contabilidade da carreira do professor universitário”, levando em consideração situações problemáticas que potencializem o envolvimento do professor com a investigação para solucionar problemas satisfatórios. Para tal, é necessário que o professor reveja sua prática e conduza sua autoavaliação a fim de compreender situações-problemas existentes no dia a dia no contexto escolar. As autoras ainda afirmam: “a pesquisa efetuada na universidade beneficia-se dos recursos e da preparação dos futuros pesquisadores, que exercem essa atividade como própria de seus status e de suas atribuições” (^{LUDKE E CRUZ 2005}, P. 12). Contudo, a falta da pesquisa na universidade evidencia profissionais a reconhecerem a ausência de produtivismo em sua prática ao levar à sociedade um profissional habilitado que perceba os problemas que afligem a profissão docente no nível superior.

A prática social do professor remete-se às concepções de ensino e a prática social do professor pesquisador emerge em contextos históricos, pois o aproxima de situações-problemas postos pela sociedade que potencializam a exigência do domínio de ensino. Há poucos professores com experiência sistêmica de pesquisa, apesar de considerarmos que existem formações continuadas, em nível de pós-graduação, que objetivam a prática sistemática da pesquisa, favorecendo que o professor possa avançar de acordo com suas perspectivas pessoais, atendendo ou não, às demandas institucionais de exigências do mercado de trabalho (^{PIMENTA, 2009}).

Contribuição da Pesquisa e Ensino no Universo Acadêmico

O homem é um pesquisador por natureza. A história do desenvolvimento humano é marcada pela relação do homem com os objetos e pela busca de respostas sobre estes objetos, bem como, pelas possibilidades de transformação dele, mediante a ação humana. São as possíveis respostas dadas e o uso dos resultados das investigações que marcam a evolução da humanidade. O desenvolvimento humano está atrelado ao registro desta busca de saber sobre o objeto. A escrita é a ferramenta que possibilita o registro e, com isso, a expansão das investigações humanas. Não haveria nenhuma evolução, em nenhum ramo de pesquisa, sem o registro dos procedimentos que nortearam os experimentos e seus resultados. Logo, não haveria evolução da espécie sem pesquisa, sem o desejo de saber sobre os objetos (^{GERHARDT; SILVEIRA, 2009}).

As indagações sobre os objetos e o uso dos resultados dessas indagações, como conduta, exclusivamente humana, está presente no dia a dia das pessoas, do saber do considerado comum ou do “não científico”. Não é preciso estar numa Universidade para poder investigar algo, mas a todo instante pode-se fazer isso, especificamente, com advento das TIC. O saber que é investigado, a partir de metodologias controladas ou científicas, é trazido para fora dos muros dos centros de pesquisas e é difundido irrestritamente. Logo, este saber científico, sendo difundido em envolvimentos não científicos, passa a influenciar, diretamente, em condutas e no modo de viver de pessoas que estão distantes do meio de produção da Ciência.

Consideramos como saber científico o que resulta de um estudo realizado, a partir de métodos controlados e/ou orientados, por uma teoria que o fundamenta e tem começo, meio e fim. Esse é o saber que as universidades promovem e difundem para a sociedade acadêmica e, simultaneamente, é o mesmo que baliza o modo de viver de toda a sociedade.

É como detentora de manuais e de modelos de investigação que a universidade se propõe como instituição que autoriza e normatiza o saber científico. Contemporaneamente, a produção de pesquisas na universidade tem relação com seu entorno, ou seja, com a comunidade que está além dos muros da mesma, pois atende aos apelos sociais em seu fazer e, ao mesmo tempo, é obrigada a ter plasticidade em seus métodos e seus interesses de investigação científica (^{RAMOS, 2010}).

Ao longo de sua história, a Universidade apresentou múltiplos modelos de investigação e comprovou com sua dinamicidade, que não existe, sobre um objeto, apenas uma forma de saber e/ou somente uma perspectiva demarcando este saber. A pesquisa na universidade, no século XXI, é realizada mediante uma multiplicidade de olhares, pois deve atender a diversos arcabouços teóricos; o que justifica que o estudante ou professor iniciante na produção de pesquisa acadêmica apresente uma série de dificuldades em operacionalizá-la.

Destacamos a pesquisa como uma das mais importantes atribuições do professor universitário, pois, por intermédio dela se garante: a ampliação do saber acadêmico, o desenvolvimento e o atendimento a demanda social da universidade e o favorecimento do próprio crescimento do professor na Academia (^{SOARES, 2018}).

As graduações, licenciaturas e as pós-graduações não são apontadas como suficientes para a formação do professor universitário na função de produtores e orientadores de pesquisa. Fazer pesquisa, ainda, é um desafio para muitos professores. São apontadas dificuldades estruturais, financeiras, fragilidades teóricas, sobrecarga com outras atribuições docentes e uma série de outros cenários (^{NERVO; FERREIRA, 2015}).

A excelência na atuação da docência como professor pesquisador está na capacidade de ensinar utilizando pesquisa e estabelecer no estudante o desejo de aprender produzindo pesquisa (^{SOARES, 2018}). A pesquisa científica é considerada um fator primordial no fazer docente, no qual a mudança de prática pedagógica é relacionada com os instrumentos de reflexão, reflexão esta que promove uma melhoria no processo de aprendizagem de maneira eficaz e proativa ^{Shigunov Neto e Maciel. (2009}, p. 17) destacam a importância da pesquisa para a melhoria na prática pedagógica dos professores universitários, possibilitando:

Inserir a pesquisa na prática pedagógica possibilita estimular o estudante a criar seu conhecimento e a despertar para o desconhecido, em que a busca por respostas leva-o a compreensão e reformulação de seus conceitos nas quais, sobretudo, o professor necessita instigar e colocar o instrumento de pesquisa à disposição dos estudantes para atender as suas necessidades no exercício de sua profissão.

^{Demo (2001}, p. 2) destaca que: “ensinar pela pesquisa tem como condição essencial primeira que o profissional da educação seja pesquisador (...). Não se busca um profissional de pesquisa, mas um profissional da educação pela pesquisa”. A pesquisa como instrumento no universo acadêmico deve ser explorada e estar presente no planejamento do professor e estudante, no qual visam a explorar a realidade em que vivem, e também aos resultados refletindo em discussões, sala de aula, fórum de aprendizagem, palestras, visando uma prática dinâmica e uma aprendizagem com resultados positivos.

A relação da pesquisa com o ensino possibilita um compartilhamento de conhecimentos adquiridos por novas explorações de informações que vão surgindo. No viés da pesquisa científica o conhecimento explorado assume a eficiência de uma fundamentação epistemológica de forma que a garantia ao estudante domine seu próprio conhecimento, a fim de possibilitar a futuros debates e futuras reflexões na sociedade; contudo, faz-se necessária uma mudança no meio educacional nas universidades.

Formação continuada “online”: competências e habilidades de um professor pesquisador universitário

Levando-se em consideração as reflexões sobre a formação docente e o professor ser pesquisador em sua prática pedagógica suscitado neste artigo, relataremos a experiência de construção do “Curso Atuação e Competências do Professor Universitário”, que se tornou possível a partir das discussões e debates ocorridos na disciplina Metodologia do Ensino Superior com TIC, do Programa de Pós-graduação em Educação da UFAL.

Fundamentamos a construção do Curso em ^{Pimenta (2009}) ^{Masetto (1998}) e ^{Ramos (2010}) por estudarem fatores intrínsecos à formação inicial docente, para os professores como pesquisador no universo acadêmico superior e destacando a pesquisa como uma das competências e habilidades exigidas no Campus Universitário.

No texto de ^{Pimenta (2009}) aparece oreflexo da identidade do ser professor e a sistematização de elementos constituintes para um curso de formação inicial de professor, a partir da construção da identidade da docência na universidade. Ao mesmo tempo, ele aborda aspectos relacionados em à “Docência na universidade: ensino e pesquisa” em que destaca a importância da construção da identidade profissional, refletindo o ensino e a pesquisa na prática docente e nos componentes que são configurados na atividade de pesquisar e ensinar. Reforça, também, a ideia de que, para sustentar a pesquisa em sala de aula, fazem-se necessários posicionamento de flexibilidade e coragem e o confronto entre ações pessoais e profissionais. Dessa forma, a ação profissional possui características relevantes que levam o estudante a caminhos que tem a ver com o reflexo da prática da pesquisa profissional visando o repassar do conhecimento a estudantes que ocupam a sala de aula na universidade.

^{Pimenta (2009}) destaca dois benefícios aos professores do ensino superior em formação, dos quais, os mais significativos são:

Benefícios aos pós-graduandos como futuros docentes imediatos ao sistema de ensino na graduação ̶esse benefício revela o compromisso do futuro professor e sua prática na universidade, que possibilita habilidades, competências e reflexões sobre diferentes modos de execução e prática no contexto universitário.

Benefícios aos programas de pós-graduação e às atividades com os estudantes e disciplinas de graduação ̶a ampliação do conhecimento possibilita aos professores oportunidades para repensar suas experiências em sala de aula.

O desenvolvimento da identidade docente, para ^{Pimenta (2009}, p. 50) não é algo “imutável, mas é um processo de crescimento profissional”, sendo esta identidade do professor, meramente, constante no que se refere à formação profissional, a partir dos desenvolvimentos das culturas tradicionais e momentos históricos que adquirem nas legalidades impostas pelas sociedades e pelo poder legal que permanecem com práticas altamente burocráticas.

^{Masetto (1998}) destaca o surgimento do ensino superior no Brasil e nos leva a refletir a formação inicial dos profissionais sob a óptica da totalidade, apresentando as competências que são exigidas ao professor e listando os desafios impostos pela atividade docente na universidade. Expõem questionamentos acerca do professor de ensino superior quando este é identificado como o professor experiente e avaliado, e como aquele que tem o dom de ensinar. Reitera que o professor universitário é identificado, muitas vezes, como àquele profissional que consegue apresentar bom desempenho quando ministra aulas expositivas ou profere palestras sobre um conhecimento específico e, ainda, consegue provar na prática como aplica seu saber especializado.

A preocupação das universidades com a formação docente é contemporânea. As Instituições de Ensino Superior - IES, no século XXI, conscientizaram-se acerca da necessidade de formações que garantam o desenvolvimento de competências específicas que a prática docente exige. A ideia de que basta ter diplomas de licenciatura ou bacharel, mestre ou doutor para ser um bom professor é considerada obsoleta e/ou ingênua, bem como há, no panorama atual das universidades, uma preocupação com a formação do estudante em cursos superiores, primando-se por uma organização curricular que imponha uma transmissão de conhecimentos, possibilite experiências profissionais, favoreça a integração do estudante e aperfeiçoe a formação dos futuros profissionais (^{MASETTO, 1998}).

Os cursos do ensino superior sofrem algumas represálias no que se refere à formação de profissionais, seja pelo histórico inicial, aqui já comentado, ou pelo difícil papel de formar diferentes profissionais, nas mais diversas áreas do conhecimento, para atender a amplas demandas sociais. Este panorama dinâmico exige adequações de todo o sistema de ensino superior atribuições e competências específicas do professor universitário.

^{Masetto (1998}) destaca as competências que a docência universitária exige de seus candidatos a professor do ensino superior:

A docência em nível de ensino superior exige do profissional competência em uma determinada área de conhecimento - essa competência exige domínios básicos de conhecimentos em uma determinada área, bem como a experiência do campo de ensino e o domínio que se adquire por anos de exercícios profissionais. Exige do profissional que sua prática seja atualizada e que esteja em constante formação continuada e atento a oportunidades de aperfeiçoamento. Demanda, também, que ele domine uma área de conhecimento para pesquisae que organize reflexões críticas sobre temas teóricos que possibilitem levar seus questionamentos à prática, transformando-os em pesquisas científicas e enriquecendo o domínio do conhecimento.

A docência no nível superior exige do professor domínio na área pedagógica ̶ muitas vezes, osprofessores universitários desconhecem a importância do domínio da prática pedagógica e não se implicam quando se mostram impotentes diante de algumas situações vividas em sala de aula diante de um grupo de estudantes. O domínio da prática pedagógica é compatível com uma postura linear do professor no processo de aprendizagem dos estudantes. Nesta perspectiva de ^{Masetto (1998}), esse domínio está relacionado a quatro condições: ao conceito de processo de ensino-aprendizagem do professor;àcapacidade do professor de compreender sua participação na concepção e gestão do currículo;à compreensão da relação professor-estudante e estudante-estudante no processo e à teoria e prática básicas da metodologia educacional.

Concepção semelhante, também, é encontrada em ^{Ramos (2010}) que explana uma contextualização sobre a redefinição da universidade no âmbito do ensino superior por meio de questionamentos e o delineamento da reconceitualização da prática docente, destacando a importância do processo de aprendizagem do estudante.

^{Ramos (2010}) retrata concepções de alguns teóricos e possibilita o entendimento da reconceitualização da universidade em relação à prática docente, o qual privilegia a transmissão do saber e o processo de construção do conhecimento a partir da investigação. Destacamos que a universidade, desde o fim da Idade Média, assume a responsabilidade de diferençar o ensino da prática investigativa, uma vez que o saber é discutido fora do espaço institucional, que viabiliza uma comunicação entre culturas e o mundo do trabalho.

Partindo dos conceitos até aqui apresentados, foi planejado o Curso “online”: Atuação e Competências do Professor Universitário. O Curso tem caráter acadêmico e pode ser utilizado como modelo de formação continuada. O módulo abaixo enfatiza a pesquisa como habilidade do professor universitário. Este curso foi planejado para ser desenvolvido com carga horária de 40 horas e de forma, exclusivamente, “online”.

Fonte: Dados dos autores (2019)

Figura 1 Abertura do módulo 

O curso “Atuação e Competências do Professor Universitário” pode proporcionar ao professor universitário uma orientação sobre a pesquisa na universidade, uma vez que sua atuação na Academia favorece a pesquisa e o seu desempenho como professor pesquisador e orientador.

Desenvolvimento de habilidades para a pesquisa na universidade: proposta de um curso de formação “online”

Nessa seção descreveremos o planejamento do curso de formação de professores com ênfase no desenvolvimento das habilidades para o desenvolvimento e o acompanhamento de pesquisas na universidade. Esse Curso foi realizado em formato online, tendo como recurso o ambiente virtual de aprendizagem (AVA)Moodle.

A ementa do curso envolve: pesquisa acadêmica como campo de atuação e competência do professor universitário; método científico e questões éticas na pesquisa; métodos de pesquisa e possibilidades de registro das investigações científicas e das múltiplas possibilidades do desenvolvimento de atividades acadêmicas envolvendo pesquisa no dia a dia do professor universitário.

O curso tem por objetivo favorecer o desempenho do professor universitário como pesquisador e orientador de pesquisas; explanar os fundamentos teóricos que norteiam a atuação do professor como pesquisador na universidade; apresentar o panorama nacional da pesquisa na universidade e apontar as formas de inserção do professor neste cenário.

Os conteúdos a serem trabalhados são: o cenário da pesquisa nas graduações e pós-graduação no Brasil; o professor e a pesquisa na universidade; os desafios de ser professor pesquisador.

A metodologia utilizada envolve as seguintes práticas didáticas pedagógicas:

a) discussão da relação da docência no contexto da pesquisa e sua influência no processo de ensino e aprendizagem, com base na leitura do texto: contradições na pesquisa e pós-graduação no Brasil (^{SOARES, 2018});

b) construção de mapa conceitual e um texto resumido no qual deve ser explanado o contato de cada estudante com a pesquisa na universidade;

c) disponibilidade de um vídeo da experiência de uma professora que apresenta sua vivência com pesquisa numa universidade. O vídeo foi realizado mediante roteiro prévio de perguntas que tinham como proposta esboçar a importância da pesquisa, apresentar as dificuldades em realizá-las, o fazer pesquisa no dia a dia da universidade e o trabalho com os estudantes na produção da pesquisa. Foi sugerida uma síntese descritiva dos pontos mais importantes expostos na entrevista disponibilizada.

d) realização do fórum de discussão no AVA Moodle sobre metodologias de pesquisa e as possibilidades de aplicação de cada uma, destacando as etapas de uma pesquisa;

e) elaboração de um plano de intenção de pesquisa orientado pelo moderador no AVA Moodle.

O curso é encerrado com mais um fórum com apresentação das orientações gerais acerca do projeto de pesquisa, considerando as possibilidades de ampliação dos planos de intenção. Na avaliação do Curso serão consideradas a observação e participação das atividades (fórum e tarefas) e apresentação do plano de intenção de pesquisa ou projeto de pesquisa.

A avaliação é contínua no desenvolvimento do exercício da profissão, tendo seu caráter diagnóstico e formativo, na disseminação de conhecimentos para uma melhoria da prática pedagógica, considerando a participação individual e coletiva dos estudantes nas atividades propostas.

Considerações finais

Pelos estudos apresentados, percebemos que a pesquisa é de fundamental importância para a formação docente. Analisamos literaturas e verificamos que o processo de pesquisa exige uma preparação, por parte do professor, para a formação inicial de um profissional e para própria prática pedagógica. Contudo, este artigo trouxe algumas competências em que o professor precisa desenvolver durante sua prática em sala de aula.

^{Demo (2001}) relata que a pesquisa no ensino é de suma importância, e sua ausência deteriora este e isola o espaço de produção científica. A pesquisa na formação docente induz uma progressão positiva na prática pedagógica e promove uma formação reflexiva sob a óptica no processo de construção do conhecimento. Os professores em sua prática pedagógica devem tomar ciência de que o ensino e a pesquisa são elos ligados à produção do conhecimento, que precisa ser aperfeiçoado a cada dia.

O exercício da pesquisa beneficia o desenvolvimento pessoal e profissional do professor, já que, a pesquisa na universidade potencializa um pensar compartilhado, possibilita uma autocrítica e reconstrói a teoria existente. O professor pesquisador torna-se sujeito da própria história e contribui de forma eficaz a novas oportunidades para exercer a profissão por intermédio de experiências, coletividades e posicionamentos no exercício de sua profissão (^{PIMENTA, 2009}).

A pesquisa na formação docente potencializa inovação e efetivação da docência por meio de inovações na prática pedagógica, que permite o despertar no estudante, a criticidade e a reflexão de tornar-se um profissional pesquisador.