SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.27Cognizioni corporee: l’olfatto e l’esperienza del saporeLiteratura e seus modos de leitura: a mediação literária para estudantes do ensino médio índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Compartilhar


Conjectura: Filosofia e Educação

versão impressa ISSN 0103-1457versão On-line ISSN 2178-4612

Resumo

PORTUGAL, Daniel Bittencourt  e  BECCARI, Marcos Namba. Do cristão moralista ao budista niilista: reflexões sobre a moral contemporânea a partir da Genealogia da Moral de Nietzsche. Conjectura: filos. e Educ. [online]. 2022, vol.27, e022038.  Epub 10-Mar-2024. ISSN 2178-4612.  https://doi.org/10.18226/21784612.v27.e022038.

Este artigo visa refletir sobre a moral contemporânea a partir da ética de Nietzsche, tendo como foco principal a sua Genealogia da Moral e, como contraponto a ser problematizado, o livro The weariness of the self, do sociólogo francês Alain Ehrenberg. De início, para analisar alguns tipos morais relevantes na primeira obra, revisamos o itinerário genealógico entre a “vontade de verdade” cristã e o niilismo budista (ou “ceticismo em matéria de moral”), destacando ainda alguns comentários de Nietzsche em torno de Kant e o utilitarismo inglês. A autocrítica kantiana do conhecimento, afinal, manteve intacta a valoração negativa (cristã) da vida ao não questionar o valor em si da verdade. Por sua vez, ao arrogar o Bem definitivo à felicidade, o utilitarismo inglês tornou a compaixão cristã compatível com o “ceticismo em matéria de moral”. A partir disso, argumentamos que a nova figura moralmente exemplar – não sendo mais a do cristão, alvo principal da genealogia nietzschiana – é a do budista, uma vez que este adere integralmente ao niilismo. Em um segundo momento deste estudo, problematizamos a tese de Ehrenberg, segundo a qual a figura do “indivíduo soberano” teria, hoje, se tornado hegemônica sob a égide da categoria da depressão. Não sendo concebível, sob o prisma nietzschiano, tal “indivíduo soberano” deprimido descrito por Ehrenberg, observamos, por fim, que é o niilismo que efetivamente se prolifera hoje: a partir da ilusão de superação total da moralidade, a moral contemporânea cultiva a fraqueza e o cansaço fisiológico por meio de um programa de combate irrestrito ao sofrimento.

Palavras-chave : Nietzsche; Genealogia da Moral; Niilismo; Indivíduo soberano.

        · resumo em Inglês     · texto em Português     · Português ( pdf )