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ETD Educação Temática Digital
versão On-line ISSN 1676-2592
Resumo
BERTIN, Fabrice e BENVENUTO, Andrea. LÍNGUA DE SINAIS E ENSINO BILÍNGUE: SIMPLES ESCOLHA LINGUÍSTICA E PEDAGÓGICA? A LIÇÃO DE AUGUSTE BÉBIAN. ETD - Educ. Temat. Digit. [online]. 2022, vol.24, n.4, pp.781-795. ISSN 1676-2592. https://doi.org/10.20396/etd.v24i4.8670059.
Auguste Bébian (Pointe-à-Pitre, 1789-1839) foi o primeiro a lançar as bases para a educação bilíngue como a conhecemos hoje: a língua de sinais com a língua oral e o francês escrito. Bébian também desenvolveu um sistema de escrita em língua de sinais (Mimographie, 1825) e, finalmente, o que constitui o cerne de seu projeto filosófico: despojando-a dos sinais metódicos inventados pelo abade De l’Épée, a língua de sinais recupera sua própria estrutura e funcionando diferentemente das línguas orais, é considerada a língua natural dos surdos. Além disso, Bébian não vê nela um meio de expressar os pensamentos dos surdos, a língua de sinais é seu instrumento (Essai sur les sourds-muets et sur le langage naturel, 1817). O objetivo deste artigo é demonstrar que, na educação de surdos, a língua de sinais não pode ser definida como uma opção linguística e pedagógica “simples”. A língua de sinais inscreve-se sobretudo numa certa reflexão ontológica e ecológica, pois situa-se na própria encruzilhada das relações entre os indivíduos, suas capacidades e as atividades em torno das quais organizam suas vidas e seu ambiente. Abordar a questão da língua de sinais na educação bilíngue de jovens surdos hoje, para além dos marcos legais, institucionais e pedagógicos, implica levantar a questão de sua necessidade e as condições de sua contingência.
Palavras-chave : Surdo; Língua de sinais; Educação bilíngue; Auguste Bébian.