1 Introdução
Dada a complexidade da gestão escolar como um todo e a relevância do papel dos diretores para a melhoria da educação, o presente trabalho se concentrou na análise e compreensão do papel dos diretores de escolas básicas na Província de Chiloé em relação à promoção da participação familiar para apoiar os processos de apoio e acompanhamento educacional de seus filhos.
Com este objetivo, pudemos responder a algumas perguntas: “Como os diretores percebem e valorizam o conceito de participação?”; “Quais são as principais competências gerenciais que eles mobilizam para promover a participação?”; “Quais são as principais práticas e estratégias utilizadas pelos diretores para promover a participação?”; “Quais são as atividades de participação dos pais que são realizadas dentro das escolas básicas?”; “Quais são as principais dificuldades e facilitadores do contexto para promover a participação?”, entre outras não menos importantes.
Portanto, concentramo-nos no papel desempenhado pelos diretores e investigamos a contribuição feita pelo desenvolvimento da abordagem baseada na competência como um elemento que favorece uma abordagem gerencial destinada a fortalecer a participação dos pais que enfatiza um foco formativo e contribui para a melhoria da aprendizagem das crianças.
2 Materiais e métodos
2.1 Fundamentação teórica
Nas últimas três décadas, a sociedade evoluiu precipitadamente em toda as esferas, como resultado dos avanços tecnológicos, comunicações e informações, o que impôs novas formas e modos relacionais que sem dúvida perturbaram, no campo da educação, a gestão das escolas, a cultura escolar, as metodologias de ensino, as concepções axiológicas e o perfil do novo ser humano que a sociedade atual exige para seu desenvolvimento.
Diante desse contexto desafiador, as escolas devem se esforçar para mudar e avançar na direção de processos de adaptação gradual que lhes permitam responder à sua missão educacional em um contexto de incerteza, crises sociossanitárias e ambientais e mudanças permanentes.
Vemos o diretor da escola como o líder mais relevante para que os processos de adaptação sejam possíveis; e os pais como os articuladores e colaboradores fundamentais nos processos educacionais de seus filhos e para a melhoria das instituições escolares. Desse modo, Barrientos, Silva e Antúnez (2016, p. 48), em relação aos mandantes, reafirmam que:
[...] su desempeño como líderes debe dinamizar y motivar los procesos de participación de todos los actores educativos, orientando sus actuaciones bajo los principios de corresponsabilidad, cooperación, coordinación y autoridad democrática; una participación que debe ser entendida como un acto inclusivo que permita a las personas incidir en el rumbo de la organización a través de sus actuaciones, opiniones y toma de decisiones.
Nas obras de Barrientos e Marichal (2019), Marichal e Barrientos (2019), Marichal, Barrientos e Hernández (2019) e Marichal, Rodríguez e Cáceres (2018), destaca-se a importância da formação de líderes em diretores de escolas.
O conhecimento e a experiência profissional disponíveis nos permitem argumentar, entre outras questões, que não existem estudos nesta área na Província de Chiloé e as ações que foram desenvolvidas neste contexto têm pouco impacto, portanto este estudo é apresentado com alta relevância, ainda mais quando em breve enfrentaremos um cenário pós-pandêmico que mudará os modos relacionais e as culturas escolares em todos os níveis, em que a responsabilidade e o comprometimento dos pais terão que aumentar.
Hoje, nossas escolas exigem ser lideradas por profissionais altamente competentes, promotores de boas relações interpessoais, com uma visão holística do ato de educar, agentes de práticas democráticas e promotores de inclusão e participação socioeducativa, que consideram como base a construção do ser e do fazer como diretor, através do trabalho colaborativo com as famílias dos alunos. Portanto, é imperativo avançar em direção ao fortalecimento de uma liderança gerencial distribuída e sustentável (HARGREAVES; FINK, 2008; LEITHWOOD, 2009; MURILLO, 2006), que permite a geração de outros líderes e considera o desenvolvimento das pessoas e da diversidade como condições essenciais para a melhoria institucional contínua.
Acreditamos que o grande desafio da educação deve ser o de fomentar fortemente as relações de colaboração entre escolas e famílias, instalando sólidas interações dialógicas, devido ao impacto socioeducativo positivo do envolvimento dos pais na educação de seus filhos, como é consenso de muitos autores (ANTÚNEZ, 2000; BARRIENTOS, 2015; DOMÍNGUEZ; FERNÁNDEZ, 2007; PARELLADA, 2003), que afirmam que uma maior participação, com um enfoque pedagógico, permite administrar a melhoria da complexidade da sociedade, os objetivos da educação e a formação dos estudantes, sob a ala de um envolvimento baseado na corresponsabilidade que cada agente educacional é responsável.
É por isso que nos posicionamos no modelo de desenvolvimento de competências, após o que conceberemos este conceito como o:
[...] conjunto combinado de saberes, habilidades, destrezas, actitudes, valores, motivaciones y rasgos de personalidad que se articulan y movilizan en las acciones en contextos determinados, para la efectiva resolución de problemas propios del desempeño laboral. (BARRIENTOS, 2015, p. 101).
Como reafirmado por Aramendi (2008, p. 148), que afirma que:
[...] será fundamental movilizar competencias relacionales que discurran en las dimensiones intrapersonales (con uno mismo), interpersonales (con los demás), grupales y reticulares (redes sociales y virtuales), que propendan a una mayor cohesión entre los miembros de la comunidad educativa.
Da mesma forma, será necessário dar especial consideração às competências emocionais propostas pelo clássico Goleman (1996). Com estas ideias, entendemos o conceito de participação não apenas como a ação de ser parte de algo, já que a participação: “[...] deve ser vista de forma ampla e não limitada; reafirmando que é entendida como um processo de envolvimento de indivíduos e grupos como sujeitos e atores nas decisões e ações que os afetam ou a seu ambiente” (FLAMEY et al., 2005, p. 10).
Essas abordagens nos permitem reafirmar que a liderança exercida pelos diretores dentro das escolas é fundamental, pois sua ênfase deve ser colocada no aprendizado, portanto deve ter um caráter: “[...] pedagógico que guie o trabalho da escola com uma visão de futuro, dentro de um marco de ação ética, gerando espaços de confiança e participação, em um ambiente que garanta o respeito e a inclusão da comunidade” (MINEDUC, 2015, p. 9). Também é imperativo destacar a necessidade de fortalecer a participação dos pais nas escolas com foco preferencial e intencionalidade nos aspectos formativos que contribuem para melhorar o aprendizado de seus filhos.
Segundo Kidder (2013), existem múltiplas atividades que as famílias podem desenvolver em casa de forma planejada e autônoma, o que sem dúvida pode ter um impacto substancial no fortalecimento da aprendizagem das crianças e de seu desempenho escolar. Dessa forma, Barrientos (2015) sugere que, através da gestão e com o apoio dos Centros de Pais, eles coordenam instâncias que permitem o desenvolvimento de ações como as seguintes:
a) Acompanhamento: supervisão dos deveres de casa e das atividades escolares em casa de forma regular e constante.
b) Apoio e motivação: diálogos e conversas permanentes com as crianças, visando a fortalecer o apoio emocional e a busca de sentido em torno de suas atividades e responsabilidades escolares.
c) Ações externas: entrevistas voluntárias com professores, diretor e participação em atividades programadas pela escola que fortalecem os laços de reconhecimento mútuo entre pais e filhos.
d) Busca de sentido e autonomia: desenvolvimento de atividades que fortaleçam a autonomia e o crescimento pessoal das crianças, promovendo e motivando o desenvolvimento de passatempos (individuais e coletivos) com participação em atividades educativas complementares no ambiente imediato (esporte, música, escotismo, voluntariado, ecologia, pintura, religião, etc.).
2.2 Metodologia
A pesquisa foi desenvolvida através de uma abordagem qualitativa, a partir de um paradigma interpretativo, com um desenho etnográfico que focava “[...] descrever e analisar ideias, crenças, significados, conhecimentos e práticas de grupos, culturas e comunidades” (PATTON, 2002 apudHERNÁNDEZ; FERNÁNDEZ; BAPTISTA, 2006, p. 697). No caso de Rodríguez, Gil e García (1999), centrou-se a atenção num contexto social natural, cujo objeto de estudo foi analisado em sua dinâmica normal, sem manipulá-lo ou modificá-lo. Os autores endossam essa abordagem afirmando que a pesquisa qualitativa “[...] estuda a realidade em seu contexto natural, como acontece, tentando fazer sentido ou interpretar os fenômenos de acordo com os significados que eles têm para as pessoas envolvidas” (RODRÍGUEZ; GIL; GARCÍA,1999, p. 32).
Focalizamos um Estudo de Caso (STAKE, 2007), pois, seguindo as diretrizes de Latorre, Del Rincón e Arnal (1996) e Sandín (2010), este constitui um método de pesquisa para a análise da realidade social de grande importância no desenvolvimento das ciências sociais e humanas e representa a forma mais relevante e natural de pesquisa orientada a partir de uma perspectiva qualitativa.
2.3 Coleta de informação
A pesquisa foi realizada num contexto pré-pandêmico, em que os resultados e conclusões que emergiram foram baseados num cenário de atividade escolar normal, no qual a fonte primária de informação foi um grupo intencionado de 11 diretores atuantes de escolas públicas de nível básico completo na Província de Chiloé, tanto em áreas urbanas como rurais, com experiência igual ou superior a dois anos no cargo no território, aos quais foi aplicada uma entrevista individual, não estruturada e aprofundada.
As fontes complementares foram um grupo de professores e pais pertencentes às escolas nas quais trabalham os diretores do estudo. Um total de 84 professores e 97 pais participaram, que responderam a uma pesquisa, tanto on-line quanto presencial, com uma combinação de perguntas fechadas e abertas, com o objetivo de desvendar suas opiniões sobre as competências e o desempenho dos diretores em relação às práticas e estratégias para promover a participação. Os instrumentos deste estudo foram validados através dos critérios de 30 juízes especialistas de sete países; utilizou-se o Delphi em três rodadas.
2.4 Análises de informação
As informações coletadas nas entrevistas foram analisadas indutivamente usando o software Atlas.ti 8, um processo do qual surgiram seis metacategorias de análise: Visão Gerencial; Competências Profissionais; Práticas Gerenciais; Estratégias para Promover a Participação; Atividades de Participação; e Restrições Contextuais.
As informações dos questionários de professores e pais foram coletadas no aplicativo Google Forms, a partir do qual foi realizada uma análise manual qualitativa das respostas abertas.
3 Resultados
Os resultados do estudo são apresentados em duas seções relevantes: caracterização da amostra e temas de estudo, que são descritas em detalhes abaixo.
Caracterização da amostra: a maioria dos professores trabalha em áreas urbanas, com uma taxa de participação de 52,4%. Com relação à comuna de residência, participaram professores das dez comunas da Província, sendo a amostra distribuída em porcentagens, como mostra o Gráfico 1.
Em termos de anos de experiência profissional, a maior participação foi concentrada entre os professores novatos e iniciais e aqueles com até 10 anos de experiência, seguidos por aqueles com entre 11 e 20 anos. Destaca-se uma participação marcadamente feminina, com 86,6%, resultados que corroboram a grande presença das mães nas atividades escolares dos alunos.
3.1 Dimensões temáticas do estudo
Conceito de participação: a forma como os diretores concebem a participação como um conceito e processo é muito variada. Como conceito, a maioria a relaciona com o ato de colaboração, envolvimento, incorporação e compromisso. Como processo, apenas um deles a relaciona à tomada de decisões. Isso nos permite compreender que a participação tem conotações muito diversas e que não há um significado único. A ideia que é mais assimilada é a de que a participação é sinônimo de frequentar a escola para atividades, sem que fique claro que é um ato ligado ao apoio educacional das crianças.
Valorização da participação: 100% dos diretores valorizam a participação dos pais como fundamental, afirmando que sem eles não é possível trabalhar adequadamente. Os professores concordam com os diretores e acrescentam que a participação tem um impacto direto no desempenho escolar e na educação social, intelectual e baseada em valores dos alunos.
Práticas diretivas: as práticas diretivas, entendidas como “[...] o conjunto de comportamentos que refletem o que os princípios fazem para promover o envolvimento dos pais” (BARRIENTOS, 2015, p. 98), são variadas. Dois diretores informam que participam regularmente das reuniões de pais, mesmo que apenas para cumprimentá-los; um enfatiza a promoção de boa atenção aos pais quando eles vêm à escola; dois outros informam manter contato permanente, fluido e próximo com os pais; apenas um relata que ele encoraja os professores a estarem próximos dos pais.
Estratégias: em termos de estratégias gerenciais, entendidas como “[...] o conjunto de ações planejadas e concretas que desvendam os modos de fazer dos gestores, em relação às suas práticas, mobilizando uma variedade de recursos, dispositivos, ferramentas e decisões para fazê-lo” (BARRIENTOS, 2015, p. 98), foi identificada uma série de ações que estão relacionadas com: atender aos pais cordialmente e em tempo hábil; considerar suas opiniões; manter a comunicação e fazer ligações através de grupos de WhatsApp, ligações telefônicas, cartões de convite, ligações escritas e Facebook; relacionar-se com a comunidade através da participação em instituições territoriais; manter relações interpessoais de bom tratamento, gerando confiança através de relações informais.
Competências pessoais: surgiu uma interessante variedade de atributos que convidam a definir e redefinir as condições de atitude relevantes a esse respeito, como:
Ouvir: 85% dos diretores reconhecem que ouvem as ideias e opiniões dos pais, estão inclinados ao consenso e não impõem suas opiniões.
Aceitando críticas: os diretores, em sua maioria, não reconhecem abertamente ter recebido críticas.
Empatia e cordialidade: 50% dos diretores dizem ser afetuosos, respeitosos e empáticos, o que mostra traços de cordialidade neles.
Simplicidade e humildade: ser uma pessoa simples e humilde não parece ser um traço de personalidade que os diretores consideram relevante para promover o envolvimento dos pais. Apenas três diretores fazem referência explícita a isso, o que é dicotômico com os resultados do estudo realizado por Barrientos (2015), em que esses atributos foram considerados muito relevantes.
Responsabilidade: a responsabilidade aparece como condição de menor importância como competência para promover a participação, uma vez que apenas três diretores a ela se referem.
Comunicação eficaz: não é apresentada como uma competência relevante para promover o envolvimento dos pais. Apenas dois deles fazem referência a isso, afirmando que ter um “bom discurso” os ajuda a dirigir a conversa e a transmitir informações de forma adequada.
Respeito: apenas três diretores afirmam que o respeito e o bom tratamento dos pais são condições relevantes para promover o envolvimento dos pais. Como a cordialidade, este parece ser um traço muito naturalizado.
Geradores de confiança: pelo menos três dos 11 diretores afirmam expressamente que são geradores de confiança com seus pais e que isso é altamente valorizado pelos pais.
Por outro lado, os professores acreditam que os diretores devem se destacar por possuírem altas competências, ou recursos pessoais, como a empatia. Além disso, eles destacam a liderança como competência fundamental para a melhoria dos processos educacionais. Eles consideram relevante a mobilização de competências como responsabilidade, confiança, credibilidade, simpatia, sociabilidade e proximidade; atributos comunicativos, comprometidos, decisivos, acolhedores e transparentes, atributos que não são claramente vistos nos relatos dos diretores. Eles afirmam que é importante ser pessoas que promovem a igualdade de oportunidades, incentivam a harmonia e a livre expressão. Da mesma forma, é necessário que eles tenham conhecimento do contexto, da cultura do lugar e da capacidade de convocação.
Enquanto isso, a grande maioria dos pais concorda que as principais características pessoais que um diretor deve possuir para promover a participação devem ser: comunicativo, empático e responsável.
Entre os diretores, 50% dizem que aqueles em posições de liderança devem ter habilidades pessoais altamente desenvolvidas, tais como ouvir e ser consistentes, confiáveis e calorosos. Em termos de valores, eles devem ser respeitosos, honestos, generosos, atenciosos e compreensivos e ter um compromisso social.
Liderança: pelo menos 40% dos diretores dizem que assumem sua liderança com carisma. Dizem que, para exercer uma liderança real, eles devem ter sensibilidade social, gerar confiança e respeito e sempre ouvir os pais. Assim, sete dos 11 diretores reconhecem que exercem liderança democrática e promovem a gestão horizontal de pessoas. Os quatro diretores restantes não identificam a que tipo de liderança eles pertencem.
Atividades de participação: as mais recorrentes foram identificadas e agrupadas nas seguintes áreas:
Reuniões: esta é a atividade de participação mais tradicional. Todos os comitês realizam reuniões prolongadas pelo menos duas vezes por ano.
Atividades recreativas: uma parte importante das atividades é recreativa, com alta participação dos pais. Eles são enquadrados em torno de aniversários escolares, passeios familiares, passeios de campo, celebrações do Dia da Família, Dia dos Alunos, Dia das Crianças, encerramento de projetos, promoção da saúde, encontros de companheirismo, entre outros.
Atividades artísticas e culturais: estas atividades são bastante tradicionais e institucionalizadas. Elas giram em torno de eventos para resgatar tradições culturais locais e nacionais (Festa de São João, Ano Novo Mapuche, Dia do Chile, Dia da Independência, Dia das Mães). Os pais participam preparando alimentos típicos e, em alguns casos, há discussões.
Colaboração com o trabalho: estas atividades são cada vez menos frequentes. Apenas quatro diretores dizem que, às vezes, pedem aos pais que façam melhorias na escola. Entre as atividades que são abordadas com menos frequência, estão: desenvolvimento de projetos, implementação de pesquisas de opinião, atividades formativas/workshops. Os professores reafirmam as indicações dos diretores, apontando as atividades mais relevantes, classificadas entre as mais e as menos tradicionais:
Ambiente formal: reuniões do Centro Geral de Pais; reuniões de classe e do conselho escolar; entrevistas ou nomeações pessoais.
Informal: aniversários escolares; eventos artísticos para aniversários como o Dia das Mães, desfiles comemorativos do Dia da Independência; Olimpíadas escolares; atividades esportivas; atividades culturais como o Dia da Herança, Dia do Chile e Wetripantu.
Dificuldades: tanto diretores, professores e pais concordam que a principal delas está relacionada à falta de tempo dos pais, em decorrência de seu trabalho. Outro elemento importante são as condições climáticas adversas e a distância geográfica de muitas famílias.
Pelo menos três diretores dizem que muitas vezes é difícil para eles realizar atividades devido à falta de espaço físico e recursos financeiros.
4 Discussão
Concordamos com a abordagem de Barrientos (2015, p. 266), em que a ideia de participação dos pais deve ser repensada, em que os princípios devem “[...] promover uma cultura de participação pedagógica das famílias e da comunidade, que fortaleça seu envolvimento com um sentido formativo”.
Nos estudos de Tardin e Romero (2022), foi realizada uma pesquisa sobre o Programa de Residência Pedagógica, em que se explica que tem sido uma alternativa para contribuir com o treinamento inicial, o que, apesar da pandemia, destaca como ponto positivo o “intercâmbio de experiências entre pares”, em que se destacam a participação e a colaboração.
A participação assume principalmente a forma de estar presente na escola e em baixos níveis de participação (informativa e consultiva), como mostram os estudos de Antúnez (2000), Barrientos (2015) e Flamey, Gubbins e Morales (1999).
Quanto ao acompanhamento e apoio educacional com foco no lar, concordamos com Barrientos (2015) e Kidder (2013apudBARRIENTOS, 2015).
5 Considerações finais
Concepções, avaliações e novas orientações de participação dos pais: é imperativo que os diretores de escolas promovam ações que permitam o agrupamento de critérios claros sobre como conceber a participação, o que será benéfico para delinear planos de ação a esse respeito.
Há uma ideia predominante de que participação significa frequentar pessoalmente as atividades escolares, o que contribui para melhorar a coesão familiar, o relacionamento professor-aluno e a convivência, fortalecendo uma cultura de comunidade participativa.
A participação dos pais é uma área fundamental para os processos de acompanhamento na educação dos estudantes e fundamental para o fortalecimento da educação de seus filhos. Entretanto, na prática, essas declarações são reducionistas. É necessário avançar para maiores níveis de envolvimento na tomada de decisões compartilhadas entre as escolas e as famílias.
No caso da Província de Chiloé, as escolas promovem a participação dos pais marcada por um modelo tradicionalista, que favorece a participação em atividades festivas e recreativas, situação semelhante que ocorre em outros contextos, segundo o estudo realizado por Barrientos (2015).
Os diretores devem aumentar sua liderança como agentes promovendo uma nova forma de conceber a participação dos pais, ainda mais em um cenário pós-pandêmico, favorecendo uma intencionalidade pedagógica com foco no treinamento.
Competências pessoais dos diretores: a promoção do envolvimento dos pais é uma área complexa a ser abordada e requer líderes com recursos pessoais que lhes permitam gerar confiança, estabelecer boas relações pessoais através de um tratamento sociável, amigável e respeitoso, possuindo a capacidade de ouvir e ser geradores de um clima de harmonia e respeito.
Práticas e estratégias de gerenciamento: elas parecem tradicionalistas e não evoluíram substancialmente, exceto para a entrega de informações, com o uso de e-mail, Facebook e mensagens WhatsApp.
Atividades de participação: os pais estão vinculados às atividades escolares, de preferência como observadores e audiência e a minoria como participantes ativos.
As reuniões de pais são as atividades mais frequentadas e o envio de comunicações escritas são os canais de informação mais tradicionais, assim como as atividades festivas e artístico-culturais. Entretanto, as atividades de treinamento ou oficinas para pais são esporádicas e as escolas não têm atividades institucionalizadas que promovam o fortalecimento das habilidades parentais, uma situação semelhante que ocorre em outros contextos, de acordo com o estudo realizado por Barrientos (2015).
Dificuldades: a principal está ligada à falta de tempo por parte dos pais devido às condições de trabalho. É aconselhável considerar a necessidade de promover novas formas de acompanhamento escolar a partir de casa.