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Educação

versão impressa ISSN 0101-465Xversão On-line ISSN 1981-2582

Educação. Porto Alegre vol.46 no.1 Porto Alegre jan./dez 2023

https://doi.org/10.15448/1981-2582.2023.1.44634 

Outros Temas

Revisão de literatura: um ritual necessário para a qualificação da pesquisa científica e conhecimento do objeto de pesquisa

Literature review: a necessary ritual to qualify the scientific research and know the object of research

Revision bibliográfica: un ritual necesario para la calificación de la investigación cientifíca y conocimiento del objeto de investigación

Viviane Catarini Paim1 

Mestre em Educação, pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), em Caxias do Sul, RS, Brasil. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, RS, Brasil. Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), em Vacaria, RS, Brasil.


http://orcid.org/0000-0002-7401-5251

Elí Terezinha Henn Fabris2 

Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, RS, Brasil. Docente e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, RS, Brasil.


http://orcid.org/0000-0002-3622-0289

Tiago Locatelli3 

Mestre em Educação, pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, RS, Brasil. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, RS, Brasil. Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), Bento Gonçalves, RS, Brasil. Membro nos grupos de pesquisa: Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Pedagogias, Docências e Diferenças (GIPEDI/CNPq), vinculado ao PPG em Educação da Unisinos, e do Grupo de Diferenças e Educação, Experiências Docentes e Direitos Humanos, no IFRS, Campus Bento Gonçalves.


http://orcid.org/0000-0003-0499-6442

1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), Vacaria, RS, Brasil.

2Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), São Leopoldo, RS, Brasil.

3Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), Bento Gonçalves, RS, Brasil.


Resumo:

O presente artigo tem como objetivo problematizar uma questão teórico-metodológica inerente à pesquisa científica: a revisão de literatura. Para isso, descrevem-se algumas práticas desenvolvidas em um grupo de pesquisa do sul do país, relacionando-as com informações oriundas de uma consulta a um grupo de alunos de pós-graduação em Educação e tensionando os conceitos de estado da arte e de revisão de literatura. O texto, de natureza descritiva, problematizadora e operativa, apresenta uma forma de desenvolver a revisão de literatura. Caracterizado como um ensaio, traz justificativas para considerá-la e, por identificá-la como um ritual, demonstra seus objetivos, as formas de abordá-la e as estratégias para realizar cada uma das partes que ela implica, principalmente as que a diferenciam do estado da arte, apontando alguns dos referenciais que mais circulam nas investigações sobre revisão de literatura e nas experiências do grupo de pesquisa. Para tal problematização, ancora-se em uma perspectiva pós-estruturalista e procura mostrar os meandros dessa questão investigativa, com diferentes entendimentos, caminhos e possibilidades, mas, sobretudo, a necessidade de realizar esse ritual da pesquisa. Como resultado, observou-se que a revisão de literatura representa um momento importante nas pesquisas, sendo possível realizá-la com rigor, produtividade e ineditismo.

Palavras-chave: revisão de literatura; estado da arte; prática de pesquisa

Abstract:

This article aims to problematize a theoretical-methodological issue inherent in scientific research: the literature review. In order to do that, some practices developed in a research group from the south of the country have been described and related to information obtained from a group of Education graduate students, and the concepts of state of the art and review of literature were also problematized. This descriptive, problematizing and operative study presents a way to conduct the literature review. Characterized as an essay, the text brings up justifications to consider a literature review, which is identified as a ritual. The text also evidences the goals and the ways of approaching the literature review, as well as the strategies to complete each of its steps, especially the ones that differentiate it from the state of the art, by pointing out some of the most frequently seen investigations on literature review and in the research group experiences. For this problematization, the study is grounded on a poststructuralist perspective and seeks to show the intricacies of this investigation issue, with different understandings, paths and possibilities, but, above all, the need to perform this research ritual. As a result, it was observed that the literature review plays an important role in research, and it can be conducted with rigor, productivity and originality.

Keywords: literature review; state of the art; research practice

Resumen:

Este artículo tiene como objetivo problematizar una cuestión teórico-metodológica inherente a la investigación científica: la revisión de la literatura. Para esto, se describen algunas prácticas desarrolladas en un grupo de investigación del sur del país, relacionándolas con informaciones derivadas de una consulta a un grupo de alumnos de posgrado en Educación y problematizando los conceptos de estado del arte y revisión bibliográfica. El texto, de carácter descriptivo, problematizador y operativo, presenta una forma de desarrollar la revisión bibliográfica. Caracterizado como un ensayo, trae justificativas para considerarla y, al identificarla como un ritual, demuestra sus objetivos, las formas de abordarlo, las estrategias para llevar a cabo cada una de las partes que implica y, principalmente, las que la diferencian del estado del arte, señalando algunas de las referencias que más circulan en las investigaciones sobre revisión bibliográfica y en las experiencias del grupo de investigación. Para tal problematización, se ancla en una perspectiva post-estructuralista y se busca mostrar las complejidades de esta cuestión investigativa, con diferentes comprensiones, caminos y posibilidades, pero, sobre todo, la necesidad de realizar este ritual de investigación. Como resultado, se observó que la revisión bibliográfica representa un momento importante en las investigaciones, siendo posible realizarla con rigor, productividad y originalidad.

Palabras clave: revisión bibliográfica; estado del arte; práctica de investigación

Movimentamo-nos ziguezagueando no espaço entre nossos objetos de investigação e aquilo que já foi produzido sobre ele, para aí estranhar, questionar, desconfiar. (Meyer & Paraíso, 2021, p. 19)

Nossa decisão de escrever sobre um tema já recorrente em pesquisa acadêmica, isto é, a revisão de literatura, deve-se a três aspectos que, em nossa visão e experiência na pesquisa, reforçam a necessidade de ainda escrevermos sobre ela, especialmente no campo das pesquisas em educação: (a) embora nem todas as metodologias de pesquisa exijam ou necessitem da realização da revisão de literatura e, ainda, apesar de existirem pesquisas com caráter notório inovador, sem precedentes naquela área existente, concordamos e sustentamos nosso ensaio com base em alguns referenciais teóricos, os quais citamos, Alves-Mazzotti (2001, 2006), Echer (2001), Guirao Goris (2015), Bandeira (n.d.), Brizola e Fantin (2016), Mariano & Santos (2017), Galvão & Ricarte (2020), Beaud (2021). Nesse sentido, entendemos que é pertinente realizar pesquisa científica sob uma imersão profunda e ao mesmo tempo ampla, um olhar horizontal e um mergulho vertical no tema da pesquisa; (b) há pesquisas que não se sustentam por uma adequada revisão de literatura (Alves-Mazzotti, 2001), apontando para a mesmice e repetição de pesquisas já realizadas; (c) o terceiro aspecto, e talvez o mais desafiador, é que a revisão de literatura, quando mal conduzida ou quando não realizada sob algumas condições, resulta como um edifício sem bases, o que é muito perigoso e leva o prédio a ruir. Esses três aspectos justificam nossa motivação para a escrita do texto, além de ser uma oportunidade de socializar uma prática que um grupo de pesquisa do sul do país vem desenvolvendo, na área da educação.

Paraíso (2021) afirma que, neste tempo, que denomina de pós-moderno, a pesquisa em educação ganha importância, pois mudanças significativas operam nesta área, entre elas, as condições sociais, as relações culturais, os espaços, a política, as desigualdades, bem como, as pedagogias e os modos de ensinar e aprender. Para a autora, são questões que necessitam ser consideradas na produção de pesquisas em educação. E, nesta conjuntura, a falta de análise de referenciais consistentes sobre a temática pode se apresentar como uma deficiência das pesquisas na área e, como possível consequência, pouco impactará para o avanço dos estudos (Alves-Mazzotti, 2001).

Ainda, apontamos que, produzir uma pesquisa científica na condição de estudante trabalhador, mesmo atuando como docente (realidade de muitos estudantes brasileiros de pós-graduação), requer que alguns aspectos básicos sejam observados, como o exercício sistemático da leitura e do estudo, o comprometimento individual, envolvendo dedicação e rigor acadêmico, e o comprometimento social para com o contexto da educação.

Dentre os vários aspectos que envolvem especialmente o rigor acadêmico, o pesquisador necessita adotar alguns cuidados quanto aos procedimentos teórico-metodológicos, para não correr o risco de repetir abordagens ou resultados já produzidos na comunidade científica. Nesse sentido, afirmamos que a pesquisa deve apresentar complementação ou contestação a partir de produções existentes na literatura, adotando novas linhas de investigação para o problema apresentado (Brizola & Fantin, 2016). Outrossim, é necessário selecionar adequadamente os procedimentos e realizar análise dos dados com vistas a uma produção de conhecimentos confiáveis. O rigor, assim, torna-se uma meta política (Alves-Mazzotti, 2001). Durante toda a pesquisa, essas são importantes questões a serem observadas.

Beaud (2021) salienta que, ao escolhermos o tema a ser investigado, geralmente, temos uma versão da problemática e uma primeira elucidação da documentação, mesmo que provisória. No entanto, é preciso torná-la mais sistemática, explorando o que já foi estudado, as teses propostas e os principais resultados, sendo este um procedimento rigoroso e exaustivo.

Entendemos que a revisão de literatura se apresenta como uma prática investigativa que constitui parte da pesquisa científica e se faz potente no seu desenvolvimento, pois tem como objetivo identificar recorrências, lacunas, potencialidades e historicidade do tema a ser investigado, bem como sua condição atual na comunidade acadêmica. Torna-se um caminho árduo e necessário a ser percorrido pelo pesquisador, uma vez que é fundamental detectar e mapear o que já se produziu sobre a temática, as incidências e focos das publicações, os tensionamentos, as problematizações e seus resultados. Portanto, não é um tipo de pesquisa, mas uma etapa, um ritual de todo trabalho científico.

Cabe explicar que optamos por utilizar o termo ritual, em itálico, pois o consideramos como um momento específico das pesquisas realizadas no interior de nosso grupo de pesquisa, apoiando-nos nas compreensões de Sennett (2012) e Han (2021). Para Sennett (2012), os rituais assumem uma função de repetição, transformação do objeto e intensidade da ação. Para nós, essas funções caracterizam a revisão de literatura, que se torna um ritual que protagoniza o encasamento (Han, 2021), na medida em que se torna um ethos do grupo que se lança a realizar pesquisa em educação. Concordamos com Han (2021) que os rituais não são caracterizados como práticas vazias, rotineiras e meramente formalistas; eles são um símbolo comum que produz relações de pertencimento, de incorporação. "Rituais criam uma comunidade de ressonância capaz de um acorde, de um ritmo comum …" (p. 23). Nesse sentido, o ritual da revisão de literatura nas pesquisas introduz o pesquisador em uma comunidade de pesquisa, e é por isso que a entendemos nessa perspectiva.

Cabe enfatizar ainda, que é impossível detectar, de forma geral, a totalidade de produção científica sobre a temática a ser investigada, sendo que a revisão de literatura pode apresentar-se como um procedimento teórico-metodológico trabalhoso e sem sentido. Isso pode ocorrer nos seguintes casos: quando o pesquisador não compreende sua finalidade, não sabe como proceder com as estratégias de busca, não seleciona os repositórios e/ou bancos de dados apropriados para a consulta ou não determina o recorte temporal adequado. Citamos todos esses desafios do pesquisador para que ele evite enveredar por um atalho que será produtivo como uma modalidade de pesquisa, e não como revisão de literatura.

É sobre esse atalho que vamos discorrer agora. Na prática da revisão de literatura, observamos que alguns pesquisadores acabam confundindo-a com o chamado "estado da arte", gerando dúvidas sobre sua operacionalização. Destacamos que entendemos esses procedimentos como distintos e, a partir desse entendimento, vamos abordar as principais características de cada um.

Posto isso, este artigo tem como objetivo apresentar um ensaio sobre a revisão de literatura como prática investigativa que envolve um procedimento teórico-metodológico no desenvolvimento de uma pesquisa científica, como um momento, etapa ou ritual de qualquer pesquisa, portanto, o texto não deriva de uma pesquisa específica sobre o tema, mas se estrutura por meios das experiências dos autores em suas pesquisas. Indicamos que as finalidades da revisão de literatura estão em delimitar o problema a ser investigado, obter dados sobre o objeto, conhecer o objeto de estudo em suas várias dimensões, além de possibilitar a seleção de dados para criar uma problematização inédita e inovadora, com o objetivo de detalhar as condições do conhecimento atual sobre o objeto de estudo.

Pretendemos, com isso, diferenciar revisão de literatura e estado da arte, e descrever as práticas de revisão de literatura desenvolvidas no grupo de pesquisa, relacionando-as com os resultados de uma consulta on-line realizada com alunos matriculados e egressos de um programa de pós-graduação em Educação de uma universidade privada do sul do país, demonstrando as dificuldades, as potencialidades e as práticas adotadas para a elaboração da revisão de literatura no desenvolvimento de suas pesquisas. A referida consulta ocorreu por meio do recurso eletrônico Google Forms, em que construímos um questionário com onze perguntas, sendo a maioria de natureza descritiva; as de formato de múltipla escolha referiram-se, basicamente ao último nível de titulação acadêmica e, se já haviam realizado pesquisas utilizando-se da metodologia de estado da arte, com opções de resposta de sim ou não.

Destacamos que obtivemos oito respostas, oriundas de seis estudantes matriculados (dois no curso de Mestrado e quatro no curso de Doutorado) e dois egressos com o título de doutor. Para responder o questionário on-line, os sujeitos consultados preencheram um termo de participação no próprio documento. Nele constava uma opção de aceite, o qual reiterou que as respostas seriam utilizadas para fins de produção de um artigo científico, e que a sua identidade seria preservada, ratificando alguns preceitos éticos da pesquisa científica.

Por isso, lançamos um convite para que nos acompanhem neste ziguezaguear do texto, para que, ao conhecermos mais sobre esse momento da pesquisa, possamos nos habilitar a realizar, com rigor e produtividade, um balanço do que "já foi produzido sobre ele [tema de pesquisa], para aí estranhar, questionar, desconfiar", como nos convoca a epígrafe inicial.

Revisão de literatura e estado da arte: do que estamos falando?

Não disponho de entendimento sobre o que é estado da arte. Por alto, entendo que o estado da arte seja mais um recorte temporal das produções sobre uma determinada temática. (PA6)4

Nesta seção, vamos apresentar o resultado da consulta realizada com alunos e egressos e discutir os entendimentos sobre revisão de literatura e estado da arte, mostrando diferenças e similaridades, bem como situando o foco de discussão na revisão de literatura.

Revisão de literatura: um momento, etapa ou ritual nas pesquisas científicas

Entendo que a revisão de literatura se trata de uma busca por trabalhos acadêmicos desenvolvidos e artigos publicados em um dado recorte temporal e em diferentes bases de dados. Para essa busca, utilizam-se descritores escolhidos e pertinentes ao tema do projeto de pesquisa que se propõe. Com isso e a análise dos trabalhos de pesquisa selecionados, será possível evidenciar pontos de convergência ou lacunas que justifiquem a relevância da sua pesquisa. (PA4)

Ao longo do texto, optamos por trazer alguns excertos, oriundos das respostas dadas pelos participantes, na consulta realizada, que nos dão a dimensão de seus entendimentos sobre revisão de literatura e estado da arte, colocando-os em diálogo com autores escolhidos para aprofundamento do assunto.

Para dar início às discussões sobre revisão de literatura e estado da arte, apresentamos, no Quadro 1, a compreensão dos pesquisadores sobre algumas divergências entre os conceitos.

Quadro 1 Divergências entre revisão de literatura e estado da arte 

Não tenho opinião. (PA5)
O estado da arte revisa os conceitos necessários para a pesquisa e a revisão traz o que está sendo pesquisado na atualidade sobre o tema. (PA1)
A revisão de literatura não só constata assuntos e estudos, mas realiza um processo de análise e relação com a pertinência do tema da pesquisa, dos objetivos que almeja e a torna inédita e relevante para a área. (PA4)
A busca sobre as pesquisas (as fontes digitais) pode aproximar, mas os objetivos e finalidades dessas buscas são diferentes. (PA6)
O que diferencia é a amplitude. (PE2)
São coisas distintas, e o nome arte remete à arte, enquanto revisão de literatura nomeia o que se está fazendo. (PA2)
Para mim, o estado da arte é um tipo de revisão de literatura. (PA3)
A historização do que aconteceu antes, da história do que já foi investigado, pensado, estudado e dialogado sobre o tema. (PE1)

Fonte: Elaborado pelos autores a partir das respostas no questionário on-line (2022, ênfases adicionadas).

A revisão de literatura, ainda denominada por alguns pesquisadores e estudantes como estado da arte, pode gerar alguns equívocos, por isso, junto a pesquisadores nacionais (Alves-Mazzotti, 2006, 2021; Eiche, 2001; Levandowski, 2001; Bandeira, n.d.; Lopes, 2002; Costa, 2005; Brizola & Fantin, 2016; Mariano & Santos, 2017; Galvão & Ricarte, 2020) e internacionais (Guirao Goris, 2015; Beaud, 2021), assumimos a denominação revisão de literatura ou revisão bibliográfica como o momento ou etapa de pesquisa que envolve o estudo do objeto para entender o campo de conhecimento em que ele está inserido, tendo sua abrangência espaço-temporal delimitada pelo recorte da pesquisa e plenamente justificada. Esse recorte deve possibilitar, por meio de buscas pelos principais bancos de dados, uma situação atualizada do tema a ser investigado e da pesquisa que ainda está no estágio de construção do problema. A revisão de literatura contribui para o pesquisador tomar conhecimento do que já foi pesquisado, como foi pesquisado, o que ainda falta pesquisar e como seria a forma inédita e original de criar seu problema de pesquisa; por isso a importância de buscar recorrências, lacunas, metodologias, técnicas, instrumentos e resultados a que chegaram tais pesquisas. Mais ainda, o pesquisador realiza uma organização por temáticas e descreve-as, mostrando o que encontrou na revisão.

Segundo Lopes (2002), faz-se necessário criar estratégias de busca, "… ora restringindo os resultados alcançados, ora ampliando-os para a obtenção de informações mais relevantes, conforme o pedido de busca demandado" (p. 61). Para a autora, a estratégia de busca envolve um conjunto de regras5 fundamentais para encontrar as respostas nas diferentes bases de dados. Por isso, é imprescindível identificar apropriadamente os elementos descritivos e selecionar os termos que especifiquem o tema de pesquisa, além de definir as bases de dados para a consulta e fazer a delimitação espaço-temporal, o que se constitui como parâmetros relevantes para a execução da busca.

Para Bandeira (n.d.), o pesquisador precisa ter acesso ao conjunto de conhecimentos acumulados, pois, para formular um problema original e pertinente, é necessário conhecer pesquisas prévias sobre o assunto. Diz ela:

Ao fazermos a revisão da literatura sobre o problema que queremos investigar, devemos deixar claro como este problema se insere na área de conhecimento sobre o assunto e em que ponto se encontra o estado do conhecimento sobre aquele assunto. Devemos explicitar … o contexto teórico no qual o problema se insere …, o estado de conhecimento empírico e experimental que foi acumulado até então sobre aquele problema …. Isto inclui tanto os conhecimentos já estabelecidos sobre aquele problema, quanto os aspectos que ainda não foram investigados, assim como as contradições que existem sobre os resultados obtidos e as dúvidas sobre sua explicação. (Bandeira, (n.d., p. 1)

Para Brizola e Fantin (2016), uma revisão de literatura é a reunião de ideias de diferentes autores sobre determinado tema, efetivada mediante leituras e pesquisas realizadas pelo investigador. Esse investimento é fundamental, já que

… a formulação de um problema de pesquisa só se torna relevante quando o pesquisador, após uma análise crítica do estágio atual da produção científica de sua temática, consiga identificar lacunas, consensos e controvérsias sobre o tema e inserir o seu objeto de pesquisa num caminho ainda não percorrido por outros pesquisadores. (Brizola & Fantin, 2016, p. 23)

Portanto, seguimos esse entendimento, uma vez que compreendemos que esse momento da pesquisa, quando realizado em profundidade, contribui com a criação e a formulação do problema que se vai pesquisar. Essas condições não estão apenas nos conhecimentos, mas também nos autores, nas perspectivas, nas metodologias e nos resultados já encontrados.

Alertamos que não se trata simplesmente de listar o conjunto de diferentes leituras realizadas. Bandeira (n.d.) destaca que é necessário fazer uma análise crítica das pesquisas consultadas e citadas nessa revisão, ou seja, salientar sua contribuição e avanços, bem como as limitações e fragilidades na compreensão do fato e objeto que foram investigados. Ademais, cabe enfatizar os principais pontos focados na leitura, para mostrar o que se sabe sobre a temática, as lacunas, as dúvidas e as certezas, mesmo que entendidas como provisórias.

Alves-Mazzotti (2006) alerta que a revisão de literatura é uma das principais deficiências encontradas em teses e dissertações nos programas de pós-graduação em Educação, pois ela é fundamental para o encaminhamento adequado de um problema de pesquisa, ou seja, "… deve estar a serviço do problema de pesquisa" (p. 27). Para a autora, essa prática compromete o estudo investigativo quando vista como uma parte isolada do trabalho, considerando-se que ela orienta todo o seu desenvolvimento, desde a problematização até a análise dos resultados.

No mesmo sentido, Guirao Goris (2015) salienta que a revisão de literatura se constitui como o primeiro passo da investigação. É com ela que se aproxima do conhecimento sobre a temática, identificando o que se sabe e o que se desconhece, caracterizando-se como uma sinopse que sumariza diferentes pesquisas e estudos, auxiliando a compreender o estado atual da questão a ser investigada.

Os pesquisadores que participaram da consulta proposta para este estudo apontam algumas potencialidades da realização da revisão de literatura no desenvolvimento de suas pesquisas. Após o escrutínio do material, apresentamos algumas recorrências entre as respostas, como: (a) construção da problematização; e (b) possibilidade de outras formas de desenvolvimento da pesquisa, conforme se observa no Quadro 2.

Quadro 2 As potencialidades da revisão de literatura apontadas pelos pesquisadores 

Elaboração e definição da problemática de pesquisa. (PA4)
Modos de tratar o objeto desde outras ferramentas conceituais e metodologias; outros quadros referenciais; ampliação de resultados já encontrados; ponto de partida para construir a problematização, repertório ou material empírico para construir uma pesquisa. (PA5)
Uma revisão de literatura bem-feita auxilia na construção da problematização. (PE2)
Auxilia na definição da problematização da investigação e pode orientar um possível referencial para ser utilizado nas análises de dados. (PA6)
Entendo que a potencialidade está nas sugestões de pesquisas futuras e na ciência do que já foi feito/ pesquisado/ descoberto. (PA1)
Nesta, é possível identificar como o estudo vem sendo abordado e as possíveis formas de dar sequência à sua pesquisa, de modo que sua pesquisa não seja apenas mais uma a ser somada neste contexto. (PA2)
Possibilidade de compreender e estipular, construir novas propostas de desenvolvimento. (PE1)

Fonte: Elaborado pelos autores a partir das respostas no questionário on-line (2022, ênfases adicionadas).

Diante das definições apresentadas, é possível compreender que, no desenvolvimento de uma pesquisa científica, a revisão de literatura é um procedimento teórico-metodológico com a intenção de conhecer, selecionar e analisar pesquisas e estudos relevantes relacionados com a temática a ser investigada. Portanto, contribui, fundamentalmente, com a elaboração da problemática6 ao possibilitar que se pergunte: "… que relações podem ser estabelecidas com outras enunciações, com outros discursos divulgados em outros tempos e lugares? … Que continuidades e descontinuidades podemos traçar?" (Paraíso, 2021, p. 39).

A partir do entendimento da definição e das potencialidades da revisão de literatura como etapa fundamental nas pesquisas científicas, questiona-se: mas, afinal, o que é estado da arte e qual sua relação com a revisão de literatura?

Estado da Arte: um tipo de pesquisa que se utiliza de investigações já realizadas

Embora recentes, os estudos de "estado da arte" que objetivam a sistematização da produção numa determinada área do conhecimento já se tornaram imprescindíveis para apreender a amplitude do que vem sendo produzido. Os estudos realizados a partir de uma sistematização de dados, denominada "estado da arte", recebem esta denominação quando abrangem toda uma área do conhecimento, nos diferentes aspectos que geraram produções. (Romanowski & Ens, 2006).7

Quanto ao estado da arte, ou estado do conhecimento, Ferreira (2002) conceitua-o como pesquisa de caráter bibliográfico, imbuída do desafio de discutir certa produção acadêmica em diferentes áreas do saber, analisando de que formas e em que condições as diferentes dissertações, teses, publicações em periódicos, eventos etc. foram produzidos. Esse tipo de pesquisa é mais comum em outros países; no Brasil, ainda é pouco desenvolvido.

Como devemos proceder em uma pesquisa desse tipo? Várias publicações sobre estado da arte vão nos indicar que somente ler os resumos e resultados das pesquisas não é suficiente; além de um recorte temporal mais abrangente, é preciso que haja maior amplitude nos dados que serão analisados. As pesquisadoras Romanowski e Ens (2006, p. 38-39) citam um exemplo:

… para realizar um `estado da arte’ sobre `Formação de Professores no Brasil’, não basta apenas estudar os resumos de dissertações e teses, são necessários estudos sobre as produções em congressos na área, estudos sobre as publicações em periódicos da área.

Para Santos et al. (2020), o estado da arte é um tipo de pesquisa com especificidades e critérios que ultrapassam o mero mapeamento descritivo, a simples revisão de trabalhos ou uma etapa exploratória de estudos. Nesse sentido, Romanowski e Ens (2006) afirmam que o procedimento denominado "estado da arte" possibilita a efetivação de um balanço ou um mapeamento que mostre o conhecimento já elaborado, significando, dessa forma, uma contribuição importante na constituição de um campo teórico de uma determinada área do conhecimento. Conforme as autoras, "esses estudos são justificados por possibilitarem uma visão geral do que vem sendo produzido na área e uma ordenação que permite aos interessados perceberem a evolução das pesquisas na área, bem como suas características e foco, além de identificar as lacunas ainda existentes" (p. 41).

Ferreira (2021) e Santos et al. (2020), alertam que existem pesquisas intituladas com outras denominações, como, por exemplo: estado do conhecimento, estado da questão, mapeamento da pesquisa, levantamento bibliográfico, marco teórico ou revisão documental, tipologias que não se configuram como estado da arte. Para Ferreira (2021, p. 11-12),

… denominações como mapeamento da pesquisa, levantamento bibliográfico, um marco teórico, uma revisão documental podem ser consideradas como pesquisas distintas ou como partes (etapas) de estudos do estado da arte, mas que com eles não se confundem e nem são sinônimos. Em comum, essas nomeações apontam para pesquisas que buscam conhecer, descrever, reunir, organizar, sistematizar e dar visibilidade à produção acadêmica (um todo) sobre uma determinada temática ou sobre um objeto de investigação. Encerradas em si mesmas como mapeamento de pesquisas, ou funcionando como um marco teórico com a finalidade de estabelecer filiações teóricas e metodológicas no desenvolvimento de uma nova investigação, ou ainda como levantamento bibliográfico que permite o conhecimento dos avanços, lacunas e redundâncias possíveis de serem aprofundados e problematizados em novas pesquisas de outros pesquisadores, todas essas expressões não se confundem com o estado da arte.

De acordo com Santos et al. (2020, p. 211), o estado da arte "… tem por intencionalidade aprofundar e analisar os estudos provenientes de variadas temáticas no campo das produções científicas." Para os autores, o estado da arte é um tipo de pesquisa que, além de catalogar os trabalhos acadêmicos, sistematiza-os e analisa-os em consonância com referenciais teóricos, conectando-os aos contextos de sua produção.

No entanto, como esse não é o foco central de nosso texto, não vamos nos deter nos procedimentos das pesquisas "estado da arte", mas indicamos alguns artigos importantes8 e citamos algumas que se enquadram nessa modalidade. A denominada de metapesquisa, a partir de Mainardes (2018), pode ser conceituada como pesquisa sobre pesquisas, na busca de explicar seu processo sobre um tema ou de uma área ou campo específico (Rosenbaum & Langhinrichsen-Rohling, 2006). Todos esses tipos de pesquisas que buscam um recorte temporal específico, utilizando outras já realizadas e publicadas, podem ser compreendidos como do tipo "estado da arte", pois o balanço que realizam não é aquele peculiar a uma revisão de literatura, que tem uma finalidade específica, que é subsidiar a pesquisa que ainda será realizada. Esses são, para nós, os grandes diferenciais entre uma "revisão de literatura" e uma pesquisa do tipo "estado da arte"; por isso, julgamos importante deixar essa denominação para o tipo de pesquisa, e não para o momento teórico-metodológico que toda investigação deve desenvolver.

Por meio dos breves esclarecimentos sobre o estado da arte e a partir dos dados produzidos e oriundos do questionário on-line, elaboramos o Quadro 3, que apresenta os depoimentos dos pesquisadores e egressos do grupo de pesquisa sobre seu entendimento de estado da arte.

Quadro 3 Concepção de estado da arte 

Uma revisão de literatura que sistematiza os conceitos que não podem ficar de fora da nossa pesquisa. (PA1)
Uma estrutura histórica ou ainda arquitetônica de algo. (PA2)
Estado atual de estudo ou conhecimento. (PA3)
Historicizar o tema em discussão. (PE1)
Penso que seria mais detalhista e ampla do que a revisão de literatura. (PA4)
Varredura mais completa das pesquisas já realizadas sobre uma temática. (PE2)
O estado da arte seria uma metodologia de pesquisa que busca primeiramente um mapeamento rigoroso de toda produção científica sobre um determinado campo de conhecimento, e não somente de um tema. (PA6)

Fonte: Elaborado pelos autores a partir das respostas no questionário on-line (2022, ênfases adicionadas).

Ressaltamos que, dentre todos os depoimentos, só uma resposta demonstra a compreensão de que o estado da arte é "uma revisão de literatura …" (PA1). Constatamos que a maioria dos pesquisadores faz uma aproximação com as recomendações estabelecidas no tipo de pesquisa estado da arte, como, por exemplo, o fato de ser "uma metodologia de pesquisa …" (PA6); remeter a uma "… estrutura histórica ou ainda arquitetônica …" (PA2); representar o "estado atual de estudo ou conhecimento" (PA3); "historicizar o tema em discussão" (PE1); ser "… detalhista e ampla …" (PA4), fazendo uma "varredura mais completa das pesquisas já realizadas …" (PE2).

Diante dos posicionamentos dos pesquisadores respondentes, fica evidente que o grupo compreende, quase na sua totalidade, as características e as peculiaridades do tipo de pesquisa "estado da arte".

A partir disso, na próxima seção, apresentaremos as práticas de revisão de literatura adotadas pelo grupo de pesquisa nas suas produções científicas.

Práticas de revisão de literatura: produções de um grupo de pesquisa

Rituais criam uma comunidade de ressonância capaz de um acorde, de um ritmo comum…. Rituais são processos de incorporação…. Os regimes válidos e os valores de uma comunidade são experienciados … são incorporados [ênfase adicionada] … internalizados. Desse modo, os rituais criam um saber [ênfase adicionada] e uma memória corporalizados, uma identidade corporalizada [ênfase adicionada], uma comunhão corporal…. A comunidade ritual é uma corporação [ênfase adicionada]. Segundo sua essência, contudo, são práticas simbólicas de encasamento [ênfase adicionada]. (Han, 2021, p. 23-24)

Nesta seção, detemo-nos em mostrar algumas práticas desenvolvidas em nosso grupo de pesquisa, quando se realizam revisões de literatura.

Mapeamento: o que já se pesquisou e estudou sobre o tema

Uma das primeiras estratégias adotadas para darmos início à construção da revisão de literatura é a ação de verificar, em bancos de dados, as pesquisas produzidas sobre determinado tema, ou seja, tentamos responder o seguinte questionamento: o que se produziu sobre determinada temática? Essa pergunta, por mais ampla que seja, pode oferecer pistas importantes sobre as pesquisas de diferentes tempos (mais antigas ou recentes), observando-se, com mais atenção, os seus focos de análise, a problemática investigada, as recorrências e similaridades de autores, as metodologias utilizadas, os aportes teóricos, os conceitos que atravessam a investigação e os tensionamentos apresentados.

Cabe destacar que essa estratégia normalmente elenca um grande número de dissertações, teses e artigos, pois os descritores (termos utilizados para a busca) são geralmente amplos.9 Na condição de pesquisadores, normalmente não temos o tempo necessário para a realização de uma revisão de literatura mais extensa. Precisamos aligeirar, mas sem desqualificar essa consulta. Para isso, fazemos uso de algumas estratégias, como, por exemplo: utilização das aspas no termo ou expressão de busca, para que apenas essas palavras sejam encontradas nas pesquisas; seleção das produções por um período, por exemplo, dos últimos cinco anos, ou recorte temporal que se justifique pela peculiaridade do tema; uso de alguns conectores, ou operadores booleanos, como and, or ou and not.10 Essas estratégias são utilizadas para refinar a quantidade de estudos encontrados, fazendo com que as pesquisas sejam representativas do termo consultado. Salientamos que, dependendo da temática a ser buscada, esses filtros não precisarão ser aplicados se um baixo número de investigações for encontrado inicialmente. Esses procedimentos, porém, não podem ser entendidos como regras de um manual a serem cumpridas para elaboração de uma pesquisa científica. O que almejamos é relatar nossas principais estratégias no que concerne aos procedimentos e práticas adotados para a revisão de literatura, para que possam ser usados como inspiração, e não como modelo.

As buscas normalmente são realizadas em portais ou bases de dados como, por exemplo, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), Brasil Scientific Electronic Library Online (Scielo), EBSCOhost Research Platform. Também se faz busca nos repositórios de pesquisas de bibliotecas. Ressaltamos a importância das buscas de pesquisas internacionais, pois cada vez mais nossas investigações precisam conversar, articular-se com investigações e estudos de outros países. Em nosso grupo de pesquisa, esse é um item indicado.

Registro dos dados

A partir do momento em que temos um conjunto ou repertório de pesquisas e estudos, a busca, com os respectivos resultados, precisa ser salva em um arquivo (sugerimos um editor de texto ou de tabela). Isso implica não realizar uma nova pesquisa, pois a cada dia os repositórios utilizados podem incluir novas investigações em seu banco de dados e, consequentemente, variar o número de publicações encontradas. É por essa razão que se torna importante registrar a data de acesso aos bancos de dados. Depois de todos os dados brutos terem sido registrados nesse documento único, inicia-se o escrutínio do material; cores ou tabelas distintas são possibilidades que o grupo de pesquisa tem utilizado nessa tarefa.

No processo de documentação das pesquisas, adotamos alguns procedimentos a fim de organizar o material encontrado. Como exemplo, citamos: indicar o título da pesquisa, o autor do estudo, o tipo de publicação (artigo, dissertação ou tese), o ano de publicação e a universidade do pesquisador. Outra possibilidade é fazer uma seção somente para os artigos nacionais e internacionais. Com o levantamento desses dados, visualizamos o tipo e a incidência das publicações (se o número de dissertações e teses é aproximado ou não), o ano em que os estudos foram produzidos (se existe uma organização temporal ou se as publicações se concentram em determinado período) e em que universidade e região do país foram desenvolvidos. Analisando esses dados, basicamente quantitativos, podemos ter indicativos interessantes para começarmos a delimitar e justificar o tema de pesquisa que vamos desenvolver.

Além da sistematização do material para organização dos dados, uma sugestão é pensar sobre a inclusão de partes da consulta no próprio corpo do texto, na revisão de literatura. Essas informações podem ser exploradas sob um viés quantitativo, com números ou percentuais, e até mesmo introduzindo dados informativos de cada pesquisa. Caso algumas informações da busca ou consulta não sejam descritas no próprio corpo do texto, o material remanescente, ou o próprio arquivo na íntegra, pode aparecer na seção do apêndice, dependendo do tipo de publicação e da importância que tiver para a pesquisa. Essa parte vai depender da criação do pesquisador, que pode inspirar-se em outras revisões para desenvolver a sua – rigorosa, clara, produtiva, mas criativa.

Sobre os procedimentos acima descritos, sublinhamos o que os pesquisadores do grupo de pesquisa responderam sobre as etapas que seguem ao realizarem a revisão de literatura.

Quadro 4 Sobre as etapas desenvolvidas na revisão de literatura 

Escolha de palavras-chave, pesquisa nos bancos de dados, escolha das pesquisas através da leitura de resumos, leitura das pesquisas supostamente relacionadas, tabulação de dados, agrupamento de sentido, escrita crítica dos achados. (PA1)
Organizo para fazer em um número reduzido de dias, fazendo print das telas e garantindo a segurança dos dados. Plataformas não apresentam uma boa estrutura de pesquisa, alterando os achados em cada vez que fazes a busca. (PA2)
Busco através das plataformas confiáveis, utilizando descritores de buscas, filtrar os trabalhos que pretendo analisar. Dependendo da pesquisa que pretendo desenvolver, estabeleço um marco temporal, área de concentração, bem como outros elementos opcionais que considero interessantes. (PA3)
Escolho os descritores, o recorte temporal e as bases de dados para a busca de trabalhos acadêmicos desenvolvidos e artigos publicados . (PA4)
Primeiro, identificar o que se deseja buscar, pesquisar, e depois investigar as necessidades postas pelas pesquisas. (PE1)
Definir qual base de dados pesquisar; identificar os descritores; estabelecer critérios temporais a partir de uma fundamentação em correspondência com objeto da pesquisa; ler os títulos e palavras-chave; selecionar as pesquisas mais próximas do meu objeto; ler suas introduções e conclusões; (PA5)

Fonte: Elaborado pelos autores a partir do questionário on-line (2022, grifos nossos)

Leitura de resumos e partes específicas das pesquisas selecionadas

Prosseguindo com a revisão de literatura, após a exploração quantitativa e informativa dos dados das publicações, é importante selecionar as pesquisas com mais proximidade temática e teórico-metodológica de sua. De posse desse conjunto de trabalhos, deve-se proceder à leitura dos resumos, que têm o intuito de ser uma espécie de "carta de apresentação" da pesquisa selecionada. Ou seja, precisam motivar e desafiar o leitor a buscar e analisar o texto na íntegra. Além disso, o resumo pode fornecer informações importantes sobre o tema, o problema de pesquisa, os objetivos elaborados, os principais autores utilizados e os procedimentos metodológicos adotados, além de uma breve descrição e discussão dos resultados e conclusões dos estudos.

A leitura dos resumos pode ser considerada como uma espécie de filtro utilizado pelo pesquisador. Com seu olhar e suas lentes, o pesquisador vai levantando as recorrências de autores e as características e peculiaridades metodológicas, identificando os focos das investigações e seus possíveis silenciamentos, divergências e lacunas, além dos resultados.

Para facilitar a visualização das informações no próprio texto do resumo, o grupo de pesquisa tem grifado o texto com diferentes cores e elaborado uma legenda (vermelho = tema, verde = autores utilizados etc.). Essa estratégia também é aplicada nas tabelas para marcar as recorrências encontradas. A partir das recorrências é que surgem os grupos temáticos, que evidenciam as características das pesquisas, mas também as metodologias mais utilizadas e os resultados mais evidenciados.

Ao final desse processo, identificamos algumas produções como mais potentes que outras para serem exploradas ou analisadas, conforme a quantidade ou ausência de destaques. Caso essa seleção seja importante para o desdobramento do estudo, recomendamos a leitura das considerações finais e, dependendo da situação, a leitura da pesquisa na íntegra.

Nas considerações finais de uma pesquisa, o pesquisador poderá encontrar as principais sistematizações desenvolvidas por cada autor do estudo, além de visualizar uma resposta à pergunta ou à dúvida central da pesquisa e a tese defendida, no caso de ser uma pesquisa de doutorado. Com isso, o entendimento sobre a pesquisa pode ser ainda ampliado. Caso os estudos selecionados sejam semelhantes com o que pretendemos desenvolver, a pesquisa poderá ser lida na íntegra.

Organização, descrição e análise dos dados levantados

Ao findarmos a leitura e fichamento dos estudos selecionados, teremos em mãos um grande e variado conjunto de dados das pesquisas e artigos encontrados. Porém, se analisarmos isoladamente esse material, ele não nos trará maiores possibilidades de inferências, reflexões e caminhos para exercermos uma crítica radical11 e o escrutínio final. Precisamos, então, agrupar essas pesquisas por afinidades e proximidades temáticas. As principais informações dos estudos selecionados são organizadas, separadas e aglutinadas no que chamamos de grupos temáticos. Para ilustrar esse processo, recorremos a Paraíso (2021, p. 37), que destaca:

Por isso montamos um discurso, um mapa sobre o já dito sobre nosso objeto. Apresentamos as teses, os significados correntes, as verdades sobre ele. A operação aqui é de juntar - aquilo e aqueles/as que podem ser considerados comuns, semelhantes, parecidos - e separar - aquilo e aqueles/as que afirmam coisas diferentes, distintas, contrárias, conflitantes. Para montar esse mapa ou esse discurso, desmontamos os ditos e escritos resumindo, sintetizando, separando os argumentos, as teses, os significados que vamos interrogar, questionar, desconstruir, ressignificar.

A reunião de diferentes e variadas partes das pesquisas em grupos temáticos, segundo semelhanças e graus de recorrência, possibilita que identifiquemos seus silêncios e lacunas. A partir do que é comum aos diferentes estudos dentro de um grupo, considerando as recorrências mais acentuadas ou o que não aparece nas pesquisas, podemos criar um título para cada grupo temático. É preciso trabalhar intensamente com o material, olhando-o uma, duas, três ou quatro vezes, mas tudo está no jogo de juntar, separar, organizar. Conforme Paraíso (2021), há um processo de compor, decompor e recompor, no qual se separam os conceitos, as ferramentas teóricas e os significados apropriados para a análise do material.

Com a aglutinação e a justaposição de algumas investigações, vamos cada vez mais refinando os resultados principais das pesquisas, o que permite uma melhor compreensão do contexto como um todo. Tendo identificado os grupos mais próximos e relacionados ao nosso tema de pesquisa, é possível realizar uma nova consulta ou busca nos portais acima mencionados, para incorporarmos, qualificarmos e ampliarmos nossa revisão de literatura. No Quadro 5, podemos visualizar como os pesquisadores consultados procedem com os resultados encontrados, para organização da revisão de literatura.

Quadro 5 Etapas seguidas na revisão de literatura 

… A partir dos achados, faço a relação (nexos) entre os outros, verificando o que discorrem sobre a temática, bem como busco estabelecer possíveis relações que possam desencadear em novos pontos a serem pesquisados ou desdobrados. (PA3)
Separo dados em tabelas das pesquisas encontradas (autor, título, palavras-chave, instituição) e resumos. Após leitura e análise dos trabalhos de pesquisa selecionados, separo partes do texto que evidenciem os resultados e recorrências. Por fim, organizo em grupos temáticos os achados e destaco o que autores apresentam de pontos de convergência ou lacunas que justifiquem a relevância da minha pesquisa. (PA4)
escrever o capítulo da revisão apresentando as pesquisas por grupos de sentido e recorrências conceituais; apresentando seus resultados, autores mais recorrentes; tensionar o texto com um subtítulo no qual descrevo as potencialidades do meu projeto a partir do que foi identificado e apresentado na revisão. (PA5)
Tabulação e organização dos dados em tabelas e gráficos. (PE2)

Fonte: Elaborado pelos autores a partir das respostas no questionário on-line (2022, ênfases adicionadas).

Tendo como inspiração os resultados obtidos no questionário on-line, elaboramos um roteiro que pode auxiliar os pesquisadores a desenvol verem suas revisões de literatura,12 composto pelas seguintes etapas:

Quadro 6 Possíveis procedimentos a serem adotados na revisão de literatura 

(a) Estabelecer o recorte temporal para a revisão de literatura;
(b) Selecionar as palavras-chave ou descritores para a busca;
(c)Pesquisar em bancos de dados e plataformas confiáveis (site de Programas de Pós-Graduação, site da Coordenadoria de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações).
(d) Fazer print das telas, filtrar e selecionar as pesquisas (dissertações, teses e artigos, registrar data das buscas);
(e) Realizar movimentos de busca e adotar critérios de corte;
(f) Ler os resumos e conclusões;
(g) Ler na íntegra as pesquisas mais afinadas com a sua investigação;
(h) Buscar relações (nexos) e recorrências entre os estudos (temáticas, autores, metodologias, resultados);
(i) Fazer a tabulação dos dados (autor, título, palavras-chave, instituição, resultados);
(j) Criar grupos temáticos; analisar as recorrências, a temática, os autores mais citados, metodologias e resultados mais referidos e alguns que exigem mais pesquisas;
(k) Desencadear novas questões de pesquisa para serem desdobradas;
(l) Justificar a relevância da própria pesquisa.

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

Uma rigorosa revisão de literatura pode proporcionar indicativos, subsídios, focos específicos, metodologias e autores para desenvolvermos, adaptarmos ou alterarmos nossa pesquisa. Além disso, também teremos dados oriundos da própria literatura existente para justificarmos a relevância de desenvolvermos determinado estudo.

Dentre as potencialidades da revisão de literatura, está a capacidade de indicar novas interrogações, inspiradas no que já foi pesquisado, o que nos permitirá visualizar as lacunas passíveis de investigação em outros tempos, espaços e contextos, com novas ferramentas metodológicas e com novos conceitos, ou com aqueles já cristalizados, mas que podem ser questionados, sendo esta a compreensão do Grupo de Pesquisa o qual pertencemos. Surge, então, a problemática de pesquisa. O que é ainda possível problematizar a partir do que se produziu em torno do objeto de pesquisa?

Costa (2005, p. 200) ressalta que "… nenhuma indagação nasce de um vazio, sem um território e sem um tempo que fecunda as ideias, as dúvidas, as inseguranças".

Criando o texto do processo de revisão de literatura

Antes de finalizar esta seção, é importante lembrar a importância de pensar e decidir a maneira de apresentar os dados no texto de qualquer pesquisa. O uso de gráficos, tabelas e quadros é bem-vindo, desde que esses sejam significativos e explicativos. Procurar exemplos em outras pesquisas pode ser uma excelente forma de criar algo singular e criativo.

A revisão de literatura não pode ser uma parte que não está integrada ao texto. Uma pergunta que julgamos importante é: será que a banca de avaliação ou os leitores vão olhar e ler com atenção estas páginas? Precisamos encontrar estratégias que convidem todos a realizarem a leitura da seção de revisão de literatura. Como fazer? Esse é o desafio de cada pesquisador, mas seguem alguns lembretes: (a) descrever o processo realizado por cada um ao desenvolver a revisão de literatura; (b) deixar claro o recorte que realizou; (c) indicar os bancos de dados e os descritores utilizados; (d) descrever os resultados da organização dos dados e o processo realizado; (e) apresentar os dados da revisão, comentar e analisar possíveis lacunas e possibilidades de problematização, aproximações e distância de sua pesquisa; (f) ler e reler para criar uma produtiva e significativa revisão de literatura de forma criativa; e (g) criar o seu próprio caminho e registro singular.

Por fim, destacamos que, ao realizarmos uma qualificada revisão de literatura, estaremos nos posicionando, amparados por um andaime sólido e consistente, com vistas à edificação segura da pesquisa. Uma exigente revisão de literatura mostra o rigor que o pesquisador confere à sua pesquisa.

Considerações finais

Ao entendermos a revisão de literatura como um ritual, apoiamo-nos na compreensão de Richard Sennett (2012), que enxerga os rituais de três maneiras. Na primeira, eles dependem da repetição para serem intensos. Sobre isso, Han (2021) afirma que a repetição não significa ver algo mais uma vez, mas destaca-se como um reconhecimento, é "… reconhecer algo como aquilo que já se conhece" (p. 9). Normalmente, associam-se repetição e rotina, e os rituais acabam se incorporando quando algo é repetido diversamente. Sobre o segundo entendimento, os rituais são transformados em símbolos ao transformarem os objetos, as palavras e os movimentos corporais (um abraço é muito mais do que sentir o corpo de outra pessoa). Já no terceiro bloco, o ritual está relacionado com a expressão dramática, em que a centralidade está na intensidade da ação, como, por exemplo, caminhar na neve é diferente de caminhar pela rua a passos lentos (Sennett, 2012).

Sendo assim, para desenvolvermos uma revisão de literatura com rigor acadêmico e qualidade, aspectos que consideramos como centrais na escrita deste artigo, podemos fazer a transposição das características dos rituais apontadas por Sennett (2012). A repetição, a intensidade, a simbologia (enxergar a revisão de literatura como mais do que uma etapa obrigatória da pesquisa) e a expressão dramática intensa (conferindo um estímulo emocional positivo) podem conferir legitimidade, mudando a maneira como realizamos essa etapa obrigatória da pesquisa científica e dando-lhe significado.

No mesmo sentido, sustentamo-nos em Han (2021) ao afirmar que os rituais de uma comunidade são ações simbólicas que transmitem e representam seus valores e ordenamentos. Para o autor, "rituais podem ser definidos como técnicas simbólicas de encasamento. Transformam o estar-no-mundo em um estar-em-casa. Fazem do mundo um local confiável" (pp. 10-11). Por isso, os rituais, por meio da repetição, estabilizam a vida, em um processo de permanência e durabilidade, aprofundando a atenção. Nesse sentido, dão à pesquisa essa confiabilidade e profundidade.

Contudo, nossa intenção foi apresentar o ritual de revisão de literatura que circunda as pesquisas em educação, no interior de nosso grupo de pesquisa, que demarca o processo de construção das investigações, descrevendo os procedimentos, as ferramentas, as formas de abordá-la. Mesmo que tenhamos uma maneira própria de proceder com a revisão de literatura, apoiamo-nos em referenciais teóricos que orientam e afirmam a importância deste momento nas pesquisas científicas, em especial, nas pesquisas em educação. Portanto, é entendida como um movimento intrínseco no trabalho dos pesquisadores, apesar do enfrentamento de algumas dificuldades nessa prática, a partir da consulta realizada

Sobre isso, a referida consulta realizada com estudantes matriculados e egressos de um programa de pós-graduação em Educação de uma universidade do sul do país, confirma os entendimentos acerca da prática de revisão de literatura em suas pesquisas e demonstram as etapas que estabelecem para que este momento se apresente, não como mera exigência de procedimento, mas como parte eminente de suas investigações, na busca da contextualização à sua temática e construção de sua problemática de pesquisa.

4Para preservar a identidade dos respondentes que participaram da consulta por meio do questionário on-line, escolhemos dois termos: PA (pesquisador[a] ativo e matriculado no programa de pós-graduação) e PE (pesquisador[a] egresso do programa de pós-graduação). Acrescentamos uma numeração com a intenção de identificar os sujeitos respondentes, em ordem de recebimento das respostas ao questionário.

5Sugerimos que todos os pesquisadores busquem auxílio e informações atualizadas nas bibliotecas de suas instituições, no setor específico que oferece oficinas e cursos rápidos de capacitação para uso das bases de dados.

6Uma problemática de pesquisa pode ser conceituada como o nascimento da pesquisa. "A pesquisa nasce sempre de uma preocupação com alguma questão, ela provém, quase sempre, de uma insatisfação com respostas que já temos, com explicações das quais passamos a duvidar, com desconfortos mais ou menos profundos em relação a crenças que, em algum momento, julgamos inabaláveis" (Bujes, 2002, p. 14). Ainda, uma problemática é aquilo que dá sentido e mobiliza a investigação, movimentando o campo dos saberes, suspeitando e desconfiando das certezas (Costa, 2005).

7Romanowski, J. P., & Ens, R. T. (2006). As pesquisas denominadas do tipo "estado da arte" em educação. Diálogo Educacional, 6(19), 37-50.

8 Santos et al. (2020); Ferreira (2002, 2021); Silva & Souza; Vasconcellos (2020).

9Para exemplificar, citamos os primeiros descritores que utilizamos para elaboração do projeto de tese em Educação de um de nós: professor de Educação Física, docência e formação de professores.

10Para mais informações, indicamos a seguinte consulta: http://revistas-hisa.bvs.br/help/operadores.htm.

11Para mais informações sobre a hipercrítica, indicamos a leitura de: Veiga-Neto, A. (1995). Crítica pós-estruturalista e educação. Sulina.

12Não apresentamos esse quadro como uma "receita" ou um "passo a passo" a ser seguido em todas as pesquisas. São procedimentos e possibilidades que podem orientar os pesquisadores no desenvolvimento de suas revisões de literatura.

Os textos deste artigo foram revisados pela SK Revisões Acadêmicas e submetidos para validação do(s) autor(es) antes da publicação.

Agradecimentos

Os autores Viviane Catarini Paim e Tiago Locatelli agradecem o apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) pelo afastamento integral para estudos stricto sensu.

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Recebido: 26 de Abril de 2023; Aceito: 10 de Outubro de 2023; Publicado: 24 de Novembro de 2023

Endereço para correspondência Viviane Catarini Paim; Elí Terezinha Henn Fabris; Tiago Locatelli Universidade do Vale do Rio dos Sinos Cristo Rei, 93022-750 São Leopoldo, RS, Brasil vcatarinip@gmail.com

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