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Educação e Realidade

versão impressa ISSN 0100-3143

Educ. Real. vol.40 no.1 Porto Alegre jan./mar. 2015

https://doi.org/10.1590/2175-623646496 

EducaÇÃo E Envelhecimento

Educação financeira com idosos em um contexto popular

Financial education for the elderly in a low-income context

Caroline Stumpf Buaes I  

IFaculdade Meridional (IMED), Passo Fundo/RS - Brasil


RESUMO

Este artigo discute o consumo entre idosos de classes populares no contexto brasileiro e a importância de pensarmos intervenções educativas destinadas a esta população. A discussão deriva de uma pesquisa de caráter participante, desenvolvida por meio de uma ação pedagógica realizada com mulheres idosas, fundamentada em princípios da educação popular e da abordagem histórico-cultural. Os resultados sinalizaram que as participantes produziram coletivamente estratégias de controle financeiro e novas construções conceituais dos mecanismos do crédito consignado. Por fim, propõem-se alguns princípios para a criação de práticas de educação para o empoderamento e protagonismo do consumidor idoso.

Palavras-Chave: Educação Financeira; Envelhecimento; Consumo; Educação de Adultos e Idosos

ABSTRACT

This article discusses consumption among Brazilian low-income elderly people and the importance of considering educational interventions designed for this population. The discussion stems from a participant observation research, developed by means of a pedagogical action performed with elderly women, founded on popular educational principles and cultural-historical approach. Results showed that the participants collectively produced financial control strategies and new conceptual constructions of consigned credit mechanisms. Lastly, some principles advocate the generation of educational practices that promote empowering and protagonism among elderly consumers.

Key words: Financial Education; Ageing; Consumption; Adult and Elderly Education

Introdução

No contexto brasileiro, nos últimos anos, novos consumidores foram descobertos por meio da ascensão das classes populares para as camadas médias e do aumento do poder de consumo de idosos. Essa transformação anima a economia e desperta o interesse para o surgimento de negócios voltados a atender as demandas desses segmentos. Nesse sentido, os idosos dos grupos populares vêm sendo vistos no Brasil como novos consumidores.

A melhora da condição financeira dos idosos também passou a despertar especial interesse de diferentes instituições financeiras. Os órgãos bancários, através de suas publicidades, atraem milhões de idosos a cada ano para a contratação de créditos, sobretudo o consignado, levando ao crescente endividamento da população. Nesse cenário se torna importante pensar em intervenções educativas destinadas a esta fatia da população, potencialmente mais vulnerável por suas condições de idade, de baixa escolaridade e de classe social.

Embora os dados da PNAD/2009 mostrem uma redução do analfabetismo em todas as idades, inclusive na faixa de 40 anos e mais, ainda assim há um grande contingente de analfabetos nesta faixa etária: cerca de 16,5% (IPEA, 2010). Tendo em vista este panorama, é imprescindível que as estratégias didáticas utilizadas em ações pedagógicas considerem a participação nas atividades de sujeitos que tenham este perfil, não fazendo da condição de exclusão da escola uma impossibilidade de aprendizagem.

Tendo como preocupação a produção de ações educativas para o consumo com idosos, realizou-se uma pesquisa com mulheres idosas em um contexto popular com o objetivo de analisar os processos de construção coletiva de conhecimentos acerca de práticas de consumo e decisões financeiras. A ação pedagógica foi fundamentada nas ideias pedagógicas de Paulo Freire, que embasam a educação popular, e da abordagem da psicologia histórico-cultural, construída a partir das contribuições de Lev Vigotski.

O texto segue discutindo as problemáticas associadas ao consumo entre idosos no contexto brasileiro, especialmente de crédito consignado, e a necessidade de educar consumidores. Em seguida apresenta o desenho da pesquisa e alguns saberes produzidos pelas idosas no contexto da intervenção. Por fim, o trabalho propõe, ainda, alguns princípios que possam orientar propostas educativas voltadas para o empoderamento do consumidor idoso, no sentido de ampliar suas potencialidades e sua capacidade de intervenção social, quando estes não apenas se apropriam de novos conhecimentos, mas se reconhecem no lugar de sujeitos de saber e de direito ao saber.

Texto na íntegra em PDF

REFERÊNCIAS

SEVERIANO, Maria de Fátima Vieira. Pseudo-Individuação e Homogeneização na Cultura do Consumo: reflexões críticas sobre as subjetividades contemporâneas na publicidade. Estudos e Pesquisas em Psicologia, Rio de Janeiro, v. 6 n. 2, dez. 2006. [ Links ]

WILLIAMS, Toni. Empowerment of Whom and for What? Financial Literacy Education and the New Regulation of Consumer Financial Services. Law & Policy, n. 29, v. 2, p. 226-256, April. 2007. [ Links ]

Recebido: 17 de Abril de 2014; Aceito: 04 de Setembro de 2014

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