Introdução
A importância dos vegetais e a cegueira botânica
Desde o surgimento da espécie humana, tanto os vegetais quanto o estudo e conhecimento destes foram importantes para o Homem de várias formas, recebendo diferentes classificações em diversas sociedades (De Oliveira et al., 2009). De fato, a história da humanidade confunde-se com a história do uso das plantas, como indicado por Laws (2013) e Cabral (2016). A agricultura, por exemplo, iniciada há cerca de 11 mil anos, contribuiu para sobrevivência das populações humanas sedentárias (Raven; Evert; Eichhorn, 2001). Freitas et al. (2012) apontam o amplo uso dos vegetais que, além de servirem como alimento, também são utilizados na cura de doenças, em festejos e em atos religiosos, sendo por isso considerados sagrados em muitas culturas. Embora pela Etnobotânica e pela Botânica Econômica, diversas plantas tenham seu uso classificado e explicitado, essas áreas revelaram, de forma fragmentada, apenas uma parte da utilização possível dos vegetais pelo ser humano, o que provavelmente está contribuindo para a cegueira botânica. Este termo, cunhado por Wandersee e Schussler em 1998 (Wandersee; Schussler, 1999; 2001; Hershey, 2002), designa a incapacidade de enxergar os vegetais, o que leva não só a inaptidão de reconhecer a importância destes para a Terra e para o Homem, como colabora também para a inabilidade de apreciar a estética única das formas biológicas do reino vegetal, colocando as plantas em um patamar inferior aos animais.
As causas da cegueira botânica datam, pelo menos, da Idade Média, quando nas comunidades europeias a busca pelo contato com o sobrenatural por meio de práticas consideradas mágicas foi fortemente reprimida. Repressão exercida, sobretudo, pela Inquisição da Igreja Católica, que considerava tais rituais demoníacos (Freitas op. cit). Mulheres que utilizavam plantas em processos de cura foram acusadas de bruxaria, torturadas e queimadas vivas por representarem uma ameaça ao monopólio dos saberes de cura, de intermediação com o sobrenatural e, em última análise, do patriarcado da Igreja Católica (Maluf, 1993; Zordan, 2005). Essa perseguição resultou no assassinato de muitas das pessoas que seriam, para gerações presentes e futuras, os agentes multiplicadores das relações com as plantas. Além disso, essas mulheres serviram de exemplo, mexer com plantas poderia justificar uma acusação de bruxaria. Por isso, essas pessoas, que detinham o manejo e o conhecimento do reino vegetal, foram afastadas das comunidades tradicionais (Rocha; Neffa; Leandro, 2014). Assim, excetuando-se o uso na alimentação, as demais formas de utilização das plantas ficaram, durante vários séculos, em domínio da Igreja Católica no mundo ocidental, conforme apontam os referidos autores.
Outro efeito dessa perserguição foi que o conhecimento e uso dos vegetais ficaram associados ao gênero feminino, gerando um preconceito velado no Brasil: homem que gosta de planta tem sua sexualidade masculina questionada. Erra-se no julgamento do sintoma e do valor da orientação sexual. Contudo, aparentemente, gostar de plantas está muito mais associado ao gênero feminino do que ao masculino. Inclusive, os homens parecem sofrer mais de cegueira botânica do que as mulheres, porém essa é uma hipótese que precisa ser melhor investigada.
Posteriormente, segundo De Vasconcelos (2003), com o Método Científico de Descartes, ocorre a descontextualização, a objetificação e a "coisificação" dos seres vivos, incluindo os vegetais, que passaram a ser vistos como meros objetos de estudos racionais e fragmentados. Essas “coisas” seriam, então, passíveis de descarte após o uso, vide o experimento de germinação dos feijões no algodão úmido, que é jogado no lixo depois de observado o crescimento inicial da planta. O sentimento foi, e talvez ainda seja, considerado um entrave à verdadeira Ciência, devendo ser evitado e combatido em nome da razão. Esse distanciamento acaba gerando uma falsa racionalidade (Morin, 2004). As instituições tradicionais de ensino, seguindo os pressupostos da Ciência, colocaram também o aspecto lúdico para fora do processo de educação e fragmentaram o conhecimento em disciplinas. A Biologia foi separada de outras Ciências e os vegetais dos outros seres vivos, salvo em raras exceções, como na Ecologia, que procura relacionar animais, plantas, fungos, bactérias e fatores abióticos (Odum, 1988).
As consequências da cegueira botânica para os vegetais podem ser apontadas como a dificuldade de respeitá-los, protegê-los e promover a restauração dos ecossistemas dos quais fazem parte, a despeito do conhecimento de algum uso, função ou importância deles. Esses aspectos têm claro impacto para a conservação das plantas, que recebem muito menos atenção, recursos e projetos do que os animais, como apontam Balding e Williams (2016). Muitas espécies estão ameaçadas de extinção no Brasil, conforme indicam Martinelli e Moraes (2013). Considerando os vegetais a base da vida (base das cadeias tróficas), a possibilidade de extinção deles representa ameaça a todos os seres vivos, em suma, à existência em toda parte.
Segundo Wilkins (apudHershey, 2002), é bem estabelecido que as plantas são as mais importantes, menos compreendidas e mais subestimada das coisas vivas. Louv (2014), entretanto, indica a importância da proximidade com a natureza na sua forma vegetal para a manutenção ou melhoria do bem-estar e saúde dos seres humanos de várias maneiras. Kinoshita, no prefácio de Freitas et al. (2012), ressalta a importância do conhecimento das plantas, seus usos e suas funções, não só no dia a dia, mas na solução dos grandes desafios da sociedade moderna ou pós-moderna. O saber botânico contribuiria, por exemplo, em questões como as mudanças climáticas, em que parte da solução consiste no plantio de árvores e na manutenção das já existentes e coloboraria, também, na elaboração de políticas públicas em meio ambiente, sobretudo nas relacionadas à conservação ambiental praticada por populações tradicionais, as quais, dentre todas, tendem a ser as mais eficientes (Rocha; Neffa; Leandro, 2014).
Os professores atuais e futuros poderiam reverter esse quadro da cegueira botânica, tornando-se cada um deles um mentor botânico, como sugerido por Wandersee e Schussler (2001). Entretanto, como eles mesmos muitas vezes sofrem do mal, por não terem sido ensinados sobre Botânica de forma eficiente e agradável no ensino fundamental, médio ou superior, é estabelecido um círculo vicioso, conforme apresentado por Salatino e Buckeridge (2016).
O sucateamento das escolas públicas brasileiras, de maneira geral, e a falta de investimento das escolas particulares fizeram com que laboratórios, herbários e saídas de campo em ambientes naturais fossem esquecidos e o ensino sobre as plantas ficasse restrito a aulas teóricas em sala, descontextualizadas, distantes da realidade, conteudistas, tendo na memorização de nomes e estruturas vegetais sua base de ensino desmotivadora. Isso tudo contribui para disseminar a cegueira botânica e dificulta o ensino dessa ciência em vários níveis, como apontado por diversos autores durante décadas (Joly, 1993; Hershey, op. cit.; Silva; Cavassan, 2005; Silva; Cavallet; Alquini, 2006; Towata, 2010; Melo et al, 2012, Salatino; Buckeridge, 2016; Ursi et al., 2018).
Assim, a Botânica, na civilização urbano ou rural industrial, tornou-se parte da cultura erudita, sendo fechada em uma linguagem técnica inacessível à população em geral e até mesmo para os estudantes aos quais se destina (Freitas op. cit.). Ao contrário do que parece ocorrer com os indígenas, que possuem uma cultura eminentemente botânica e uma educação contextualizada e vivencial (Ferri, 1979-1980; Silva; Cavallet; Alquini, op. cit.).
A análise de programas, ementas, conteúdos e bibliografias de botânica, utilizados e recomendados pelas universidades públicas com sede no Estado do Rio de Janeiro (UFRJ, UERJ, UNIRIO e UFF) permitiu observar que a função dos vegetais no ambiente e seu uso pelo ser humano são apresentados nas seguintes disciplinas de graduação: Botânica, Ecologia, Conservação e Botânica Econômica. A Etnobotânica, a Farmacologia e Etnofarmacologia apresentam também o uso dos vegetais de diversas formas, mas são disciplinas muito menos presentes nas graduações em geral. A importância das plantas vem sendo ressaltada em apresentações no YouTube, em pelo menos três páginas sobre identificação botânica, hospedadas no Facebook, e em cinco aplicativos também com finalidade de identificação, sendo esta realizada a partir de fotos tiradas com smartphones (obs. pes.). Além desses registros nas mídias sociais, em que o assunto possui milhares de seguidores, o tema é ainda tratado em programas de televisão, como o Globo Natureza, o Globo Rural e o Verdejando, da TV Globo São Paulo (Salatino, Buckeridge op. cit.). Livros têm abordado a importância do estudo e contato com os vegetais há bastante tempo. No século retrasado, tem-se, por exemplo, Walden, de Thoureau (1854), no século passado, Transeau e Ritchie (1919), na presente década, Louv (2014) e Quave (2014). O valor histórico das plantas também foi fruto de resgate recente em Laws (2013) e Cabral (2016), mostrando seu potencial para a interdisciplinaridade ou transdisciplinaridade (Salatino e Buckridge, op. cit.).
Nessa breve análise, a relevância dos vegetais parece enorme e seu reconhecimento longevo, conforme indicam os autores citados, porém ainda esparso e, aparentemente, sem influência na maioria das escolas brasileiras. Um dos motivos talvez seja porque a apresentação das funções e usos dos vegetais encontra-se dispersa nessas e em outras obras. Dentro desse contexto, o objetivo geral da presente pesquisa foi reunir funções ambientais e usos diferentes das plantas pelos seres humanos, sendo essa uma das estratégias, a se somar a outras, para prevenir e curar a cegueira botânica. A seguir serão apresentados os materiais e métodos utilizados na compilação.
Materiais e métodos
Tendo como inspiraçãoFreitas et al (2012), Louv (2014), Salatino e Buckeridge (2016), Ursi et al (2018) e um curso de extensão em Etnobotânica, oferecido pela Escola de Botânica Tropical, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, foi desenvolvida a presente pesquisa. Inicialmente, foram utilizadas as nove categorias mais comuns de uso (alimentação, medicinal, industrial, artesanal, ornamental, folclórica, ritual/mística, combustível e construção), propostas pela Etnobotânica e observadas em diversas obras consultadas (Da Rocha Silva; Andrade 2005; Borges e Peixoto, 2009; Lopes; Lobão, 2010; Pasa; De Souza Neves; De Alcântara, 2010; Rocha, 2014). Em seguida, foram criadas categorias de uso da Botânica Econômica (Rizzini; Mors, 1995) e incluídas as utilizadas em um jardim botânico (El Zein et al., 2009). Finalmente, acrescentando ao estudo a avaliação de outras fontes, construiu-se o quadro que constitui o resultado dessa pesquisa, apresentado a seguir como “Quadro 1 - Funções e usos de vegetais”. Nele foram criadas e incluídas as 29 categorias de função/uso (coluna 1), algumas subcategorias exemplificadoras e o seu uso específico (coluna 2), nome popular no Brasil (coluna 3), o taxon (coluna 4) e uma ou mais fontes que referenciam o uso ou função (coluna 5). Para cada uso humano ou função ambiental foi relacionada uma ou poucas espécies, geralmente as mais significativas e conhecidas para cada categoria, com o objetivo de não gerar uma lista grande de taxa. Às vezes, a mesma espécie, em função de seus vários papéis e utilizações, pode aparecer em mais de uma categoria, as quais não estão organizadas em ordem de importância.
Ao aplicar um enfoque etnobotânico às diversas funções ambientais e usos das plantas, mediante a análise do conhecimento existente sobre os usos tradicionais e atuais da flora, o objetivo inicial foi a significação e a valorização cultural dos vegetais (Pasa; De Souza Neves; De Alcântara,2010) e o intuito final, a contextualização de cada planta pelos leitores desse estudo e, quem sabe, por professores do ensino médio e fundamental. Ação indicada como desejável por Silva, Cavallet e Alquini (2006) e Ursi et al. (2018).
Antes de passar para os resultados, cabe esclarecer o seguinte: o nome das espécies apresentado no Quadro 1 foi o mais indicado pelo site http://www.theplantlist.org/, o das divisões, classes e famílias do Reino Plantae, seguiram Souza e Lorenzi (2012) e o dos demais taxa foram utilizados seguindo Raven; Evert; Eichhorn (2001) ou outras referências apresentadas. Caso algum taxon apresentado a seguir tenha tido o seu nome alterado, antes da publicação dessa pesquisa, é possível chegar ao nome mais atual, utilizando o nome abaixo como sinonímia.
Resultados
Função/uso | Processo/uso | Nome popular | Taxa | Referência |
---|---|---|---|---|
1 - Ambiental (Ecológica) | 1.1 - Produção de oxigênio utilizado por todos os organismos aeróbicos e contribuidores para a camada de ozônio | Cianobactérias; algas uni e pluricelulares e plantas (embriófitas das comunidades vegetais) | Reino Bacteria; Reino Protista - Divisões:Phaeophyta, Clorophyta, Rhodophyta e Reino Plantae | Raven; Evert; Eichhorn, 2001. |
1.2 - Composição da base de todas as cadeias tróficas herbívora, granívora, nectarífora, frugívora e detritívora | Vegetais diversos | Diversos representantes dos Reinos Bactéria (Cianobactéria), Protista (alga uni e pluricelulares) e Plantae | Odum, 1988; Raven; Evert; Eichhorn, 2001. | |
2 - Na conservação ambiental | 2.1 - Conservação do substrato ou solo dos manguezais, encostas, nascentes, margens de rios entre outros (papel das raízes) | Mangues branco, preto e vermelho e diversas árvores | Laguncularia, Avicenia, Rhizophora e Divisão Angiospermae | Lorenzi, 1992; 1998; 2009. |
2.2 - Reflorestamento, recuperação de áreas degradadas, restauração entre outros | Árvores diversas | Divisões Gymnospermae e Angiospermae | Lorenzi, 1992; 1998; 2009; Fontana e Bündchen, 2015. | |
3 - Na conservação da biodiversidade (ex-situ e in-situ) | 3.1 - Criação de jardins botânicos e afins | Espécies de ervas, arbustos e árvores ameaçadas de extinção e para ensino etnobotânico | Diversos | El Zein et al., 2009; Martinelli; Moraes, 2013. |
3.2 - Meios de cultura de tecido vegetal para cultivo de espécies ameaçadas in vitro | Plantas agáricas (algas vermelhas) | Gelidium (Divisão Rhodophyta) | Rizzini; Mors, 1995. | |
4 - Na saúde e afins | 4.1 - Como plantas medicinais no uso popular como fitoterápico tratamento humano e animal | Espinheira-santa, guaco, babosa e salgueiro | Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek.,Mikania glomerata Spreng., Aloe vera (L.) Burm.f. e Salix alba L. | De Abreu Matos, 2002; Lorenzi; Matos, 2002. |
5 - Educativa | 5.1 - Como objeto do ensino de ciências, Biologia, Botânica, Ecologia entre outras | Elodea (fotossíntese) | Elodea | Seniciato, Cavassan, 2004; Veloso et al., 2014 |
5.2 - Elaboração de jardins didáticos, jardins sensoriais, hortas, aquários e terrários | Diversas embriófitas aquáticas e terrestres | Chara e Ceratopteris | Joly, 1993; Lorenzi e Souza, 1995. | |
6 - Científica | 6.1 - Objeto de estudo da botânica e todas as suas subdivisões | Vegetais diversos | Diversos | Souza; Lorenzi, 2012. |
7 - Artesanal (no artesanato) | 7.1 - Confeção de cestos, esteiras, enfeites entre outras. | Bananeiras, taboa e bambus | Musa spp., Typha domingensis Pers e Bambusa spp. | Rizzini; Mors, 1995. |
8 - Na Joalheria | 8.1 - Confecção de “biojoias” e adornos (ex: sementes, folhas, caules flores entre outras) | Capim dourado e jarina | Syngonanthus nitens (Bong.) Ruhland e Phytelephas macrocarpa R. & Pav | Rizzini; Mors, 1995. |
9 - Estética (ornamental e decoração e artística). | 9.1 - Como planta ornamental (solitária ou em arranjos, flor de corte, em aquários de água doce, entre outras) | Bananeiras de Jardim, bastão do imperador, rosas, musgo e plantas de aquário | Heliconia spp., Zingiber, Rosa, Sphagnum, Chara e Ceratopteris | Joly, 1993; Lorenzi; Souza, 1995; Menezes, et al., 2015. |
9.2 - Ikebana e outras terapias ocupacionais para dependentes químicos e pacientes psiquiátricos | Diversas plantas e parte de diversas plantas | Baccharis milleflora (Less.) DC; B. tridentata Vahl.; Helichrysum bracteatum (Venten.) Willd.. | Sato, 2007. | |
9.3 - Inspiração e para o ecodesign | Diversas plantas e árvores | Diversos | Louv, 2014. | |
10 - Artística (pictórica, musical, literária, teatral, escultural e cinematográfica) | 10.1 - Objeto da pintura e fotografia | Ninféias (Monet) e girassóis (Van Gongh) entre outras | Nymphae spp. e Helianthus spp. | Ruggeri, 2019. |
10.2 - Produção de molduras de quadros, tecido das tela entre outras | Caixeta | Tabebuia cassinoides (Lam.) DC. | Rizzini; Mors, 1995 | |
10.3 - Elaboração de instrumentos musicais, arco de violino, violoncelo e baquetas | Pau-brasil (arco) e maçaranduba | Caesalpinia echinata Lam.e Manilkara elata (Fr. All. Ex Miq.) Monac | Rizzini; Mors, 1995. | |
10.4 - No título e na letra de músicas, paródias nome de conjuntos musicais entre outras. | Açai e casuarina entre outras | Euterpe oleraceae Mart. e Causarina equisetifolia L. | Klein et al., 2006. | |
10.5 - Como personagens, ambientes onde se desenvolvem as estórias | Diversas árvores das florestas (Amazônia) | Reino Plantae | Souza et al., 2014. | |
11 - Como fontes de matéria prima | 11.1 - Produtora de látex (para borracha, preservativos e couro vegetal) | Seringueira | Hevea brasiliensis (Willd. ex A.Juss.) Müll.Arg. | Rizzini; Mors, 1995; Raven; Evert; Eichhorn, 2001. |
11.2 - Oleaginosas - na produção de óleo para fritar e industrial | Azeite de dendê e babaçu | Elaeis guinnensis Jacq. E Orbignya martiana B. Rodr. | Rizzini; Mors, 1995; Raven; Evert; Eichhorn, 2001. | |
11.3 - Fonte da celulose e papel para livros entre outras | Eucaliptos, e pinheiros | Eucaliptus spp. e Pinus spp. | Rizzini; Mors, 1995. | |
11.4 - Fonte de biocombustível - como madeira, carvão vegetal, biodiesel, etanol, biomassa entre outras | Eucaliptos e cana-de-açucar (etanol, bagaço da cana-de-açucar) | Eucaliptus spp. e Saccharum officinarum L. | Raven; Evert; Eichhorn, 2001. | |
11.5 - Têxteis para o vestuário | Algodão e linho | Gossypium hirsutum L. e Linum usitatissimum L., | Rizzini; Mors, 1995. | |
12 - Na habitação - construção, naturação e bioarquitetura. | 12.1 - Madeireira para a marcenaria e carpintaria | Mogno, cedro e cerejeira | Swietenia macrophylla King, Cedrela fissilis Vell. e Torresea cearensis Fr. All,, | Lorenzi, 1992; 1998; 2009. |
12.2 - Arborização - sombreamento, ornamentação de ruas, praças entre outras. | Ipês amarelo, rosa, roxo, branco e verde, cassia | Handroanthus spp. e Senna multijuca (Rich.) H.S.Irwin & Barneby | Lorenzi, 1992; 1998; 2009. | |
12.3 - Plantas utilizadas na naturação e bioarquitetura entre outras | Diversas plantas e/ou árvores | Diversos | Louv, 2014; Shan; Garrido Neto; Vazquez, 2015. | |
13 - Nos transportes | 13.1 - Construção naval - casco, mastro, timão e leme de veleiros, traineiras, jangadas, canoas feitas da casca e canoas e remos do tronco de árvores, entre outros | Pau-de-balsa, sumaúma (canoa da casca) guapuruvu, jatobá e urucurana (canoa do tronco) e caixeta (remo) | Ochroma pyramidale (Cav. Ex Lam.) Urb., Ceiba pentandra(L.) Gaertn., Schiquizolobium parayba (Vell.) Blake e Tabebuia cassinoides, (Lam.) DC. | Lorenzi, 1992; 1998; 2009; Borges; Peixoto, 2009. |
13.2 - Na confecção de carroças, charretes, carros de boi entre outras | Angico vermelho e amendoim | Piptadenia macrocarpa Benth e Pterogyne nitens Tul | Rizzini; Mors, 1995. | |
14 - Laboral | 14.1 - Como fonte de trabalho e renda no extrativismo vegetal, jardinagem, horticultura, paisagismo entre outras | Seringueira, açaí e copaíba (óleo) | Hevea brasiliensis Muell. Arg., Euterpe oleraceae Mart, e Copaifera langsdorffii Desf. | Rizzini; Mors, 1995. |
15 - Cultural | 15.1 - Na gastronomia e culinária como temperos, condimentos entre outros; | Pimenta do reino, pimentas e canela | Piper nigrum L. Capsicum spp. e Cinnamomum verum J. Presl | Rizzini; Mors, 1995; Raven; Evert; Eichhorn, 2001. |
15.2 - Em mitos - relatos simbólicos e sapienciais entre outros | Lotus, bambus e outros | Nelumbo nucifera Gaertn. e Guadua tagoara (Nees) Kunth | Otsu, 2006; 2008; Freitas et al., 2012. | |
15.3 - Locais de valor cultural | Bodhi (figueira) e tamarineira | Ficus religiosa L. e Tamarindus indica L. | Boas; De Sá, 2012; Gachet, 2016. | |
16 - Espiritual, místico ou religioso | 16.1 - Uso ritualístico - na cura e limpeza espiritual de pessoas e ambientes (fumaça de incenso, banhos de ervas e óleos sagrados) | Tabaco, cumaru, mirra e canela | Nicotiana tabacum L., Commiphora myrrha (Nees) Engl. e Cinnamomum zeylanicum Blume | Freitas et al., 2012; De Arruda Camargo, 2015;. |
16.2 - Uso místico - para provocar estados alterados da consciência e para proteção da casa ou local de trabalho | Cactus peiote (mescalina) e arruda | Lophophora williamsii (Lem. ex Salm-Dyck) J.M. Coult. e Ruta graveolens L., | De Arruda Camargo, 2015. | |
17 - Industrial Geral | 17.1 - Utilizada para polimento de prata, filtro e material isolante | Diatomáceas (diatomito de sílica das diatomáceas) | Divisão Bacillariohyta | Raven; Evert; Eichhorn, 2001. |
18 - Industrial de alimentos | 18.1 - Utilizada como adoçante de bebidas | Stevia e cana- de-açúcar | Stevia rebaudiana(Bertoni) Bertoni eSaccharum officinarum L | Rizzini; Mors, 1995. |
18.2 - Os legumes e frutas processadas na forma de geléias, doces entre outros | Morango, amora e goiaba | Fragariavesca L., Morus nigra L. e Pisidium guajava L. | Lacerda; Lorenzi, 2006; Kinupp; Lorenzi, 2014. | |
19 - Industrial de bebidas | 19.1 - Alcoólicas fermentadas destilados, in natura, bebidas quentes, refrigerantes | Jenipapo (licor), caju (cajuína), uva (vinho), chá e café | Genipa americana L., Anacardium occidentale L., Vitis vinífera L., Thea sinensis L. e Coffea arábica L. | Lacerda; Lorenzi, 2006; Kinupp; Lorenzi, 2014. |
19.2 - Confecção de barris para envelhecimento de bebidas | Jequitibá; ipês e carvalhos europeus | Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze, Handroanthus spp. e Quercusspp. | Rizzini; Mors, 1995; Dias; Maia; Nelson, 1998. | |
20 - Industrial de cosméticos | 20.1 - Como base para cosméticos (creme rinse, hidratante); | Alga vermelha (carragenana) e jojoba | Euchema, Simmondsia chinensis (Link.) C.K. Schneid. | Raven; Evert; Eichhorn, 2001; Borges; Garvil; Rosa, 2013. |
21 - Agricultural e horticultural | 21.1 - Adubação verde | Leguminosas (Rhizobium) | Diversos | Raven; Evert; Eichhorn, 2001. |
21.2 - Controle biológico na agricultura, agroecologia na forma biocidas naturais e plantas repelentes | Tabaco ou fumo de rolo (inseticida), nim e cravo da índia | Nicotiana tabacum L., Azadirachta indica A. Juss. e Syzygium aromaticum (L.) Merr. L. M. Perry | Pletschs, 1998; Mossini Kemmelmeier, 2005. | |
21.3 - Na rotação de cultura | milho/feijão | Zea mays L. e Phaseolus vulgaris L. | Paulus et al., 2000. | |
22 - Criação de animais | 22.1 - Conforto animal (sombreamento) | santa bárbara; chapéu de sol e bambus | Melia azedarach, Terminalia catappa L. e ; Bambusaspp. | Rodrigues; De Souza; Pereira Filho, 2010. |
23 - Lazer | 23.1 - Casa na árvore, gangorra, serra-serra, escorrega, balanço entre outros | Carvalho, pinheiro e amieiro | Quercus, Pinus e Alnus | Viegas et al., 2014; Dos Santos, 2015. |
24- Energética | 24.1 - Constituintes do petróleo, carvão mineral e turfeira e fonte de lenha | Indefinidas (provavelmente algas marinhas) e eucaliptos | Indefinidas e Eucalyptus spp. | Rizzini; Mors, 1995; Raven; Evert; Eichhorn, 2001. |
25 - Na segurança e salvamento | 25.1 - Utilização de fibras para enchimento de colete salva-vida | Paineira | Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna | Rizzini; Mors, 1995. |
26 - Na engenharia /tecnologia | 26.1 - Elaboração de roldanas, pás de moinhos, roda hidráulica, roca, teares entre outros | Gonçalo alves e angico vermelho | Astronium fraxinifolium Schott. e Piptadenia macrocarpa Benth. | Lorenzi, 1992 Rizzini; Mors, 1995. |
27 - Econômico | 27.1 - Ativo do capital natural | Florestas (diversas plantas e árvores) | Diversos | Louv, 2014. |
27.2 - Produção e venda de plantas ornamentais, flores de corte, entre outras | Diversas plantas e árvores | Diversos | Heiden; Barbieri; Stumpf, 2006. | |
28 - Social | 28.1 - Objeto de associativismo (ex Sociedade Brasileira de Orquidófilos entre outras) | Orquídeas | Orchidaceae | Luchmann, 2014. |
29 - Bélico | 29.1 - Armas de artes marciais japonesa, chinesa entre outras | Bambu (shinai) e madeiras para bastão | Bambusa spp. e diversos | Chen, 2003. |
Discussão
Ao somar as nove categorias de usos e funções mais comuns (alimentação, medicinal, industrial, artesanal, ornamental, folclórica, ritual/mística, combustível e construção), presentes nas obras analisadas de diferentes autores da Etnobotânica citados (Da Rocha Silva; Andrade, 2005; Borges e Peixoto, 2009; Lopes; Lobão, 2010; Pasa; De Souza Neves; De Alcântara, 2010; Rocha, 2014), com as 13 utilizadas no Jardim Botânico, apresentadas em El Zein et al. (2009), e, por fim, com as novas categorias presentes nas fontes de Botânica Econômica, Conservação Ambiental e demais citadas elevou-se para 29 as categorias de usos e funções dos vegetais.
Entretanto, muitas das espécies citadas no quadro são tóxicas ou de uso médico, necessitando de prescrição profissional para uma utilização segura, livre de reações adversas (Junior; Pinto; Maciel, 2005; Silveira; Bandeira; Arrais, 2008) e/ou estão ameaçadas de extinção, conforme já citado em Martinelli e Moraes (2013). Esse processo de extinção se dá em função ou do uso insustentável desse taxon, com a retirada de indivíduos nos cortes seletivos mais rápida do que a capacidade da população de se recompor, ou pela destruição de áreas dos seus ecossistemas em larga escala, ou ainda pela introdução de espécies invasoras (competidoras, predadoras ou patogênicas) de forma a colocar as espécies autóctones em risco. Nesse contexto, sugere-se que, antes da retirada e utilização de qualquer espécie, seja realizada uma avaliação criteriosa da necessidade ou não de uso, consultando obras específicas e profissionais relacionados com os temas, além de se aproveitar partes da planta, ao invés da planta inteira. Caso seja necessário a utilização da planta inteira, ou fazer o uso de indivíduos provenientes de cultivo, ou usar vegetais nativos, mas abaixo de sua capacidade de crescimento e reprodução. Em outras palavras, sempre ter em foco o uso sustentável como um dos importantes aspectos relacionados à Etnobotânica no Brasil (Fonseca-Kruel; Silva; Pinheiro, 2005; Rocha; Neffa; Leandro, 2014).
De todas as disciplinas analisadas para a cura e prevenção da cegueira botânica, a Etnobotânica parece ser a mais adequada, dado o seu caráter contextualizador, apresentado e proposto por De Oliveira et al. (2009), inter e transdisciplinar, indicado por Salatino e Buckeridge (2016) e, especialmente, se for apresentada dentro de um contexto da Educação Ambiental, como realizado por Pinheiro e Amaral (2007) e por Rachwal e Carvalho (2007).
O ensino da Etnobotânica dentro do ensino da Botânica no nível básico, para o que a presente lista pode ser útil, se mostra uma necessidade, no sentido de dinamizar e incrementar essa prática. Nesse contexto, a quantidade de conhecimento das comunidades tradicionais, rurais e até urbanas de baixa renda existentes no Brasil, que acumularam conhecimentos etnobotânicos por gerações é um vantagem potencial que não pode ser desprezada. Conforme De Oliveira et al. (2009), o acesso precário ou nulo ao Sistema Único de Saúde, fizeram desse conhecimento a possibilidade de melhoria da qualidade de vida e por isso, criaram a possibilidade dessas comunidades de se transformarem em agentes multiplicadores e serem valorizadas por isso, aumentado o seu empoderamento e inclusão social.
Entre as atividades para o Ensino de Botânica, são indicadas, como adequadas para a prevenção ou cura da cegueira botânica, as aulas práticas. Sejam estas em: laboratórios, jardins didáticos ou hortas (Quave, 2014; Salatino; Buckeridge, 2016; Ursi et al, 2018); em campo (Seniciato e Cavassan, 2004; 2009; Quave, op. cit.; Araújo; Silva, 2015; Salatino, Buckeridge, op. cit.; Ursi et al. op. cit.); em praças, ruas, com coleções botânicas vivas (Capitango; Robledo, 2014); ou em herbários e museus, envolvendo os vários sentidos, não só o da visão (De Faria; Jacobucci; Carmo-Oliveira., 2011; Nascimento et. al. 2013).
Desse modo, a escolha de Unidades de Conservação federais, estaduais ou municipais, jardins botânicos e similares para o desenvolvimento das aulas de campo, sobretudo em trilhas interpretativas (Saraiva; Sartori, 2011), mostra-se adequada, considerando a presença de infraestrutura e serviços de apoio, que garante a segurança dos alunos e facilita o trabalho do docente, proporcionando uma aprendizagem significativa (Silva; Cavassan, 2005; Araujo; Silva, 2015). Entretanto, comunidades indígenas, caiçaras e quilombolas também devem ser visitadas. Para essa ação, deve haver a participação integrada das disciplinas relacionadas, como Biologia, História e Geografia. Além da escolha do local, importa, principalmente, o resgate do lúdico no ensino/aprendizagem de Botânica, provocando o despertar da afetividade e encantamento.
A multi, inter e transdisciplinaridade também são recomendadas pelos autores a seguir no ensino de Botânica, com o mesmo propósito citado. Pode-se trabalhar com pinturas, pinturas científicas botânicas, fotografias de plantas e de suas partes tiradas pelos alunos, realização ou uso de documentários (Pereira; Cabral, 2015) e uso de músicas com tema ou conteúdo sobre as plantas (Klein et al., 2006; Ursi et al., op.cit.). Essas práticas também parecem ser estratégias adequadas tanto para o estudo desses seres vivos de forma real e contextualizada (Branco; Viana; Rigolon, 2011; Freitas et al. 2012; Salatino e Buckeridge op. cit.; Ursi et al.,op. cit.), quanto para descoberta de talentos nessas artes, desde que acompanhado do envolvimento afetivo (Seniciato; Cavassan, 2009). O enfoque de Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente (CTSA) no ensino de Botânica, conforme testado por Coutinho et al. (2012), parece também promissor, tendo em vista que é contextualizador, merecendo ser mais aplicado e analisado.
Tudo com intuito de aumentar o grau de interesse, encantamento, conservação, cuidado e restauração dos vegetais, em ações de curto, médio e longo prazos, como sugerem Salatino e Buckeridge (op. cit.) e, consequentemente, atingir a conservação do ambiente por completo, do qual todos os seres vivos dependem direta e indiretamente para a sua sobrevivência, inclusive o Homem.
Essas estratégias e atividades são capazes de fornecer subsídios para o conhecimento do uso das plantas pelos alunos, da função destas no ambiente e para a construção de valores, princípios, habilidades e atitudes relacionados à conservação dos vegetais, de forma que tornam os envolvidos no processo, a partir de um determinado ponto, capazes de construir seu próprio conhecimento botânico, ou seja, essas estratégias e atividades têm um caráter emancipatório dos alunos, como afirmado por Silva, Cavallet e Alquini (2006). Entretanto, o ensino de Botânica, mediante atividades práticas, pode ter sua eficiência aumentada quando associado a estratégias de ensino/aprendizagem indicadas por Bordenave e Pereira (2015). Merecem destaque as chamadas metodologias ativas para o ensino fundamental e médio, como a Problematização, proposta por Paulo Freire (1985), a Aprendizagem Baseada em Problemas, desenvolvida durante mais de 30 anos no Canadá, em MacMaster, e também na Holanda, em Maastricht, e a Aprendizagem Baseada em Projetos (Oliveira; De Moura, 2005).
As diversas associações possíveis entre práticas e estratégias em diferentes ordens (Silva; Cavassan, 2005) precisam ser testadas para se avaliar as diferenças na eficiência, mas sempre dentro do novo paradigma sistêmico, conforme apresentado por De Vasconcelos (2003), de acordo com o qual uma disciplina, prática ou estratégia de ensino não existe isoladamente, mas em função das demais e do contexto da vida. Todas essas ações são adequadas para a criação ou, em alguns casos, para a ampliação de uma cultura botânica (ou botaniofílica), pela qual o indivíduo experimentará linguagens e práticas que aprimoram a capacidade de notar, observar, recordar, valorizar e proteger as plantas (Balding e Williams, 2016). Nas palavras de Roberto Burle Marx (1909-1994), o mais importante paisagista brasileiro, registradas no documentário Eu Roberto: “que a vida seja homem-planta, binômio”.
Na questão da conservação da biodiversidade botânica, são necessários mais projetos e ações, conforme indicam Balding e Williams (op.cit.). Esse maior apoio pode ser obtido por meio de estratégias que promovam a identificação e a empatia com esses seres fotossintetizantes, entre elas estão as que envolvem arte: música, pintura, fotografia, teatro e documentários, como realizado por vários autores já citados.
Considerações finais
A presente pesquisa possibilitou o levantamento e a organização de diversas categorias de uso dos vegetais pelo ser humano e suas várias funções no ambiente. As categorias utilizadas na Etnobotânica foram combinadas com inúmeras outras, elevando o número para vinte e nove grupos, que ainda podem ser modificados, unidos, eliminados ou divididos conforme a necessidade e, assim, formam uma Etnobotânica ampliada para o Ensino de Botânica. A pesquisa, o conhecimento, a divulgação e contextualização dos usos e funções das plantas, realizados pelos professores e alunos do ensino básico, bem como a sensibilização dos docentes e discentes quanto ao direito à vida e conservação desses seres no ambiente, podem auxiliar a prevenir ou reduzir a cegueira botânica, cuja existência ameaça a sobrevivência não só dos vegetais, mas de quase todos os seres vivos que deles dependem.
Para a eficiência e prazer, tanto no ensino, como na aprendizagem de Botânica, sugere-se pesquisar sobre a combinação de conteúdo, prática e estratégia de ensino/aprendizagem, focando nas metodologias ativas. No tocante ao conteúdo, o uso de abordagens que integrem Biodiversidade, Etnobotânica, Botânica Econômica, Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente e Educação Ambiental mostrou-se adequado.
Espera-se que esta lista de vinte e nove categorias de usos e funções das plantas seja utilizada por professores no ensino de Botânica no nível básico para prevenir e curar a cegueira botânica, inclusive propondo aos alunos a realização de uma pesquisa semelhante à aqui apresentada.
É sugerido, também, que o ensino de Botânica seja realizado de maneira multi, inter ou transdisciplinar, envolvendo as disciplinas de História (apresentando plantas com interesse histórico, por exemplo), Artes e outras, que resgatem o lúdico, o prazer e o afeto do ensinar e aprender entre todos os envolvidos. Seguindo, assim, o novo paradigma sistêmico, de forma a prevenir, diminuir ou curar a cegueira botânica e, quem sabe, aumentar a conservação desses seres, que integram e representam o ambiente, e dos quais todos os seres vivos dependem para viver, inclusive os seres humanos.