1 MULHER É BICHO ESQUISITO, TODO MÊS SANGRA (Rita Lee)3
Todo mês? Todo dia? Que tempos e que sangues seriam esses? Borrados? Linkados? Sangue-batom. Vermelho-porrada. Sangue-mulher sem vagina. Sem útero. Sem tetas. Vermelho-serenidade. Romper com o vermelho cor! Rosa choque! Contorcionar ritmos (in)visíveis. Descontinuar o sangue da conceituação de tecido hematopoiético. Hematopoético! Poesia em sangrias de afectos. Bios que invadem as membranas dos espaços-tempos para atravessarmos, em versos, in-versos, sonoridades de ruptura. Desentender o esperar ao propor não haver essa espera, já que o tempo em re-existência não para e não passa. Aion. “[...] tempo indefinido do acontecimento, a linha flutuante que só conhece velocidades, e ao mesmo tempo não para de dividir o que acontece num já-aí, um tarde-demais e um cedo-demais simultâneos, um algo que ao mesmo tempo vai se passar e acaba de se passar” (DELEUZE; GUATTARI, 2005, p. 49).
Singularidade que invade ao fissurar a busca por uma ‘mulher esperada’, por escritas e tempos cronológicos, acabadas e moldadas, capturadas para além e aquém de feminilidades, professoras, pesquisadoras. Expulsar essa espera que toma o desejo como falta, como necessidade de preenchimentos e justificativas. Escorrer pelas linhas anômalas que não delimitam as bordas. Capitalismo, mercado, controle, opinião, format-ações.
É arte de uma classe dominante essa prática do vazio como economia de mercado: organizar a falta na abundância de produção, descarregar todo o desejo no grande medo de ser ter falta, fazê-lo depender do objeto de uma produção real que se supõe exterior ao desejo (as exigências da racionalidade), enquanto a produção do desejo é vinculada ao fantasma (nada além do fantasma). (DELEUZE; GUATTARI, 2010, p. 45)
Desejar como vontade de potência. Des-esperar. Desprezar as vontades de estabelecimentos de linhas fixas, lugares delimitados, tempos cronológicos, relações de filiação. Tropa de choque, batom vermelho, rancor, leveza, mulher maravilha, colo, células, ônibus. Raquel Barbosa, Leilane Silva, Leila Rafaela, Lineker, Laerte, Elenise, Daniela, Henrietta Lacks e tantas e tantas renomeadas, desnomeadas. Desnortear, desejando sair de um norte, de uma direção, de uma linha de ajuste.
Desajustar, nessas escritas, as analogias, os rótulos, as estruturações, os julgamentos fundamentados em dualidades estéreis, pois sugam as (im)possibilidades em redemoinhos concêntricos de representacionalidades e comparações, expulsando a produção de sentidos (DELEUZE, 2003). Romper. Experimentar, convidar o hífen: ex-pulsar. Pulsos, braços, corpos em gestos por um ‘tempo não pulsado’ flutuante, Aion (DELEUZE; GUATTARI, 2005, p. 51). Como nos dizem os autores franceses acerca da música de Boulez, onde o compositor distingue o tempo em uma “[...] música flutuante, flutuante e maquínica, que só tem velocidades ou diferenças de dinâmica” (p. 49), diferentemente do ‘tempo pulsado’, “[...] de uma música formal e funcional fundada em valores” (p. 49).
Ritmos, sonoridades, vermelhos, sentidos, signos. Expressão. Experimentação. “O fato é que, ao se abrir mão da noção de melodia e acompanhamento, de tema e desenvolvimento, a música abriu mão do tempo cronológico e do tempo causal. A música que resultava de tal modo de pensar saía do tempo e se aproximava das artes visuais” (FERRAZ, 2010, p. 68).
Tempo-corpo-planta arrancados do Cronos para brotar no Aion. Flor-mato-raiz-menstruação-sexo. Na violência singela da arte de Nicolas Tolmachev5, Dear motherland, tempo que fratura o espaço a querer desmobilizar um procedimento esperado, um pensamento coerente, uma recognição que organize o movimento. Viver mulher nesse tempo aiônico, pelos-raízes des-frutando de sementes insanas que vibram, brotam, gestam.
Invadir os tempos do esperado. Ocupar as experiências e não simplesmente inverter os rótulos, essa é a nossa vontade neste texto. Do/no meio da terra, da rua, da universidade, da sala de aula, dos conhecimentos, dos museus, das artes, das biologias. Fios que não pretendem costurar um plano único, mas per-furar provocando contatos, contágios.
O vampiro não filiaciona, ele contagia. A diferença é que o contágio, a epidemia coloca em jogo termos inteiramente heterogêneos: por exemplo, um homem, um animal e uma bactéria, um vírus, uma molécula, um microorganismo. (DELEUZE; GUATTARI, 2005, p. 23)
Venha me beijar, meu doce vampiro!6
Beijos, ventos, contágios em afecção. Con-vidar, arte-vidar em bios e logos discordantes, heterogêneos, simbióticos. Des-filiar. Permitir que os fios dancem em sonoridades de ruptura. Descontinuidades. Fios-DNA, fios-membranas, fios-átomos, fios-tecidos, uma resistência a uma lembrança hereditária, em que as dimensões e tensões necessitam ser mantidas para que uma suposta vida-lembrança permaneça e continue. Imortalidade de uma vida morta?
Tempo esperado, determinado, cronometrado. Henrietta nasceu Loretta Pleasant, em 1920, estadunidense, negra, pobre e órfã. Aos 14 anos, já Henrietta, é mãe pela primeira vez e, em 1951, é internada no Hospital Johns Hopkins para tratamento de um câncer que a matou. Até que um dia, na década de 1970, vinte e cinco anos após a morte de Henrietta Lacks, a sua família foi procurada, já que as já famosas - pois espalhadas por inúmeros centros de pesquisas pelo mundo, visto que se reproduziam indefinidamente - HeLa cells foram identificadas como pertencendo a Henrietta, e não a Helen Lane, codinome criado pelo pesquisador que iniciou o cultivo das células da jovem mulher.
[...] um pós-doutorado chamou o marido de Henrietta, que havia estudado até a terceira série do ensino fundamental e nem sabia o que era uma célula. A maneira como ele entendeu o telefonema foi: “Temos sua esposa. Ela está viva em um laboratório. Temos feito pesquisas sobre ela nos últimos 25 anos e, agora, temos que testar seus filhos para ver se eles têm câncer.”. Mas não foi o que o pesquisador disse. Os cientistas não sabiam que a família não entendia. A partir desse ponto, porém, a família foi sugada para esse mundo de pesquisa que eles não entenderam, e as células, em certo sentido, tomaram conta de suas vidas. (tradução nossa, ZIELINSKI, 2010, s.p.)
Células ‘imortais’ que assumem a vida mortal da família de Henrietta quando a jornalista Rebecca Skloot, que lança o livro The imortal life of Henrietta Lacks em 2010, encontra-se com os filhos e marido dela e relata sobre o acontecido com as células da mãe-mulher-esposa. Estudos médicos e farmacológicos que se estendem por vários outros ramos de comércio, incluindo o ramo das artes, como fotografias, design de moda e instalações em museus (MOORE, 2017). Esse autor ainda nos avisa sobre outros desdobramentos da comercialização das HeLa cells, tencionando tal estado ao fato de Henrietta ser negra e descendente de escravos, já que nem ela nem sua família deram consentimento sobre a utilização das células mutantes retiradas de seu corpo.
Uma consulta do termo de pesquisa "HeLa art" resulta em produtos em quase todas as categorias e faixas de preço na Web: pinturas, instalações de arte, designs de canecas de café, fotografias, camisetas e sacolas gráficas, chinelos e capas de telefone. [...]Trabalhando a partir da premissa previamente estabelecida de que HeLa subsiste na bioescravatura para a ciência, essa discussão estende essa crítica ao campo da arte comercial. Como e para quem o trabalho de HeLa? Existe um argumento ético a ser feito em relação aos usos das imagens HeLa? Por razões de espaço e escopo, vou limitar meu envolvimento a textos em três áreas da arte: fotografia, design de moda e instalação de museus. (tradução nossa, MOORE, 2017, p. 58
Inúmeras outras possibilidades podem ser arrastadas com esse plano de vivência das HeLa cells. A artista Joana Ricou encontrou-se, mais de 50 anos após a morte de Henrietta, por acaso, com suas células em uma conferência na Universidade de Carnegie Mellon, em Pittsburgh, EUA. A artista e bióloga portuguesa nos conta que, por não ocorrer o esperado nessa conferência - técnicas de visualização do citoesqueleto -, as cores e as luminosidades das HeLa cells lhe encantaram e uma série de pinturas começaram a nascer. Joana Ricou nos provoca: A unidade fundamental do corpo é a célula, mas o que acontece quando a célula imortal transcende o corpo?7 Fios descabidos dentro de uma cronologia de vida. Que invasão seria essa que assola a família da jovem mulher, já que seu marido não consegue entender a pergunta dos pesquisadores: o que seriam as células de Henrietta? A quem tais células pertencem? Esse pertencimento envolve somente a esfera econômica ou atravessa, de alguma forma, um esperado para o papel dessas células na memória hereditária?
2 HABITAR PAIXÃO-VIDA EM VERMELHOS CIGANOS
[...] Era o seu segundo caderno de bolso. [...] puxou
o elástico vermelho-sangue que abraçava as folhas.
Logo viu que estavam em branco.
Nem uma gota de tinta ou marca de nascença.
Pensou, quase sem hesitar, em colocar seu nome no caderno.
Talvez por um misto de volição e agonia do encontro com o vazio.
Indigentes, Vinícius Abrahão deOliveira, 2016
Que nome as composições de Tunga8 e os vermelhos ciganos de Cildo Meireles9 colocariam num caderno? Arte-artista-cor-mulher-cigana cozinhados coletivamente. Tunga e Cildo Meireles invadem esse texto na experienciação de compor, com suas produções artísticas, constituições docentes. Di-versos signos a nos provocar o pensar do plano estético tensionado à política. De versos em versos...
Na Galeria Psicoativa Tunga, no Inhotim, cinco obras estão no pavilhão. Objetos dispostos sobre o assoalho. Uns em cobre, outros em cerâmica alva. Mamicas, mamas, mamilos em processos de brotamento. Cospem um visgo duro que não cabe mais em si. Jorram força de transformação. Força a ser cozinhada no tacho.

Fonte: Galeria Psicoativa Tunga, Inhotim, MG. Acervo de Daniela Franco Carvalho
Figura 2 Tetas assombrosas
Leite-conteúdo que alimenta horas semanais em salas de aula. Conhecimento-seio num corpo professora. Força em resistência à mama ofertadora de leite morno. Aversão ao pré-fabricado estereótipo daquela que ensina, que doa, que deposita suavemente nas bocas abertas de seus alunos a mistura homogênea de saberes. Desejos ardentes de que o leite seja gotejado dos peitos de todas as mulheres que estão lá. No encontro. E que esse leite escorra encharcando a pele e formando poças que se misturam aos suores, medos, anseios e alegrias que nos constituem. Para que possam ser mexidos. Cozinhados. Coletivamente.
Leite sangue.
Palavras leite.
Que sangram.
O vazio. O oco. O orgânico que não mais habita o corpo.
Em pura ausência de sangue. De leite. De suor. De líquidos. De carne.
Tunga nos põe diante da fugacidade da vida.

Fonte: Desvio para o vermelho: Impregnação, Entorno, Desvio, 1967-1984, Inhotim, MG. Acervo de Daniela Franco Carvalho
Figura 3 Assombros (s)em órbita
Frente a frente àquilo que habita nosso tecido neural e nos potencializa enquanto seres pensantes, agora morto. Tudo o que nosso cérebro e músculos e pele e nervos produziram eternizados em ossos que um dia acolheram a massa cinzenta que nos possibilitou a escrita. Os dizeres. Os desejos. Obra máquina que orbita chapéus que acolhem crânios ocos. Ex-pessoas. Ex-singularidades. Ex-professoras. Ex-mulheres.
Ex-tintos. Leitosos. Ensanguentados.
É por intermédio da relação entre algo figurável em metáfora e o deslocamento do sentido que Tunga opera em polos opostos, deixando que esse descompasso se movimente em nós como uma abertura. Aqui há duas expressões: uma que desregra o olhar, o captura e a outra que o desmensura, para lhe dar o invisível a ver. (MATESCO, 2016, s.p.)
Visões do invisível que inunda o vazio de nós mesmos. Como alimentar com leite e sangue corpos ocos? Como impulsionar desejos de sucção em bocas mortas? Como incutir vida em seres inanimados? Como capturar forças vivas se não pelo próprio desejo? Como criar10 conjuntamente matéria cada vez mais elaborada sendo mulher-professora da qual espera-se a distribuição irrestrita do leite materno?

Fonte: Desvio para o vermelho: Impregnação, Entorno, Desvio, 1967-1984, Inhotim, MG.
Acervo de Daniela Franco Carvalho
Figura 4 Des-ver en(canto)

Fonte: Desvio para o vermelho: Impregnação, Entorno, Desvio, 1967-1984, Inhotim, MG.
Acervo de Daniela Franco Carvalho
Figura 5 Des-ver e(m)...
Chinelos, quadros, livros, copos... o cotidiano vermelho. Em pulsos.
Linhas flexíveis que “traçam pequenas modificações, fazem desvios, delineiam quedas ou impulsos” (DELEUZE; PARNET, 1998, p. 145). Ao mesmo tempo que se quer permanecer, há desejos de transformação.
Vestido de noiva para casamentos consigo mesma11. Taças para comemoração de desaniversários12. Televisões para obras de arte.
Vermelho em forças de desvio. Desvios para o vermelho. Cor-movimento que nos lança para outros lugares. Aqui nessa casa ninguém quer a sua boa educação... Tempos. Aqui nessa tribo ninguém quer a sua catequização... Pensamentos. Aqui nesse barco ninguém quer a sua orientação...Vidas. Deseducar essa mulher professora a ser a teta que tudo provê, a viver-se no esperado! A vida que vai à deriva é a nossa condução...13
3 BALANÇAR BALANGANDÃS E DANÇAR E CANTAR SEM PARAR (S)EM EDUCAÇÃO
- Onde é que tá anotado aí o negócio do Atoladinha14?
- O negócio do que?
- (cantando) Tô ficando atoladinha, tô ficando...
- Acho que não tem isso aqui não
- O negócio do Atoladinha é o seguinte: O Globo, do Rio, fez um certo escândalo porque eu disse que o refrão da Atoladinha era uma das ondas concêntricas que a bossa-nova tinha feito desencadear. Parece uma coisa tão diferente e tão distante, mas isso não é verdade. Então eu fiz uma espécie de exegese para explicar o que eu tinha dito antes: o refrão da Atoladinha é um metarrefrão microtonal e polissemiótico.- Agora ficou claro15.
Clareza atualizada na fala de Tom Zé, no trecho citado acima, onde o músico conversa com Jô Soares sobre o funk Atoladinha16. Atualização junto à genialidade desse artista ao desestruturar os padrões de moralidade e normalidade17 tão presentes nos espaços brasileiros, sejam midiáticos ou não. Ritmos das/nas singularidades dos femininos, das aulas, das viadagens, das células, das performances nômades, dos balangandãs ciganos.
Desentender as ordens de comando na desfaçatez dos espaços autoritários. Gesto--ritmo que afasta tropa, choque, cassetete e aperta a voz nos dentes cerrados. Tornarmo-nos em desocupação e, junto a essa proposta, abrirmo-nos para as ousadias epistemológicas em sítios arqueológicos universitários, professoras vivenciando uma mulheridade. Mulheres experimentando a docência. Expansão no tempo numa vontade de perder uma forma humana, orgânica, que busca organizar corpos, movimentos, pensamentos, resistências e lutas com desejos e forças criativas de produção do novo, daquilo que se quebra, daquilo que é efêmero, e que gera pulsos. Alisamentos das estrias temporais.
Salientamos que há múltiplas, complexas e importantes distensões, posturas e sensibilidades que atravessam essas discussões, mas queremos explorar um intervalo - dançar e cantar o refrão de Atoladinha - nesta política de/em aceitar somente o que já é esperado e organizado e reconhecido. Atolarmo-nos ao deslizar com MC Bola de Fogo e as Foguentas, Sidney Magal18, Ney Matogrosso, pelos gestos nômades. “Mais que um ícone, Ney Matogrosso foi um dos orifícios de penetração a um corpo de práticas nesse processo cartográfico coletivo” (NOGUEIRA, 2016, p. 775).
Penetrar com o corpo, possibilitar-lhe ser gesto de re-existência à violência do choque das tropas, sejam elas da polícia militar, da administração escolar e/ou universitária, das políticas impositoras de necessidades no campo da educação. Escolher o con-tor-cionismo do corpo atravessando o tempo, con-torcer(-se) convidando a experiência de ser-estar. Nogueira (2016), ao comentar sobre a importância de construir uma história crítica, reflexiva e filosófica da cultura brasileira “a partir da música, das letras, das melodias, dos modos de tocar ou de interpretar, dos instrumentos utilizados, dos figurinos, do histórico social e cultural incorporado, etc.” (p. 770), nos apesenta outras possibilidades para conectarmos corpo-gesto às posturas de resistência política.
Focar-se na música e na sua relação com todas as matrizes de afirmação política, que atravessam o corpo, sejam elas raça, classe e/ou gênero apontam, na realidade, para outro modo de conceber o conhecimento e o pensamento crítico incorporado: sentindo-o. Disto se trata uma epistemologia sensível (VINDEL GAMONAL, 2010)19, no entanto, periférica: emana de sujeitos e lugares de conhecimento antes menosprezados, subalternizados, e, ao mesmo tempo, só se efetiva no contagio daqueles que a buscam. (NOGUEIRA, 2016, p. 770-771)
Contorcer, contagiar. Girar em versos que expressam e explodem sentidos. Gestos. Escreverpesquisar atra-versando o funcionamento-diagrama, conceito que “desterritorializa e desterritorializa-se na sua potência absoluta. É um devir” (GODINHO, 2013, p. 141). Tomadas por atraversamentos questionamos: que experimentações podem ventar por entre escritas-fluxos-mulheres? Vermelhos, ritmos, biologias em devir nas linhas de força das escritas-mulheres-rasgos. Deixar-se enlouquecer pela potência criativa do pensamento impensável, como tantas vezes crianças, loucos, bêbados (se) deixam! E nós, mulheres! Que bradamos, gritamos, parimos e paramos o trânsito e... estudamos e... pesquisamos... e...
Olho muito tempo o corpo de um poema
Ana Cristina Cesar
Olho muito tempo o corpo de um poema
até perder de vista o que não seja corpo
e sentir separado dentre os dentes
um filete de sangue
nas gengivas.
Versamos. Atra-versamos. Com-versamos. “Filete de sangue nas gengivas” a nos questionar: como a deseducação no cotidiano vivido perpassa por essa densidade de ser mulher? Como pintamos em vermelho os muros brancos, fazendo borrar os rostos já amalgamados de uma educação machista, conteudista, desarticulada dos sentidos, daquilo que mais profundamente nos torna humanos?
Superfícies-rasgos em experimentações na pele, no papel, no chão.
Mulheres-ruas. Nuas.
(De)formar as formas de subversão em versos de existência inesperada.