INTRODUÇÃO
A dificuldade de compreensão do processo de produção de um artigo científico mostra-se como um grande desafio para mestrandos. Não importa a área de estudo: quando eles se encontram ante o momento de tal empreitada, sentem-se incapacitados, o que os faz procurar, em épocas passadas, rebuscando em sua formação, conteúdos que tornem mais fácil a realização desse processo; entretanto, provavelmente devido à carência de ensinamentos sobre o assunto, eles não encontram as respostas de que gostariam (FALCÃO JÚNIOR et al., 2012).
Em um momento de desespero, aquele em que o discente está se formando e que, por exigência do programa acadêmico, é necessária a publicação de um artigo para obtenção do grau de mestre, ele se vê totalmente despreparado. A quem direcionar a culpa? Ao Programa, às Instituições de Ensino Superior, aos professores que, mesmo tendo a função de ensinar, não conseguiram passar o contexto, à falta de uma disciplina direcionada? Enfim, o que fazer nesse momento?
Maia (2008, p. 2) observou:
Por vezes, verifica-se que alunos cursando o último ano dos cursos de graduação, desconhecem as mais elementares normas envolvidas na elaboração de textos científicos, tais como: desenvolvimento e estrutura do trabalho, padrões de redação, procedimentos para se fazer pesquisas bibliográficas, seleção e organização da leitura das obras, construção de citações diretas e indiretas, bem como sobre o propósito de incluí-las no corpo do próprio texto. Essas dificuldades podem ser a causa de uma grande ansiedade [...] podendo, no limite, levar ao desânimo e, até mesmo, a desistência do curso.
O que dizer de um mestre que, durante a fase de graduação, já encontrava dificuldades na formulação de seu trabalho de conclusão e que foi em frente em sua vida acadêmica, com as dúvidas não solucionadas? Como chegar a esse momento de produzir uma dissertação, e até mesmo antes desta, de formular um artigo científico, como exigência da Instituição para obtenção de seu certificado? Se não forem ensinados a esse profissional as regras e os caminhos metodológicos para tal direção, um discente se sentirá incapaz para produzir pesquisas, uma vez que ele terá pela frente a preparação e redação de artigos, cuja metodologia outrora não aprendeu, e que presentemente é um obstáculo para apresentação de sua investigação à comunidade científica (MAIA, 2008; FREITAS, 2012; RODRIGUES; RAMOS, 2019).
O pesquisador deste estudo vem, há três décadas, trabalhando com essa temática, pois mesmo antes de se graduar já começara sua lida com trabalhos científicos, quando exercia em programa de Mestrado e Doutorado afazeres referentes a publicações dos alunos. Assim, é capaz de afirmar, com toda a sua vivência profissional, que existe desde então uma enorme dificuldade dos discentes em produzir um trabalho acadêmico, e que essa realidade ainda é persistente.
Ferreira (2014, p. 448) afirmou que
A maioria dos pesquisadores aprendeu muito durante os estudos de mestrado e doutorado. Aprendeu sobre teorias, sobre conceitos, sobre métodos, sobre procedimentos de coleta de dados, sobre construção de questionários, sobre técnicas estatísticas e softwares específicos, porém poucos aprenderam a escrever e comunicar. Ou seja, poucos aprendem, como referiu Feldman (2004), a converter um projeto de pesquisa em um artigo publicável.
Dessa forma, esta pesquisa teve como iniciativa levantar, através das respostas de discentes, as dificuldades existentes para a elaboração de um artigo científico, em toda a sua organização, seja referente à escrita científica, estruturação dos tópicos, normatização da ABNT e dos periódicos, submissão em plataforma etc., buscando reconhecer os mais variados obstáculos para essa empreitada. Partiu da suposição de que os discentes não tiveram um ensinamento sobre tais práticas, ou que até mesmo não desenvolveram o interesse em tê-las. Segundo Maia (2008, p. 7),
A presença de tantas regras, detalhes, indicações rígidas para digitação e formatação do texto, que parecem cercear a liberdade do aluno em pensar e escrever sem nenhuma exigência metodológica, faz com que o estudo de Metodologia Científica nas universidades raramente seja bem aceito pelos alunos.
Os passos ensinados na Universidade, desde a graduação, mostram-se ineficazes quando da produção de um artigo/trabalho acadêmico, e grandes dúvidas pairam sobre os motivos de tal situação. Pergunta-se, então: um ensinamento eficaz poderia ter mudado tal cenário? Teriam sido os estudantes mal encaminhados nessa aprendizagem? A disciplina direcionada sobre a temática durante a graduação ou ensinos anteriores foi bem aplicada? Será que um bom ensinamento, agora no Mestrado, poderia inverter essa situação? Sim, são indagações que merecem ser respondidas e que talvez expliquem o real motivo da dificuldade e a falta de conhecimento pelos alunos sobre o assunto, e até mesmo se uma capacitação consistente nesse momento poderia modificar esse quadro de deficiência.
Sendo assim, o objetivo desta pesquisa foi analisar a percepção de 90 discentes de Mestrado Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola (PPGEA), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), provindos dos polos Demanda Social e Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFGO) e Espírito Santo (IFES), sobre os processos de produção de artigos científicos e submissão em periódicos, e verificar o seu ganho de conhecimento após a capacitação sobre estes processos. Teve como objetivos específicos avaliar o grau de entendimento desses alunos sobre a redação e submissão na plataforma das revistas de um artigo científico; verificar sua competência para seguir as normas textuais de um periódico; e averiguar as dificuldades encontradas por eles para produzir e submeter um artigo.
Justifica-se a pesquisa pela necessidade de oferecer aos discentes de Mestrado do PPGEA/UFRRJ uma instrução sobre a temática em pauta, para que eles, através de um melhor conhecimento, possam produzir seus textos acadêmicos, sejam projetos, relatórios, qualificações e dissertações e, no caso deste estudo, seus artigos científicos. Ensinar a seus discentes os procedimentos corretos na construção de um trabalho científico é direcioná-los na consolidação de pensamentos críticos e maduros, que gerem conhecimentos sólidos para sua vida acadêmica, sendo inseridos com maior valor no meio científico e social, e futuramente capazes de compartilhar seu aprendizado em novas formações. A pesquisa também se justifica pela oferta ao Programa de maior qualidade perante as exigências da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), quando da preparação de produções intelectuais, item supervalorizado na avaliação quadrimestral dessa instituição, proporcionando maior conceituação ao programa fomentador.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola (PPGEA), no período de 2018 a 2020. O referido Programa pertence ao Instituto de Agronomia, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Campus Seropédica, município de Seropédica, estado do Rio de Janeiro, Brasil. O Campus está localizado nas coordenadas geográficas de 22o46’08’’ de latitude Sul e 43o41’13’’ de longitude Oeste do Meridiano de Greenwich e possui uma área aproximada de 30.240.000 m2 (GOOGLE EARTH, 2019; SILVA; VARGAS, 2019).
Tratou-se de uma pesquisa de natureza quali-quantitativa. Deslandes, Gomes e Minayo (2009, p. 21) estabeleceram que a pesquisa qualitativa “trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.” Fonseca (2002, p. 20) esclareceu que na pesquisa quantitativa “os resultados [...] podem ser quantificados” e que, “influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros.” Para Fleury e Werlang (2016, p. 15), na união destas duas pesquisas “é comum coletar os dados por meio de entrevistas ou observações (coleta qualitativa) e codificar esses dados de forma que seja possível fazer análises estatísticas sobre as informações.”
Ainda, com base em objetivos e procedimentos de uma pesquisa em Ciências Sociais, teve cunho descritivo e estratégia de estudo de caso, usando-se questionários para a coleta dos dados. Para Triviños (1987, p. 110), “os estudos descritivos exigem do pesquisador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar”, buscando “[...] descrever ‘com exatidão’ os fatos e fenômenos de determinada realidade”. Fonseca (2002, p. 33) interpretou estudo de caso como aquele que “visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico.”
O trabalho aqui desenvolvido teve como locus de pesquisa o próprio Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola (PPGEA) e os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFGO) e Espírito Santo (IFES), onde foram realizados Workshops. Tais eventos aconteceram em meses diferentes, durante três dias consecutivos, em oito horas diárias, com palestras e exercícios versando sobre os temas “Produção de Artigos Científicos I, II e III”, cujos conteúdos são aqui apresentados: CAPES - histórico, avaliação dos Programas, credenciamento e descredenciamento, conceitos, objetivos e metas; construção dos setores/tópicos de um artigo; escrita científica; organização das referências bibliográficas e citações (ABNT 6023 e 10520); adequação a cada periódico (normas); escolha de periódico conceituado pela CAPES e dentro da área de Educação; inserção na plataforma das revistas do Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER); métodos estatísticos; plágio; e outros.
Participaram da pesquisa 90 discentes do Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola (PPGEA), com idades variando entre 23 e 45 anos, de ambos os sexos, sendo 30 pertencentes ao polo da Demanda Social, com ingresso ao Programa no segundo semestre de 2018 e Workshop apresentado em maio/2019; 30 do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFGO), com ingresso no primeiro semestre de 2018 e Workshop em junho/2019; e 30 do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES), com ingresso no primeiro semestre de 2018 e Workshop em julho/2019.
Para atender aos objetivos da pesquisa, foi utilizado um questionário semiestruturado, aplicado antes e depois das palestras de aprendizagem. Segundo Gil (1999, p. 240), esta técnica é utilizada em investigações compostas “[...] por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas [...]” e tem por objetivo “[...] o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas, etc”. Assim, a aplicação de questionários está adequada à proposta, quando se buscam esclarecimentos sobre o conhecimento popular.
O questionário aplicado foi composto por 30 questões, assim estruturadas:
25 questões que investigaram o conhecimento inicial e final (após capacitação) dos discentes a respeito de todo o processo de produção de um artigo científico, sendo 20 abertas e cinco fechadas, e que versaram sobre: o que é um template; norma da ABNT para referências; norma da ABNT para citações; dados inseridos na etapa 1 (iniciar submissão) da plataforma de submissão das revistas (SEER); dados inseridos na etapa 3 (inclusão de metadados) da plataforma de submissão das revistas (SEER); onde encontrar, no periódico, os itens diretrizes, foco e escopo, e submissão online; número mínimo de palavras-chave normalmente aceito; nove conceitos de classificação determinados pela CAPES (a partir de 2019); valores dos conceitos A1 e A2 (CAPES) para a área de Educação; tópico do artigo onde se devem colocar objetivos e justificativas; valor do conceito C na área de Educação (CAPES); o que pode também significar conceito C para um periódico perante a CAPES; sistema da CAPES para classificação de periódicos; dois maiores conceitos de classificação da CAPES almejados por Programas de Educação; quatro elementos pré-textuais de um artigo; cinco elementos textuais de um artigo; documento necessário para sigilo e concordância dos participantes; documento necessário para pesquisa com seres humanos e animais; tópico do artigo que descreve local de realização da pesquisa, obtenção dos dados e métodos estatísticos utilizados; sequência correta dos tópicos de um artigo; normas da ABNT para autores dentro de parênteses; tópico do artigo para comparações e embasamento entre autores; em que pessoa gramatical não se deve escrever um artigo (impessoalidade); significado da sigla ABNT; e qual o sistema de inserção de citações diretas no texto com mais de três linhas (ABNT);
três questões fechadas, que analisaram a opinião dos discentes sobre sua capacidade para realizar esse processo de produção de um artigo, e que foram assim formuladas: qual o seu grau de entendimento para redigir um artigo científico, aqui incluso, desenvolvimento dos tópicos, estatística, escrita científica, ortografia, gramática, erros de digitação etc.; qual o seu grau de entendimento para submetê-lo na plataforma das revistas (SEER), ou seja, cadastro dos autores, preenchimento dos formulários, inserção de artigos, dados suplementares, envio etc.; e qual a sua competência para seguir normas textuais de um periódico, sejam, formatação de tabelas, espaçamentos, tipos, número de caracteres, referências, citações, resumos etc.;
duas questões abertas, que averiguaram a opinião dos discentes sobre as dificuldades encontradas para produzir e submeter um artigo e que foram assim formuladas: quais os maiores entraves para você escrever e organizar um artigo; e quais os maiores entraves para você submeter um artigo na plataforma das revistas (SEER). Por se tratar de questões abertas em que as respostas foram mais variadas, dando ao discente a chance de responder em suas próprias palavras, e diferentemente das outras abertas do questionário em que existia uma resposta predeterminada, foi utilizada como metodologia para compreensão de tais entraves uma ferramenta denominada TagCrowd® (TAGCROWD, 2020), cuja técnica se propõe a produzir uma nuvem de palavras que mostra de forma clara as principais informações que um conteúdo deseja passar. Nesse momento, foram identificadas as categorias mais relevantes nas respostas, e essas foram interpretadas de acordo com a experiência do autor e abordagens literárias.
O questionário foi avaliado por três professores/doutores do Programa, que tinham por incumbência observar se ele apresentava clareza e atendia aos objetivos propostos pela pesquisa. O referido instrumento foi enviado aos professores, juntamente com uma carta de solicitação de aprovação. Após a avaliação, foram realizadas as alterações sugeridas, tornando-o mais acessível, abrangente, conciso e prático. Os docentes apoiaram e aprovaram a versão final.
Complementando, as 25 questões sobre o conhecimento dos discentes a respeito de todo o processo de produção de um artigo científico foram avaliadas por respostas corretas, em que cada resposta recebeu o valor de 0,4, num universo de 10,0, para o acerto total em cada questionário. Foi realizada, então, como estatística para comparar um melhor ou pior conhecimento inicial ou final (após capacitação) ou aquisição de aprendizagem dos discentes frente ao tema, a Análise de Variância (ANOVA), seguida pelo teste de Tukey (p < 0,01) (VIEIRA, 2008). Os dados ainda foram montados em tabelas e gráficos para melhor compreensão utilizando o software de planilhas Excel® (MICROSOFT 365, 2020).
Importante salientar que, antes do início das palestras, os discentes foram informados sobre a pesquisa e, a partir do aceite verbal em participar, foi oferecido a cada um um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que assinaram espontaneamente. Foi acordado com todos que, por questões éticas, nomes ou qualquer referência de identificação não seriam expostos.
Esta pesquisa foi submetida à Comissão de Ética na Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), sob o número de processo 23083.003423/2018-80, ficando estabelecida sua conformidade com os princípios éticos e do bem-estar humano, dispostos na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2013).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicialmente, referente às 25 questões que investigaram o conhecimento dos discentes a respeito de todo o processo de produção de um artigo científico, os dados de conhecimento inicial e final e o ganho total de aprendizagem por questão (após capacitação) foram obtidos pelo somatório das respostas corretas a cada questão, no total dos 30 questionários aplicados por polo. Existiram ganhos de aprendizagem em todas as questões, com valores que variaram entre 12,14% a 92,22%, quando somados em conjunto os três polos. Ao final, contabilizou-se uma média total de ganho na aprendizagem sobre a temática no valor de 53,86% (Tabela 1).
Questões | Conhecimento inicial (No)* | Conhecimento final (No)* | Ganho total na aprendizagem por questão(%) | ||||
---|---|---|---|---|---|---|---|
DS | IFGO | IFES | DS | IFGO | IFES | ||
1. Defina template. | 6 | 16 | 11 | 30 | 30 | 29 | 62,22 |
2. Qual a norma da ABNT para referências. | 2 | 13 | 8 | 27 | 29 | 29 | 68,89 |
3. Qual a norma da ABNT para citações. | 2 | 6 | 7 | 29 | 26 | 30 | 77,78 |
4. Dados inseridos na etapa 3 (inclusão de metadados) da plataforma das revistas (SEER). | 2 | 0 | 0 | 11 | 2 | 24 | 38,89 |
5. Dados inseridos na etapa 1 (iniciar submissão) da plataforma das revistas (SEER). | 0 | 0 | 1 | 14 | 6 | 5 | 26,66 |
6. Em qual guia da revista encontram-se os itens: diretrizes para autores, foco e escopo e submissões online. | 7 | 14 | 7 | 30 | 30 | 30 | 68,89 |
7. Número mínimo de palavras-chave mais comumente aceito em uma revista. | 17 | 25 | 21 | 27 | 29 | 29 | 24,44 |
8. Nove conceitos de classificação dos periódicos (a partir de 2019). | 2 | 3 | 6 | 27 | 26 | 29 | 78,89 |
9. Valores dos conceitos A1 e A2 para a área de Educação (CAPES). | 0 | 0 | 1 | 26 | 27 | 23 | 83,33 |
10. Em qual tópico se deve colocar os objetivos e a justificativa em um artigo. | 18 | 20 | 17 | 26 | 26 | 27 | 26,66 |
11. Valor do conceito C (CAPES). | 0 | 2 | 3 | 29 | 30 | 29 | 92,22 |
12. O que pode significar também o conceito C (CAPES). | 0 | 0 | 0 | 26 | 26 | 20 | 80,00 |
13. Sistema oferecido pela CAPES para classificação das revistas científicas. | 2 | 3 | 3 | 21 | 15 | 27 | 61,12 |
14. Dois conceitos mais almejados pelos Programas de Educação (CAPES - a partir de 2019). | 3 | 6 | 5 | 29 | 29 | 27 | 78,89 |
15. Elementos pré-textuais do artigo. | 10 | 10 | 3 | 24 | 30 | 24 | 61,11 |
16. Elementos textuais do artigo. | 2 | 8 | 3 | 19 | 22 | 18 | 51,11 |
17. Documentos necessários de consentimento (menores e maiores) para futura publicação dos dados (questionário, entrevista, etc.). | 10 | 12 | 13 | 26 | 26 | 21 | 42,23 |
18. Documento necessário quando da realização de pesquisa com seres humanos e animais. | 9 | 17 | 17 | 25 | 25 | 19 | 28,89 |
19. Qual tópico explica onde a pesquisa foi realizada, forma de obtenção dos dados e métodos estatísticos. | 11 | 23 | 22 | 25 | 28 | 29 | 28,89 |
20. Qual a sequência correta dos tópicos em um artigo (comumente utilizada). | 18 | 18 | 21 | 28 | 29 | 29 | 32,22 |
21. Como organizar os autores dentro de parênteses (norma ABNT). | 11 | 12 | 10 | 28 | 22 | 27 | 48,89 |
22. Qual tópico realiza comparações com dados obtidos por outros autores, que embasam ou não os seus achados. | 7 | 20 | 8 | 26 | 28 | 22 | 45,56 |
23. Em qual pessoa gramatical (singular e plural) não se deve apresentar textos científicos (ABNT). | 10 | 12 | 7 | 24 | 27 | 24 | 51,11 |
24. O que significa a sigla ABNT. | 22 | 30 | 26 | 29 | 30 | 30 | 12,14 |
25. Explique seguindo as normas da ABNT como organizar citações diretas com mais de três linhas no texto. | 2 | 3 | 4 | 23 | 24 | 30 | 75,55 |
Média total de ganho na aprendizagem (%) | 53,86 |
* Número de acertos calculado sobre o total de 90 questionários aplicados, sendo 30 por polo.
Fonte: Dados obtidos através da comparação de acertos entre as questões do questionário inicial e final (após capacitação).
Para melhor assimilação do conhecimento inicial e final (após capacitação) dos discentes e fundamentação da discussão dos resultados, as questões foram divididas em seis itens: 1o) normas das revistas, com questões número 1, 6, 7; 2o) Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), questões 2, 3, 21, 23, 24 e 25; 3o) submissão na plataforma das revistas (SEER), questões 4 e 5; 4o) Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), questões 8, 9, 11, 12, 13 e 14; 5o) estruturação dos tópicos, questões 10, 15, 16, 19, 20 e 22; e 6o) ética, questões 17 e 18 (Tabela 2). Na tabela, pode-se visualizar o percentual médio de acertos pelos itens e devidas questões.
Item | Total médio inicial de acertos (%)* | Total médio final de acertos (%)* | ||||
---|---|---|---|---|---|---|
DS | IFGO | IFES | DS | IFGO | IFES | |
Normas das revistas (Questões 1, 6 e 7) | 33,33 | 61,11 | 43,33 | 96,66 | 98,88 | 97,77 |
ABNT (Questões 2, 3, 21, 23, 24 e 25) | 27,22 | 42,22 | 34,44 | 88,88 | 87,77 | 94,44 |
Submissão na plataforma das revistas (SEER) (Questões 4 e 5) | 3,33 | 0,00 | 1,66 | 41,66 | 13,33 | 48,33 |
CAPES (Questões 8, 9, 11, 12, 13 e 14) | 3,88 | 7,77 | 10,00 | 87,77 | 85,00 | 86,11 |
Estruturação dos tópicos (Questões 10, 15, 16, 19, 20 e 22) | 36,66 | 55,00 | 41,11 | 82,22 | 90,55 | 82,77 |
Ética (Questões 17 e 18) | 31,66 | 48,33 | 50,00 | 85,00 | 85,00 | 66,66 |
* Percentual médio calculado a partir do total de 30 questionários aplicados por polo.
Fonte: Dados obtidos através da comparação entre as questões do questionário inicial e final (após capacitação).
Comentando sobre normas das revistas, questões 1, 6 e 7, que buscavam informações sobre template, guias presentes no site e número de palavras-chave comumente aceitas, observou-se um maior conhecimento inicial do IFGO com valor médio de 61,11%, superior à Demanda Social e IFES, em valores de 27,78% e 17,78%, respectivamente. Já no questionário final, estes valores praticamente se igualaram, com maior ganho no conhecimento do IFGO, com 98,88%, superior em 2,22% e 1,11% frente à Demanda Social e IFES, respectivamente (Tabela 2). Certamente o maior conhecimento inicial foi o responsável pela maior aquisição final do IFGO. Explicar o motivo de tal conhecimento inicial é difícil, provavelmente este seja proveniente de os polos federais já estarem em conclusão de curso - se observarem as datas, época final de experimento e redação da dissertação - quando então os Programas exigem um artigo publicado antes da defesa. Neste momento de pressão, existe uma procura por periódicos, uma revirada geral nesses sites, na procura por foco/escopo, periodicidade, normas etc., que contemplem suas pesquisas; daí provavelmente um maior conhecimento pelos Institutos frente à Demanda, que ainda se encontrava nos créditos. Silva, Gonçalves-Silva e Moreira (2014, p. 1440) apóiam essa assertiva ao relatarem:
Se considerarmos que o mestrado tem o tempo regular de dois anos e que diversos periódicos levam de seis meses a um ano para emitir a carta de aceite quando da aprovação do artigo, ao término do primeiro ano do mestrado, nos moldes em que vêm sendo delineados os programas de mestrado [...], obrigatoriamente, o discente já terá que ter submetido seu artigo, algo que, no nosso entender, se configura em mais uma pressão sobre o alunado [...].
Referente à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), questões 2, 3, 21, 23, 24 e 25, que abordavam sobre referências bibliográficas, citações, autores entre parênteses, pessoa gramatical na escrita de artigos, significado da sigla ABNT e organização de citações diretas, o IFGO apresentou conhecimento inicial maior frente aos outros polos, em valor médio de 42,22%, superior à Demanda Social em 15,00% e ao IFES em 7,78%. Ao final, após palestras, o maior conhecimento foi obtido pelo IFES, num valor médio de 94,44%, com diferenças de 5,56% e 6,67% frente à Demanda Social e IFGO, respectivamente (Tabela 2). Como mencionado anteriormente, a aplicação das palestras no momento do fim do experimento ou na iminência da dissertação, e certamente junto à redação do artigo, como observado para os Institutos Federais, foi provavelmente o motivo para os dados encontrados. Nesse momento houve um maior ganho de conhecimento do IFES. Há de se chamar atenção para o baixo conhecimento dos discentes, seja de qualquer polo, referente aos itens normas para referências bibliográficas e citações, questões 2, 3 e 25. Ao explicar a falta de conhecimento das normas da ABNT (NBR 6023 e 10520) por discentes graduados, Carmo (2015) alegou como uma desatenção apresentada por eles frente a uma disciplina considerada de difícil aprendizagem, no caso, Metodologia da Pesquisa Científica, em que o assunto é tratado. Albuquerque (2016, p. 56) comentou que o planejamento, o compromisso, a didática e a metodologia aplicada pelo professor devem levar o aluno a “saber fazer” e aplicar em diferentes contextos as normas da ABNT; para o professor, fazer o aluno entender a matéria é muito dificultoso, pois são diversos os pormenores, e mesmo sem querer o aluno se perde, por pequenos motivos, que alega não ter percebido. Não saber nem o número das normas da ABNT para referências e citações demonstra total incapacidade dos alunos frente ao tópico, e uma falta de preparo decididamente provinda de má-formação e ensinamento deficiente.
Sobre submissão na plataforma das revistas (SEER), momento de envio dos artigos para as revistas, questões 4 e 5, em que se perguntou sobre dados inseridos na etapa 1 (iniciar submissão) e 3 (inclusão de metadados), a Demanda Social apresentou um conhecimento inicial com valor médio de 3,33%, superior ao IFGO e IFES em 3,33% e 1,67%, respectivamente. Ao final das palestras, existiu um maior ganho do IFES, com valor médio de 48,33%, superior à Demanda Social em 6,67% e ao IFGO em 35,00% (Tabela 2). Os baixos percentuais iniciais apresentados significaram que, mesmo estando os alunos dos Institutos Federais em fase de preparação dos artigos, ainda não tinham acesso à plataforma. Aqui se pôde observar um conhecimento inicial igualitário dos polos, pois poucos tiveram acesso à plataforma, e então uma maior preparação demonstrada pela Demanda Social - no caso, talvez por terem recebido alguma explicação a respeito, pois foram duas perguntas abertas, em que o “chute” ou a sorte não se fizeram presentes. Quanto ao baixo conhecimento adquirido pelo IFGO, cujo ganho de aprendizagem médio final ficou em 13,33%, pode-se explicar por diversas respostas incompletas consideradas como erradas, o que também foi evidenciado nos outros polos. Alvarez (2013), em pesquisa realizada com 69 pesquisadores, dos quais a maioria possuía Doutorado e Pós-Doutorado, contabilizou 46,00% com baixo grau de conhecimento sobre a submissão de artigos na plataforma das revistas. O mesmo autor evidenciou que 35,00% dos pesquisadores apresentavam problemas para reter os passos que compunham a ação de submissão. Embasados por esse autor, pode-se afirmar que a falta de manuseio ou informação sobre a plataforma foi o que provocou índices tão baixos no conhecimento inicial pelos polos; e a dificuldade de memorização dos passos após a palestra sinalizou o baixo conhecimento final.
Com respeito à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), questões 8, 9, 11, 12, 13 e 14, que versavam sobre classificação de periódicos (a partir de 2019), valores dos conceitos para a área de Educação e sistema de avaliação de periódicos adotado pela CAPES, os dados demonstraram maior conhecimento médio inicial do IFES (10,00%) e IFGO (7,77%), superiores à Demanda Social em 6,12% e 3,89%, respectivamente. Já ao final das palestras, existiu um maior ganho da Demanda Social no valor de 87,77%, superior ao IFGO e IFES em 2,77% e 1,66%, respectivamente (Tabela 2). As questões abordadas no item CAPES foram um assunto novo para a maioria dos discentes, ficando os Institutos Federais à frente no conhecimento inicial devido ao fato de alguns já estarem em franco preparo dos artigos e com a exigência do Programa Acadêmico pela publicação em periódicos com conceitos elevados na área de Educação, determinação da CAPES, o que fomentava neles uma procura por esses conceitos, e então uma maior aquisição do conhecimento. Ao final, os valores médios de ganho se equipararam, não existindo uma diferença que possa ser discutida, apenas aclamando a grande aprendizagem adquirida pela Demanda Social. Serra, Ferreira e Cunha (2017, p. 3) comentaram: “ter publicações nos estratos A1 e A2 fortalecem os programas [...] hoje a necessidade de publicar artigos A1 e A2 é uma exigência da coordenação de área na CAPES”. Outro aspecto vinculado a esse maior conhecimento inicial dos Institutos Federais pode estar ligado às observações de Ferreira (2015), quando mencionou que publicar em periódicos de alta qualidade é importante para o emprego, para o crescimento na carreira, para acesso a outros programas e para o prestígio pessoal, o que certamente incentivou ainda mais a busca e, consequentemente, o maior conhecimento.
Analisando a estruturação dos tópicos, questões 10, 15, 16, 19, 20 e 22, que tratavam da redação e organização do texto, dos elementos textuais e da sequência e subtemas dos tópicos, o maior conhecimento inicial ficou com o IFGO, num valor médio de 55,00%, superior à Demanda Social em 18,34% e ao IFES em 13,89. Após capacitação, o maior ganho de conhecimento esteve também com o IFGO, em valor médio de 90,55%, superior à Demanda Social em 8,33% e ao IFES em 7,78% (Tabela 2). O maior conhecimento inicial dos Institutos Federais está provavelmente ligado ao período da aplicação do Workshop, que aconteceu justamente no momento da redação do artigo, fato embasado pela observação das datas de estudo e ainda pela fase de créditos da Demanda Social. Já o maior conhecimento final é proveniente desse mesmo fato, em que os discentes já estão em orientação para dissertação, levantando referências, lendo artigos, praticando a escrita científica e provavelmente já tendo passado por uma disciplina relacionada. Santos e Queiroz (2007) corroboram a opinião proposta para o maior conhecimento encontrado pelos Institutos quando trabalharam com 55 alunos da graduação, em pesquisa realizada com atividades de leitura de artigos científicos, e verificaram, através dos textos elaborados como atividade final, que eles obtiveram “oportunidade de desenvolvimento de habilidades capazes de levar o aluno a construções de manifestações próprias, a uma posição de autor” (SANTOS; QUEIROZ, 2007, p. 207). Os mesmos autores salientaram que praticar leituras técnico-científicas “[...] poderiam trazer para a formação de tais alunos [...] qualidades tão importantes como, por exemplo: a capacidade de comunicação [...] e de pensamento crítico” (SANTOS; QUEIROZ, 2007 p. 207). Freitas (2012, p. 10) explicou o despreparo para um discente organizar artigos ao ingressar no mestrado, fato que pode justificar o menor conhecimento inicial da Demanda Social, pelos seus primeiros passos no Programa, da seguinte forma:
Os professores despreocupados com a construção do aluno - sujeito social, apontam como satisfatórios os trabalhos sem qualidade, empobrecidos de conteúdo e na ausência de autoria. Discursam sobre a “falta de condição” e habilidade do acadêmico em realizar um estudo relevante e original. Acreditam que a cobrança de uma avaliação criteriosa nas pesquisas, deve ser exigida somente na pós-graduação.
Comentando sobre ética, questões 17 e 18, que solicitavam informações sobre documentos necessários para consentimentos e realização de pesquisa com seres humanos e animais, observou-se um maior conhecimento do IFES, com valor médio inicial de 50,00%, superior à Demanda Social e IFGO em 18,34% e 1,67%, respectivamente. O maior conhecimento final ficou entre a Demanda Social e o IFGO, com valor médio de 85,00%, superior ao IFES em 18,34% (Tabela 2). Os valores de conhecimento inicial foram medianos, provavelmente devido à passagem pelo pré-projeto, projeto e qualificação no início do mestrado, em que o assunto é muito questionado pelo orientador, e também pela formulação e apresentação do projeto ao comitê de ética. Acredita-se ainda que esse conhecimento inicial possa ser proveniente da graduação, quando da participação em pesquisas e posterior apresentação de trabalhos em eventos. Finalmente, observando a média entre as respostas corretas iniciais e finais dos três polos conjuntamente, contabilizou-se um ganho total de conhecimento de 35,55%. Os discentes já possuíam um bom conhecimento no início do Mestrado, o que culminou em um conhecimento maior após as palestras; salienta-se, porém, aos orientadores/supervisores, maior zelo quando da preparação do projeto por seus alunos. Batista et al. (2018), analisando 65 projetos submetidos ao comitê de ética da Plataforma Brasil, listaram 27,00% com falhas nos termos de consentimento; Loretto (2012), examinando 260 projetos submetidos ao comitê de ética da Universidade de Pernambuco, observaram 59,00% com algum tipo de pendência: todos motivos de devolução.
Dando prosseguimento, no que concerne às três questões que analisaram a opinião dos discentes sobre sua capacidade para realizar o processo de produção de um artigo e que versaram sobre: qual o seu grau de entendimento para redigir um artigo científico; qual o seu grau de entendimento para submetê-lo na plataforma das revistas (SEER); e qual a sua competência para seguir normas textuais de um periódico, os dados ficaram assim demonstrados, conforme se explicita na sequência.
Com relação ao grau de entendimento para a redação de um artigo, a tendência inicial ficou mais direcionada para os graus de regular a péssimo, com maior pico para o grau ruim, que apresentou valor médio de 44,44%, num somatório das médias entre esses graus de 93,31%; a tendência final (após capacitação) situou-se entre os graus de regular a ótimo, com maior pico para o grau bom, que apresentou valor médio de 53,33%, num somatório das médias entre esses graus de 94,43%. O IFGO foi o polo que relatou o menor grau de entendimento no questionário inicial, com graus de ruim a péssimo somados em 69,99%. O IFES foi o polo que apresentou o maior grau de entendimento no questionário final (após capacitação), com graus de bom a ótimo somados em 76,66% (Figura 1). Job, Trindade e Mattos (2009), analisando o porquê de manuscritos submetidos a periódicos científicos serem rejeitados, numa amostra de 191 artigos, revelaram que 82,32% possuíam problemas com construção dos tópicos, aprofundamento teórico, erros de ortografia, digitação, concordância verbal e gramática, pobreza no estilo e escrita, e ética; daí se compreender a alta negativa inicial para redação desses discentes, que provavelmente estão em seus primeiros passos no desenvolvimento de um artigo científico.
Referente ao grau de entendimento para submeter um artigo na plataforma das revistas (SEER), a tendência inicial ficou mais direcionada para os graus nem fácil nem difícil a extremamente difícil, com maior pico para o grau difícil, que apresentou valor médio de 54,44%, num somatório das médias entre esses graus de 96,64%; a tendência final (após capacitação), ficou dentro dos graus nem fácil nem difícil a extremamente fácil, com maior pico para o grau nem fácil nem difícil, com valor médio de 54,44%, num somatório das médias entre esses graus de 86,65%. A Demanda Social foi o polo que relatou o menor grau de entendimento no questionário inicial, com graus de difícil a extremamente difícil somados em 79,99%. O IFES foi o polo que apresentou o maior grau de entendimento no questionário final (após capacitação), com graus de fácil a extremamente fácil somados em 53,32% (Figura 1). Alvarez (2013), trabalhando com 69 pesquisadores, dos quais a maioria era portadora de título de Doutorado e Pós-Doutorado, listou 46,00% com baixo grau de conhecimento na submissão de artigos em plataforma das revistas (SEER), demonstrando que esse procedimento não é tão fácil de entender e que, para uma melhor compreensão, o uso deve ser corriqueiro, o que não é o caso dos discentes de Mestrado.
Figura 1 - Grau de entendimento inicial e final (após capacitação) de 90 discentes de Mestrado em Educação, provindos dos polos Demanda Social (DS) e Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFGO) e Espírito Santo (IFES), referente à capacitação em Workshop do tema “Produção de Artigos Científicos”, para redigir um artigo para publicação (A e B) e para realizar a submissão de um artigo na plataforma das revistas (SEER) (C e D); e aptidão inicial e final (após capacitação) para formatar um artigo seguindo normas textuais de revistas (E e F).
Relatando a aptidão para seguir normas textuais de um periódico, ficou expressa através das respostas, em valor médio de 66,66%, uma negatividade como tendência inicial; como tendência final (após capacitação), os valores se direcionaram para uma alta positividade, com média de 86,66%. O IFES foi o polo que informou a menor aptidão no questionário inicial, com valor de 73,33%. O mesmo polo informou a maior aptidão no questionário final (após capacitação), com valor de 90,00% (Figura 1). É muito complicado o processo de normatização de um artigo, e isso se torna ainda mais difícil para um mestrando, iniciante em tal processo. Não conseguir colocar o artigo dentro das exigências de um periódico pode configurar a sua rejeição (CATAI; GROSSI; MANCINI, 2011; CORREIA, 2020). Essa afirmação presente na maioria dos periódicos já traduz o insucesso para os discentes, tornando-os desencorajados. Falaster, Ferreira e Canela (2016) comentaram em seu artigo que a rejeição é um dos desfechos possíveis, e talvez o mais provável, no processo de revisão, podendo ser superior a 95,00% dos artigos submetidos entre as mais reputadas revistas científicas. Então, não se deve esperar de um mestrando tal aptidão, cuja confiança virá após várias experiências.
Por último, comentando sobre as duas questões que averiguaram a opinião dos discentes sobre os maiores entraves para escrever e organizar um artigo, bem como submetê-lo na plataforma das revistas (SEER), as respostas ficaram estabelecidas conforme se segue.
Quanto aos entraves para escrever e organizar, os discentes da Demanda Social listaram, tanto no questionário inicial quanto no final (após capacitação), a categoria normas de referências como primeiro entrave. No inicial, ainda listaram as idéias; e no final, as normas de citações. Com referência aos Institutos Federais, ambos listaram como primeiro entrave a categoria normas das revistas, seja no questionário inicial ou final (após capacitação); ainda se referiram às normas de referências e tempo, abordados por todos os polos, mas aqui com mais expressividade (Figura 2).
Normas de referências constituem, sem dúvida alguma, o “bicho papão” de um discente inicial no Mestrado, isso devido à má preparação na graduação e no despreparo em organizá-las no pré-projeto, projeto e qualificação, exigências do programa que se inicia; então, entende-se sua menção como o maior entrave inicial da Demanda Social na organização de um artigo, por essa bagagem deficitária anterior. No início, também se referiram a ideias, o que se traduz pela dificuldade encontrada em escrever sobre o tema, sobre cada tópico (citaram literatura e discussão) e praticar a escrita científica. É um mundo novo que se abre para esses alunos, que muitas vezes desistem de ir em frente por se sentirem incapazes. Ao final (após capacitação), foram elencadas ainda as normas de referências, desta feita, com as citações. Parece que as normas de referências não foram bem assimiladas pelos alunos nas explicações e exercícios do Workshop, não por terem sido mal ensinadas, pois muito zelo foi aplicado nesse propósito, mas demonstrando que esse assunto é de difícil compreensão, o que sugere uma disciplina própria ou sua inserção em diversas disciplinas. Aqui também se referiram às normas de citações, na qual se embasa a mesma opinião, podendo a temática ser incorporada em conjunto nesse novo planejamento. Reafirma-se que o trauma por esses conteúdos provieram de experiências passadas, na formulação de seus trabalhos acadêmicos. Ideias também apareceram nos entraves finais, mas agora em menor expressão. Sales e Mendes (2016), analisando 97 teses e dissertações de 14 programas de Pós-graduação, publicadas na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Federal do Ceará, relataram incoerências nas normas de referências (ABNT 6023) em 96,15% das dissertações e 100,00% das teses, o que pode esclarecer a falta de preparo e o maior entrave citado pelos discentes da Demanda Social.
Fonte: Dados obtidos através da comparação de acertos entre as questões do questionário inicial e final (após capacitação).
Para os Institutos Federais, a menção às normas das revistas como maior entrave, seja no questionário inicial ou final (após capacitação), traduz exatamente o momento pelo qual os discentes estavam passando, que era o do desenvolvimento do artigo. Acompanhar as normas das revistas, para além da formatação dos artigos (espaçamento, tipo, caracteres etc.), foi entendido também como a elaboração dos tópicos de um artigo; compreendeu-se, assim, pela citação das categorias metodologia, resultados e discussão. A menor menção à formulação das referências bibliográficas como entrave indica que os discentes já passaram pelos créditos, em que provavelmente tiveram uma disciplina afim, e pela experiência adquirida durante as fases no Programa. A presença em ênfase da categoria tempo indica as poucas oportunidades de que os discentes dispõem para a realização das atividades propostas, haja vista os seus afazeres diários como docentes ou técnicos dos Institutos. Falaster, Ferreira e Canela (2016), ao listarem os problemas que mais comumente levam à rejeição dos artigos, citaram deficiências na metodologia (56,80%), apresentação confusa dos resultados (50,60%), discussão insatisfatória (45,00%), problemas de redação (30,90%) e organização (ou estrutura) inadequada do artigo (25,60%), reforçando assim o maior entrave eleito pelos alunos dos Institutos.
Quanto aos entraves para submeter um artigo na plataforma das revistas (SEER), os discentes da Demanda Social listaram com maior frequência no questionário inicial as categorias não sei e conhecimento; já no final (após capacitação), elegeram nenhum e normas das revistas. Com relação aos Institutos Federais, ambos listaram inicialmente as categorias não sei, conhecimento e plataforma; ao final, se referiram a nenhum e normas das revistas (Figura 3).
A menção às categorias não sei, conhecimento e plataforma, listadas em maior ênfase no questionário inicial pelos discentes de todos os polos, leva à compreensão de que a maioria nunca teve acesso a uma plataforma, não possuindo entendimento algum sobre a sua funcionalidade. Ao final (após capacitação), as categorias citadas nenhum e normas das revistas por todos os polos sugerem um ganho de aprendizagem bastante satisfatório e uma maior preocupação pelos discentes em atender as normas presentes durante os passos de submissão do artigo, tais sejam: cadastro do autor responsável, habilitação das condições para submissão, transferência do artigo, inclusão de metadados, documentos suplementares etc. Melo, Manduca e Santos (2019) comentaram que, somente através do treinamento contínuo e do uso, os autores poderão atingir uma eventual autonomia em relação à plataforma. Ainda observaram que, quando o autor “fica um tempo sem entrar em contato com algumas funcionalidades do sistema, é esperado que parte dos detalhes do uso sejam esquecidos ou confundidos” (MELO; MANDUCA; SANTOS, 2019, p. 44). Daí se entenderiam as dificuldades finais relatadas quanto às normas das revistas, contexto em que grande parte dos discentes teve seu primeiro contato com a plataforma.
Fonte: Dados obtidos através da comparação de acertos entre as questões do questionário inicial e final (após capacitação).
Esta pesquisa procurou ainda verificar através da análise estatística se algum polo, seja a Demanda Social ou os Institutos Federais, apresentou conhecimento inicial ou final (após capacitação) significativamente maior ou menor, e assim desenvolveu as tabelas 3 e 4, que relacionam por questionário (total de 30), aplicado a cada polo, o conhecimento inicial e final (após capacitação) e os ganhos na aprendizagem, neste caso, com avaliação das 25 questões sobre o conhecimento dos discentes a respeito de todo o processo de produção de um artigo científico, por notas correspondentes a 0,4 por resposta correta, num universo de 10,0 para o acerto total de todas as questões.
Questionários | DS* | IFGO | IFES | ||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Inicial1 | Final2 | Ganho na aprendizagem (%) | Inicial | Final | Ganho na aprendizagem (%) | Inicial | Final | Ganho na aprendizagem (%) | |
1 | 2,4 | 6,8 | 44,00 | 1,6 | 8,0 | 64,00 | 1,6 | 7,6 | 60,00 |
2 | 6,0 | 9,2 | 32,00 | 3,6 | 8,0 | 44,00 | 1,2 | 8,8 | 76,00 |
3 | 2,0 | 7,6 | 56,00 | 4,0 | 8,0 | 40,00 | 1,6 | 9,2 | 76,00 |
4 | 2,0 | 8,4 | 64,00 | 0,8 | 7,6 | 68,00 | 3,6 | 8,4 | 48,00 |
5 | 0,8 | 8,4 | 76,00 | 4,0 | 8,0 | 40,00 | 2,0 | 7,6 | 56,00 |
6 | 3,2 | 8,4 | 52,00 | 3,2 | 8,8 | 56,00 | 2,0 | 8,4 | 64,00 |
7 | 2,0 | 8,8 | 68,00 | 2,0 | 7,6 | 56,00 | 1,2 | 8,4 | 72,00 |
8 | 2,0 | 8,8 | 68,00 | 2,8 | 8,8 | 60,00 | 1,6 | 8,4 | 68,00 |
9 | 2,0 | 6,8 | 48,00 | 5,6 | 7,2 | 16,00 | 2,4 | 9,6 | 72,00 |
10 | 2,0 | 7,6 | 56,00 | 4,0 | 8,8 | 48,00 | 1,6 | 7,2 | 56,00 |
11 | 0,0 | 9,2 | 92,00 | 4,0 | 9,6 | 56,00 | 4,0 | 8,8 | 48,00 |
12 | 0,8 | 7,2 | 64,00 | 2,4 | 9,2 | 68,00 | 5,6 | 8,4 | 28,00 |
13 | 1,6 | 9,6 | 80,00 | 2,4 | 9,6 | 72,00 | 2,4 | 9,2 | 68,00 |
14 | 0,0 | 9,2 | 92,00 | 5,6 | 8,0 | 24,00 | 4,0 | 9,2 | 52,00 |
15 | 0,0 | 8,4 | 84,00 | 5,6 | 8,0 | 24,00 | 2,4 | 8,4 | 60,00 |
16 | 1,6 | 9,2 | 76,00 | 6,0 | 7,6 | 16,00 | 2,4 | 7,2 | 48,00 |
17 | 1,2 | 8,0 | 68,00 | 2,4 | 7,6 | 52,00 | 3,6 | 8,0 | 44,00 |
18 | 3,6 | 8,0 | 44,00 | 2,8 | 8,8 | 60,00 | 3,6 | 8,8 | 52,00 |
19 | 4,0 | 8,4 | 44,00 | 3,2 | 7,6 | 44,00 | 3,6 | 9,2 | 56,00 |
20 | 1,2 | 8,4 | 72,00 | 5,6 | 9,6 | 40,00 | 5,2 | 8,8 | 36,00 |
21 | 4,8 | 9,6 | 48,00 | 5,2 | 6,8 | 16,00 | 2,0 | 8,8 | 68,00 |
22 | 2,8 | 9,6 | 68,00 | 4,8 | 9,2 | 44,00 | 2,4 | 9,6 | 72,00 |
23 | 3,2 | 9,2 | 60,00 | 4,0 | 8,4 | 44,00 | 6,0 | 8,4 | 24,00 |
24 | 2,4 | 9,2 | 68,00 | 2,4 | 8,4 | 60,00 | 2,0 | 9,2 | 72,00 |
25 | 2,4 | 9,6 | 72,00 | 4,8 | 7,2 | 24,00 | 2,0 | 7,2 | 52,00 |
26 | 2,4 | 6,4 | 40,00 | 4,0 | 8,8 | 48,00 | 4,0 | 7,6 | 36,00 |
27 | 0,4 | 5,6 | 52,00 | 2,4 | 8,4 | 60,00 | 4,0 | 7,6 | 36,00 |
28 | 6,0 | 9,6 | 36,00 | 3,6 | 7,6 | 40,00 | 4,8 | 8,0 | 32,00 |
29 | 5,6 | 9,6 | 40,00 | 4,0 | 9,2 | 52,00 | 4,4 | 7,2 | 28,00 |
30 | 0,8 | 6,8 | 60,00 | 2,4 | 8,4 | 60,00 | 2,4 | 9,2 | 68,00 |
* 30 questionários aplicados por polo, correspondentes a 30 discentes.
1,2 Valores obtidos através da soma de respostas corretas, num universo de 25 questões por questionário, em que cada uma valia 0,4 pontos.
Fonte: Dados obtidos através da comparação de acertos entre as questões do questionário inicial e final (após capacitação).
Médias | DS (%) | IFGO (%) | IFES (%) |
---|---|---|---|
Média de conhecimento por polo (questionário inicial) | 23,06 a* | 36,40 ab | 29,86 c |
Média de conhecimento por polo (questionário final) | 83,86 a | 82,93 b | 84,13 c |
Média de ganho na aprendizagem por polo (questionário inicial e final) | 60,80 a | 46,53 ab | 54,26 c |
Média total de ganho na aprendizagem entre os polos | 53,86 |
* Médias seguidas por letras iguais diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey (p < 0,01).
Fonte: Dados obtidos através da comparação de acertos entre as questões do questionário inicial e final (após capacitação).
Os resultados estatísticos demonstraram que existiu uma diferença significativa entre as médias de conhecimento inicial (p < 0,01), referente aos polos Demanda Social e IFGO, indicando um menor conhecimento inicial por parte da Demanda Social, o que não se confirmou com relação ao IFES, que manteve uma semelhança entre os polos. Ao contrário do observado, não existiram diferenças significativas entre as médias de conhecimento final (após capacitação) (p < 0,01), sugerindo uma equivalência no conhecimento final entre os diferentes polos.
Quanto ao ganho de aprendizagem sobre a temática, os resultados estatísticos demonstraram que existiu uma diferença significativa entre as médias dos polos Demanda Social e IFGO (p < 0,01), representando um maior ganho de aprendizagem pela Demanda Social, o que não se confirmou em relação ao IFES, que esteve dentro de uma normalidade com relação aos polos.
Como já comentado nesta pesquisa, o maior conhecimento inicial dos Institutos Federais provavelmente é resultado das pesquisas realizadas durante a fase de redação e confecção da dissertação e, nesse mesmo momento, da produção de um artigo para publicação, exigência do Programa Acadêmico. Também se sustenta a opinião de que tal resultado possa ser proveniente da orientação e até mesmo de alguma disciplina relacionada à temática em questão, pela qual, talvez, a Demanda Social ainda não tivesse passado. Já com relação ao ganho de aprendizagem ter sido maior para a Demanda Social, salienta-se que o polo simplesmente necessitava de uma capacitação para se igualar em conhecimento aos outros polos, o que solidificou a importância do Workshop como evento esclarecedor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao analisar a percepção sobre o tema proposto, entendeu-se que o assunto é bastante complexo para discentes de Mestrado, aqui exemplificado na área de Educação Agrícola, mas que certamente se expande para qualquer outra área. Os alunos relataram enormes dificuldades para produção de um artigo científico, mais precisamente, na escrita científica, ideias para desenvolvimento do tema e dos tópicos, normatização etc.; ainda, no entendimento das normas textuais e plataformas de periódicos e desconhecimento das premissas da CAPES.
Com relação ao grau de entendimento inicial dos discentes sobre a redação de artigos científicos, especificado como desenvolvimento dos tópicos, estatística, escrita científica, ortografia, gramática etc., ficou estabelecida, em total médio de 93,31%, uma tendência de regular a péssimo, entre os polos estudados, para a realização dessas atividades.
Referente ao grau de entendimento inicial dos discentes sobre a submissão dos artigos na plataforma das revistas (SEER), ou seja, cadastro dos autores, preenchimento dos formulários, inserção de artigos, dados suplementares, envio etc., a tendência esteve direcionada para os graus nem fácil nem difícil a extremamente difícil, num somatório médio de 96,64% entre os polos, para a realização dessas atividades.
Quanto à competência inicial para seguir as normas textuais de um periódico, isto é, formatação de tabelas, espaçamentos, tipos, número de caracteres, referências, citações, resumos etc., observou-se uma tendência inicial à negatividade em valor médio de 66,66% entre os polos, para tal efetivação.
Ao se somarem estes três valores e se retirar a média, pode-se inferir em valor de 85,53% a incapacidade inicial apresentada pelos discentes para fomentar as atividades propostas nesta pesquisa na produção de um artigo científico. Acredita-se que esse valor seria ainda maior se os polos se encontrassem numa mesma posição quanto aos períodos de estudo, isto é, se eles se encontrassem ainda na fase de créditos (ciclo inicial), a exemplo da Demanda Social. Estes valores traduzem a ineficácia até o momento das ações propostas pelas instituições no ensino de uma metodologia de pesquisa que contemple a temática construção de trabalhos acadêmicos (TCCs, dissertações, artigos científicos etc.), demonstrando que o assunto é problemático e que melhores planejamentos deveriam ser perpretados no sentido de uma maior qualificação.
Comentando sobre as dificuldades iniciais encontradas pelos discentes dos três polos para produzir um artigo, categorizadas em normas de referências e citações, normas das revistas e ideias; e sobre as dificuldades para submeter um artigo na plataforma das revistas (SEER), categorizadas em conhecimento, não sei e a própria menção à plataforma, as respostas indicaram um total despreparo na confecção das normas da ABNT (6023 e 10520), utilizadas praticamente em todas as revistas da área de Educação. Indicaram haver uma necessidade de aprimoramento na redação dos tópicos de um trabalho acadêmico, e um total desconhecimento a respeito das normas textuais e plataformas de um periódico - tudo isso já observado nesta pesquisa e entendido como necessário para que os profissionais possam dar prosseguimento em sua vida acadêmica, tanto na produção de trabalhos científicos, que aqui se entende como artigos, dissertações, teses etc., quanto na transmissão do conhecimento adquirido a seus futuros aprendizes.
Infere-se que a aplicação do Workshop foi de fundamental importância para os discentes participantes, principalmente ao se observar uma melhoria na aprendizagem em valor médio de 53,86%, distribuídos em média de 60,80% para a Demanda Social, 46,53% para o IFGO e 54,26% para o IFES. Também se observou o grau de entendimento final (após capacitação) para redação de artigos científicos, que atingiu o valor médio de 94,43% entre os graus de regular a ótimo para os três polos; o grau de entendimento final (após capacitação) para submissão de um artigo na plataforma das revistas (SEER), que atingiu o valor médio de 86,65% entre os graus nem fácil nem difícil e extremamente fácil; e a competência final dos discentes para seguir normas textuais de um periódico, que atingiu uma média de 86,66% de confiança. Diferentemente do observado inicialmente, ao se somarem estes três valores e se retirar a média, pôde-se inferir em 89,24% a capacidade final apresentada pelos discentes para fomentar as atividades propostas nesta pesquisa na produção de um artigo científico.
Sobre as dificuldades finais (após capacitação) relatadas pelos discentes dos três polos para produzir um artigo, categorizadas em normas de referências e citações, e normas das revistas; e sobre as dificuldades para submeter um artigo na plataforma das revistas (SEER), categorizadas em normas das revistas e nenhum, as respostas demonstraram:
a existência de questionamentos, mesmo após o Workshop, sobre as normas 6023 e 10520 da ABNT, cujo conteúdo deve ser melhor explorado, incrementando uma disciplina própria ou a sua inserção em diversas disciplinas nas instituições;
uma maior preocupação com as normas das revistas, que, acredita-se, será sanada com a experiência obtida através da prática, tendo o Workshop se prestado como passo inicial;
um total aprendizado no que se refere à utilização das plataformas, quando a categoria nenhum se fez presente em peso na maioria das respostas.
A análise estatística efetuada demonstrou um maior conhecimento inicial do IFGO frente à Demanda Social, o que se especula tratar-se do período de estudo em que se encontrava o Instituto, em fase de redação da dissertação e, mais precisamente, da confecção do artigo científico. De acordo com esta pesquisa, este resultado tenderá a ser diferente quando todos se encontrarem igualmente no ciclo inicial, podendo tender tanto para um lado quanto para o outro, ou até mesmo para nenhum, levando-se em consideração a experiência acadêmico-profissional dos discentes por polo. A exemplo disso, tem-se a situação do IFES, que, mesmo em fase final, após créditos, não demonstrou uma diferença significativa de conhecimento inicial em relação aos outros polos.
O Workshop foi de extrema utilidade em sua capacitação quando se observa estatisticamente uma diferença significativa de ganho na aprendizagem da Demanda Social frente ao IFGO. O polo saiu de um menor para um maior conhecimento final, servindo de modelo na constatação de que um bom ensinamento, no Mestrado ou a qualquer tempo, ainda consegue inverter um mau aprendizado anterior, direcionando os discentes com baixo conhecimento sobre a produção de trabalhos acadêmicos, nesta pesquisa, artigos científicos, a alcançarem um maior grau de conhecimento.