INTRODUÇÃO
A educação a distância (EaD), por meio de sua história, qualifica-se cada vez mais voltada para a construção do saber, no qual o uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs) é um fator relevante, uma vez que é por meio destas que os estudantes encontram autonomia para os processos de ensino e de aprendizagem. O Ministério da Educação (MEC), por meio do decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, menciona que a EaD caracteriza-se como modalidade de ensino na qual o uso das TICs é o mediador do processo didático-pedagógico, e as interações entre estudantes e professores acontecem e desenvolvem competências educacionais independente do espaço ou do tempo ( BRASIL, 1996 ; LÉVY, 1996 , 2010 ).
Sendo assim, é por meio do avanço e contribuição dos meios midiáticos e tecnológicos que o novo mundo educacional vem sofrendo uma mudança paradigmática. Muitos valores e concepções de ensino e de aprendizagem são revisitados e um novo modo do ensinar e aprender vai se formando e mudando significativamente o perfil do estudante, em meio a uma sociedade totalmente informatizada e/ou digitalizada ( ABRÃO; DEL PINO, 2016 ). Corroborando com o pensamento desses autores, Behar e Silva (2012 , p. 1-2) mencionam que tais mudanças impactam a/na educação em vários aspectos e fatores:
[...] modificando os espaços escolares, os ambientes de aprendizagem e os recursos utilizados para o ensino, bem como o perfil do aluno. Para as autoras, assim como o aluno na sala de aula, precisa de competências que o façam atuar como um estudante, o aluno da EaD também necessita de competências para enfrentar suas dificuldades e descobrir as possibilidades tecnológicas.
Nesse sentido, acreditamos que vivemos em uma sociedade do conhecimento, muitas vezes, rápida, fluida e inconstante do ponto de vista de novos movimentos e conhecimentos ( MORIN, 2005 ). Logo, o novo cenário no qual a EaD está inserida é o maior fomentador da ruptura dos modelos convencionais de ensino e de aprendizagem, surgindo da expansão na oferta de cursos à distância, oferecidos por meio do sistema da Universidade Aberta do Brasil (UAB), em parceria com instituições federais de ensino superior e municípios conveniados (BRASIL, 2007; MORIN, 2004 ). Percebemos a evolução dessa modalidade por meio das matrículas constantes no “Censo da Educação Superior” de 2018 (BRASIL, 2019a).
Em 10 anos, a EaD teve um aumento de 182,5%, quando em 2008 contava com 12,53% do total de matrículas nos cursos de graduação. No último censo, computa-se 24,3% do total dessas matrículas. Esses dados demonstram a consolidação dessa modalidade e que a sociedade está cada vez mais engajada e adepta em usufruir da oferta desta nova forma de ensinar e aprender (BRASIL, 2019a).
Com esta quebra de paradigma, surge um novo aluno. Esse estudante voltado ao mundo virtual em lugar das tradicionais classes/carteiras e salas de aulas físicas, com professores e quadro branco/verde e perfilados em uma sala de aula ( BELLONI, 2003 ).
Diferentemente da modalidade presencial, o aluno EaD passa a ser o sujeito da sua própria aprendizagem e o professor é o coadjuvante e mediador do saber, nesta cadeia ou rede que se constrói. Contudo, faz-se necessário que o aluno agregue competências para atingir o fim e o sucesso almejado. Para Litto e Formiga (2009 , p. 126), “o aluno deve ser capaz de construir o edifício de seu próprio conhecimento.” Para isso, precisamos entender que para o aluno EaD não existe um padrão educacional a ser considerado correto, e sim uma construção de saberes, embasados nas peculiaridades individuais, em seus objetivos e na sua forma de estabelecer o conhecimento.
Para uma educação que pretende se distanciar da tradicional, se faz necessário entender que não existe uma fórmula de aluno, e sim indivíduos que são complexos. Para isso, essa educação deve caminhar para diálogos com a interdisciplinaridade e com a transdisciplinaridade. ( MORIN, 1997 , p. 48).
Em vista disso, a metodologia a ser usada deve ter um caráter multidirecional, na qual o ensino e a aprendizagem sejam interligados pela consciência da proposta pedagógica e o aluno, pois esse é o objetivo-fim de todo e qualquer processo educacional ( BELLONI, 2009 ). “O novo aprendente aponta para algumas das mudanças profundas que estão acontecendo, seja no modo como as pessoas aprendem no que é preciso que aprendam ou na necessidade de aprender para toda a vida, de maneira cada vez mais autônoma.” ( LITTO; FORMIGA, 2009 , p. 126).
Esse conjunto de habilidades contribui e interfere para a interconexão no desenvolvimento dos saberes, no qual cada um exerce seu papel de forma que os objetivos do ensino e da aprendizagem sejam alcançados.
As características fundamentais do aluno, e consequentemente do futuro profissional moderno são, a inovação, criatividade, com maior mobilidade, exigindo um trabalhador multicompetente, multiqualificado, capaz de administrar atividades em equipe, de se adaptar a situações novas, sempre prontas a aprender. Resumindo, um estudante mais informado e autônomo, e capaz para gerir seus estudos e realização dos seus objetivos. ( BELLONI, 2003 , p. 36).
O aluno, por sua vez, para se adaptar a este novo contexto de educação deve apresentar algumas características descritas por Pallof e Pratt (2004 , p. 34), como: “a familiaridade e acesso ao computador, motivação e autodisciplina, mente aberta para compartilhar experiências pessoais, trabalhos e experiências educacionais, não deve se sentir prejudicado pela ausência de sinais auditivos ou visuais no processo de comunicação.” Além disso, os autores mencionam que é preciso ter responsabilidade e liberdade de construir/organizar o seu horário de estudos para resolver todas as questões propostas; dedicar quantidade significativa de seu tempo semanal a seus estudos ( PALLOF; PRATT, 2004 ). O processo de aprender está ligado diretamente à forma de como o ensino é realizado. Nesse sentido, cabe ao estudante a construção de paradigmas necessários para a codificação das responsabilidades e aquisição do conhecimento, fazendo destes um significado para a aprendizagem ( ABRÃO; DEL PINO, 2016 ).
A Educação a Distância na Federal do Pampa
Em 2017, com o pensamento de expandir, democratizar e levar o ensino superior a pessoas com dificuldade de acesso ao modo presencial e para colaborar com o desenvolvimento de várias regiões do estado do Rio Grande do Sul, a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) firmou convênio com a Universidade Aberta do Brasil (UAB). Atualmente, a instituição oferece quatro cursos de graduação (Administração/bacharelado e licenciatura em Letras-Português, Pedagogia e Geografia) distribuídos em 21 polos de apoio presencial em municípios espalhados por todo Rio Grande do Sul, conforme o Mapa 1 .
A universidade se faz presente nas mais diversas regiões do estado, vindo ao encontro de seus objetivos em 2007, conforme consta em seus documentos institucionais, de se firmar em todo o Rio Grande do Sul.
Para compreender significados iniciais desta política pública embrionária, a partir da visão dos estudantes, foi aplicado um questionário para conhecer o perfil do aluno EaD da Unipampa e sua autonomia enquanto agente do próprio saber. O universo dos discentes foi constituído pelos 1.371 alunos pertencentes aos cursos oferecidos nos polos, conforme demonstra o quadro a seguir. Por meio da plataforma Moodle foi enviado um questionário a todos os alunos matriculados, com o objetivo de conhecer o perfil dos estudantes EaD da Unipampa:
Município/Cursos | Administração | Letras | Geografia | Pedagogia |
---|---|---|---|---|
Agudo | X | X | ||
Arroio dos Ratos | X | |||
Cacequi | X | X | ||
Cachoeira do Sul | X | |||
Camargo | X | X | X | |
Cruz Alta | X | X | ||
Esteio | X | X | ||
Faxinal do Soturno | X | X | ||
Gramado | X | X | X | |
Hulha Negra | X | X | X | |
Itaqui | X | X | X | |
Panambi | X | X | ||
Quaraí | X | X | ||
Restinga Seca | X | |||
Rosário do Sul | X | X | ||
São Francisco de Paula | X | |||
São Sepé | X | X | ||
Sapucaia do Sul | X | |||
Sobradinho | X | |||
Três de Maio | X | |||
Vila Flores | X |
Fonte: UNIPAMPA, dados de julho de 2019.
Neste contexto, descrevemos o perfil do aluno matriculado na modalidade EaD, considerando o gênero: o feminino se sobressai sobre o masculino, sendo 74,1% mulheres; como hipótese, podemos considerar que a maioria dos cursos ofertados é de licenciatura. O “Censo da Educação Superior” de 2018 vem corroborar com esse índice quando informa que 71,3% das matrículas em cursos de licenciatura são de pessoas do sexo feminino, enquanto 28,7% são do sexo masculino (BRASIL, 2018). A faixa etária predominantemente entre os alunos está entre 30 e 36 anos, perfazendo um total de 30,4%:
Observamos, também, que 11,8% dos alunos têm mais de 50 anos, o que nos leva a acreditar que é uma parte da sociedade que não teve oportunidade de concluir seus estudos em período “regular”, ou que está em busca de qualificação para o mercado de trabalho. Outro fator que colabora com esses dados, é a possibilidade de professores que atuam na rede de ensino retornarem à universidade para se qualificarem em sua área de atuação – um dos objetivos principais do programa da UAB. Esses dados corroboram com que encontramos a seguir:
Também em 2010, nos cursos a distância metade dos alunos tem 32 anos [...] e os 25% mais velhos tem mais de 40 anos. Os alunos dos cursos a distância possuem em média 33 anos, este dados indicam que os cursos a distância atendem a um público com idade avançada. (BRASIL, 2010, p. 45).
Belloni (2009) corrobora afirmando que a EaD visa, prioritariamente, as populações adultas que não têm possibilidade de frequentar uma instituição de ensino convencional, presencial e que têm pouco tempo disponível para dedicar aos estudos. Em vista disso, a EaD veio preencher a lacuna educacional dessa parte da sociedade ( ABRÃO; DEL PINO, 2016 ).
O gráfico demonstra que os alunos com menos de 30 anos preenchem o percentual em torno de 26%, mostrando que os cursos na modalidade a distância não concorrem com os cursos presenciais que, em sua massiva quantidade de alunos, atende pessoas entre 25-30 anos. O acesso em zonas mais desprovidas de universidades ou da oferta da educação superior talvez seja a grande justificativa para que se tenha um público que oscila entre 18 e mais de 50 anos nas vagas ofertadas nos cursos.
A maioria dos alunos (60,7%), conforme aponta o Gráfico 2 , é de trabalhadores e empregados com carteira assinada ou funcionários públicos, demonstrando mais uma vez a necessidade da continuidade dos estudos ou a busca do conhecimento para aprimorar sua prática.
Podemos observar que a maioria dos estudantes (83,1%), tem renda fixa, com condições financeiras para contribuir de alguma forma com a economia e/ou sustento familiar. Podemos considerar que a EaD veio como uma opção de qualificação, expectativa de melhores salários e, consequentemente, melhorias da qualidade de vida ( ALMEIDA, 2012 ). Acreditamos que ao término do curso, os 16,9% sem atividade remunerada consigam se inserir e/ou introduzir-se no mercado de trabalho conforme sua qualificação.
Em relação à conclusão do ensino médio, constatamos que 92,2% dos ingressantes são egressos da escola pública.
Tendo por base esses dados, podemos inferir que esta opção se dá pela oferta do ensino público e gratuito, oferecido pelas esferas governamentais nos municípios da federação. Entre os respondentes, 61,2% concluíram seus estudos de nível médio com nomenclaturas diferenciadas, conforme a época de conclusão. Esses dados nos levam a acreditar que o fator da oferta do ensino público e gratuito, juntamente com o baixo poder aquisitivo dos respondentes, a conclusão do ensino médio, foi a forma encontrada pelos participantes da pesquisa para a conclusão dos seus estudos. Apenas 16,2 % dos respondentes concluíram seus estudos na modalidade da educação de jovens e adultos (EJA). Este percentual nos leva a concluir que a maioria dos discentes teve oportunidade de realizar seus estudos em regime de ensino regular, isto é, frequentar os níveis de ensino dentro das faixas etárias estabelecidas pela legislação vigente da época. Também pesquisamos sobre o domínio de língua estrangeira moderna. Os dados apontam que os alunos da EaD da Unipampa, em sua maioria (65,2%), não têm conhecimento de uma língua estrangeira. Outro indicador se deu sobre o hábito da leitura, em que a maioria dos alunos podem ser considerados leitores assíduos:
Dos respondentes, 64,9% dizem ter o hábito de leitura. Este é um percentual relevante na modalidade à distância, uma vez que a maior parte dos componentes curriculares é embasada em textos e suas interpretações, para o entendimento e aprendizagem. Sobre o conhecimento da informática percebemos o domínio desta pela maioria do universo estudado: mais de 80% dizem ter acesso e conhecimentos básicos de informática. Além disso, 99,2% dos alunos têm acesso à internet fora do polo de apoio presencial nos municípios em que são ofertados. Esse percentual nos remete a pensar que eles têm autonomia em realizar seus estudos no tempo que for mais conveniente. Para acesso, os participantes da pesquisa indicaram usar como ferramentas: computador, notebooks, tablets e até mesmo o telefone.
Isso significa que os avanços dos recursos tecnológicos estão contribuindo para o acesso e disseminação do conhecimento por meio do uso das TICs. Entre os respondentes, 41,2% não realizaram nenhum curso a distância antes da graduação cursada. Assim, concluímos que mais da metade dos alunos não tem experiência na modalidade EaD. Tais dados nos levam a crer que mesmo com a grande oferta de cursos nessa modalidade, os discentes não tiveram, até então, oportunidade de qualificação. Entre os fatores para este impedimento, citam a falta interesse pelas áreas ofertadas, problemas econômicos, dificuldades de locomoção. A Unipampa através desses dados está sendo uma condutora do saber e oportunizando a qualificação desta parte da sociedade em várias regiões que sua oferta presencial não atendia.
Considerando as dificuldades tanto técnicas como humanas ( Gráfico 06 ), os alunos destacaram que para seu melhor desempenho necessitam de maior atenção dos professores (31,5%), seguida de orientações sobre: fluxos acadêmicos (19,5%); sistema Guri – sistema de dados relacionados à vida acadêmica e institucional (18,2%); plataforma Moodle (14,2%); e técnicas 16,6%.
As respostas a este questionamento retratam a necessidade da interação entre os recursos humanos da instituição (professores, tutores e coordenadores de curso) e os alunos. Em vista disso, sentimos a necessidade da busca de estratégias com o objetivo da quebra de paradigmas da modalidade à distância, como forma de contribuir e amenizar o distanciamento humano imposto pelo sistema educacional ora estudado. Em relação à plataforma Moodle, 58,3% dos alunos dizem ter conhecimento prévio. Tendo em vista esses percentuais informados, concluímos que um pouco mais da metade dos respondentes tem facilidade de realizar seus estudos nessa plataforma, pois já conheciam o ambiente de aprendizagem, o que facilita a compreensão e execução das suas atividades acadêmicas. Porém, 41,7% não tinham esse conhecimento no momento em que iniciaram o curso ora executado. É um percentual bastante expressivo, e cabe uma reflexão por parte da instituição para gerir a qualificação do aluno no momento de sua investidura nos cursos ofertados.
Em relação à escolha do curso, 73,5% ( Gráfico 07 ) dos alunos destacaram que, o curso veio a atender suas aptidões. Essa escolha também se deu de maneira significativa pela viabilidade de conciliação de horários, inserção no mercado de trabalho e a possibilidade de aumento salarial.
Os dados acima, mais uma vez, atestam a importância da presença da universidade nas cidades contempladas por polos UAB. Além da perspectiva de levar e produzir o conhecimento, a Unipampa está realizando um trabalho de inserção social, atendendo principalmente a demanda dos alunos e da região.
Entre as perguntas abertas, os discentes foram questionados sobre o relacionamento com os atores que fazem parte dos processos de ensino e aprendizagem; sua satisfação com o curso; e quais os aspectos negativos que consideram relevantes e que deveriam ser melhorados. A maioria destaca que não há problemas de relacionamentos, apenas fazem referência à demora das respostas às suas demandas.
Quanto ao grau de satisfação, a maioria dos alunos considera relevante a oferta dos cursos e tecem elogios. Relatam que o curso e a modalidade à distância são extremamente facilitadores, por atingirem uma camada social com condições financeiras precárias e cuja cidade ou região que residem não oportunizar ensino superior gratuito. Na visão dos discentes, a EaD possibilita trabalhar e estudar, gerir suas vidas, garantir uma formação de qualidade e, com isso, elevar o conhecimento, contribuindo para torna-lhes um ser humano crítico e atuante na sociedade ( ALMEIDA, 2012 ).
Sobre os aspectos negativos, os respondentes fazem referência à quantidade de conteúdo disponibilizada nos componentes curriculares e ao sistema operacional da universidade (Guri), ao qual afirmam ter dificuldades de acesso, citando a instabilidade na plataforma de aprendizagem (Moodle). Muitos dizem que as orientações se encontram fragmentadas no site da universidade e, portanto, há dificuldade de acesso às informações e interação com o curso, pró-reitorias e com a própria universidade.
Ainda relatam que os tutores também encontram dificuldade em auxiliá-los nessa interação com o Guri, tendo em vista não conhecerem do sistema. Os discentes alegam que esse problema acarreta prejuízos, tais como: perda de tempo e prazos na realização de suas atividades e/ou tarefas, pois pela falta de conhecimento dos tutores, eles necessitam recorrer a instâncias internas da universidade como forma de sanar seus problemas.
ALGUMAS CONSIDERAÇOES FINAIS
O perfil principal do aluno EaD, ligado ao sistema UAB da Unipampa é, em sua maioria, feminino, com idade oscilando entre 30 a 36 anos, com expressivo número de alunos em torno de 50 anos; 63% são casados ou possuem união estável e mais da metade tem filhos(as), consolidando um aluno de família pequena, mas já consolidada. Quase metade relata que não apresenta problemas de saúde.
Conseguimos perceber que 83% dos alunos possui renda fixa e mais da metade tem ganhos acima de cinco salários-mínimos, garantindo que o aluno busque a qualificação ou desejos pessoais, não inferindo como justificativa melhorias salariais para o ingresso na graduação à distância. Sobre as mulheres destas famílias gaúchas, podemos inferir que tenham interesses em continuar seus estudos, na busca de melhores condições de qualificação (ou formação em serviço) ou, ainda, para adentrarem em um curso superior, visando contribuírem com renda per capita da família, ou até mesmo uma forma de independência financeira ou social.
Concluímos que 92% dos alunos concluíram ensino médio em escola pública, de forma regular/normal (dos três anos regulares de estudo). Destes, marcamos que quase 60% dos alunos terminaram o ensino médio há mais de 12 anos, caracterizando mais uma vez que a educação na modalidade a distância não concorre com a modalidade presencial, pois se trata de um outro público e/ou perfil. Ainda conseguimos captar que 65% dos alunos demonstraram hábito de leitura – fator importante para o aluno EaD. Também registramos que 80% desses alunos têm conhecimento básico em informática e 17% possuem conhecimento avançado nas tecnologias, aproximando o aluno da escolha da modalidade. Quase que a totalidade tem acesso à internet, caracterizando uma familiaridade com as tecnologias. Eles relataram que usam diversas ferramentas e/ou mecanismos de estudos, tais como computadores de mesa, notebooks, tablets e telefones celulares.
Observamos que os alunos não têm autonomia quanto aos fluxos acadêmicos, expondo a necessidade de orientações objetivas que contribuam para o desenvolvimento de suas práticas acadêmicas. Analisando o site da Unipampa, constatamos que não há informações compiladas em um só documento, mas de forma fragmentada. Ao acessar a primeira página do site , reservada à EaD, está disponível o “Manual do Aluno”, apresentado como um tutorial. Porém, o documento apresenta apenas dicas e sugestões para iniciar os estudos, não fazendo referência alguma de como o aluno deve gerir suas atividades acadêmicas. Também há disponibilizado um manual na página do curso de Letras, um pouco mais ampliado do que o citado acima. Os demais cursos ainda estão em construção (BRASIL, 2018b).
Os alunos indicam como referência principal de dificuldade: os procedimentos técnicos, tais como acesso ao portal do aluno Guri, resgate de senha, rematrículas entre outras poucas funções. Essas orientações encontram-se na página da Diretoria de Tecnologia de Informação da universidade, porém o aluno do EaD não tem conhecimento da estrutura organizacional da Unipampa, trazendo insegurança e angústia aos discentes frente aos problemas para gerirem suas demandas acadêmicas.
Em vista disso, compreendemos que é função da universidade e dos atores envolvidos repensarem suas práticas, como forma de contribuir não somente para o progresso do ensino e da aprendizagem, mas também proporcionar ao aluno sua autonomia acadêmica.