1 Introdução
O conhecimento, na visão de Sabbag (2007), é a informação processada que habilita à ação, ou seja, é a soma ou contínuo do que foi percebido, descoberto ou aprendido. Atualmente os atributos valorizados nas organizações contemporâneas voltam-se aos processos para desenvolvimento de inovação e novas competências, surgindo assim a necessidade pela gestão do conhecimento (GC) no contexto da Sociedade do Conhecimento (ARAUJO; MOTTIN; REZENDE, 2013).
Reis (2008) defende que o conhecimento seja uma fonte de poder capaz de gerar vantagem competitiva para empresas e países. Em função disso, o autor argumenta ser necessário averiguar os processos de gestão, criação e transferência deste conhecimento. Há ainda de se considerar que a GC não é obtida tão somente por meio de dados ou informações, mas provém das regras e modelo mental de indivíduos (SANTOS, 2001).
Os processos de melhoria da GC têm tido maior destaque a partir da década de 1980, quando o maquinário já não era suficiente para atingir os resultados e lucros esperados (TAKEUCHI; NONAKA, 1986). Assim, nos últimos anos, o valor de mercado das empresas tem sido bem acima do seu valor contábil. Esta diferença é atribuída ao estoque de ativos intangíveis ou capital intelectual (CASTILLA; GALHARDO, 2016).
No contexto de desenvolvimento científico, a produção científica é responsável por disseminar o conhecimento e apoiar no desenvolvimento da ciência num país. Silva (2004) aponta que o desenvolvimento científico e tecnológico de uma nação é alcançado a partir da qualidade e da quantidade de pesquisas desenvolvidas, bem como de sua capacidade de ser utilizada na transformação do progresso econômico e social.
A criação de programas de pós-graduação Stricto Sensu ou mesmo linhas de pesquisas dedicadas à temática GC a partir do início da década de 2000 demonstra a necessidade e preocupação de fomentar pesquisas sobre o tema (MUSSE; OHIRA; CISLAGHI, 2008).
Barradas e Campos Filho (2008) demonstraram em sua pesquisa que a temática GC tem se concentrado nas áreas de Ciência da Informação e Administração. Pesquisa conduzida por Magalhães et al. (2018) identificou trabalhos acerca da temática GC em 34 das 48 áreas de avaliação da CAPES, com destaque para as áreas ‘Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo’, ‘Interdisciplinar’ e ‘Engenharias III’.
Percebe-se, portanto que a temática GC está se consolidando como uma nova ciência ou disciplina acadêmica, não sendo mais considerada como um simples modismo científico (SERENKO; BONTIS, 2013). Neste contexto, a questão que norteia esta pesquisa é apresentada: Qual é o perfil dos programas de pós-graduação Stricto Sensu na área de Gestão do Conhecimento no Brasil e como está o volume de sua produção científica? Para atender a esta lacuna de pesquisa, o objetivo deste trabalho é apresentar o perfil dos programas de pós-graduação Stricto Sensu na área de Gestão do Conhecimento no Brasil e o panorama de sua produção científica.
2 Plataforma teórica
2.1 Pós-graduação Stricto Sensu e sua produção científica
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é o órgão do Ministério da Educação responsável pela regulamentação, avaliação e acompanhamento dos cursos de pós-graduação Stricto Sensu nas universidades e instituições brasileiras. A pós-graduação Stricto Sensu objetiva a formação de pesquisadores, novos docentes e profissionais com foco em ciência. Uma vez que um egresso da graduação atenda aos requisitos estipulados em edital dentro de determinada instituição de ensino, o mesmo poderá realizar um curso de mestrado. Ao final do curso o aluno receberá o diploma de conclusão do curso com a titulação de mestre ou doutor (BRASIL, 1996).
Segundo Raynaut e Zanoni (2011), o mestrado tem como foco colocar em prática os instrumentos metodológicos, enquanto o doutorado deve ultrapassar a transmissão do saber e consolidar a produção científica. Outra categorização é a segregação entre cursos acadêmicos e profissionais. Segundo Virmond (2002), o curso profissional se diferencia do acadêmico, pois visa formar profissionais com alta qualificação para o mercado de trabalho. A CAPES criou a modalidade curso profissional para o mestrado em 1995 e para o doutorado em 2017.
Quanto à disseminação do conhecimento científico, há em duas categorias: literatura cinzenta e literatura branca. Na primeira as publicações abrangem os trabalhos apresentados em eventos, assim como as teses e dissertações, sendo consideradas como não convencionais ou semi-publicadas. A literatura cinzenta apresenta informação e conhecimento atualizados, porém de alcance à um público mais reduzido, ou seja, a comunidade científica, e não se determina por interesses comerciais (BOTELHO; OLIVEIRA, 2015).
Já a literatura branca, em contraponto, é a produção normalmente revisada por pares, composta de documentos publicados em intervalos de tempos determinados ou não, com o propósito de fornecer informações e relatos de pesquisas atualizadas, preferencialmente em periódicos ou revistas científicas. Nesta categoria incluem-se também os livros, porém, a informação veiculada nestes nem sempre é inédita, sendo muitas vezes a divulgação de conceitos e teorias já consolidados na comunidade científica (SILVEIRA, 2005).
A CAPES classifica os programas de pós-graduação em nove grandes áreas de conhecimento, com o objetivo de tornar ágil e funcional o gerenciamento dos projetos de pesquisa desenvolvidos no país. Numa segunda classificação, a CAPES segrega 49 diferentes áreas de avaliação para gerenciamento da qualidade do Stricto Sensu. Com o total de 4.227 Programas em todo território brasileiro, são atualmente 2.200 cursos de doutorado acadêmico, 3.423 cursos de mestrado acadêmico e 727 cursos de mestrado.
Ademais, a quantidade de orientandos por professor orientador limita-se a oito alunos por orientador. São três as categorias docentes num programa de Stricto Sensu: docentes permanentes, que são enquadrados e declarados anualmente e acompanhados no sistema de avaliação da CAPES; docentes visitantes, que têm vínculo funcional-administrativo com outras instituições e, desde que liberados, mediante acordo formal para colaboração, atuam num Programa e, por fim; docentes colaboradores que participam no desenvolvimento de projetos de pesquisa ou atividades de ensino ou extensão independentemente de vínculos.
Os programas de Stricto Sensu, até 2013, eram avaliados a cada triênio. No entanto, a partir de 2014 a CAPES prevê a avaliação quadrienal, cujo primeiro período a ser considerado é relativo às informações do período 2013 a 2016. Com atribuição de uma escala de 7 pontos, variando de 1 a 7, os Programas com notas inferiores a 2 deixam de ser recomendados pela CAPES. Os cursos de mestrado obtêm no máximo a nota 5. As notas 6 e 7 são atribuídas somente a programas que ofereçam curso de doutorado. Notas mais elevadas indicam cursos com maior qualidade (OLIVEIRA; AMARAL, 2017).
A questão da avaliação do desempenho de pesquisadores tem ocupado espaço crescente na reflexão e nas discussões de agências de fomento, editores científicos, gestores de política científica e dos próprios pesquisadores em todo o mundo (SILVEIRA, 2005). Barata (2013) diz que nenhum dos proponentes considera que eles sejam capazes de mensurar a qualidade do trabalho que está sendo feito, e Fernandes e Lopes (2018) acredita que critérios dominantes para medir a produtividade podem afetar as carreiras acadêmicas causando impacto negativo na pesquisa. O que se espera indicar por meio dessas medidas é a importância ou a possibilidade de um artigo ou periódico influenciar a produção de conhecimentos em determinada área.
Apesar disso, no Brasil a CAPES desenvolveu a lista ‘Qualis Periódicos’ para identificar a qualidade da produção científica no contexto da avaliação dos Programas (CARVALHO NETO; WILLINSKY; ALPERIN, 2016). Assim, cada periódico presente na respectiva lista de área do conhecimento é classificado em oito estratos (A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C). A lista atualizada anualmente está disponível para consulta no portal da Capes. Há regras comuns a todas as áreas de avaliação para a distribuição dos periódicos na lista Qualis: até metade dos títulos pode ganhar classificação nos três estratos mais altos (A1, A2 ou B1). Ademais, nos estratos A, considerados de excelência e a maioria de circulação internacional, recebem no máximo 25% de todos os títulos de determinada área (BARATA, 2016).
No ranking Scimago Journal (2017), o Brasil em 2016 ocupou a 14º posição com 68.908 artigos publicados. Já quanto ao índice h, o Brasil está mais na retaguarda, ocupando a 23º colocação. As possíveis explicações para tal posicionamento quanto ao fator de impacto voltam-se ao fato de dos objetos de pesquisa serem locais ou regionais (COURA JÚNIOR; WILLCOX, 2003) e artigos que não foram escritos no idioma inglês (MENEGHINI, 2012; SERENKO; BONTIS, 2017), dentre outros argumentos. Oliveira (2003) e Porto Junior, Moraes e Silva (2015) mencionam a compulsoriedade de entrega de artigos para atender aos pré-requisitos acadêmicos, fato que vem aumentado a quantidade para garantir a performance acadêmica, mas não necessariamente a qualidade dos mesmos, complementam Shigaki e Patrus (2012). Contudo, é necessário rever os valores da produção científica, como por exemplo, entender tal processo como uma etapa de produção de conhecimento e construir uma pesquisa robusta e bem estruturada para, com isto, obter-se um grande impacto na ciência (FERREIRA JÚNIOR, 2013).
2.2 Programas de pós-graduação Stricto Sensu em Gestão do Conhecimento e sua produção científica
Ao se analisar a temática GC é possível englobar diferentes áreas de estudo. Para Gonzalez e Martins (2017), a GC e a tecnologia da informação (TI) têm uma relação muito próxima. Os autores propõem duas abordagens neste contexto: a GC como assunto relativo à TI e a GC mais voltada ao desenvolvimento dos recursos humanos, demonstrando a importância da cultura e da formação de grupos de trabalho. Analisando estas duas frentes, vislumbra-se que a GC não esteja restrita a apenas uma área de conhecimento, sendo este um dos motivos que a torna uma disciplina muito favorável a uma abordagem interdisciplinar.
Outro aspecto importante é a criação da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (SBGC) em 2001, que vem a contribuir de forma ativa no desenvolvimento do país e disseminação da prática e do conceito de GC na sociedade.
A criação de cursos de GC em nível pós-graduação Stricto Sensu demonstra a necessidade e preocupação de fomentar pesquisas sobre o tema, que possam propor soluções técnico-científicas para a gestão orientada ao conhecimento, pois como demonstra Bari e Baloch (2016), a GC está se tornando essencial para as organizações e pode ajudá-las a se tornarem mais eficientes e responsivas.
Programas dedicados à temática têm surgido no país desde 2004, a exemplo do pioneiro programa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com cursos de mestrado e doutorado acadêmico em ‘Engenharia e Gestão do Conhecimento’, cadastrado na área de avaliação ‘Interdisciplinar’ da CAPES, com três áreas de concentração e nove linhas de pesquisa exclusivas à temática GC.
Em contraponto, com a primeira turma iniciada em 2015, o programa ‘Informática e Gestão do conhecimento’ da Universidade Nove de Julho (UNINOVE), também da área ‘Interdisciplinar’ é o mais recente, contando com apenas uma das três linhas de pesquisa referente à GC, denominada ‘Gestão da Informação e do Conhecimento’.
Magalhães et. al. (2018) analisaram a temática GC a partir das dissertações e teses defendidas nos cursos de pós-graduação Stricto Sensu no período de 2006 a 2015. Foram localizados 1.388 trabalhos concluídos, sendo 295 teses e 1.093 dissertações. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com seu programa da área Interdisciplinar de Engenharia e Gestão do Conhecimento foi a que mais se destacou dentre os 339 Programas de 135 diferentes instituições de ensino superior identificadas na pesquisa.
Contudo, a GC, segundo Qiu e Lv (2014) não é privilégio de apenas alguns poucos programas de Stricto Sensu, mas igualmente na Administração, Ciências da Computação, Ciências Médicas, Ciências Sociais e Engenharia, dentre várias outras áreas que têm se dedicado à pesquisa desta temática. Ao analisar dados da Web of Science sobre essa temática no mundo, estes mesmos autores identificaram 12.925 trabalhos publicados em 567 diferentes periódicos no período 1993-2012, com o Brasil posicionando-se em 15º lugar. Já Serenko e Bontis (2017) identificaram que o Brasil tem uma participação de 2,4% na produção sobre GC no mundo.
3 Método e instrumentos de pesquisa
Para esta pesquisa foi empregada uma abordagem quantitativa utilizando-se da bibliometria, pesquisa bibliográfica e documental. Segundo Prodanov e Freitas (2013), a abordagem quantitativa utiliza técnicas estatísticas, pelas quais se faz análise e classificação de informações. Já a bibliometria tem uma abordagem prática e analítica, conforme Silveira (2005) que habilita que a informação registrada possa quantificar a produção científica de forma holística (ARAUJO; MOTTIN; REZENDE, 2013). Quanto à abordagem de pesquisa documental, esta possibilita uma ampliação de conhecimento e a compreensão da conjuntura sociocultural e histórica a partir de materiais que irão passar por necessidade de tratamento ou análise (PRODANOV; FREITAS, 2013; SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009).
Como instrumento de pesquisa foi elaborado um protocolo de pesquisa para coleta de dados junto à Plataforma Sucupira (sistema ‘Coleta Capes’ e lista ‘Qualis Periódicos’, ambos da CAPES), bem como o sistema E-MEC do Ministério da Educação.
A Plataforma Sucupira é a principal base de dados para coleta das informações sobre a pós-graduação Stricto Sensu no Brasil. Os coordenadores de cada um dos programas realizam continuamente a alimentação de dados nesse sistema por meio do ‘Relatório Coleta Capes’. Por meio desta ferramenta disponível na web permite-se o cadastramento de diversos dados relativos aos discentes e docentes envolvidos no programa, além de toda a produção acadêmica, todos estes extraídos diretamente da Plataforma Lattes e que servirão para fins de avaliação nesta pesquisa.
A extração de dados foi realizada no mês de maio de 2017 e levou em consideração tanto os programas como as linhas de pesquisa que possuem a palavra-chave ‘conhecimento’ no título. Ademais, deveria estar associada com algumas das palavras: ‘gestão’, ‘estratégia’, ‘governança’, ‘informação’, ’engenharia’ ou ‘disseminação’. Foram considerados todos os programas em operação até o ano de 2016.
Após a identificação das linhas de pesquisa que atendiam a esses critérios, buscou-se informações relacionadas ao corpo discente e docente relacionado ao ano base 2016, bem como a nota do programa no último período de avaliação disponível divulgado em dezembro de 2017, relativo ao período 2013-2016.
A produção científica, especificamente trabalhos completos em congressos e artigos em periódicos, foi extraída considerando-se o quadriênio 2013-2016. Programas que surgiram nesse ínterim também foram relacionados na coleta, sendo especificado também o ano inicial de funcionamento para aferição da proporcionalidade de atuação do programa no período em análise. Assim, quando apresentada a média da produção de um programa, foram considerados apenas os respectivos anos de operação disponíveis no Relatório Coleta CAPES.
Para análise da produção científica foi consultado a lista Qualis Periódicos referente ao triênio 2013-2016, concernente à respectiva área de avaliação de cada programa identificado. Não obstante, a Plataforma E-MEC foi o mecanismo utilizado para a identificação da categoria administrativa das instituições de ensino superior em análise.
4 Apresentação e análise de resultados
4.1 Relação dos programas de pós-graduação Stricto Sensu com linhas de pesquisas em GC
Na Quadro 1 é apresentada a relação consolidada dos programas de pós-graduação Stricto Sensu com linhas de pesquisas em GC.
Instituição de Ensino Superior (IES) | Sigla da IES | Tipo * | UF | Nome do Programa de Pós-Graduação (PPG) | Nível | Nota | Ano início ** | Linhas GC *** |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Área de avaliação: Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo | ||||||||
Pontifícia Universidade Católica do Paraná | PUC/PR | S | PR | Administração | M/D | 5 | 2000 / 2006 | 1/2 |
Universidade do Grande Rio | UNIGRANRIO | S | RJ | Administração | M/D | 5 | 2007 / 2013 | 2/3 |
Área de avaliação: Ciência da Computação | ||||||||
Universidade Federal de Pernambuco | UFPE | F | PE | Ciências da computação | M/D | 7 | 1975 / 1992 | 1/19 |
Universidade Salvador | UNIFACS | L | BA | Sistemas e computação | M | 3 | 2007 | 1/3 |
Área de Avaliação: Ciências Ambientais | ||||||||
Universidade Federal do Oeste do Pará | UFOPA | F | PA | Sociedade, natureza e desenvolvimento | D | 4 | 2013 | 1/4 |
Área de avaliação: Comunicação e Informação | ||||||||
Universidade Estadual de Londrina | UEL | E | AL | Ciência da informação | M | 4 | 2012 | 2/2 |
Universidade Federal de Minas Gerais | UFMG | F | MG | Ciências da informação | M/D | 5 | 1976 / 1997 | 1/3 |
Universidade Federal de Minas Gerais | UFMG | F | MG | Gestão & organização do conhecimento | M/D | 5 | 2016 | 1/2 |
Universidade Federal do Rio de Janeiro | UFRJ | F | RJ | Ciência da informação | M/D | 4 | 2009 | 1/2 |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte | UFRN | F | RN | Gestão da informação e do conhecimento | MP | 3 | 2015 | 1/1 |
Área de avaliação: Engenharias II | ||||||||
Instituto de Engenharia Nuclear | IEN | F | RJ | Ciência e tecnologia nucleares | M | 3 | 2010 | 1/52 |
Área de avaliação: Engenharias III | ||||||||
Universidade Federal do Paraná | UFPR | F | PR | Engenharia de produção | M | 3 | 2010 | 1/4 |
Universidade de São Paulo/São Carlos | USP | E | SP | Engenharia de produção | M/D | 5 | 1996 / 2002 | 2/8 |
Universidade Tecnológica Federal do Paraná | UTFPR | F | PR | Engenharia de produção | M/D | 4 | 2004/ 2012 | 1/2 |
Área de avaliação: Interdisciplinar | ||||||||
Universidade FUMEC | FUMEC | S | MG | Sistemas de informação e gestão do conhecimento | D | 4 | 2016 | 1/2 |
Universidade FUMEC | FUMEC | S | MG | Sistemas de informação e gestão do conhecimento | MP | 4 | 2011 | 1/2 |
Universidade Católica de Brasília | UCB | S | DF | Gestão do conhecimento e tecnologia da informação | MP | 4 | 1998 | 2/3 |
Universidade Federal de Alagoas | UFAL | F | AL | Modelagem computacional de conhecimento | M | 3 | 2004 | 1/4 |
Universidade Federal da Bahia | UFBA | F | BA | Difusão do conhecimento | D | 4 | 2008 | 3/3 |
Universidade Federal de Santa Catarina | UFSC | F | SC | Engenharia e gestão do conhecimento | M/D | 6 | 2004 | 9/9 |
Centro Universitário de Maringá | UNICESUMAR | L | PR | Gestão do conhecimento nas organizações | M | 3 | 2014 | 2/2 |
Universidade Nove de Julho | UNINOVE | S | SP | Informática e gestão do conhecimento | M/D | 4 | 2015 | 1/3 |
Área de avaliação: Saúde Coletiva | ||||||||
Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa | IEP | L | SP | Gestão de tecnologia e inovação em saúde | MP | 3 | 2012 | 1/2 |
Fonte: autores da pesquisa.
Legenda: *Categoria administrativa: E - pública estadual, F - pública federal, L - privada c/ fins lucrativos, S - privada s/ fins lucrativos / ** Quando dois anos distintos, o primeiro se refere ao mestrado e o segundo ao doutorado / *** Linhas relacionadas a Gestão do Conhecimento / total de todas as linhas do respectivo programa
Foram identificados 23 programas de pós-graduação, ou seja, 0,54% do total de programas Stricto Sensu em 21 diferentes Instituição de Ensino Superior (IES) no país; sendo: 13 cursos de doutorado acadêmico (D), 16 cursos de mestrado acadêmico (M) e quatro cursos de mestrado profissional (MP).
Com 137 diferentes linhas de pesquisa verificadas, 38 linhas de pesquisa são relacionados à temática GC, o que representa 27,7% do total dos programas coletados. Ademais, cinco programas (21,7%) têm a temática GC em todas as suas linhas de pesquisa.
Não obstante, corrobora-se que o tema GC não é exclusivo de determinada área de conhecimento, conforme já identificado por Barradas e Campos Filho (2008), Qiu e Lv (2014) e Magalhães et. al. (2018). O tema GC está presente em oito das 49 áreas de avaliação da CAPES, com maior concentração de programas inseridos nas áreas ‘Interdisciplinar’ e ‘Comunicação e Informação’, com oito e cinco programas, respectivamente (34,8% e 21,7% do total de programas, nessa ordem).
Além disto, foram encontrados também programas com a temática GC nas seguintes áreas: ‘Engenharias III’, com três programas; ‘Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo’ e ‘Ciência da Computação’, ambos com dois programas cada, entre outras.
Quanto à localização geográfica das IES, os estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, cada um com quatro programas e o estado do Rio de Janeiro com três programas, são os estados com maior número de programas. Neste sentido, constata-se a alta concentração na região Sudeste com onze programas, representando 47,8% do total de programas, conforme também aferido por Magalhães et al. (2018). Nas demais regiões do país, no Nordeste e no Sul são cinco programas cada, assim como, Norte e Centro-Oeste, com um programa cada região.
Quanto à categoria administrativa da instituição de ensino superior (IES), nota-se que as universidades públicas federais (F) são maioria com 12 programas, o que representa 52,2% do total, seguidas de sete programas em instituições privadas sem fins lucrativos (S) (30,4%). As IES privadas com fins lucrativos (P) e as públicas estaduais (E) possuem apenas dois programas cada.
Quando consideradas as notas da avaliação de 2013 da CAPES, nos programas acadêmicos, a nota ‘3’ foi identificada em cinco programas, todos de nível mestrado. Acrescenta-se a esta relação quatro mestrados e seis doutorados com nota ‘4’. Com nota ‘5’ são cinco programas, todos com mestrado e doutorado.
Ademais, evidencia-se com nota ‘6’, o programa de ‘Engenharia e gestão do conhecimento’ da UFSC, um dos únicos com todas as linhas de pesquisa exclusivas em GC; assim como, com nota máxima ‘7’, o programa ‘Ciências da computação’ da UFPE.
No que tange ao mestrado profissional (MP), dos quatro cursos constatados, dois são nota ‘3’ e os outros dois têm nota ‘4’. Até o momento, nenhum MPs alcançou a nota máxima ‘5’ destinada a esta categoria de programas em específico.
O primeiro programa explicitamente intitulado com a denominação GC foi ‘Informática’ da UCB (Universidade Católica de Brasília) em 1998, e que três anos mais tarde passou a se chamar ‘Gestão do conhecimento e tecnologia da informação’. Destaque também por ser o primeiro mestrado profissional (MP) na temática, pois o seguinte só veio a surgir em 2011 na FUMEC, ou seja, doze anos mais tarde, sendo denominado ‘Sistemas de informação e gestão do conhecimento’.
Nos últimos 20 anos nota-se um aumento crescente no surgimento de programas que estudam a GC, com destaque do aumento de 37% destes cursos no último quadriênio (2013-2016) em relação ao triênio anterior (2010-2012), quando passou-se de 24 para 33 cursos. Em comparação ao triênio precedente (2007-2009), no qual havia 18 cursos, representa expansão de 33% em relação ao período seguinte. Outro período significativo verificado é o da expansão entre os triênios 1998-2000 e 2001-2003, quando houve um crescimento de 7 para 12 cursos, ou seja, acréscimo de 71% na expansão de cursos de GC.
4.2 Análise quantitativa docente x discente em 2016
A Tabela 1 expõe o total de discentes e docentes vinculados aos programas analisados, considerando-se a situação verificada no ano de 2016.
Instituição | Nome do PPG | Nível | Ingressantes | Titulados | Matriculados | Docentes * | Relação Discentes / Docente |
---|---|---|---|---|---|---|---|
Área de avaliação: Administração pública e de empresas, ciências contábeis e turismo | |||||||
PUC/PR | Administração | M/D | 39 | 27 | 123 | 18 | 6,8 |
UNIGRANRIO | Administração | M/D | 24 | 21 | 74 | 17 | 4,4 |
Área de avaliação: Ciência da computação | |||||||
UFPE | Ciências da computação | M/D | 164 | 122 | 615 | 83 | 7,4 |
UNIFACS | Sistemas e computação | M | 17 | 14 | 71 | 12 | 5,9 |
Área de avaliação: Ciências ambientais | |||||||
UFOPA | Sociedade, natureza e desenvolvimento | D | 18 | 2 | 70 | 28 | 2,5 |
Área de avaliação: Comunicação e informação | |||||||
UEL | Ciência da informação | M | 14 | 3 | 33 | 13 | 2,5 |
UFMG | Ciências da informação | M/D | 33 | 38 | 130 | 37 | 3,5 |
UFMG | Gestão & organização do conhecimento | M/D | 75 | 1 | 76 | 14 | 5,4 |
UFRJ | Ciência da informação | M/D | 60 | 21 | 170 | 27 | 6,3 |
UFRN | Gestão da informação e do conhecimento | MP | 11 | ** | 20 | 10 | 2 |
Área de avaliação: Engenharias II | |||||||
IEN | Ciência e tecnologia nucleares | M | 18 | 9 | 52 | 21 | 2,5 |
Área de avaliação: Engenharias III | |||||||
UFPR | Engenharia de produção | M | 8 | 16 | 43 | 13 | 3,3 |
USP | Engenharia de produção | M/D | 33 | 21 | 119 | 22 | 5,4 |
UTFPR | Engenharia de produção | M/D | 26 | 16 | 92 | 13 | 7,1 |
Área de avaliação: Interdisciplinar | |||||||
FUMEC | Sistemas de informação e gestão do conhecimento | D | 6 | ** | 6 | 17 | 0,4 |
FUMEC | Sistemas de informação e gestão do conhecimento | MP | 32 | 37 | 105 | 23 | 4,6 |
UCB | Gestão do conhecimento e tecnologia da informação | MP | 29 | 30 | 88 | 13 | 6,8 |
UFAL | Modelagem computacional de conhecimento | M | 26 | 9 | 81 | 24 | 3,4 |
UFBA | Difusão do conhecimento | D | 18 | 13 | 117 | 34 | 3,4 |
UFSC | Engenharia e gestão do conhecimento | M/D | 61 | 44 | 272 | 41 | 6,6 |
UNICESUMAR | Gestão do conhecimento nas organizações | M | 22 | 22 | 64 | 17 | 3,8 |
UNINOVE | Informática e gestão do conhecimento | M/D | 13 | ** | 28 | 14 | 2 |
Área de avaliação: Saúde coletiva | |||||||
IEP | Gestão de tecnologia e inovação em saúde | MP | 24 | 22 | 68 | 30 | 2,3 |
Total Geral | 771 | 488 | 2.517 | 541 | 4,7 |
Fonte: autores da pesquisa.
Legenda: * Inclui as três categorias docentes (permanente, visitante e colaborador) / ** Curso novo.
No ano de 2016 foram encontrados 541 docentes vinculados a programas de GC, sendo 437 docentes permanentes, 100 professores colaboradores e 4 professores visitantes, conforme as três categorias de docentes definidas pela CAPES. Ademais, foi identificado um total de 2.517 discentes, com 771 ingressantes, sendo 279 de doutorado, 396 de mestrado acadêmico e 96 de mestrado profissional. Dos 488 titulados, 127 defenderam suas teses de doutorado, 272 concluíram suas dissertações de mestrado acadêmico e 89 finalizaram suas dissertações de mestrado profissional.
Quanto à relação discente titulado/discente ingressante, sem considerar que existem vários cursos novos criados nos últimos anos, a taxa de titulação é de 63,3% considerando-se para todos os níveis, sendo 45,5% para o doutorado, 68,7% para o mestrado acadêmico e 92,7% no mestrado profissional.
O programa com a maior quantidade de discentes matriculados é ‘Ciências da computação’ da UFPE com 615 alunos no período analisado, seguido pelo programa ‘Engenharia e gestão do conhecimento’ da UFSC com 272 titulados, que se reflete também nos maiores números de docentes, 83 e 41, respectivamente.
A média da relação de discentes e docentes ficou em 4,7 orientandos para cada orientador. Esse número está diretamente relacionado ao número de docentes vinculados ao programa, uma vez que há limite de orientandos por orientador, conforme indicação imposta pela CAPES, que limita ao máximo de oito orientandos por professor orientador. Percebe-se que nenhum dos programas ultrapassa essa orientação, sendo UFPE (7,4), UTFPR (7,1) e PUC/PR (6,8), com a maior relação média.
Devido às características típicas de um programa em início de atividades, o programa da FUMEC (0,4), o programa da UFRN (2,0) e o programa da UNINOVE (2,0) registram as menores relações de orientandos por orientador.
4.3 Produção quantitativa dos programas no quadriênio 2013-2016
A Tabela 2 apresenta o quantitativo da produção acadêmica: trabalhos completos em congressos ou eventos e artigos em periódicos ou revistas científicas por programa, considerando-se o quadriênio de avaliação 2013-2016. No entanto, não se distingue se o trabalho publicado é relacionado ou não à temática GC, dadas as restrições do método e das bases de dados consultadas nesta pesquisa.
O programa ‘Engenharia e gestão do conhecimento’ da UFSC foi o que mais produziu trabalhos completos em eventos e publicou artigos em periódicos científicos no período de 2013 a 2016, seguido do programa ‘Ciências da computação’ da UFPE, com 1.369 e 1.186 trabalhos, respectivamente. Quando analisada apenas as publicações em periódicos científicos, essa ordem de classificação permanece, com 611 e 331 trabalhos, respectivamente. Há de se ressaltar que a UFSC possui quase o dobro de trabalhos da UFPE (84,5% a mais). Contudo, considerando-se apenas artigos completos em evento, tal ordenamento se inverte, com 855 trabalhos publicados pelo programa da UFPE e 758 trabalhos publicados pelo programa da UFSC.
Em terceiro lugar surge o programa ‘Ciências da informação’ da UFMG com 623 trabalhos no total geral, sendo 328 trabalhos em eventos e 295 artigos publicados em periódicos científicos. Praticamente com o mesmo número de docentes da UFSC e UFMG, 41 e 37, respectivamente, a primeira produz 107% a mais que a terceira classificada em artigos publicados em periódicos.
IES | Nome do Programa | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 | Total | Total Geral | ||||||
Nível | C | P | C | P | C | P | C | P | C | P | |||
Área de avaliação: Administração pública e de empresas, Ciências contábeis e Turismo | |||||||||||||
PUC/PR | Administração | M / D | 33 | 51 | 26 | 57 | 29 | 61 | 28 | 69 | 116 | 238 | 354 |
UNIGRANRIO | Administração | M / D | 32 | 48 | 51 | 50 | 53 | 48 | 44 | 50 | 180 | 196 | 376 |
Ciência da Computação | |||||||||||||
UFPE | Ciências da computação | M / D | 278 | 93 | 174 | 72 | 208 | 75 | 195 | 91 | 855 | 331 | 1.186 |
UNIFACS | Sistemas e computação | M | 24 | 9 | 38 | 11 | 34 | 10 | 31 | 6 | 127 | 36 | 163 |
Área de avaliação: Ciências ambientais | |||||||||||||
UFOPA | Sociedade, natureza e desenvolvimento | D | 9 | 46 | 0 | 42 | 7 | 37 | 0 | 39 | 16 | 164 | 180 |
Área de avaliação: Comunicação e Informação | |||||||||||||
UEL | Ciência da informação | M | 51 | 31 | 30 | 27 | 34 | 19 | 63 | 20 | 178 | 97 | 275 |
UFMG | Ciências da informação | M / D | 79 | 60 | 86 | 75 | 74 | 83 | 89 | 77 | 328 | 295 | 623 |
UFMG | Gestão & Organização do conhecimento | M / D | * | * | * | * | * | * | 39 | 29 | 39 | 29 | 68 |
UFRJ | Ciência da informação | M / D | 65 | 49 | 31 | 29 | 34 | 33 | 43 | 33 | 173 | 144 | 317 |
UFRN | Gestão da informação e do conhecimento | MP | * | * | * | * | 13 | 8 | 14 | 7 | 27 | 15 | 42 |
Área de avaliação: Engenharias II | |||||||||||||
IEN | Ciência e tecnologia nucleares | M | 63 | 36 | 30 | 28 | 38 | 24 | 12 | 40 | 143 | 128 | 271 |
Área de avaliação: Engenharias III | |||||||||||||
UFPR | Engenharia de produção | M | 51 | 34 | 60 | 46 | 78 | 33 | 62 | 29 | 251 | 142 | 393 |
USP/SC | Engenharia de produção | M / D | 80 | 47 | 46 | 60 | 43 | 60 | 34 | 50 | 203 | 217 | 420 |
UTFPR | Engenharia de produção | M / D | 140 | 91 | 47 | 74 | 53 | 57 | 42 | 53 | 282 | 275 | 557 |
Área de avaliação: Interdisciplinar | |||||||||||||
FUMEC | Sistemas de informação e Gestão do conhecimento | D | * | * | * | * | * | * | 21 | 28 | 21 | 28 | 49 |
FUMEC | Sistemas de informação e Gestão do conhecimento | MP | 34 | 41 | 77 | 70 | 66 | 60 | 21 | 41 | 198 | 212 | 410 |
UCB | Gestão do conhecimento e Tecnologia da informação | MP | 27 | 16 | 9 | 19 | 8 | 14 | 10 | 12 | 54 | 61 | 115 |
UFAL | Modelagem computacional de conhecimento | M | 57 | 32 | 31 | 26 | 55 | 28 | 19 | 28 | 162 | 114 | 276 |
UFBA | Difusão do conhecimento | D | 66 | 50 | 59 | 85 | 63 | 46 | 60 | 47 | 248 | 228 | 476 |
UFSC | Engenharia e gestão do conhecimento | M / D | 206 | 151 | 175 | 148 | 214 | 177 | 163 | 135 | 758 | 611 | 1.369 |
UNICESUMAR | Gestão do conhecimento nas organizações | M | * | * | 5 | 18 | 15 | 20 | 21 | 20 | 41 | 58 | 99 |
UNINOVE | Informática e gestão do conhecimento | M / D | * | * | * | * | 43 | 43 | 37 | 30 | 80 | 73 | 153 |
Área de avaliação: Saúde Coletiva | |||||||||||||
IEP | Gestão de tecnologia e inovação em saúde | MP | 3 | 47 | 5 | 36 | 1 | 46 | 0 | 29 | 9 | 158 | 167 |
Total Geral | 1.298 | 932 | 980 | 973 | 1.163 | 982 | 1.048 | 963 | 4.489 | 3.850 | 8.339 |
Fonte: autores da pesquisa.
Legenda: *Cursos novos
Excluindo-se os programas novos, com menos de quatro anos de existência, aquele que menos produziu no período avaliado foi o programa da UCB, com 115 trabalhos publicados no período analisado.
Nota-se nos dados extraídos que ocorreu uma redução em 10,9% no total geral da produção científica no período 2013-2016, quando na verdade esperava-se que esse número aumentasse, tendo em vista também o crescente aumento do número de programas. Quando analisado apenas trabalhos completos em evento, a redução foi de 23,9%, enquanto a produção de artigos em periódicos registrou ligeiro aumento de 3,4% na produção dos programas avaliados no período em foco.
4.4 Produção qualitativa dos programas no quadriênio 2013-2016
Na Tabela 3 encontra-se exposta a média docente quanto à produção acadêmica relacionada aos artigos científicos publicados em periódicos, segregada por programa no quadriênio 2013-2016. Tal classificação considerou a nota Qualis da respectiva área de avaliação CAPES de cada programa, agrupados em três grupos: periódicos A1 e A2; periódicos A1, A2 e B1 e, por fim; o total geral de periódicos independente do estrato Qualis no período 2013-2016.
A média aritmética da produção científica foi obtida por meio da média total de publicações em periódicos registrada em cada um dos quatro anos do quadriênio 2013-2016, referenciando-se para tanto o número de docentes cadastrados no Programa em 2016. Para os programas criados durante o quadriênio analisado, foi considerada a média proporcional de acordo com o ano de início das atividades do programa.
IES | Nome do PPG | Nível | Média Anual A1+A2 | Média Anual A1+A2+B1 | Média Anual Total | Média Produção Anual / Docente A1+A2 | Média Anual Produção / Docente A1+A2+B1 | Média Anual Produção / Docente Total de Artigos |
Área de avaliação: Administração pública e de empresas, Ciências contábeis e Turismo | ||||||||
PUC/PR | Administração | ME / DO | 9,25 | 17,75 | 59,50 | 0,51 | 0,99 | 3,31 |
UNIGRANRIO | Administração | ME / DO | 11,50 | 18,75 | 49,00 | 0,68 | 1,10 | 2,88 |
Área de avaliação: Ciência da Computação | ||||||||
UFPE | Ciências da computação | ME / DO | 42,25 | 55,75 | 82,75 | 0,51 | 0,67 | 1,00 |
UNIFACS | Sistemas e computação | ME | 1,33 | 2,00 | 9,00 | 0,11 | 0,17 | 0,75 |
Área de avaliação: Ciências ambientais | ||||||||
UFOPA | Sociedade, natureza e desenvolvimento | DO | 15,00 | 27,00 | 41,00 | 0,54 | 0,96 | 1,46 |
Área de avaliação: Comunicação e Informação | ||||||||
UEL | Ciência da informação | ME | 8,75 | 13,25 | 24,25 | 0,67 | 1,02 | 1,87 |
UFMG | Ciências da informação | ME / DO | 21,00 | 40,25 | 73,75 | 0,57 | 1,09 | 1,99 |
UFMG | Gestão & organização do conhecimento | ME / DO | 7,00 | 18,00 | 29,00 | 0,50 | 1,29 | 2,07 |
UFRJ | Ciência da informação | ME / DO | 8,00 | 18,50 | 36,00 | 0,30 | 0,69 | 1,33 |
UFRN | Gestão da informação e do conhecimento | MP | 2,00 | 2,00 | 7,50 | 0,20 | 0,20 | 0,75 |
Área de avaliação: Engenharias II | ||||||||
IEN | Ciência e tecnologia nucleares | ME | 10,25 | 15,00 | 32,00 | 0,49 | 0,71 | 1,52 |
Área de avaliação: Engenharias III | ||||||||
UFPR | Engenharia de produção | ME | 1,67 | 2,00 | 35,50 | 0,13 | 0,15 | 2,73 |
USP/SC | Engenharia de produção | ME / DO | 11,75 | 19,75 | 54,25 | 0,53 | 0,90 | 2,47 |
UTFPR | Engenharia de produção | ME / DO | 4,25 | 7,25 | 68,75 | 0,33 | 0,56 | 5,29 |
Área de avaliação: Interdisciplinar | ||||||||
FUMEC | Sistemas de informação e gestão do conhecimento | MP | 2,00 | 10,00 | 53,00 | 0,09 | 0,43 | 2,30 |
FUMEC | Sistemas de informação e gestão do conhecimento | DO | 0,00 | 6,00 | 28,00 | 0,00 | 0,35 | 1,65 |
UCB | Gestão do conhecimento e tecnologia da informação | MP | 2,00 | 2,50 | 15,25 | 0,15 | 0,19 | 1,17 |
UFAL | Modelagem computacional de conhecimento | ME | 11,00 | 20,25 | 28,50 | 0,46 | 0,84 | 1,19 |
UFBA | Difusão do conhecimento | DO | 7,25 | 15,50 | 57,00 | 0,21 | 0,46 | 1,68 |
UFSC | Engenharia e gestão do conhecimento | ME / DO | 5,75 | 31,75 | 152,75 | 0,14 | 0,77 | 3,73 |
UNICESUMAR | Gestão do conhecimento nas organizações | ME | 2,00 | 4,67 | 19,33 | 0,12 | 0,27 | 1,14 |
UNINOVE | Informática e gestão do conhecimento | ME / DO | 6,00 | 12,00 | 36,50 | 0,43 | 0,86 | 2,61 |
Área de avaliação: Saúde Coletiva | ||||||||
IEP | Gestão de tecnologia e inovação em saúde | MP | 13,25 | 26,25 | 39,50 | 0,44 | 0,88 | 1,32 |
Total Geral | 189,25 | 359,00 | 962,50 | 0,35 | 0,66 | 1,78 |
Fonte: autores da pesquisa.
Todos os programas considerados na pesquisa registraram um total de 962,5 por ano, o que significa uma média de 41,8 de publicações por programa e por ano em periódicos. Em termos qualitativos, considerando-se os periódicos de alto impacto, obteve-se a média de 8,2 artigos publicados em periódicos classificados nos estratos A1 e A2; ou 15,6 artigos publicados em periódicos classificados nos estratos A1, A2 e B1, também por ano.
Evidencia-se ainda o número maior de publicações do programa ‘Engenharia e gestão do conhecimento’ da UFSC, com 152,8 trabalhos. Contudo, torna-se evidente que este programa nota ‘6’ tem uma produção muito baixa em periódicos qualificados nos extratos A da lista Qualis CAPES, com apenas 5,8 artigos em média por docente.
Em quantidade, segue o programa ‘Ciências da computação’ da UFPE, com uma média de 82,8 artigos por ano. Este, porém, quando analisados os periódicos qualificados nos estratos Qualis A, fica em primeira posição com 42,3 artigos por ano, seguido pelo programa ‘Ciências da informação’ da UFMG, com 21,0 artigos por ano. Não se altera a classificação dessas duas IES quando incluído o estrato B1 na análise de artigos publicados.
Quando analisado a média por docente, cada docente publica em média 0,35 artigos em periódicos Qualis A ou 0,66 em Qualis A1+A2+B1, totalizando ainda 1,78 artigos por ano, independente do estrato Qualis considerado.
Nessa análise, quando se considera a produção média em periódicos Qualis A, aparecem praticamente empatados os programas ‘Administração’ da UNIGRANRIO com 0,68 artigos, seguido do programa ‘Ciência da informação’ da UEL, com 0,67 artigos. Com apenas um ano de existência, o programa ‘Gestão & organização do conhecimento’ da UFMG se destaca, quando considerada publicação em estratos Qualis A1+A2+B1, com 1,29 artigos. Outro destaque é o programa ‘Engenharia de produção’ da UTFPR, com a maior produção média por docente, independente de estrato de periódico Qualis analisado, com 5,29 artigos por docente.
A produção média anual de artigos em estratos nível A1+A2 chegam a 19,7% da produção total. Quando acrescentados os artigos publicados em estratos B1, a produção alcança 37,3% das publicações analisadas.
4.5 Periódicos com maior produção por área de avaliação no quadriênio 2013-2016
Na Quadro 2 encontra-se a relação dos dez periódicos com maior frequência de artigos publicados por área de avaliação no quadriênio 2013-2016.
Área | Periódico (qualquer classificação de estrato Qualis) com maior produção | Periódico com maior produção classificado nos estratos Qualis A1+A2+B1 |
---|---|---|
ADM | Qualis C - Espacios, 24 artigos | Qualis B1 - RAM. Revista de Administração Mackenzie (Online), 9 artigos |
CC | Qualis A1 - Expert Systems with Applications, 32 artigos | Qualis A1 - Expert Systems with Applications, 32 artigos |
CA | Qualis B2 - Revista Ciência e Natura, 10 artigos | Qualis, B1 - Reproduction In Domestic Animals (1990), 2 artigos |
CI | Qualis B5 - Informação@Profissões, 26 artigos | Qualis A2 - Informação & Informação (UEL. Online), 24 artigos |
E II | Qualis A1 - Progress in Nuclear Energy (New Series), 13 artigos | Qualis A1 - Progress in Nuclear Energy (New Series), 13 artigos |
EIII | Qualis C - Espacios, 105 artigos | Qualis A1 - Journal of Cleaner Production, 13 artigos |
INT | Qualis C - Espacios, 61 artigos | Qualis B1 - Renote. Revista Novas Tecnologias na Educação, 15 artigos |
SC | Qualis A1 - Cochrane Database of Systematic Reviews (Online), 17 artigos | Qualis A1 - Cochrane Database of Systematic Reviews (Online), 17 artigos |
Ranking geral | Espacios, 191 artigos | Expert Systems with Applications - 41 artigos |
Fonte: autores da pesquisa.
Legenda: ADM - ‘Administração pública e de empresas, ciências contábeis e turismo’; CC - ‘Ciência da computação’; CA - ‘Ciências ambientais’, CI - ‘Comunicação e informação’; E II - ‘Engenharias II’; E III - ‘Engenharias III’; INTER - ‘Interdisciplinar’; SC - ‘Saúde coletiva’.
Dos 3.850 artigos catalogadas no quadriênio 2013-2016, 191 artigos (5,0%) foram publicados na Revista Espacios (Caracas) que não possui classificação estrato ‘C’ nas áreas de avaliação ‘Administração pública e de empresas, ciências contábeis e turismo’, ‘Engenharias III’ e ‘Interdisciplinar’. Em segundo lugar aparece a revista ‘Expert Systems with Applications’, com 41 artigos publicados no total, sendo também a maior qualificada com estrato A1 nas áreas ‘Interdisciplinar’, ‘Engenharias III’ e ‘Ciência da Computação’.
No ranking geral, a revista ‘Perspectivas em Gestão & Conhecimento’ com 39 artigos encontrados é a terceira com maior número de trabalhos publicados, sendo a única específica entre os dez periódicos com maior produção de artigos dentre todos os programas analisados com a temática GC.
A área ‘Interdisciplinar’ apresentou 15 artigos publicados na ‘Renote. Revista Novas Tecnologias na Educação’ (estrato Qualis B1). Enquanto isso, o periódico ‘Informação & Informação (UEL. Online), com 24 artigos, é o mais qualificado, com estrato Qualis A2 na segunda área com maior quantidade de programas em GC (‘Comunicação e informação’).
5 Considerações Finais
O objetivo desta pesquisa foi alcançado ao apresentar o perfil dos programas de pós-graduação Stricto Sensu na área de Gestão do Conhecimento no Brasil, bem como a exposição do panorama da produção científica a eles associada. Não obstante, a pesquisa realizada também traz algumas contribuições para reflexão quanto à evolução das pesquisas em GC no país.
A GC pode ser considerada uma área do conhecimento científico recente nas pesquisas desenvolvidas no país. Há somente 20 anos ela foi inserida na comunidade científica brasileira por meio da criação de programas de pós-graduação voltados à essa temática. Entretanto, nesse pouco tempo de existência, já apresenta resultados que buscam assegurar sua continuidade no meio científico brasileiro.
Foram identificados 23 programas de pós-graduação em 21 diferentes IES, com 13 cursos de doutorado, 16 cursos de mestrado acadêmico e 4 cursos de mestrado profissional, que comportam 38 linhas de pesquisa relacionadas à temática GC. Há também de se ressaltar que os referidos programas estão presentes em oito das 49 áreas de avaliação da CAPES, sendo a maior concentração de programas nas áreas ‘Interdisciplinar’ e ‘Comunicação e Informação’, com oito e cinco programas, respectivamente.
Quanto à categoria administrativa da IES na qual o Programa está inserido, destacam-se as universidades públicas federais da região Sudeste e, em especial os estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
Em relação à avaliação procedida pela CAPES, a maioria dos programas com mestrado acadêmico obteve a nota ‘3’ ou nota ‘5’, enquanto a maioria dos cursos de doutorado obteve a nota ‘4’.
Considerando o ano de 2016, foi observado um total de 2.517 discentes matriculados, sendo 771 ingressantes e 488 titulados no referido ano em pauta. Já em relação aos docentes atuantes nesses programas, verificou-se 541 docentes cadastrados. A média da relação de discentes e docentes ficou em 4,3 orientandos para cada professor orientador.
Todos os programas juntos registraram uma média de 962,5 publicações por ano, sendo a UFSC com maior número de artigos em periódicos e eventos (1.369 trabalhos). A produção média anual em estratos de periódicos Qualis A (A1 + A2) somou 19,7% dos artigos publicados. Acrescentando-se as publicações em periódicos com estrato Qualis B1, chega-se a 37,3% dos trabalhos publicados.
Entretanto, há de se ressaltar que quantidade não é sinônimo de qualidade, pois a UFSC com o maior número médio de publicações em artigos (152,8) tem apenas 5,8 artigos em média por docente em periódicos qualificados Qualis A, e há de se considerar que este seja o único programa da área ‘Interdisciplinar’ classificado com nota ‘6’ na avaliação da CAPES.
Quando analisada a média de publicação por docente, cada docente dos programas analisados publica em média 0,35 artigos em periódicos dos estratos Qualis A (A1 + A2) ou 0,66 em periódicos dos estratos Qualis A1+A2+B1. Ao considerar-se qualquer estrato Qualis, obtem-se 1,78 artigos por ano, independente do estrato Qualis analisado. No quesito qualidade da produção, destaque para os programas da UNIGRANRIO e da UEL, praticamente empatados na publicação de artigos em periódicos com estratos Qualis mais elevados.
Em relação aos periódicos, sem considerar a área de avaliação do programa, o maior número de publicações concentra-se na revista ‘Espacios (Caracas)’ com 5% de toda a produção científica em periódicos, porém sem qualificação na lista Qualis das áreas de conhecimento com maior quantidade de programas em GC. Entretanto, o periódico com maior produção é ‘Expert Systems with Applications’, com estrato Qualis A1 nas áreas ‘Interdisciplinar’, ‘Engenharias III’ e ‘Ciência da Computação’. No ranking geral, a revista ‘Perspectivas em Gestão & Conhecimento’ é o único periódico específico à temática GC listado entre os dez periódicos com maior produção em todos os programas analisados. Porém, este periódico apresenta estrato Qualis B1 na área ‘Comunicação e Informação’, maior classificação entre as áreas de avaliação identificadas na pesquisa.
A publicação em uma revista de alto nível é algo almejado por todos os programas, tendo em vista o peso desse requisito na nota CAPES, mas esse objetivo não pode ser pautado apenas em avaliações. Essas publicações também podem ser interpretadas como um exemplo relativamente tangível de aquisição de capital científico que o pesquisador pode, eventualmente, ser capaz de converter em capital econômico (MAZENOD, 2017).
O mapeamento dos programas e produção científica em GC realizados nesta pesquisa possui achados que contribuem para uma reflexão sobre a atual situação dessa área do conhecimento. Assim, os resultados ora apresentados poderão servir de base para novas políticas da CAPES voltadas à evolução dos programas que abordam a temática GC. Além disso, os coordenadores desses Programas também poderão tomar consciência dos resultados ora expostos no sentido de provocarem ações de melhoria em seus programas e cursos.
Face aos resultados encontrados, observa-se a consolidação da temática de pesquisa GC em relação à evolução do número de programas criados nos últimos 20 anos. Aumento este da ordem de 37% quanto aos cursos no último quadriênio de avaliação (2013-2016) em relação ao triênio anterior (2010-2012). Porém, esperava-se que esse percentual de evolução refletisse também quantitativamente no número de publicações de trabalhos dos pesquisadores envolvidos nesses programas em eventos e periódicos científicos. Ao contrário disso, registrou-se a redução do número de participações em eventos e apenas um ligeiro aumento em publicações de trabalhos em periódicos. Alguns fatores podem ter contribuído para esse desempenho, como o fato do programa não ter cadastrado corretamente suas informações na plataforma de coleta de dados da CAPES. Todavia, os dados utilizados nesta pesquisa são os mesmos auferidos na avaliação quadrienal procedida pela CAPES.
Muito ainda há para se fazer a fim de aumentar a quantidade da pesquisa neste campo de conhecimento (GC), seja na criação de outros programas Stricto Sensu abrangendo outras regiões do país, seja na promoção de ações voltadas à qualidade da produção e evolução deste campo científico para além da fronteira nacional.
As limitações desta pesquisa voltam-se ao fato de que alguns programas não efetuaram o cadastro das publicações por linhas de pesquisa, o que impossibilitou analisar a produção específica em GC, considerando-se apenas o âmbito das publicações do programa como um todo. Além disso, a CAPES não disponibiliza cadastro de docentes e discentes segregados por linhas de pesquisa, o que dificulta a melhor caracterização desse público quanto à temática GC. Assim, não foi possível aferir a data de início de funcionamento das linhas de pesquisa, pois foi possível verificar divergências com as informações disponíveis nos sites dos respectivos programas e instituições.
Tendo em vista que a área de GC não possui uma área de graduação vinculada, faz-se necessário pesquisar o perfil do discente ingressante em programas dessa área, a fim de se verificar quais áreas demandam maior procura por esse tema. Indica-se como sugestão para pesquisas futuras a identificação dos periódicos mais pertinentes à temática GC, bem como as quais são as suas características. Para além da questão de produção acadêmica, outros fatores poderão ser levados em consideração na avaliação dos programas, tais como: análise da proposta do curso, características do corpo docente, características do corpo discente e acompanhamento da evolução profissional e das pesquisas de egressos.