SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.16 número42APRESENTAÇÃO DO DOSSIÊ TEMÁTICO EDUCAÇÃO, CURRÍCULO E JUVENTUDES: DILEMAS E DESAFIOS ATUAISA JUVENILIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES CURRICULARES índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Compartilhar


Revista Práxis Educacional

versão On-line ISSN 2178-2679

Práx. Educ. vol.16 no.42 Vitória da Conquista  2020  Epub 15-Maio-2024

https://doi.org/10.22481/praxisedu.v16i42.7334 

DOSSIÊ TEMÁTICO: Educação, currículo e juventudes: dilemas e desafios atuais.

AS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO DE PESSOAS JOVENS E ADULTAS: O FENÔMENO JUVENILIZAÇÃO

RESEARCH IN EDUCATION OF YOUNG AND ADULT PEOPLE: THE JUVENILIZATION PHENOMENON

LAS INVESTIGACIONES EN LA EDUCACIÓN DE PERSONAS JÓVENES Y ADULTAS: EL FENÓMENO JUVENILIZACIÓN

Adriana Regina Sanceverino1 
http://orcid.org/0000-0002-7983-140X

Emeline Dias Lódi2 
http://orcid.org/0000-0003-1734-3918

Maria Hermínia Lage Fernandes Laffin3 
http://orcid.org/0000-0002-4562-308X

1Universidade Federal da Fronteira Sul - Brasil adriana.sanceverino@uffs.edu.br

2Universidade Federal da Fronteira Sul - Brasil emelinedias@hotmail.com

3Universidade Federal de Santa Catarina - Brasil herminialaffin@gmail.com


RESUMO

Resumo: O presente artigo objetiva apresentar um estudo caracterizado como estado do conhecimento, analisando as principais discussões e os resultados de pesquisas brasileiras sobre o fenômeno da juvenilização na Educação de Pessoas Jovens e Adultas (EJA). Metodologicamente utilizou-se a pesquisa do tipo bibliográfico no estudo, tal como proposto por Romanowski e Ens (2006), cujo levantamento foi realizado em três bases de dados de relevância para a área educacional, a saber: Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) e no Grupo de Trabalho de Educação de Pessoas Jovens, Adultas e Idosas da ANPEd (nas reuniões nacionais). Os resultados foram analisados com base nas técnicas de análise de conteúdo estabelecidas por Bardin (1995). As pesquisas identificadas nessas bases de dados foram categorizadas em quatro categorias: Sujeitos; Escolarização e Inclusão, Políticas Públicas e Formação Docente. Com objetivos distintos, todas as pesquisas ressaltaram a importância de considerar os(as) jovens como protagonistas no processo de ensino e aprendizagem e, sobretudo, as discussões apontaram para a necessidade de ouvir os sujeitos jovens para melhor compreender o fenômeno juvenilização, assim como apontar para o fomento de políticas públicas específicas, com o intuito de promover, além da escolarização a inclusão efetiva desses(as) jovens estudantes.

Palavras-chave: Educação de Pessoas Jovens e Adultas; Estado do Conhecimento; Juvenilização.

ABSTRACT

Abstract: This article aims to present a study characterized as state of knowledge, analyzing the main discussions and the results of Brazilian research on the phenomenon of youthfulness in the Education of Young and Adult People (EJA). Methodologically, bibliographic research was used in the study, as proposed by Romanowski and Ens (2006), whose survey was carried out in three databases of relevance to the educational area, namely: CAPES Thesis and Dissertations Catalog, Digital Library of Theses and Dissertations (BDTD) and in the Education Working Group of Young, Adult and Elderly People of ANPEd (in national meetings). The results were analyzed based on the content analysis techniques established by Bardin (1995). The searches identified in these databases were categorized into four categories: Subjects; Schooling and Inclusion, Public Policies and Teacher Training. With different objectives, all research emphasized the importance of considering young people as protagonists in the teaching and learning process and, above all, the discussions pointed to the need to listen to young subjects in order to better understand the phenomenon of youth, as well as pointing out for the promotion of specific public policies, in order to promote, in addition to schooling, the effective inclusion of these young students.

Keywords: Education of Young and Adult People; State of Knowledge; Youthfulness.

RESUMEN

Resumen: Este artículo tiene como objetivo presentar un estudio caracterizado como el estado del conocimiento, analizando las principales discusiones y los resultados de las investigaciones brasileñas sobre el fenómeno de la juvenilización en la Educación de Personas Jóvenes y Adultas (EJA). Metodológicamente, se utilizó la investigación bibliográfica en el estudio, según lo propuesto por Romanowski y Ens (2006), cuya encuesta se llevó a cabo en tres bases de datos relevantes para el área educativa, a saber: Catálogo de Tesis y Disertaciones de la CAPES, Biblioteca Digital de Tesis y Disertaciones (BDTD) y en el Grupo de Trabajo de Educación de Jóvenes, Adultos y Ancianos de ANPEd (en reuniones nacionales). Los resultados fueron analizados en base a las técnicas de análisis de contenido establecidas por Bardin (1995). Las búsquedas identificadas en estas bases de datos se clasificaron en cuatro categorías: Sujetos; Educación e Inclusión, Políticas Públicas y Formación Docente. Con diferentes objetivos, todas las investigaciones enfatizaron la importancia de considerar a los jóvenes como protagonistas en el proceso de enseñanza y aprendizaje y, sobre todo, las discusiones señalaron la necesidad de escuchar a los sujetos jóvenes para comprender mejor el fenómeno de la juvenilización, así como señalar para el desarrollo de políticas públicas específicas, con el objetivo de promover, además de la escolarización, la inclusión efectiva de estos jóvenes estudiantes.

Palabras clave: Educación de jóvenes y adultos; Estado del conocimiento; Juvenilización.

Introdução

A Educação de Pessoas Jovens e Adultas (EJA) constitui-se um espaço em que diferentes gerações se encontram, interagem e vivenciam experiências culturais e sociais diversas. É nesse lócus que se verifica, no decorrer dos últimos anos, um aumento considerável de jovens matriculados(as) nessa modalidade da Educação Básica, fato comumente denominado de fenômeno juvenilização da EJA.

Destaca-se que o fenômeno juvenilização corresponde ao rejuvenescimento da população que frequenta a EJA e caracteriza-se pela presença expressiva de jovens cada vez mais jovens, advindos(as); sobretudo, por meio de um processo migratório do Ensino de Crianças, Adolescentes e Jovens (BRUNEL, 2008).

Esse fenômeno surge no cenário brasileiro, a partir da década de 90, em uma modalidade educacional, historicamente, dirigida às pessoas adultas e idosas. Pressupõe-se que, em função da aprovação da Lei de Diretrizes e Base Nacional (LDBN nº 9.394/1996) que legalizou a redução da idade para ingresso na EJA de 21 anos para 18 anos no ensino médio e de 18 para 15 anos, no ensino fundamental, subentende-se que a partir de então houve uma procura maior dos(as) jovens por essa modalidade da Educação Básica.

Entretanto, apesar de a alteração na idade estabelecida na LDBEN ser considerada determinante para a ocorrência do fenômeno juvenilização na EJA, Conceição (2014, p. 66) argumenta que “é impossível precisar se o chamado ‘rebaixamento’ da idade mínima de ingresso na EJA ocorrida a partir da LDB de 1996 foi causa ou efeito da demanda de adolescentes pela modalidade”. Todavia, é consenso que foi a partir dessa legislação que se iniciaram as discussões e as pesquisas sobre a juvenilização da EJA.

Mediante o cenário de reconfiguração da EJA, em que a presença de jovens é massiva, importa desvelar o que dizem os estudos concernentes a esse tema, os quais retratam esse fenômeno no Brasil. Nessa perspectiva, indaga-se quais as principais discussões e seus resultados das pesquisas brasileiras sobre o fenômeno de juvenilização na EJA? A partir dessa problemática, objetiva-se identificar de que forma essa temática se estabelece como objeto de estudo no âmbito das publicações no meio acadêmico. Mais especificamente, pretende-se, neste texto, apresentar um estudo do tipo estado do conhecimento a respeito da juvenilização na Educação de Pessoas Jovens e Adultas, analisando as principais discussões e os resultados de pesquisas brasileiras sobre o fenômeno da juvenilização na EJA.

Esta investigação parte do pressuposto de que se está diante de um tempo de reconfiguração da EJA, o que de certa forma pode evidenciar tanto o protagonismo das juventudes, pelo fato de os(as) jovens terem liberdade para buscar a EJA e continuarem os estudos, assim como, pode demonstrar uma negação em que eles(as) estão sujeitos nas escolas de Ensino de Crianças, Adolescentes e Jovens, as quais os(as) encaminham para a EJA, tão logo completem a idade mínima de ingresso.

Nessa perspectiva, a EJA assume um importante papel de acolhimento para esses(as) jovens ao se constituir como espaço e tempo de socialização e sociabilidade, de formação e intervenção, cuja “[...] finalidade não poderá ser suprir carências de escolarização, mas garantir direitos específicos de um tempo de vida.” (ARROYO, 2018, p. 21).

Em congruência, torna-se relevante estudar o campo conceitual sobre a juvenilização na EJA. Para isso, são fundamentais os aportes teórico-metodológicos de Dayrell (2018); Leão (2018); Jardilino e Araújo (2014); Brunel (2008); Carrano (2007), entre outros(as) pesquisadores(as). Por fim, reitera-se que ao se realizar um estudo do tipo estado do conhecimento sobre o fenômeno juvenilização na EJA, permite-se visualizar e problematizar as principais discussões tecidas pelos(as) pesquisadores(as) brasileiros(as), com o intuito de contribuir para o campo de estudos da EJA.

Percurso Metodológico

Metodologicamente, é importante situar o que se entende por estado do conhecimento, haja vista que há estudos os quais sinalizam uma diferenciação entre esse termo e o de estado da arte. Romanowski e Ens (2006) diferenciam tais termos. No estado da arte não é suficiente estudar apenas os resumos de dissertações e teses, são necessários estudos mais amplos das produções da área, levantadas em vários lócus de socialização dessas pesquisas (teses, dissertações, livros, artigos em periódicos, anais de eventos...). Já o estado do conhecimento aborda somente algum ou alguns setores dessas publicações sobre o tema estudado ao evidenciar o que nesses lócus tem sido produzido.

Nesta pesquisa, foram estudados somente os trabalhos realizados em bancos de dados de pesquisas que documentam as investigações realizadas em cursos stricto sensu - isto é, examinaram-se teses, dissertações e artigos que resultam dessas pesquisas - entende-se que se tomou apenas um setor de produção das pesquisas e, portanto, reafirma-se que se trata de um estudo de tipo estado do conhecimento tal como proposto por Romanowski e Ens (2006).

Dessa forma, o texto incide sobre o conjunto das pesquisas realizadas em três bases de dados relevantes no campo da educação, quais sejam, o Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e o Grupo de Trabalho de Educação de Pessoas Jovens, Adultas e Idosas da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação (ANPEd). Tais bases foram selecionadas por proporcionarem acesso gratuito a estudos atuais e supostamente com boa qualidade científica, haja vista que se compõe de publicações procedentes de pesquisas mais complexas realizadas em programas de pós-graduação reconhecidos pela Capes. Desse modo, os objetos deste estudo foram teses, dissertações e artigos disponíveis nas supracitadas bases de dados.

Dada a relevância de pesquisas do tipo estado de conhecimento, Soares e Maciel (2000) elucidam que a compreensão do estado do conhecimento sobre um tema é necessária no processo de evolução da ciência, pois a ordenação e a sistematização desenvolvida periodicamente das informações e dos resultados obtidos permite a indicação de novas possibilidades de integração e de diferentes perspectivas, assim como a identificação de duplicações, contradições, lacunas, isto é, aspectos não estudados ou pouco explorados e até a inferência de novos vieses.

Ainda de acordo com Morosini e Fernandes (2014), o estado do conhecimento compreende a identificação, o registro e a categorização das pesquisas de forma a permitir o estabelecimento de uma reflexão e a construção de sínteses sobre uma temática em determinado espaço de tempo. Logo, realizar uma pesquisa do tipo estado de conhecimento a respeito de um campo temático possibilita a identificação e a análise do que já se produziu no meio acadêmico, objetivando qualificar e fundamentar a produção científica.

Os critérios de análise para seleção dos trabalhos foram estabelecidos como aqueles cujos títulos, resumos ou palavras-chave explicitassem o descritor “juvenilização” e estivessem relacionados, diretamente, ao campo de estudo da EJA. À vista disso, empregaram-se algumas combinações de descritores na busca, a saber: “juvenilização + EJA” e “juvenilização na Educação de Jovens e Adultos”. Durante o levantamento das publicações, fez-se uma leitura criteriosa dos resumos das teses, dissertações e artigos, para identificar o objeto de análise, qual seja a juvenilização na EJA. No entanto, considerou-se que nem todo resumo dá conta de caracterizar a pesquisa, ainda que devesse, em alguns casos foi necessária uma leitura, ora flutuante, ora mais detida dos trabalhos completos para melhor compreender aspectos teóricos e metodológicos das pesquisas.

A consulta às bases de dados foi realizada em março de 2019. Portanto, a partir dos termos relacionados ao foco da investigação foram inclusos, neste texto, os trabalhos que à época estavam disponibilizados nas plataformas consultadas. Este alerta é importante, pois em face da nossa experiência em outras pesquisas do estado do conhecimento há atualizações constantes nessas plataformas.

O recorte temporal para buscas foi estabelecido de 1996 a 2018. Pretendeu-se utilizar este recorte temporal em função da aprovação da Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDBEN nº 9.394) de 1996. Em vista disso, a seleção dos trabalhos analisados ocorreu em três etapas.

Na primeira etapa, considerou-se o período de 2013 a 2018 para identificação das pesquisas disponibilizadas no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES. Estabeleceu-se esse recorte temporal, tendo em vista que essa base de dados, apesar de conter referências dos registros de pesquisas em programas de pós-graduação no Brasil desde 1987, conta apenas com as produções publicadas após 2013, com seu texto completo armazenado na Plataforma Sucupira4. Sendo assim, em análise preliminar, identificaram-se quarenta e quatro pesquisas; todavia, vinte e três dissertações e uma tese aproximaram-se do objeto deste estudo, quer seja o fenômeno juvenilização da EJA.

Na segunda etapa, as consultas foram efetivadas na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), no período de 2002 a 2018, consideraram-se as buscas a partir do ano de 2002, tendo em vista o ano em que esta plataforma oficialmente foi lançada. Dessa forma, identificaram-se um total de trinta e um trabalhos; desses, dezenove condizem com a temática aqui referida; entretanto, dez pesquisas já haviam sido localizadas no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES; portanto, repetiam-se. Dessa forma, mencionam-se apenas os trabalhos inéditos identificados: a saber: sete dissertações e duas teses.

Realizou-se na terceira etapa, a identificação dos trabalhos publicados na ANPEd nacional, especificamente no Grupo de Trabalho de Educação de Pessoas Jovens, Adultas e Idosas. Importante ressaltar que em 1998 foi o ano em que constam os primeiros trabalhos registrados na ANPEd referentes à EJA, ainda sob a forma de grupos de estudos, vindo a consolidar-se como grupo de trabalho (GT 18) somente em 1999, na 22ª reunião da ANPEd. Fato que vem demarcar a Educação de Pessoas Jovens e Adultas como um campo específico e relevante na área de pesquisa educacional. Nessa base de dados, estipulou-se o período para buscas de 1998 a 2018. Nessa plataforma, inicialmente, encontraram-se duzentos e trinta publicações, mas após o refinamento mediante leitura criteriosa dos trabalhos identificaram-se apenas três artigos; entretanto, um deles foi desconsiderado, pois não resultou da realização de pesquisa stricto sensu.

Após o levantamento realizado, a análise de conteúdo foi a que mais se adaptou aos objetivos da investigação para a sistematização dos dados obtidos. Sobre essa perspectiva, Bardin (1995) discorre que a análise de conteúdo compreende um conjunto de técnicas que visam por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos à obtenção de indicadores que permitam a inferência de conhecimentos referentes à produção e/ou à recepção das mensagens, ou seja, mediante a análise de conteúdo é possível ir além do que está sendo comunicado no conteúdo dos materiais coletados, pois possibilita captar a essência das mensagens. Não obstante, na análise de conteúdo, o interesse não consiste apenas na descrição dos conteúdos, mas sim no que esses poderão ensinar após serem tratados (BARDIN, 1995).

A autora chama a atenção para se pensar a análise de conteúdo como possibilidade metodológica que se dá por meio de unidades de codificação a partir de uma totalidade, buscando uma determinada objetividade mediante critérios de categorização (BARDIN, 1995). Nessa mesma direção, Campos (2004) tomou como base a obra de Bardin, considerando que,

[..] produzir inferências sobre o texto objetivo é a razão de ser da análise de conteúdo; confere ao método relevância teórica, implicando pelo menos uma comparação onde a informação puramente descritiva sobre o conteúdo é de pouco valor. [...] produzir inferência, em análise de conteúdo significa, não somente produzir suposições subliminares acerca de determinada mensagem, mas em embasá-las com pressupostos teóricos de diversas concepções de mundo e com as situações concretas de seus produtores ou receptores. Situação concreta que é visualizada segundo o contexto histórico e social de sua produção e recepção. (CAMPOS, 2004, p. 613).

Ainda, no que diz respeito à categorização dos dados, Lopez (2002) enfatiza que não se trata só de agrupar dados e documentos, mas de que é necessário categorizá-los para não se correr o risco de ter somente uma descrição desses dados. Após a leitura dos resumos das pesquisas levantadas, realizou-se a construção de quadros sínteses para facilitar a análise desses dados. Nesse sentido, a definição de categorização pode contribuir no debate quanto às questões que se referem ao método do conhecimento no campo de investigação e, no caso deste artigo, os objetos voltados ao fenômeno juvenilização na Educação de Pessoas Jovens e Adultas. Portanto, a elaboração do estado do conhecimento lança luz a uma investigação que toma como perspectiva as produções e os conhecimentos que pesquisadores(as) têm elaborado sobre uma temática específica no decurso dos últimos anos.

Com a seleção finalizada, empreendeu-se à análise das pesquisas e, mediante a sistematização e a categorização das pesquisas procurou-se identificar como os(as) pesquisadores(as) têm abordado essa temática e o que dizem as publicações selecionadas.

Sistematizando as bases de dados

A partir da busca nas referidas bases de dados, seguindo o processo de triagem por meio da leitura, encontrou-se um total de trinta e cinco publicações entre teses, dissertações e artigos, que problematizam o fenômeno juvenilização da EJA. Dessa forma, apresenta-se o Quadro 01, em que se quantificam as pesquisas e as suas formas de publicização, assim como as respectivas bases de dados.

Quadro 01 Produções por base de dados e tipo das pesquisas. 

Banco de Dados Teses Dissertações Artigos Total
ANPEd Nacional 0 0 02 02
Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES 01 23 0 24
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) 02 07 0 09

Fonte: Elaborado pelas autoras a partir da análise dos dados da pesquisa, 2020.

No quadro 01, verifica-se um reduzido número de publicações localizadas no Grupo de Trabalho de Educação de Pessoas Jovens Adultas e Idosas da ANPEd (nas reuniões nacionais) sobre o processo de juvenilização o que, ao mesmo tempo em que evidencia ausências, denota potencialidade nesse campo de pesquisa. Ademais, observa-se que as pesquisas identificadas são, majoritariamente, compostas por dissertações, o que demonstra um campo profícuo para aprofundamentos quanto a esse fenômeno juvenilização na EJA, inclusive nos cursos de doutorado.

Destarte, quantificaram-se as produções pelo ano da publicação a fim de se visualizar a frequência e a constância com que tal temática vem sendo tomada como objeto de pesquisa. Sendo assim, apresenta-se no Quadro 02 a evolução temporal das pesquisas sobre o fenômeno juvenilização no Brasil:

Quadro 02 Evolução das pesquisas sobre o fenômeno juvenilização no Brasil 

Ano 2003 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Total
Tipo de publicação
Tese - 1 - - 1 - - 1 - - - 3
Dissertação 1 - 1 1 1 1 6 6 4 4 5 30
Artigo - - - - - 1 - 1 - - - 2

Fonte: Elaborado pelas autoras a partir da análise dos dados da pesquisa, 2020.

Percebe-se ao verificar a evolução temporal das pesquisas sobre o fenômeno juvenilização no Brasil que as produções com foco nessa temática começaram a ser publicadas a partir do ano de 2003 e tornaram-se mais recorrentes nos últimos dez anos; sobretudo, quando houve mais incidência de publicações entre os anos de 2014 a 2018, como se apresenta no Quadro 02.

A seguir, objetivando estabelecer um panorama geral das pesquisas, que servirá de base para a análise mais detida dos aspectos teórico-metodológicos que as fundamentam, organizaram-se em quadros as publicações identificadas no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES (Quadro 03); na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (Quadro 04) e na ANPEd Nacional (Quadro 05), respectivamente acompanhados da temporalidade, título, autoria, tipo de pesquisa, curso e vínculo institucional.

A seguir as produções localizadas no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES:

Quadro 03  Pesquisas no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES 

Ano Título Autor(a) Tipo Curso Instituição
2018 Estética do oprimido na Educação de Jovens e Adultos Danilo Dias Nardeli Dissertação Programa de Pós-Graduação Profissional em Ensino das Artes Cênicas Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
2018 Educação de Jovens e Adultos no Brasil: da alfabetização à inclusão cultural Cibelle Dirce dos Santos Dissertação Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas Universidade Santo Amaro
2018 Discursos docentes atribuídos à Educação de Jovens e Adultos a partir de tensionamentos provocados pela juvenilização da modalidade: analisando o contexto de uma escola municipal de Duque de Caxias (RJ) Roberta Avoglio Alves Oliveira Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
2017 Juvenilização na EJA: significados e implicações do processo de escolarização de jovens. Carolina Coimbra de Carvalho Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
2017 Despeja na EJA: Reflexões acerca da migração perversa de jovens para o PEJA no município do Rio de Janeiro. Amanda Guerra de Lemos Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
2017 A formação docente e o fenômeno da juvenilização na Educação de Jovens e Adultos: desafios formativos. Núbia Sueli Silva Macedo Dissertação Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação de Jovens e Adultos-MPEJA Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
2017 Educação de Jovens e Adultos (EJA): um estudo sobre a inclusão de adolescentes no Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA). Ana Luiza Bacchereti Sodero de Toledo Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Nove de Julho (UNINOVE)
2016 Juvenilização na Educação de Jovens e Adultos no ensino médio: Um estudo de caso no município de Salvador Bahia. Luana Leão Afro Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Federal de Sergipe (UFS)
2016 Juvenilização da Educação de Jovens e Adultos em Abaetetuba: representações sociais e projeto de vida escolar. Marivane Silva de Alcantara Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade do Estado do Pará (UFPA)
2016 Currículo e culturas juvenis: um estudo de caso sobre as representações sociais dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos no município de Conceição da Feira-BA Maria Da Conceição Cédro Vilas Bôas De Oliveira Dissertação Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação de Jovens e Adultos-MPEJA Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
2015 Juvenilização na EJA: reflexões sobre juventude(s) e escola no Município de Angra dos Reis. Marcelo Laranjeira Duarte Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
2015 Juvenilização na Educação de Jovens e Adultos de Ouro Preto/MG: trajetórias e perspectivas dos estudantes mais jovens. Lorene Dutra Moreira e Ferreira Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
2015 Interfaces entre o ensino médio regular e a juvenilização na EJA: diálogos, entrelaçamentos, desafios e possibilidades sobre Quefazeres docentes. Larissa Martins Freitas Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
2015 Pisando em campo minado: a escolarização de adolescentes na Educação de Jovens e Adultos. Luci Vieira Catellane Lima Dissertação Programa de Pós-Graduação em Psicologia Universidade Federal de Rondônia (UNIR)
2015 Entre Nós e Encruzilhadas: as trajetórias dos jovens de 15 a 17 anos na EJA em Angra dos Reis. Leila Mattos Haddad de Monteiro Marinho Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Federal Fluminense (UFF)
2015 Juventude, educação e trabalho: um estudo sobre a juvenilização no CEJA de Brusque-SC. Olavo Larangeira Telles da Silva Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)
2015 Educação de Jovens e Adultos: como se constitui a influência das redes sociais no acesso e/ou na permanência dos jovens na escola? Vanessa Petró Tese Programa de Pós-Graduação em Sociologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
2014 Um estudo de caso sobre uma possibilidade para o ensino de matemática na EJA juvenilizada. Rosalina Vieira dos Anjos Dissertação Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
2014 Me Jogaram aqui porque eu fiz 15 anos: biopolítica da juvenilização da Educação de Jovens e Adultos em Belém-PA (2010-2013). Letícia Carneiro da Conceição Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Federal do Pará (UFPA)
2014 Professores iniciantes na Educação de Jovens e Adultos: Por que ingressam? O que os faz permanecer? Angelita Aparecida Azevedo Freitas Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
2014 Desigualdade e educação: a ação da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no município de Vila Velha - ES. Edna e Assis Ferreira Reis Dissertação Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política Universidade Vila Velha (UVV)
2014 Formação permanente de professores(as) da EJA: círculo de diálogos como práxis pedagógica humanizadora. Eliziane Tainá Lunardi Ribeiro Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
2014 Estudantes negros em Angra dos Reis: descortinando as desigualdades do Ensino Fundamental Regular à Educação de Jovens e Adultos. Eliana de Oliveira Teixeira Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Federal Fluminense (UFF)
2013 Da macropolítica às contradições e desafios em nível local: descortinando o PROEJA FIC em Passo Fundo/RS. Ângela Xavier Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade de Passo Fundo (UPF)

Fonte: Elaborado pelas autoras a partir da análise dos dados da pesquisa, 2020.

Os estudos localizados na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações são os seguintes:

Quadro 04 Pesquisas na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) 

Ano Título Autor (a) Tipo Curso Instituição
2018 Estudo sobre o uso das atuais tecnologias pelos Sujeitos da EJA no trabalho e na formação escolar Kleuver Luís Alves Mota Dissertação Programa de Mestrado em Educação e Docência - PROMESTRE Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
2018 O abandono do ensino médio regular pelos estudantes e a juvenilização da EJA: uma teia de relações. Juliana Bicalho de Carvalho Barrios Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Estadual de Londrina (UEL)
2016 Jovens na modalidade EJA na escola pública: autodefinição de jovem e função das TDICEs. Helga Valéria de Lima Souza Dissertação Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação Universidade de Brasília (UNB)
2012 A política nacional de juventude: assistencialismo ou inovação? Carla Alessandra Barreto Tese Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar da Faculdade de Ciências e Letras Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)
2012 Escolarização de alunos com deficiência na Educação de Jovens e Adultos: uma análise dos indicadores educacionais brasileiros. Taísa Grasiela Gomes Liduenha Gonçalves Dissertação Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Estadual de Londrina (UEL)
2011 A Implementação da Política de Educação de Jovens e Adultos (EJA) em uma Escola Municipal de Vitória/ES: apostas e tensionamentos. Marcel Bittencourt Romanio Dissertação Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
2009 Juventude, EJA e relações raciais: um estudo sobre os significados e sentidos atribuídos pelos jovens negros aos processos de escolarização da EJA. Natalino Neves da Silva Dissertação Pós-Graduação em Educação, Conhecimento e Inclusão Social Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
2008 Juventudes e processos de escolarização: uma abordagem cultural. Sandra dos Santos Andrade Tese Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
2003 Educação de Jovens e Adultos: a experiência do PEJ no município do Rio de Janeiro. Marcos Antonio Macedo das Chagas Dissertação Departamento de Educação Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ)

Fonte: Elaborado pelas autoras a partir análise dos dados da pesquisa, 2020.

Por fim, os trabalhos identificados na plataforma das reuniões nacionais da ANPEd:

Quadro 05 Produções na ANPEd Nacional. 

Ano Título Autor(a) Tipo Instituição
2013 A EJA frente ao enigma das idades: decifrá-lo ou ser por ele devorado. Letícia Carneiro da Conceição; Luiza Nakayama Artigo Universidade Federal do Pará (UFPA)
2015 A alternativa para o menino indesejável: vozes e sujeitos na biopolítica da juvenilização da EJA. Letícia Carneiro da Conceição Artigo Universidade Federal da Pará (UFPA)

Fonte: Elaborado pelas autoras a partir da análise dos dados da pesquisa, 2020.

Como se pode inferir a partir da sistematização dos dados identificados nesse levantamento que as pesquisas com foco no fenômeno juvenilização da EJA foram realizadas, prioritariamente, em cursos de mestrados, pois se identificaram trinta dissertações, ao passo que somente três teses e dois artigos científicos. Importa salientar, ainda, que foram identificados apenas trinta e cinco trabalhos, uma vez que nem todas as publicações sobre juvenilização correspondem ao campo de estudos da EJA, muitas pesquisas sequer tinham relação com a área da educação e; portanto, na leitura preliminar foram desconsideradas.

Constata-se que apesar de ser mencionado na literatura (BRUNEL, 2008) que o fenômeno juvenilização na EJA se data de meados da década de 90, somente no ano de 2003 identificou-se a primeira pesquisa, seguida de uma ruptura nos anos posteriores, haja vista a ausência de publicações, pois apenas no ano de 2007 verificam-se novas publicações para esta temática em questão. Ademais, observa-se que no ano de 2015 houve a maior concentração de trabalhos publicizados, a saber, oito pesquisas.

Ressalta-se inclusive a prevalência feminina na autoria das pesquisas que enfocaram o fenômeno juvenilização da Educação de Pessoas Jovens e Adultas, ou seja, das trinta e cinco pesquisas promovendo a discussão da temática vinte e oito foram realizadas por pesquisadoras brasileiras, fato que corrobora os estudos realizados por Barros e Mourão (2018) cuja pesquisa evidencia a predominância da participação feminina entre os(as) estudantes brasileiros(as) na educação superior, tanto na graduação, quanto na pós-graduação.

Por conseguinte, das três teses, trinta dissertações e dois artigos considerados para a análise, vinte e um são originárias de Programas de Pós-Graduação em Educação, duas pesquisas do Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação de Jovens e Adultos (UNEB) o único programa específico que se dedica a estudos referentes à Educação de Pessoas Jovens e Adultas em âmbito nacional; as demais pesquisas oriundas de Programas de Pós-Graduação em sociologia, psicologia, ensino entre outros; portanto, evidencia-se que os programas de educação são os que mais se dedicam ao estudo da temática analisada.

Com relação à instituição de origem, pode-se depreender que, majoritariamente, as pesquisas foram realizadas em Programas de Pós-Graduação de Instituições de Ensino Superior (IES) públicas, ou seja, das trinta e cinco pesquisas, vinte e uma são de IES federais e oito de IES estaduais. As demais, seis pesquisas são oriundas de IES privadas. Diante desses dados, percebe-se que as universidades públicas foram as que mais realizaram investimentos em pesquisas científicas acerca do fenômeno juvenilização da EJA.

Além disso, no que tange à localização das IES, o levantamento revela que as pesquisas são oriundas de universidades de diversas regiões do país, com predominância na região Sudeste, em que se localizaram dezesseis pesquisas; seguida da região Sul com nove; enquanto na região Nordeste foram identificadas quatro pesquisas; na região Norte, cinco pesquisas e apenas uma pesquisa na região Centro-Oeste.

Finalizada a análise das pesquisas identificadas para a sistematização do Estado do Conhecimento, utilizou-se a análise de conteúdo (BARDIN, 1995) no intuito de facilitar a discussão dos resultados, ressaltando as aproximações e os distanciamentos entre os dados obtidos e, para tal, agrupou-se em categorias as pesquisas com temáticas semelhantes.

Assim, para a exploração dos dados identificados e tratamento dos resultados, os estudos foram agrupados em quatro categorias, a saber: Sujeitos; Escolarização e Inclusão; Políticas Públicas e Formação Docente. No Quadro 06, situam-se as categorias temáticas, com suas respectivas bases de dados, bem como o número de publicações selecionadas.

Quadro 06 Pesquisas por categoria temática, base de dados, número de publicações selecionadas. 

Categoria Temática Base de Dados Produções Selecionadas
Sujeitos Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES 05
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) 01
ANPEd Nacional 02
Total 08
Escolarização e Inclusão Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES 09
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) 04
ANPEd Nacional -
Total 13
Políticas Públicas Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES 04
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) 04
ANPEd Nacional -
Total 08
Formação Docente Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES 06
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) -
ANPEd Nacional -
Total 06
Total Geral 35

Fonte: Elaborado pelas autoras a partir da análise dos dados da pesquisa, 2020.

De posse da categorização, os resultados são apresentados na próxima seção, considerando as categorias temáticas com o objetivo de compreender as principais discussões promovidas nas pesquisas brasileiras sobre o fenômeno juvenilização na EJA.

O que revelam as categorias analíticas acerca do fenômeno juvenilização na EJA

No que tange às categorias analíticas que emergiram das pesquisas levantadas, identificaram-se as seguintes: Sujeitos com oito pesquisas; Escolarização e Inclusão com treze; Políticas Públicas com oito e Formação Docente com seis estudos. Para reflexão, considera-se que as categorias congregam publicações as quais informam matrizes que permeiam a compreensão sobre o fenômeno juvenilização da EJA. Sendo assim, busca-se explanar os enfoques privilegiados em cada categoria.

As pesquisas agrupadas na categoria Sujeitos pretendiam de um modo geral compreender o fenômeno juvenilização da EJA mediante a voz dos sujeitos. Para tanto, os estudos centralizam-se nos(as) jovens, indagam quem são os(as) jovens que se inserem na EJA e quais as motivações que os(as) levam a ingressarem na EJA, objetivam compreender os sentidos e os significados que os(as) jovens atribuem à EJA em relação a seus projetos de vida. Exceto Oliveira (2018) que embora em sua pesquisa tenha discutido o fenômeno juvenilização, centralizou sua análise nos discursos dos(as) docentes, com o intuito de identificar os sentidos atribuídos por eles(as) a EJA juvenilizada.

Nas pesquisas que compõem a categoria Sujeito é consenso entre os(as) autores(as) que o fenômeno juvenilização vem sendo desencadeado no Ensino de Crianças, Adolescentes e Jovens (TOLEDO, 2017; ALCANTARA, 2016; SOUZA, 2016; FERREIRA, 2015; MARINHO, 2015; CONCEIÇÃO, 2015; 2013). Entre as motivações, percebe-se a manifestação da pouca identificação dos(as) estudantes ao ambiente escolar e à sensação de não pertencimento, o que em muitas ocasiões pode levá-los(as) a se evadirem do Ensino de Crianças, Adolescentes e Jovens e/ou migrarem para a EJA.

Nessa perspectiva, a EJA pode estar sendo concebida como uma escola de “segunda chance”, em que os(as) jovens são encaminhados(as) para concluírem o processo de escolarização e garantirem a obtenção da certificação. Entretanto, reitera-se que a retomada e/ou continuação da vida escolar na EJA institui-se para as pessoas jovens e adultas não apenas uma “oportunidade” ou “segunda chance” (ARROYO, 2018), mas representa a afirmação do direito subjetivo à educação.

A respeito do sentimento de não pertencimento aos espaços educacionais que muitos(as) jovens experienciam, Carrano (2007) argumenta que, para enfrentar o desafio da chamada juvenilização da EJA, é fundamental produzir espaços escolares culturalmente significativos que contemplem os interesses e os anseios da multiplicidade de sujeitos jovens. Essa afirmação corrobora a concepção de Marinho (2015) de que a educação tem que fazer sentido para os sujeitos e estar conectada com as suas realidades, caso contrário, eles(as) podem perceber-se como sendo de um “não lugar” e vivenciar um novo processo de exclusão.

A categoria “Escolarização e Inclusão” reuniu duas temáticas, pois em todas as publicações acessadas à escolarização era discutida a partir da perspectiva da inclusão, de maneira que os assuntos se intercruzavam em um dado momento. Ademais, essa categoria é a que contabiliza maior número de pesquisas, cuja ênfase centra-se em identificar as implicações do fenômeno juvenilização no processo de escolarização dos(as) estudantes da EJA, bem como as pesquisas selecionadas apontam essa modalidade da Educação Básica como uma alternativa para a inclusão dos(as) jovens, que outrora foram excluídos(as) das escolas de Ensino de Crianças, Adolescentes e Jovens.

Com objetivos distintos, todas as pesquisas ressaltaram a importância de considerar os(as) jovens protagonistas no processo de ensino e aprendizagem, sobretudo reverbera-se a necessidade de pensá-los(as) como sujeitos de direitos, e reconhecê-los(as), de fato, como parte da Educação Básica. Nesse sentido, algumas pesquisas buscaram alternativas para favorecer a inclusão dos(as) jovens sendo que, das treze pesquisas analisadas na categoria, uma pretendeu investigar as possibilidades para o ensino da matemática na EJA juvenilizada. Nesse estudo, Anjos (2014), com o intuito de favorecer o processo de escolarização, buscou mediante a alternativa da Modelagem Matemática (técnica que envolve elementos do cotidiano), permitir aos(as) estudantes perceberem o significado de tais conhecimentos e o sentido no contexto de suas vidas.

Nardeli (2018) em sua pesquisa ressaltou os desafios apresentados pelo fenômeno juvenilização da EJA e propôs como alternativa para o enfrentamento dessa realidade, um diálogo com teóricos da arte educação, mais, especificamente, versa sobre os trabalhos de Augusto Boal referentes a Estética do Oprimido como uma possibilidade para utilizar o teatro como instrumento de luta política. Segundo Nardeli (2018) a linguagem artística permite aos(as) educandos(as) jovens da EJA, além da ampliação da capacidade de leitura de mundo, sua emancipação estética.

Na sequência, Mota (2018) propôs, em sua pesquisa, investigar o uso que os sujeitos da EJA fazem das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) no ensino médio de uma escola estadual de ensino de Divinópolis-MG. Quanto aos resultados, o autor constatou que o fenômeno juvenilização da EJA, no ensino médio, está, estritamente, relacionado ao trabalho, pois os(as) jovens estão se inserindo cada vez mais cedo no mercado de trabalho e buscam, na EJA, a oportunidade de conciliar trabalho e estudos e também concluírem em um período mais curto de sua escolarização. Ademais, destaca que a juvenilização da EJA exige novas metodologias de ensino, assim o uso pedagógico das TDICs torna-se uma possibilidade.

Por conseguinte, duas pesquisas selecionadas pretenderam analisar o fenômeno da juvenilização incorporando as questões raciais: a primeira, Teixeira (2014) investigou a escolarização de estudantes negros(as) no ensino fundamental na rede municipal de Angra dos Reis-RJ e, a segunda, Silva (2009) objetivou compreender os significados e os sentidos atribuídos pelos(as) jovens negros(as) ao processo de escolarização vivenciados na EJA. Os dois estudos apontam as desvantagens de estudantes negros(as) em seu percurso escolar, os(as) quais são mais propícios aos bancos escolares da EJA, endossando a juvenilização. Além disso, defendem a inclusão de políticas afirmativas a fim de que se proporcione aos(as) estudantes experiências de pertencimento étnico-raciais.

Acerca desta questão, Passos (2012) assevera que nos últimos anos indicadores educacionais mostram as disparidades entre brancos(as) e negros(as) no acesso, na permanência e na conclusão dos percursos escolares e enfatiza que as desvantagens educacionais fazem com que muitos(as) jovens e adultos(as) negros(as) procurem a EJA para concluir sua escolarização.

A pesquisa de Gonçalves (2012) visou identificar e analisar as matrículas de alunos(as) com necessidades educacionais especiais na Educação de Pessoas Jovens e Adultas no Brasil. A pesquisadora constatou elevado índice de matrículas de alunos(as) com deficiência nas séries iniciais da EJA. E, com relação à idade dos(as) alunos(as) com deficiência da EJA, destacou a concentração de matrículas em faixas etárias mais baixas o que denota a juvenilização presente entre os(as) alunos(as) com deficiência.

Muitas pesquisas aqui categorizadas apontam que os(as) jovens movidos(as) pela necessidade de trabalhar para terem melhores condições de vida buscam os cursos noturnos da EJA para prosseguirem a sua escolarização (ALCANTARA, 2016; TOLEDO, 2017; CARVALHO, 2017, PETRÓ, 2015; REIS, 2014). Na mesma direção, a pesquisa realizada por Silva (2015) analisou o que estaria provocando o ingresso de muitos(as) jovens no CEJA de Brusque-SC. Para isso, investigou os fatores da “juvenilização” dessa modalidade educacional a partir das relações estabelecidas entre juventude, educação, trabalho e futuro profissional. Silva (2015) constatou ainda que, em relação aos motivos de abandono escolar, o trabalho aparece como principal motivo. Entretanto, destaca que os(as) jovens voltam a estudar, agora no CEJA, a fim de concluir o ensino médio para cursar o ensino superior ou técnico e, também, para se inserir ou se manter no mercado de trabalho.

Por tal viés, infere-se que dependendo da origem social dos(as) jovens estes(as) podem vivenciar a condição juvenil de distintas formas. Assim, a juvenilização é também efeito da injusta ordem social, na qual jovens, especialmente das classes populares, são empurrados(as) ao mercado de trabalho a fim de contribuírem com a subsistência familiar. Reafirma esse entendimento Carrano (2007, p. 5) ao avaliar que “os baixos níveis de renda e capacidade de consumo redundam na busca do trabalho como condição de sobrevivência e satisfação de necessidades materiais e simbólicas para a maioria dos jovens”.

As demais pesquisas que compõe a categoria Escolarização e Inclusão centralizam sua análise de forma similar nos processos de exclusão e inclusão que muitos(as) jovens vivenciam no sistema educacional (ANDRADE, 2008); pretendem desvelar as implicações do fenômeno juvenilização no processo de escolarização (CARVALHO, 2017; LIMA, 2015); buscam compreender a posição da juventude no sistema escolar que tem sido marcada por desigualdades (DUARTE, 2015), analisam a modalidade da EJA e seu papel na formação educacional considerando a condição de pobreza (REIS, 2014) e, também, pretenderam compreender como as redes sociais operam sobre as trajetórias de vida dos(as) jovens, influenciando a continuidade dos estudos na EJA (PETRÓ, 2015).

As investigações que compõem a categoria Políticas Públicas objetivam, em seu conjunto, empreender uma análise sobre fenômeno juvenilização pelo viés das políticas educacionais. Nessa perspectiva, evidenciam a relevância de se compreender as sucessivas políticas destinadas aos sujeitos jovens, assim como reconhecer que o desenvolvimento do fenômeno juvenilização na EJA está calcado, também, em atuações políticas.

Nessa categoria, das oito publicações selecionadas, quatro tinham como alvo a análise do fenômeno juvenilização em programas destinados à EJA: Xavier (2013) investigou a experiência do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de Educação de Pessoas Jovens e Adultas, Formação Inicial e Continuada com Ensino Fundamental (PROEJA/FIC) na cidade de Passo Fundo-RS. Lemos (2017) deteve-se às reflexões sobre a migração de jovens para o Programa de Educação de Pessoas Jovens e Adultas (PEJA) no município do Rio de Janeiro-RJ; Barreto (2012) discutiu e analisou as parcerias ensejadas no Programa Nacional de Inclusão de Jovens (PROJOVEM Urbano) e Chagas (2003) investigou as políticas destinadas à escolarização dos sujeitos jovens no Programa de Educação Juvenil (PEJ) no município do Rio de Janeiro-RJ.

As demais pesquisas que integram a categoria Políticas Públicas detiveram-se em empreender uma análise da constituição da EJA como política pública no Brasil, tal como a realizada por Conceição (2014), Barrios (2018) buscou compreender a juvenilização da EJA a partir da análise política do Ensino Médio; Romanio (2011) analisou os efeitos do processo de implementação da política municipal de Educação de Pessoas Jovens e Adultas em uma escola pública do município de Vitória-ES; e buscando refletir sobre a EJA como um espaço de cidadania e inclusão cultural, Santos (2018) procurou compreender as políticas públicas voltadas para a Educação de Pessoas Jovens e Adultas desenvolvidas no município de Diadema-SP.

Os estudos imbricados no campo das políticas públicas trouxeram elementos importantes para a compreensão da temática investigada. Segundo Barrios (2018, p. 22) ao estudar a juvenilização, tendo como foco as políticas, traz à baila a compreensão de que esse fenômeno pode ser, também, produzido pelas ações do Estado, haja vista a complexa teia de relações que estão em constante reconfiguração na sociedade capitalista.

Todavia, é consenso entre os(as) pesquisadores(as) referidos(as) que o fenômeno juvenilização da EJA está intimamente relacionado às mudanças estabelecidas na legislação, mais, precisamente, por uma questão institucionalizada e legalizada junto à LDBEN de 1996 que flexibilizou a idade mínima para o ingresso na EJA. Além disso, asseveram que a presença expressiva dos(as) jovens na EJA é uma realidade que está posta e precisa ser reconhecida como a nova identidade dessa modalidade educacional, daí a necessidade de se pensar e implementar políticas públicas de Estado que garantam o direito à educação de forma efetiva a esse segmento juvenil.

Na categoria Formação Docente, transitam interlocuções entre os desafios e as possibilidades da formação inicial, os processos de formação continuada e a formação permanente de professores(as), assim como os desafios e as possibilidades diante do fenômeno juvenilização na Educação de Pessoas Jovens e Adultas.

Das seis pesquisas selecionadas, três delas dedicaram-se a analisar a relevância da formação profissional no desenvolvimento do trabalho docente diante da EJA juvenilizada. Freitas (2014) investiga, em sua pesquisa, o processo de inserção e permanência do(a) professor(a) iniciante na EJA; Ribeiro (2014) se deteve a compreender a formação permanente de professores(as) atuantes na EJA mediante a perspectiva de uma práxis pedagógica humanizadora e Freitas (2015) pretendeu compreender como os(as) professores(as) expressam os dizeres sobre seu quefazer docente mediante círculos dialógicos formativos-investigativos considerando as interfaces entre o ensino médio e a juvenilização na EJA.

Outras duas pesquisas identificadas (AFRO, 2016; MACEDO, 2017) aplicam-se, de forma mais direta, a compreender o fenômeno juvenilização da EJA para, na sequência, analisar as possibilidades e os desafios que o fenômeno representa aos(as) professores(as). Sendo assim, um dos objetivos da pesquisa de Afro (2016) foi identificar junto aos(as) docentes quais as principais dificuldades enfrentadas devido à juvenilização experienciada no ensino médio das classes da EJA. Macedo (2017) estudou os desafios formativos dos(as) professores(as) para o trabalho junto aos(às) jovens, bem como construiu uma proposta formativa aos(às) professores(as) que considerasse as especificidades da juventude na EJA.

Já a pesquisa realizada por Oliveira (2016), pretendeu analisar as representações sociais dos(as) estudantes da EJA, de uma escola da rede estadual de ensino do município de Conceição da Feira-BA, acerca do currículo e juventude, ressaltando os desafios e as possibilidades na construção de um currículo que de fato atenda a cultura juvenil. Além disso, Oliveira (2016) apresentou um projeto de formação continuada para os(as) professores(as), extensivo aos(as) coordenadores(as) pedagógicos(as) e gestores(as), objetivando promover a reflexão e a compreensão das especificidades que perpassam esta modalidade educacional a partir do contexto de juvenilização, de forma que, os diálogos formativos e reflexivos e o ambiente colaborativo possibilitasse a construção de conhecimentos pertinentes a todos(as) os(as) profissionais que atuam junto aos(as) estudantes da EJA.

Nessa última categoria, Formação Docente, unanimemente as pesquisas revelaram que são muitos os desafios encontrados pelos(as) docentes, pelo fato de que com a juvenilização da EJA, defrontam-se com interesses de públicos diversos com distintas faixas etárias que exigem ajustes curriculares, metodológicos e didáticos e; inclusive verifica-se a ausência de formação profissional adequada às especificidades dessa modalidade educacional. Além disso, os(as) pesquisadores(as) coadunam que é preciso repensar o contexto da formação, haja vista as profundas mudanças políticas, sociais e culturais que perpassam a Educação de Pessoas Jovens e Adultas e, mais amplamente, a sociedade contemporânea.

Por fim, considera-se a formação dos(as) profissionais que atuam na Educação de Pessoas Jovens e Adultas como um requisito fundamental para que promovam experiências pedagógicas que reconheçam as pessoas jovens e adultas como construtoras de conhecimento. Ademais, destaca-se a necessidade de criarem-se espaços específicos para este fim, nas universidades e nas instituições formadoras. Dessa forma, são desejáveis mais investimentos em políticas públicas educacionais voltadas à formação de professores(as), a fim de favorecer o desenvolvimento do trabalho docente frente à EJA juvenilizada.

Tecendo algumas considerações

Perante o objetivo deste artigo ao apresentar as principais discussões e resultados situados nas pesquisas brasileiras sobre o fenômeno juvenilização na Educação de Pessoas Jovens e Adultas (EJA) e construir o estado do conhecimento a partir da análise de material coletado, é possível inferir que a temática se apresentou ainda timidamente entre as produções identificadas no Grupo de Trabalho de Educação de Pessoas Jovens, Adultas e Idosas da ANPEd nacional. Entretanto, constatou-se que as pesquisas sobre juvenilização ganharam espaço na última década nas publicações encontradas na CAPES e na BDTD. Supõe-se que tal configuração possa decorrer da história relativamente recente do fenômeno juvenilização na EJA, bem como a não problematização da inclusão desses(as) jovens e a sua invisibilidade no processo educativo.

Constatou-se, ainda, a realização de pesquisas a respeito do fenômeno juvenilização na Educação de Pessoas Jovens e Adultas, em todas as regiões brasileiras, nas mais diversas áreas de estudo, sobretudo com concentração nos Programas de Pós-Graduação em Educação e com predominância nos cursos de mestrado. Além disso, verificou-se que a maioria das publicações são oriundas de Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e foram realizadas, majoritariamente, por pesquisadoras brasileiras.

Sendo assim, a partir da constituição deste artigo foi possível perceber que a juvenilização da EJA é um fenômeno que se tem intensificado ao longo da última década e que ainda existem “espaços” incompreendidos que revelam a necessidade de se ampliar as investigações sobre o fenômeno a fim de compreender os desafios e visualizar alternativas para de fato incluir os(as) jovens, com o intuito de que a EJA não seja mais um espaço caracterizado pela inclusão excludente, mas um espaço de legitimação de identidades.

REFERÊNCIAS

AFRO, Luana Leão. Juvenilização na Educação de Jovens e Adultos no ensino médio: um estudo de caso no município de Salvador Bahia. 2016. 179 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2016. [ Links ]

ALCANTARA, Marivane Silva de. Juvenilização da Educação de Jovens e Adultos em Abaetetuba: representações sociais e projeto de vida escolar. 2016. 155 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade do Estado do Pará, Belém, 2016. [ Links ]

ANDRADE, Sandra dos Santos. Juventudes e processos de escolarização: uma abordagem cultural. 2008. 256 f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008. [ Links ]

ANJOS. Rosalina Vieira dos. Um estudo de caso sobre uma possibilidade para o ensino de matemática na EJA juvenilizada. 2014. 157 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Faculdade de Educação, Universidade Federal de Pelotas, 2014. [ Links ]

ARROYO, Miguel González. Educação de jovens-adultos: um campo de direitos e de responsabilidade pública. In: SOARES, Leôncio. GIOVANETTI, Maria Amélia; GOMES, Nilma Lino (Org.). Diálogos na educação de jovens e adultos. Belo Horizonte: Autêntica, 4. ed.; 2. Reimp. 2018, p. 19-50. [ Links ]

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa. Edições 70, 1995. [ Links ]

BARRETO, Carla Alessandra. A política nacional de juventude: assistencialismo ou inovação? 2012. 253 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Araraquara (SP), 2012. [ Links ]

BARRIOS, Juliana Bicalho de Carvalho. O abandono do ensino médio regular pelos estudantes e a EJA juvenilizada: uma teia de relações. 2018. 151 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Estadual de Londrina, Londrina (PR), 2018. [ Links ]

BARROS, Suzane Carvalho da Vitória; MOURÃO, Luciana. Panorama da participação feminina na educação superior, no mercado de trabalho e na sociedade. Psicologia & Sociedade, v. 30, 2018. [ Links ]

BRASIL. Parecer CNE/CEB nº 23/2008, de 8 de outubro de 2008. Institui Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos - EJA. Disponível em: <Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=14331-pceb023-08&category_slug=outubro-2013-pdf&Itemid=30192 >. Acesso em: 18 dez. 2019. [ Links ]

BRASIL. Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 23 de dezembro de 1996. Disponível em: <Disponível em: http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L9394.htm >. Acesso em: 28 nov. 2019. [ Links ]

BRUNEL, Carmen. Jovens cada vez mais jovens na Educação de Jovens e Adultos. Porto Alegre: Mediação, 2008. [ Links ]

CAMPOS, Claudinei José Gomes. Método de análise de conteúdo: ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 57, n. 5, p. 611-614, out. 2004. [ Links ]

CARRANO, Paulo. Educação de Jovens e Adultos e Juventude: o desafio de compreender os sentidos da presença dos jovens na escola da “segunda chance”. Revista de Educação de Jovens e Adultos, v. 1, p. 55-67, 2007. [ Links ]

CARVALHO, Carolina Coimbra de. Juvenilização na EJA: significados e implicações do processo de escolarização de jovens. 2017. 159 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2017. [ Links ]

CHAGAS, Marcos Antonio Macedo Das. Educação de Jovens e Adultos: a experiência do PEJ no município do Rio de Janeiro. 2003. 93 f. Dissertação (Mestrado) - Departamento de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003. [ Links ]

CONCEIÇÃO, Letícia Carneiro da. A alternativa para o menino indesejável: vozes e sujeitos na biopolítica da juvenilização da EJA. Anais da 37ª ANPEd. Florianópolis, 2015. [ Links ]

CONCEIÇÃO, Letícia Carneiro da. “Me jogaram aqui porque fiz 15 anos”: biopolítica da juvenilização da educação de jovens e adultos em Belém-PA. 2014. 104 f. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-Graduação em Educação - Instituto de Ciências da Educação, Universidade Federal do Pará, Belém, 2014. [ Links ]

CONCEIÇÃO, Letícia Carneiro da; NAKAYAMA, Luiza. A EJA frente ao enigma das idades: decifrá-lo ou ser por ele devorado. Anais da 36ª ANPEd. Goiânia, 2013. [ Links ]

DUARTE, Marcelo Laranjeira. “Juvenilização na EJA”: reflexões sobre juventude (s) e escola no município de Angra dos Reis. 2015. 122 f. Dissertação (Mestrado)- Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, 2015. [ Links ]

FERREIRA, Lorene Dutra Moreira. Juvenilização na EJA em Ouro Preto/MG: trajetórias e perspectivas dos estudantes mais jovens. 2015. 121 f. Dissertação (Mestrado)- Programa de Pós-Graduação em Educação, Instituto de Ciências Humanas e Sociais. Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana (MG), 2015. [ Links ]

FREITAS, Larissa Martins. Interfaces entre o ensino médio regular e a juvenilização na EJA: diálogos, entrelaçamentos, desafios e possibilidades sobre Quefazeres docentes. 2015.176 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria (RS), 2015. [ Links ]

FREITAS, Angelita Aparecida Azevedo. Professores iniciantes na educação de jovens e adultos: por que ingressam? O que os faz permanecer? 2014. 163 f. Dissertação (Mestrado)- Programa de Pós-Graduação em Educação, Instituto de Ciências Humanas e Sociais. Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana (MG), 2014. [ Links ]

GONÇALVES, Taísa Graciela Gomes Liduenha. Escolarização de alunos com deficiência na Educação de Jovens e Adultos: Uma análise dos indicadores educacionais brasileiros. 2012. 72 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Estadual de Londrina, Londrina (PR), 2012. [ Links ]

LEMOS, Amanda Guerra de, “Despeja na EJA”: reflexões acerca da migração perversa de jovens para o PEJA no município do Rio de Janeiro. 2017. 113 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017. [ Links ]

LIMA, Luci Vieira Catellane. Pisando em campo minado: a escolarização de adolescentes na educação de jovens e adultos. 2015. 169 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós Graduação em Psicologia, Fundação Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, 2015. [ Links ]

LOPEZ, André Porto Ancona. Como descrever documentos de artigo: Elaboração de instrumentos de pesquisa. São Paulo: Arquivo do Estado e Imprensa Oficial do Estado. 2002, 64 p. [ Links ]

MACEDO, Núbia Sueli Silva. A formação docente e o fenômeno da juvenilização da Educação de Jovens e Adultos: desafios formativos. 2017. 137 f. Dissertação (Mestrado) -Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação de Jovens e Adultos, Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2017. [ Links ]

MARINHO, Leila Mattos Haddad de Monteiro. Entre nós e encruzilhadas: as trajetórias dos jovens de 15 a 17 anos na EJA em Angra dos Reis. 2015. 160 f. Dissertação (Mestrado) -Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2015. [ Links ]

MOROSINI, Marília Costa; FERNANDES, Cleoni Maria Barboza. Estado do Conhecimento: conceitos, finalidades e interlocuções. Educação Por Escrito, Porto Alegre, v. 5, n. 2, p. 154-164, 2014. [ Links ]

MOTA, Kleuver Luís Alves. Estudo sobre o uso das atuais tecnologias pelos sujeitos da EJA no trabalho e na formação escolar. 2018. 141 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018. [ Links ]

NARDELI, Danilo Dias. Estética do oprimido na Educação de Jovens e Adultos. 2018. 110 f. Programa de Pós-Graduação Profissional em Ensino das Artes Cênicas - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018. [ Links ]

OLIVEIRA, Roberta Avoglio Alves. Discursos docentes atribuídos à educação de jovens e adultos a partir de tensionamentos provocados pela juvenilização da modalidade: analisando o contexto de uma escola municipal de Duque de Caxias (RJ). 2018. 111 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, 2018. [ Links ]

OLIVEIRA, Maria Da Conceição Cédro Vilas Bôas de. Currículo e culturas juvenis: um estudo de caso sobre as representações sociais dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos no município de Conceição da Feira-BA. 2016. 245 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação de Jovens e Adultos, Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2016. [ Links ]

PASSOS, Joana Célia dos. As desigualdades educacionais, a população negra e a Educação de Jovens e adultos. In: LAFFIN, Maria Hermínia Lage Fernandes. Educação de jovens e adultos e educação diversidade e o mundo do trabalho. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, p103-162, 2012. [ Links ]

PETRÓ, Vanessa. Educação de Jovens e Adultos: como se constitui a influência das redes sociais no acesso e/ou na permanência dos jovens na escola? 2015. 211 f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (RS), 2015. [ Links ]

REIS, Edna de Assis Ferreira. Desigualdade e educação: a ação da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no município de Vila Velha. 2014. 150 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política, Universidade Vila Velha, Vila Velha (ES) 2014. [ Links ]

RIBEIRO, Eliziane Tainá Lunardi. Formação permanente de professores (as) da EJA: círculo de diálogos como práxis pedagógica humanizadora. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria (RS), 2014. [ Links ]

ROMANIO, Marcel Bittencourt. A Implementação da política de Educação de Jovens e Adultos (EJA) em uma escola municipal de Vitória/ES: apostas e tensionamentos. 2011. 93 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2011. [ Links ]

ROMANOWSKI, Joana Paulin; ENS, Romilda Teodora. As pesquisas denominadas do tipo “Estado da Arte” na educação. Revista Diálogo Educacional, v. 6, n. 19, p. 37-50, 2006. [ Links ]

SANTOS, Cibelle Dirce dos. Educação de Jovens e Adultos no Brasil: da alfabetização à inclusão cultural. 94 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO, São Paulo, 2018. [ Links ]

SILVA, Natalino Neves Da. Juventude, EJA e relações raciais: um estudo sobre os significados e sentidos atribuídos pelos jovens negros aos processos de escolarização da EJA. 2009. 127 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009. [ Links ]

SILVA, Olavo Larangeira Telles Da . Juventude, educação e trabalho: um estudo sobre a juvenilização CEJA de Brusque-SC. 2015. 108 f. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí (SC), 2015. [ Links ]

SOARES, Magda Becker; MACIEL, Francisca. Alfabetização. Brasília: MEC/INEP/COMPED, 2000. [ Links ]

SOUZA, Helga Valéria de Lima. Jovens na modalidade EJA na escola pública: autodefinição de jovem e função das TDICEs. 2016. 146 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, Brasília (DF) 2016. [ Links ]

TEIXEIRA, Eliana de Oliveira. Estudantes negros em Angra dos Reis: descortinando as desigualdades do Ensino Fundamental regular à Educação de Jovens e Adultos. 2014. 107 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói (RJ) 2014. [ Links ]

TOLEDO, Ana Luiza Bacchereti Sodero de. Educação de Jovens e Adultos (EJA): um estudo sobre a inclusão de adolescentes no Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA). 2017. 95 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Nove de Julho, São Paulo (SP), 2017. [ Links ]

XAVIER, Ângela. Da micropolítica às contradições e desafios em nível local: descortinando o PROEJA FIC em Passo Fundo/RS. 2013. 155 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo (RS), 2013. [ Links ]

SOBRE AS AUTORAS

4Constitui uma ferramenta de coletar informações, do desenvolvimento de análises e avaliações do Sistema Nacional de Pós-Graduação do Brasil.

SOBRE AS AUTORAS

1Educação de Jovens e Adultos é expressão recorrente nas pesquisas desse campo investigativo, assim como em documentos legais, contudo, ao longo deste texto com o intuito de proporcionar visibilidade às questões de gênero optou-se pela expressão Educação de Pessoas Jovens e Adultas, entretanto manteve-se a sigla EJA.

2Segundo as Diretrizes Operacionais para a EJA “A educação escolar, sob a LDB, é regular em qualquer de seus níveis, etapas e modalidades” (BRASIL. Parecer CNE/CEB nº 23/2008, p. 4), uma vez que, neste artigo, o termo “regular” não será utilizado para não reforçar qualquer concepção de “irregularidade” da EJA e, por esse motivo será utilizado o termo Ensino de Crianças, Adolescentes e Jovens para se referir ao que alguns documentos legais, bem como algumas produções acadêmicas chamam de “ensino regular” em comparação com a Educação de Pessoas Jovens e Adultas (EJA).

3Esta pesquisa integra as investigações do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação de Pessoas Jovens, Adultas e Idosas (GEPEJAI/UFFS) e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação de Jovens e Adultos (EPEJA/UFSC).

Recebido: 22 de Março de 2020; Aceito: 07 de Julho de 2020

Adriana Regina Sanceverino

Doutora em Educação/UNISINOS/Pós Doutora em Educação/UFSC. Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional/PPGPE/UFFS; Líder do Grupo de Pesquisa em Educação de Pessoas Jovens, Adultas e Idosas - GEPEJAI/UFFS. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação de Jovens e Adultos - EPEJA/UFSC.

Emeline Dias Lódi

Mestra em Educação, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Brasil - Erechim - RS; Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação; Grupo de Pesquisa em Educação de Pessoas Jovens, Adultas e Idosas - GEPEJAI/UFFS. Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação de Jovens e Adultos - EPEJA/UFSC

Maria Hermínia Lage Fernandes Laffin

Pós-doutora pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Doutora em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina. Mestra em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGE/UFSC) e Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação de Jovens e Adultos (EPEJA/UFSC) e da Pesquisa interinstitucional “Fundamentos e Autores Recorrentes do Campo da Educação de Jovens e Adultos no Brasil” (CNPq).

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons