A Revista Práxis Educacional é um periódico trimestral do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd), da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), sem fins lucrativos. Seu objetivo central é divulgar pesquisas e estudos vinculados ao campo da educação, desenvolvidos por pesquisadores de diferentes contextos educacionais do Brasil e do exterior. Assim, tem como objetivo principal difundir conhecimentos e favorecer a formação de pensamento crítico por meio da difusão das ideias dos seus colaboradores registradas nos trabalhos submetidos para publicação.
O propósito deste número especial foi o de assentar, por meio de uma rigorosa seleção de colaboradores e colaboradoras, o registro da obra freireana sob o enquadre dialogal da percepção de cada autor /a convidado/a, perspectivando quer a dimensão humanística, emancipatória, lúdica, dialógica ou outra que mais se aproxima de sua relação como leitor de Paulo Freire. Pensador brasileiro notável, Paulo Freire possui vários títulos Doutor Honoris Causa. É Patrono da Educação Brasileira e tão respeitado, ao ponto de ser considerado “Patrimônio Documental da Humanidade” pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco).
Assim este número especial da Práxis educacional reveste-se de uma moldura dialógica que acolheu contribuições de pesquisadores que se inspiram no legado freireano para propositar trabalhos acadêmicos, bem como mobilizar estratégias para o enfrentamento da realidade diversa e desigual na qual estamos em convivência, quer em espaços institucionais da pesquisa, quer em outros coletivos sociais.
A palavra geradora, mote deste número, é o pensamento freireano em escrutínio que se reverbera em dialogias com as necessárias transgressões para enfrentamento de autoritarismo, as pontes e confluências com outros autores, a recriação de conhecimentos com outros campos do saber, como a Linguística Aplicada, a invenção do lugar biblioteca como repertório ético, do mesmo modo o brincar enquanto direito e ato formativo, o deslocamento das espistemologias In e Trans Disciplinares para sustentar as requeridas reflexões e ações de estarsendo no mundo para expressão da palavramundo, a ética, a decolonialidade e a educação, em destaque para a afirmação da necessidade de ler e reler Paulo Freire.
Nossa opção, nesta apresentação, foi a de não relacionar os títulos dos trabalhos, contudo, ampliamos essa palavra geradora com uma entrevista com o professor Peter Roberts, que gentilmente nos atendeu, enquanto editores, um dos estudiosos mais ativos e responsivos ao discurso freireano, na Nova Zelândia e já colaborador de muitos estudos com pesquisadores brasileiros.
No seu ano de centenário de nascimento e, após 25 anos de sua passagem, este número especial, além de prestar uma homenagem ao seu legado, é um exercício que nos foi e é exigido ao encontro pela importância do projeto humanizador e da necessidade da conscientização frente ao sistema, à sociedade tão desigual e aniquiladora de subjetividades. Uma pedagogia da resistência, que inclua o ato reivindicatório como atitude dialogal e replicantes que, ao mesmo tempo revela e nega hospedagem a toda e qualquer situação opressora.
O pensamento de Paulo Freire permanece vivo, neste ano de 2021, um conjunto significativo de instituições dos mais diversos escopos: acadêmicas, sindicais, políticas populares etc e coletivos sociais do Brasil e do exterior reservaram espaço e tempo para implementar propostas em homenagem ao seu centenário, revitalizando a sua obra, a sua fortuna educacional e cidadã, envolvendo a educação em suas múltiplas possibilidades, mas com um único princípio: o do direito à formação humana e a emancipação social. Portanto, compete-nos reafirmar que este número, ao reunir relevantes contribuições teóricas de autoria de pessoas que responsivamente e responsavelmente se filiam à concepção freireana de resistir e insistir, sem dicotomizar essa duas ações - como se constata nos textos desta edição da Práxis educacional - para (com) partilhar e (com) viver ensinamentos a favor da dignidade e do direito à vida e à educação.