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Revista Diálogo Educacional

versão impressa ISSN 1518-3483versão On-line ISSN 1981-416X

Rev. Diálogo Educ. vol.24 no.82 Curitiba jul./set 2024  Epub 21-Out-2024

https://doi.org/10.7213/1981-416x.24.082.ds04 

Dossiê

Desafios no combate ao plágio na comunidade científica: perspectivas de experiências editoriais**

Challengens in combating plagiarism in the scientific community: perspectives from editorial experiencies

Desafíos en el combate al plagio en la comunidad científica: perspectivas desde experiencias editoriales

Thiago Beirigo Lopes1  [a] 
http://orcid.org/0000-0002-9409-6140

Dailson Evangelista Costa2  [b] 
http://orcid.org/0000-0001-6068-7121

Luis Andrés Castillo Bracho3  [c] 
http://orcid.org/0000-0002-5174-9148

Raylson dos Santos Carneiro4  [d] 
http://orcid.org/0000-0002-4571-5822

1Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), Confresa, MT, Brasil

2Universidade Federal do Tocantins (UFT), Arraias, MT, Brasil

3Universidade Federal do Pará (UFPA), Balém, PA, Brasil

4Universidade Federal do Tocantins (UFT), Gurupi, TO, Brasil


Resumo

O plágio representa uma infração ética grave dentro do âmbito acadêmico, manifestando-se quando há apropriação de ideias, textos ou criações sem a devida atribuição ao autor original. Este estudo de revisão bibliográfica objetivou discutir estratégias editoriais empregadas na prevenção e detecção do plágio para publicação em periódicos científicos, levando em consideração as diversas definições de plágio, seus variados tipos e as motivações que levam à sua ocorrência. Para esta pesquisa considera-se sete tipos de plágios, os quais são: plágio integral ou direto, plágio parcial ou indireto, plágio conceitual, plágio de fontes, plágio consentido, plágio por erro técnico e o autoplágio. Através da análise comparativa referente aos aspectos fundamentais (caracterização, detecção, motivações e implicações) das sete modalidades de plágio, identificou-se que, apesar das estratégias editoriais serem fundamentais no combate a esta prática contra os direitos autorais, estas enfrentam desafios significativos devido à complexidade do plágio e à constante evolução das técnicas empregadas para cometê-lo. A pesquisa conclui que a eficácia das estratégias é parcial, sugerindo a necessidade de uma abordagem mais holística que combine métodos educacionais, tecnológicos e políticas claras de prevenção.

Palavras-chave: Plágio; Estratégias editoriais; Periódicos científicos; Integridade acadêmica.

Abstract

Plagiarism represents a serious ethical infraction within the academic sphere, manifesting itself when there is appropriation of ideas, texts or creations without due attribuiton to the original author. This bibliographic review study aimed to discuss editorial strategies employed in the prevention and detection of plagiarism for publication in scientific journals, taking into account the different definitions of plagiarism, its different types and the motivations that lead to its occurrennce. For this research, seven types of plagiarism are considered, which are: full or direct plagiarism, partial or indirect plagiarism, conceptual plagiarism, source plagiarism, consented plagiarism, plagiarism due to technical error and self-plagiarism. Through comparative analysis regarding the fundamental aspects (characterization, detection, motivations and implications) of the seven forms of plagiarism, it was identified that, although editorial strategies are fundamental in combating this practice against copyright , they face significant challenges due to the complexity of plagiarism and the evolution of the techniques used to commit it. The research concludes that te effectiveness of the strategies is partial, suggesting the nedd for a more holistic approach that combines educational, technological methods and clear prevention policies.

Keywords: Plagiarism; Editorial strategies; Scientific journals; Academic integrity.

Resumen

El plagio representa uma infracción ética grave dentro del ámbito académico, manifestándose cuando hay apropiación de ideas, textos o creaciones sin la debida atribuición al autor original. Este estudio de revisión bibliográfica tuvo como objetivo discutir las estrategias editoriales empleadas en la prevención y detección del plagio para su publicación en revistas científicas, sus diferentes tipos y las motivaciones que conducen a su ocurrencia. Para esta investigación se consideran siete tipos de plagio, los cuales son : plagio total o directo, plagio parcial e indirecto, plagio conceptual, plagio de fuente, plagio consentido, plagio por error técnico u autoplagio. A través de un análisis comparativo respecto de los apectos fundamentales (caracterización, detéccion, motivaciones e implicaciones) de las siete forma de plagio, si identificó que, si bien las estrategias editoriales son fundamentales para combatir esta práctica contra el derecho de autor, enfrentan importantes desafíos debido la complejidad del plagio y la constante evolución de las técnicas utilizadas para cometerlo. La investigación concluye que la efectividad de las estrategias es parcial, lo que sugiere la necessidad de un enfoque más holístico que combine métodos educativos, tecnológicos y políticas de prevención claras.

Palabras clave Plagio; Estrategias Editoriales; Revistas científicas; Integridad academica.

Introdução

Dentro do panorama acadêmico contemporâneo, o plágio emerge como um desafio complexo, permeando as esferas éticas e legais da pesquisa científica. Esta prática, definida pela apropriação indevida do trabalho intelectual alheio sem a devida atribuição, confronta diretamente os pilares da integridade acadêmica, comprometendo a credibilidade e a originalidade das pesquisas científicas. O plágio não se restringe meramente à cópia textual; engloba uma gama ampla de práticas, incluindo a reprodução de ideias, conceitos, resultados de pesquisas e estruturas argumentativas sem reconhecimento apropriado. Tal prática atenta contra os direitos autorais e viola os códigos de conduta ética estabelecidos pelas comunidades acadêmicas, resultando em implicações significativas tanto para os indivíduos quanto para as instituições envolvidas.

A integridade acadêmica, nesse contexto, ressalta-se como fundamental para a manutenção da qualidade e da confiabilidade da pesquisa. O plágio, ao comprometer essa integridade, gera uma série de consequências negativas que afetam o desenvolvimento científico. Por exemplo, se um pesquisador incluir inverdades em uma publicação considerada científica, outros pesquisadores podem se basear nessa pesquisa e perder tempo e recursos até perceberem que a pesquisa original não era confiável. A originalidade e a inovação, essenciais para o avanço acadêmico, são minadas pela recorrência de ideias e dados previamente apresentados sem a devida atribuição. Além disso, a confiança depositada nos pesquisadores e em suas contribuições para o desenvolvimento social e tecnológico fica abalada, prejudicando a relação entre ciência e sociedade.

Nesse ambiente desafiador, os editores de periódicos científicos surgem como figuras de destaque na promoção da integridade acadêmica. Eles detêm a responsabilidade de implementar mecanismos efetivos de detecção e prevenção do plágio, garantindo assim que os artigos submetidos e publicados atendam aos mais elevados padrões éticos. Por meio da adoção de políticas editoriais rigorosas, do uso de softwares especializados na detecção de plágio e da promoção de práticas de pesquisa responsáveis, os editores desempenham um papel crucial na defesa da originalidade e na validação das contribuições científicas.

Diante dessa complexidade, as estratégias editoriais consistem em métodos escolhidos pelos editores para todo o processo de editoração, que vai desde o recebimento do artigo até, se aprovado, sua publicação. Então a questão de pesquisa que se impõe é: “Quais reflexões sobre estratégias editoriais no combate ao plágio dentro da comunidade científica podem ser realizadas, considerando as diversas definições, tipos e motivações por trás dessa prática?” Esta indagação convida à análise crítica das abordagens editoriais frente ao plágio, explorando como a diversidade de suas manifestações e as distintas motivações que levam à sua prática influenciam a eficácia das medidas preventivas e corretivas adotadas.

Em busca de respostas para a questão supracitada, o objetivo de pesquisa foi discutir estratégias editoriais empregadas na prevenção e detecção do plágio para publicação em periódicos científicos. Pretende-se examinar como essas estratégias são moldadas pelas diferentes definições de plágio, pelos tipos identificados e pelas variadas motivações que conduzem à sua prática. Por meio de uma pesquisa de revisão bibliográfica que busque tanto a definição de plágio acadêmico quanto seus tipos, seguido de reflexões acerca das intenções por trás do plágio, das dificuldades enfrentadas no seu combate, e das estratégias editoriais implementadas para sua mitigação, busca-se contribuir para o aperfeiçoamento das práticas editoriais e para a fortificação da integridade dentro da comunidade científica.

Este artigo resulta de discussões e trocas de experiências de um grupo de quatro editores de periódicos científicos da área de Ensino, localizados na Amazônia Legal Brasileira. Nele é proposto navegar por reflexões sobre essas questões, iniciando com uma fundamentação teórica que esclareça o conceito de plágio acadêmico e delineie seus principais tipos. Em seguida, são realizadas reflexões sobre as motivações subjacentes ao plágio, as dificuldades encontradas no processo de enfrentamento a esta prática, e as estratégias editoriais desenvolvidas para combatê-lo. As considerações finais visarão sintetizar os principais achados, oferecendo informações valiosas sobre como as estratégias editoriais podem ser otimizadas para enfrentar eficazmente o desafio persistente do plágio na pesquisa acadêmica, contribuindo, assim, para a promoção de uma cultura de pesquisa ética e responsável.

Em que consiste o plágio?

O plágio é definido como a prática de copiar ou imitar o trabalho de outra pessoa (ideias, textos, estruturas, imagens, música, entre outros) e apresentá-lo como próprio sem a devida atribuição ou consentimento do autor original. É considerado uma violação ética grave, além de constituir um delito contra os direitos autorais em muitas jurisdições ao redor do mundo.

A origem etimológica da palavra “plágio” remonta ao latim “plagium”, que significa “sequestro”. Essa etimologia reflete a essência do ato de plágio: a apropriação indevida do “fruto intelectual” alheio. Na antiguidade, o termo era usado para descrever o ato de sequestrar escravos ou crianças de outras pessoas. Com o tempo, a aplicação do termo evoluiu para o contexto da propriedade intelectual, onde “sequestrar” ideias ou criações alheias sem permissão ou reconhecimento apropriado passou a ser igualmente condenado. Também pode ser qualificado como roubo ou receptação de produto roubado (Satur; Dias; Silva, 2020).

Academicamente, o plágio é uma questão de integridade e ética. Instituições de ensino e comunidades acadêmicas ao redor do mundo impõem normas rigorosas contra o plágio, enfatizando a importância da originalidade, da criação intelectual própria e do respeito pelos contributos de outros pesquisadores e autores (Pozzebon; Pereira, 2017). Essas normas são fundamentais para assegurar a confiança na validade e na autenticidade da pesquisa científica e acadêmica, bem como para manter a qualidade e o rigor intelectual.

Na literatura, encontram-se diversas publicações que discutem o conceito e as implicações do plágio. Por exemplo, Posner (2007) explora a história do plágio nas artes e na literatura, enquanto Escalante e Matínez (2022) oferecem informações sobre as causas do plágio e estratégias para evitá-lo no contexto educacional. Além disso, publicações acadêmicas como a de Bretag (2016) fornecem uma análise abrangente sobre a integridade acadêmica e o plágio em diferentes contextos culturais e institucionais. De acordo com Gonçalves (2018), a integridade acadêmica é um pilar fundamental no ambiente acadêmico, abrangendo valores essenciais como rigor, honestidade, confiança, responsabilidade e respeito.

É importante destacar que, apesar da existência de ferramentas tecnológicas avançadas para detecção de plágio, a prevenção efetiva ainda depende da educação e da consciencialização sobre a ética na escrita e na pesquisa. Instituições educativas desempenham um papel crucial na formação de indivíduos conscientes dos valores éticos fundamentais, incentivando práticas de pesquisa honestas e o desenvolvimento de artigos originais.

Tipos de plágio

O plágio acadêmico manifesta-se de diversas formas, cada uma com características particulares que demandam estratégias específicas de identificação e prevenção. Baseado em Krokoscz (2011), Diniz e Terra (2014), Furlanetto, Rauen e Siebert (2018), Brito (2021) e na experiência acadêmica dos autores deste trabalho, tanto no ensino quanto na edição de periódicos, destaca-se que os tipos principais de plágios incluem o que foi denominado de Plágio Integral ou Direto, Plágio Parcial ou Indireto e o Plágio Conceitual. Além destes, existem derivações como o Plágio de Fontes, Plágio Consentido, Plágio por Erro Técnico e Autoplágio, este último muitas vezes debatido quanto à sua classificação como prática criminosa.

O Plágio Integral ou Direto constitui uma das formas mais claras e flagrantes de violação dos princípios éticos na produção científica e acadêmica. Caracteriza-se pela cópia exata e integral de textos de outra pessoa sem a devida citação da fonte original, apresentando o material como se fosse de autoria do plagiador. Esse tipo de plágio é considerado uma grave falha ética, pois envolve a apropriação indébita do trabalho intelectual alheio, violando os direitos autorais do verdadeiro autor e enganando o leitor quanto à origem do conteúdo.

Quadro 1 Aspectos Fundamentais do Plágio Integral ou Direto 

Caracterização Detecção Motivações Implicações
O plágio integral manifesta-se quando um indivíduo transcreve partes ou a totalidade de um trabalho sem fazer menção ou referência ao autor original. Esse ato pode abranger desde trechos de artigos científicos, livros, relatórios, até obras completas. Devido à sua natureza explícita, o plágio direto é relativamente mais fácil de ser identificado, especialmente com o auxílio de softwares especializados em detecção de plágio. Estas ferramentas comparam o texto suspeito com uma vasta base de dados de trabalhos publicados, identificando coincidências exatas ou quase exatas. As razões por trás do plágio direto são variadas e podem incluir a falta de conhecimento sobre as normas acadêmicas, pressão por resultados ou produção acadêmica, escassez de tempo para a realização do trabalho próprio, ou simplesmente a desonestidade intelectual. Oliveira (2016) salienta que tanto a falta de familiaridade com as práticas de citação adequadas quanto as dificuldades em interpretar e sintetizar o material original podem levar ao plágio. As consequências do plágio direto são significativas tanto para o plagiador quanto para a comunidade acadêmica. Para o indivíduo, podem resultar em sanções acadêmicas, como notas rebaixadas, reprovação em disciplinas, suspensão ou até mesmo expulsão de instituições de ensino. No âmbito profissional, a reputação do pesquisador pode ser irremediavelmente comprometida. Para a comunidade acadêmica, o plágio mina a integridade da pesquisa, pois distorce a contribuição original de ideias e descobertas.

Fonte: Dados da pesquisa realizada.

O Plágio Parcial ou Indireto, representa uma forma mais sutil de plágio, diferenciando-se do Plágio Integral ou Direto pelo uso de fragmentos de textos de diversos autores sem a devida citação, criando assim um novo documento que aparenta originalidade. Krokoscz (2011) explica que neste tipo de plágio, o redator recorre a “cacos” de fontes distintas, organizando as ideias com o acréscimo de palavras de ligação (conjunções, preposições, etc.) para conferir sentido ao texto final. O resultado é uma obra que, embora pareça original, na verdade é uma compilação de ideias, conceitos, teorias ou argumentos de outros autores.

Quadro 2 Aspectos Fundamentais do Plágio Parcial ou Indireto 

Caracterização Detecção Motivações Implicações
Este plágio se manifesta pela combinação de trechos de diferentes fontes sem citação adequada, tecendo um texto que parece ser novo e original. Sua identificação é mais complexa do que a do plágio direto, exigindo uma análise detalhada e, muitas vezes, a familiaridade do avaliador com as obras originais. Apesar da ajuda de softwares de detecção de plágio, a intervenção direta de educadores e orientadores que conhecem o perfil de escrita do aluno é fundamental. As causas para recorrer ao plágio parcial podem ser similares às do plágio direto, incluindo pressões acadêmicas, falta de confiança nas próprias habilidades de escrita e desconhecimento das normas de citação. As consequências acadêmicas e profissionais do plágio parcial são comparáveis às do plágio direto, podendo levar a sanções severas, prejuízo à reputação e questionamentos éticos sobre a integridade do autor.

Fonte: Dados da pesquisa realizada.

O Plágio Conceitual, uma modalidade complexa de plágio, ocorre quando um indivíduo se apropria das ideias transcritas em um texto original, geralmente empregando paráfrases, e as apresenta como se fossem suas sem fazer referência à obra consultada. Este tipo de plágio envolve a reformulação do conteúdo original mantendo sua essência conceitual, o que torna a detecção mais desafiadora em comparação com o plágio direto, que se baseia na cópia literal do texto.

Quadro 3 Aspectos Fundamentais do Plágio Conceitual 

Caracterização Detecção Motivações Implicações
O Plágio Conceitual se distingue por não copiar o texto original de forma literal, mas por reutilizar as ideias, teorias ou conceitos sem a devida atribuição. Melo e Souza (2023) definem parafrasear como a prática de redigir com outras palavras o texto ou ideia de outrem, mantendo a originalidade de sentido e indicando a autoria do trecho descrito. A ausência de referência à obra consultada é o que configura o plágio. Identificar o Plágio Conceitual exige um conhecimento aprofundado do assunto por parte do revisor, tornando-se mais difícil sua detecção por softwares de verificação de plágio, que normalmente se baseiam na comparação textual. O entendimento profundo sobre as ideias e conceitos discutidos é crucial para identificar a apropriação indevida. Além da paráfrase sem citação, uma conduta associada ao Plágio Conceitual inclui o uso inadequado de chavões ou terminologias específicas criadas por um autor, sem atribuir o crédito devido. Krokoscz (2011) destaca a importância de creditar o uso de palavras-chave específicas que não fazem parte do domínio público e são identificáveis com um autor específico. As consequências do Plágio Conceitual para o meio acadêmico e científico são significativas, pois comprometem a integridade e a originalidade da pesquisa. Viola os princípios éticos da produção de conhecimento ao não reconhecer a contribuição intelectual de outros.

Fonte: Dados da pesquisa realizada.

O Plágio de Fontes é caracterizado pela apropriação indevida de citações presentes em textos alheios, utilizando-as como se o plagiador tivesse acesso direto às obras originais citadas, sem, no entanto, ter consultado essas fontes primárias. Essa prática enganosa pode levar à inclusão de interpretações equivocadas ou até mesmo de erros presentes nas citações originalmente utilizadas por outros autores, comprometendo a credibilidade e a integridade do trabalho acadêmico. Para evitar esse tipo de plágio, é recomendável que os pesquisadores busquem sempre acessar as obras originais citadas. Em situações em que isso não é possível, deve-se fazer uso correto da citação de citação, utilizando a expressão “apud” para indicar que a informação foi obtida indiretamente. Contudo, essa prática deve ser utilizada com parcimônia, priorizando-se sempre que possível a consulta direta à fonte original.

Quadro 4 Aspectos Fundamentais do Plágio de Fontes 

Caracterização Detecção Motivações Implicações
O Plágio de Fontes ocorre quando o autor utiliza citações de um texto secundário como se tivesse lido a fonte original, atribuindo a si a profundidade de pesquisa que não possui. Essa prática não só viola os direitos autorais mas também distorce a autenticidade do trabalho de pesquisa. A identificação desse tipo de plágio é complexa, devido à sua similaridade com a prática aceitável de redação científica. O plagiador pode mascarar o ato de plágio sob o pretexto de realizar uma revisão bibliográfica baseada em fontes secundárias, o que dificulta a verificação da autenticidade das consultas realizadas às obras citadas. O autores que adotam esse tipo de plágio é devido ao fato de não ter o acesso ao texto original, e por não desejar fazer o uso da expressão“apud” para indicar que a informação foi obtida indiretamente, pois o uso constante dessa prática diminui a qualidade do texto . A falta de acesso direto aos textos originais pode ser ocasionado por diversos fatores, tais como: textos não gratuitos, obras que possuem apenas as versões impressas, textos escritos em idioma de desconhecimento do autor, e obras clássicas que possuem quantidade de exemplares reduzidos. Utilizar citações sem ter acessado a fonte original pode levar à propagação de informações imprecisas ou interpretadas incorretamente. Isso não apenas questiona a integridade do trabalho científico mas também pode afetar negativamente o campo de estudo ao perpetuar erros e mal-entendidos.

Fonte: Dados da pesquisa realizada.

O Plágio Consentido, também conhecido como conluio, é uma forma complexa de plágio que envolve a cumplicidade entre o autor original e o plagiador. Este tipo de plágio é particularmente difícil de detectar e de tratar, pois se baseia em um acordo mútuo para a utilização indevida de material protegido por direitos autorais. Krokoscz (2011) identifica duas principais variantes do Plágio Consentido: a camaradagem entre redatores e o conluio comercial, incluindo a venda de trabalhos acadêmicos prontos.

Quadro 5 Aspectos Fundamentais do Plágio Consentido 

Caracterização Detecção Motivações Implicações
O Plágio Consentido ocorre quando há um acordo explícito ou implícito entre o autor e o plagiador. No contexto acadêmico, isso pode se manifestar de diversas formas, como a inclusão de autores que não contribuíram significativamente para a pesquisa ou o trabalho em publicações científicas, ou através da venda e compra de trabalhos acadêmicos. A detecção deste tipo de plágio é desafiadora, pois a cumplicidade entre as partes envolvidas muitas vezes deixam poucas evidências externas. Ferramentas de detecção de plágio padrão podem não ser eficazes, sendo necessário um exame mais detalhado das circunstâncias de autoria e contribuição. Camaradagem entre redatores: Situação comum em ambientes acadêmicos onde trabalhos são desenvolvidos em grupo, mas nem todos os membros contribuem de forma igual, levando à inclusão de nomes como coautores sem uma participação real no trabalho.
Conluio comercial:
Involucra a compra e venda de trabalhos acadêmicos, onde os direitos autorais são negociados de forma ilegítima, violando princípios éticos e legais.
As consequências do Plágio Consentido são amplas, afetando a integridade da pesquisa científica. Além das implicações legais, como violações de direitos autorais, há sérias repercussões acadêmicas para ambos os envolvidos, podendo resultar em penalidades institucionais severas, como a expulsão de estudantes ou a retração de publicações.

Fonte: Dados da pesquisa realizada.

O Plágio por Erro Técnico, também conhecido como plágio acidental, ocorre quando o conhecimento de outrem é utilizado em um trabalho sem a devida atribuição de créditos, devido ao esquecimento ou desconhecimento das normas técnicas apropriadas. Essa modalidade de plágio destaca-se por não ser motivada por uma intenção deliberada de enganar ou de se apropriar indevidamente do trabalho alheio, mas sim por falhas na aplicação correta das práticas de citação e referência.

Quadro 6 Aspectos Fundamentais do Plágio por Erro Técnico 

Caracterização Detecção Motivações Implicações
Silva et al. (2020) esclarecem que desconhecer as regras para a correta indicação e identificação de fontes, incluindo como citar e referenciar materiais utilizados na produção acadêmica, pode levar a situações classificadas como plágio acidental. Esse tipo de plágio geralmente resulta de uma falta de conhecimento das normas de citação ou de atenção durante o processo de redação. Embora possa ser mais difícil identificar o plágio acidental em comparação com outras formas de plágio mais deliberadas, o uso de softwares de detecção de plágio ainda pode revelar coincidências significativas com obras previamente publicadas. A determinação da intenção, contudo, requer uma avaliação mais cuidadosa do contexto e das práticas do autor. As causas do plágio acidental estão frequentemente relacionadas à falta de conhecimento sobre as normas acadêmicas de citação e referência, confusão sobre o que constitui uma citação adequada versus parafraseamento, ou simples descuido na gestão das fontes consultadas durante o processo de pesquisa. Não há uma motivação deliberada para enganar, mas uma falha na aplicação das boas práticas de documentação científica. O plágio por erro técnico pode ter consequências negativas para o autor, incluindo questionamentos sobre sua credibilidade e integridade acadêmica. No entanto, considerando o caráter não intencional desse tipo de plágio, as instituições acadêmicas e os periódicos muitas vezes adotam abordagens voltadas para a correção e educação, em vez de punições severas.

Fonte: Dados da pesquisa realizada.

O Autoplágio ocorre quando um autor reutiliza seu próprio trabalho previamente publicado sem a devida citação ou permissão, apresentando-o como novo. Embora possa parecer menos grave à primeira vista, o Autoplágio compromete a integridade acadêmica e científica, pois distorce a originalidade da contribuição e pode levar a uma inflação artificial da produção científica do autor. O autoplágio, de acordo com Furlanetto, Rauen e Siebert (2018), embora não seja criminalizado, é frequentemente considerado uma prática antiética devido a fatores políticos, culturais e morais.

Quadro 7 Aspectos Fundamentais do Autoplágio 

Caracterização Detecção Motivações Implicações
O Autoplágio envolve várias práticas, incluindo a publicação de um mesmo estudo em mais de um periódico, a reutilização de trechos significativos de textos anteriores sem a devida citação, e a divisão de um único estudo em múltiplos artigos para aumentar o número de publicações. Identificar o Autoplágio pode ser desafiador, especialmente quando o trabalho anterior foi publicado em um idioma diferente ou em fontes de difícil acesso. Ferramentas de detecção de plágio, que comparam o texto com bancos de dados de publicações, podem ajudar, mas muitas vezes requerem uma análise manual para confirmar o Autoplágio. As razões para o Autoplágio incluem a pressão para aumentar o número de publicações devido à cultura de "publicar ou perecer" no meio acadêmico, a falta de conhecimento sobre as normas éticas de publicação, ou simplesmente o desejo de economizar tempo e esforço. Além das consequências éticas, o Autoplágio pode levar a sanções acadêmicas e editoriais, como a retratação de artigos, e prejudicar a reputação do autor na comunidade científica. Além disso, pode resultar em uma dispersão de recursos editoriais e em uma diluição da qualidade científica ao promover a redundância na literatura.

Fonte: Dados da pesquisa realizada.

A análise comparativa dos diferentes tipos de plágio ilustra a complexidade e a variedade de formas sob as quais o plágio pode se manifestar, cada qual com suas particularidades em termos de caracterização, detecção, motivações e implicações. O Plágio Integral ou Direto, pela sua natureza explícita de cópia textual, contrasta com o Plágio Parcial ou Indireto, que envolve a combinação de trechos de diferentes fontes sem a devida atribuição, apresentando desafios distintos para a detecção. Enquanto o Plágio Direto é mais facilmente identificável com o auxílio de softwares especializados, o Plágio Parcial requer uma análise mais aprofundada e, muitas vezes, a intervenção direta de educadores e orientadores familiarizados com o trabalho do aluno.

O Plágio Conceitual, por sua vez, destaca-se pela reutilização de ideias, teorias ou conceitos sem atribuição adequada, exigindo um conhecimento profundo do assunto para sua detecção, o que evidencia a complexidade em identificar apropriações intelectuais indébitas que vão além da mera cópia textual. Similarmente, o Plágio de Fontes, que envolve a utilização de citações sem acesso à obra original, desafia a autenticidade e a integridade da pesquisa, refletindo as nuances envolvidas na prática do plágio que vão além do plágio textual.

O Plágio Consentido e o Plágio por Erro Técnico introduzem a dimensão da intencionalidade na discussão, com o primeiro implicando uma cumplicidade entre autor e plagiador, e o segundo destacando a importância da educação sobre as práticas corretas de citação e referência para evitar mal-entendidos e erros acidentais. Estas formas de plágio ressaltam a relevância de abordagens educativas e preventivas, além das punitivas, no combate ao plágio.

Já o Autoplágio aborda a questão da reutilização do próprio trabalho do autor sem a devida citação, trazendo à tona debates sobre a originalidade e a ética na publicação científica. As motivações para o Autoplágio, muitas vezes relacionadas à pressão acadêmica, bem como as suas implicações, que incluem a diluição da qualidade científica e possíveis sanções acadêmicas, ilustram a complexidade das questões éticas envolvidas na prática do plágio em suas diversas formas. De acordo com Brito (2021), a cultura produtivista presente na academia brasileira tem contribuído para o aumento do autoplágio, prática em que autores reutilizam total ou parcialmente seus trabalhos já publicados como se fossem inéditos, visando aumentar o número de publicações.

Conforme Diniz e Terra (2014), embora seja frequentemente discutido no meio acadêmico, o conceito de autoplágio parece contraditório. Se o plágio é definido como a apropriação indevida do trabalho de outro autor, como classificar a repetição do próprio trabalho? Ainda em conformidade com as autoras supracitadas, aoautoplágio é, essencialmente, uma autorrepetição, e definir tal ato como plágio parece impreciso e que, no entanto, a repetição textual de si mesmo possa levantar questões éticas, estas são diferentes daquelas relacionadas ao plágio, exigindo, portanto, uma análise mais aprofundada e diferenciada.

Essa análise comparativa destaca não apenas as diferenças nas formas de plágio, mas também a importância de estratégias diferenciadas para a detecção e prevenção de cada tipo, sublinhando a necessidade de uma abordagem holística que incorpore tanto medidas educativas para a concientização sobre plágio quanto tecnológicas para sua detecção, e éticas com criação de políticas claras sobre o tema, com consequências justas, incentivando a colaboração e a produção de conhecimento original.

Intenções por trás do plágio

Eis uma situação vivenciada por um dos autores, em uma aula do primeiro semestre de graduação, ao solicitar resumos simples como parte da avaliação, surgiu um caso flagrante de Plágio Integral, onde texto e a referência foram extraídos integralmente de uma publicação. Ao confrontar o estudante de maneira severa sobre a falta de ética e honestidade, citando o Regulamento Didático da Instituição que trata o plágio como falta grave podendo culminar no cancelamento de sua matrícula, o graduando argumentou que havia incluído a referência, acreditando que isso o isentava de qualquer violação. Este momento revelou que o ato não foi intencional, mas sim um erro por falta de conhecimento, Plágio por Erro Técnico. Reconhecendo a reação desproporcional, houve um recuo e utilização da situação como uma oportunidade educativa, explicando ao graduando o que é plágio e a importância da originalidade e da correta atribuição de créditos em trabalhos acadêmicos, transformando um incidente em um momento de aprendizado.

Como foi exemplificado, as intenções por trás do plágio são variadas e complexas, refletindo uma gama de motivações pessoais, acadêmicas e profissionais. Essas motivações podem ser classificadas em várias categorias, incluindo pressão por desempenho, falta de conhecimento ou habilidades, e, em alguns casos, desonestidade deliberada. Algumas motivações podem ser elencadas no Quadro 8.

Quadro 8 Algumas motivações que levam os autores a cometer o Plágio 

Motivação Contextualização
Pressão por Desempenho Uma das principais razões que levam ao plágio é a pressão para atingir certos padrões acadêmicos ou profissionais. No meio acadêmico, estudantes podem se sentir pressionados a obter boas notas, cumprir prazos apertados ou atender às expectativas de professores e colegas. Isso é particularmente prevalente em ambientes competitivos, onde o sucesso acadêmico é fortemente valorizado e pode determinar futuras oportunidades de carreira. A pressão pode ser ainda mais intensa para pesquisadores e acadêmicos que buscam publicar seus trabalhos em periódicos de alto impacto para avançar em suas carreiras, resultando na máxima “publicar ou perecer”.
Falta de Conhecimento ou Habilidades Muitas vezes, o plágio ocorre devido à falta de conhecimento sobre o que constitui plágio e como evitar cometê-lo. Alunos e até alguns pesquisadores podem não estar plenamente cientes das normas de citação e referência, ou podem não ter desenvolvido habilidades adequadas de parafraseamento e síntese de informações. Essa falta de compreensão pode levar a erros involuntários que resultam em plágio.
Desonestidade Deliberada Em outros casos, o plágio pode ser um ato de desonestidade intencional, em que o autor busca obter vantagem ou reconhecimento indevido por um trabalho que não realizou. Isso pode ser motivado por uma variedade de razões, incluindo a crença de que é possível escapar da detecção, a percepção de que as consequências do plágio são mínimas ou a pressão para atender a certas expectativas ou padrões de desempenho.
Acesso Limitado a Recursos Em alguns contextos, o plágio pode ser motivado pelo acesso limitado a recursos educacionais, literatura de pesquisa ou materiais de estudo. Isso pode ser particularmente desafiador para estudantes e pesquisadores de regiões com menos recursos, onde o acesso a bibliotecas ou bases de dados científicas é restrito, forçando-os a depender de fontes disponíveis que podem não ser citadas adequadamente.
Cultura Acadêmica e Expectativas A cultura e as expectativas institucionais também desempenham um papel significativo nas motivações para o plágio. Em ambientes onde a integridade acadêmica não é enfatizada ou onde práticas desonestas são toleradas ou ignoradas, pode haver um aumento na incidência de plágio.

Fonte: Dados das discussões realizada.

As intenções por trás do plágio são múltiplas e refletem uma interseção de fatores individuais, educacionais e socioculturais. A prevenção eficaz e o combate ao plágio requerem uma abordagem multifacetada que inclua educação sobre ética em pesquisa e escrita, desenvolvimento de habilidades acadêmicas, acesso a recursos adequados e a promoção de uma cultura de integridade e respeito pelo trabalho intelectual alheio.

Dificuldades editoriais no enfrentamento do plágio

Com base nas discussões sobre situações já vivenciadas pelos autores, destaca-se desafios significativos ao tentar identificar e combater diferentes tipos de plágio. Cada tipo de plágio apresenta obstáculos únicos que exigem estratégias específicas para sua detecção e resolução.

O Plágio Integral ou Direto, sendo a cópia literal de textos sem atribuição, pode ser mais facilmente identificado com o uso de ferramentas de detecção de plágio. No entanto, essas ferramentas podem não ser eficazes contra o Plágio Parcial ou Indireto, que envolve a combinação de fragmentos de diferentes fontes. Este último exige uma análise mais detalhada para discernir a originalidade do texto, dada a sutileza com que os fragmentos são integrados.

O Plágio Conceitual, que se refere à apropriação das ideias de outrem reescritas com outras palavras, impõe ainda mais dificuldades de detecção, pois as ferramentas de plágio padrão podem não identificar a reutilização de conceitos sem uma correspondência textual direta. Similarmente, o Plágio de Fontes, caracterizado pelo uso de citações de terceiros como se o plagiador tivesse acessado a fonte original, desafia os editores a verificar a autenticidade da pesquisa e das referências citadas.

O Plágio Consentido introduz uma camada de complexidade adicional, pois envolve um acordo entre o autor e o plagiador, muitas vezes oculto aos editores e revisores. Identificar essa forma de plágio requer uma investigação aprofundada sobre a origem e a contribuição dos trabalhos submetidos.

O Plágio por Erro Técnico e o Autoplágio representam dilemas éticos distintos. No caso do plágio acidental, a falha na citação devido ao desconhecimento ou esquecimento das normas de atribuição pode gerar compaixão ou exigir abordagens educativas, ao invés de punitivas. Já o Autoplágio, que envolve a reutilização de próprio trabalho sem citação adequada ou permissão do editor, questiona a originalidade e o valor da contribuição científica, desafiando os editores a distinguir entre práticas aceitáveis de reciclagem de conteúdo e violações éticas.

Portanto, os editores devem navegar por um terreno complexo, equilibrando a aplicação de tecnologias de detecção de plágio, a avaliação cuidadosa das práticas de citação e referência, e a educação dos autores sobre as normas de integridade acadêmica. Isso requer um compromisso contínuo com a formação e a atualização de políticas editoriais, bem como uma abordagem criteriosa e justa para lidar com as infrações, visando preservar a confiança e a credibilidade na comunicação científica.

Estratégias editoriais no combate ao plágio

Para combater o plágio, os editores de periódicos científicos podem adotar uma variedade de estratégias eficazes, refletindo um compromisso com a integridade acadêmica e a qualidade da pesquisa publicada. Embora não tenha acesso a bases de dados de publicações externas no momento para fornecer referências diretas a publicações específicas, há práticas reconhecidas na literatura acadêmica e em diretrizes de editoras renomadas.

Uma estratégia fundamental é a implementação e o uso de ferramentas de detecção de plágio, como o iThenticate e o Plagius, que comparam os textos submetidos com um vasto banco de dados de trabalhos publicados e documentos online para identificar possíveis sobreposições (López-Ornelas; Lever; López, 2017). Essas ferramentas são amplamente discutidas em guias de boas práticas editoriais, como os oferecidos pelo Committee on Publication Ethics (COPE, 2024).

Além disso, é essencial estabelecer políticas claras de submissão e publicação que definam o plágio explicitamente e esclareçam as consequências para os autores que infringirem essas políticas. Editoras e associações, como a Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC), fornecem exemplos dessas diretrizes, incentivando a transparência e o entendimento mútuo entre autores e editores (Montero; Garcia, 2023).

Promover a educação e a conscientização sobre ética em pesquisa e escrita acadêmica é outra estratégia chave. Workshops, seminários e recursos online oferecidos por instituições acadêmicas e organizações profissionais têm o potencial de reduzir o plágio, fornecendo aos autores o conhecimento necessário para evitar práticas desonestas. A iniciativa “Research Integrity” da Springer Nature é um exemplo de recursos destinados a apoiar pesquisadores e editores na promoção da integridade na pesquisa (Springer, 2023). O termo "integridade na pesquisa" refere-se à adesão às normas éticas de publicação científica, visando prevenir fraudes como falsificação ou fabricação de dados, duplicidade de publicação e plágio (Pithan; Vidal, 2013).

O estabelecimento de um processo rigoroso de revisão por pares também é crucial. Ao envolver especialistas na área, os editores podem identificar não apenas questões relacionadas ao plágio, mas também avaliar a originalidade e a contribuição do trabalho. Publicações do COPE discutem a importância da revisão por pares no controle de qualidade do processo editorial (COPE, 2019).

A construção de uma cultura de integridade e ética dentro da comunidade acadêmica, apoiada por editoras, instituições de ensino e pesquisadores, é vital. Esta abordagem holística envolve não apenas a detecção e punição do plágio, mas também a valorização e o reconhecimento da pesquisa original e ética. Publicações como “Promoting Research Integrity in a Global Environment” exploram estratégias globais para fomentar a integridade em pesquisa (Mayer; Steneck, 2012apudCalva; Lanzagorta; González, 2017).

Embora essas estratégias não garantam a eliminação completa do plágio, sua implementação e aprimoramento contínuos podem significativamente reduzir sua incidência e promover uma cultura de respeito pela propriedade intelectual e pela ética acadêmica. O Quadro 9 apresenta uma série de estratégias que visam a prevenção e o combate a cada um dos sete tipos de plágios que por ventura os autores possam vir a cometer ou ter cometido no processo de escrita do texto, além de expor algumas considerações sobre essas estrátegias.

Quadro 9 Estratégias de prevenção e combate por tipo de Plágio 

Tipo de plágio Estratégias Considerações
Plágio Integral ou Direto Educação sobre Ética em Pesquisa: Promover a conscientização e o entendimento sobre os princípios éticos na pesquisa e a importância da integridade acadêmica é fundamental. Isso inclui instruir sobre como citar corretamente as fontes e reconhecer a autoria de ideias e conteúdos.
Utilização de Ferramentas de Detecção de Plágio: A adoção de softwares especializados ajuda a identificar casos de plágio direto, funcionando tanto como um mecanismo de detecção quanto de dissuasão.
Políticas Claras e Consequências Definidas: Instituições acadêmicas devem estabelecer políticas claras contra o plágio, incluindo as penalidades aplicáveis, garantindo que todos os envolvidos estejam cientes das regras e das consequências de sua violação.
O Plágio Integral ou Direto é um problema sério que desafia a integridade e a ética no ambiente acadêmico e científico. Combater essa prática exige um esforço conjunto de educação, prevenção e aplicação rigorosa das normas éticas, assegurando assim a valorização e o respeito pelo trabalho intelectual original.
Plágio Parcial ou Indireto Educação e Treinamento: É crucial oferecer formação contínua sobre ética na pesquisa e práticas adequadas de escrita acadêmica, incluindo a correta utilização de citações e referências.
Políticas Claras de Plágio: As instituições devem desenvolver e comunicar claramente suas políticas de plágio, enfatizando a importância da originalidade e da integridade acadêmica.
Ferramentas de Detecção de Plágio: A utilização dessas ferramentas pelos educadores pode ajudar na identificação de casos suspeitos, mas deve ser complementada por uma análise qualitativa do trabalho.
O Plágio Parcial ou Indireto desafia a integridade da pesquisa científica e acadêmica, exigindo uma abordagem multifacetada para sua detecção e prevenção. A conscientização, a educação e a implementação de políticas rigorosas são essenciais para cultivar um ambiente acadêmico baseado na ética e na originalidade.
Plágio Conceitual Educação e Conscientização: Promover a consciência sobre a importância da ética na pesquisa e ensinar corretamente as práticas de citação e referência são fundamentais para prevenir o Plágio Conceitual.
Orientação Adequada: Professores e orientadores devem estar atentos ao estilo de escrita e aos conhecimentos prévios dos estudantes ou pesquisadores, oferecendo orientação adequada sobre como incorporar ideias alheias de maneira ética.
Crédito aos Autores Originais: Encorajar a prática de atribuir crédito de maneira cuidadosa e precisa, mesmo quando as ideias são reexpressas com novas palavras, reforça a importância da integridade acadêmica.
O Plágio Conceitual reflete uma das faces mais sutis da desonestidade acadêmica, exigindo uma abordagem multidisciplinar para sua identificação e prevenção. A valorização da originalidade e o respeito pelo trabalho intelectual alheio são pilares essenciais na construção de um ambiente acadêmico ético e responsável.
Plágio de Fontes Educação sobre Práticas de Citação: Promover a compreensão das práticas corretas de citação e referência, incluindo o uso adequado da citação de citação, é fundamental para prevenir o Plágio de Fontes.
Verificação de Fontes Primárias: Incentivar os pesquisadores a verificarem as fontes primárias sempre que possível fortalece a qualidade e a confiabilidade do trabalho científico.
Políticas Claras sobre Plágio: Instituições de ensino e periódicos científicos devem estabelecer políticas claras sobre o plágio, incluindo o Plágio de Fontes, e as consequências de tais atos.
O Plágio de Fontes representa um desafio significativo à integridade acadêmica e científica. A conscientização sobre as práticas éticas de pesquisa e a implementação de estratégias eficazes para a detecção e prevenção são essenciais para combater essa forma de plágio e preservar a credibilidade da produção intelectual.
Plágio Consentido Promoção da Ética Acadêmica: Instituições de ensino e pesquisa devem promover ativamente a ética na pesquisa, educando estudantes e pesquisadores sobre a importância da integridade acadêmica e as consequências do plágio.
Políticas Claras de Coautoria: Definição clara de critérios para coautoria em publicações científicas, exigindo que todos os listados como autores tenham contribuído significativamente para o trabalho.
Monitoramento de Práticas de Compra e Venda de Trabalhos: Implementação de medidas para detectar e desencorajar a comercialização de trabalhos acadêmicos, incluindo sanções para aqueles que participam dessas transações.
Reforço das Consequências Legais e Acadêmicas: Clareza nas penalidades associadas ao Plágio Consentido, tanto no âmbito legal quanto institucional, pode servir como um forte desincentivo a essa prática.
O Plágio Consentido desafia diretamente os valores fundamentais da pesquisa acadêmica, exigindo uma resposta multifacetada que inclua educação, políticas claras e a aplicação rigorosa das normas éticas e legais. Ao abordar efetivamente o Plágio Consentido, as instituições podem proteger a integridade da produção científica e acadêmica.
Plágio por Erro Técnico Educação e Treinamento: Programas de formação sobre integridade acadêmica e práticas corretas de citação podem ajudar a minimizar os casos de plágio acidental, fornecendo aos autores o conhecimento necessário para evitar tais erros.
Ferramentas de Verificação de Plágio: O incentivo ao uso de softwares de detecção de plágio pelos próprios autores como parte do processo de revisão pode auxiliar na identificação e correção de possíveis plágios acidentais antes da submissão dos trabalhos.
Políticas de Retratação e Correção: Instituições acadêmicas e editores devem ter políticas claras que permitam a correção de trabalhos que contenham plágio acidental, possibilitando a retratação ou correção do registro acadêmico de forma a preservar a integridade da pesquisa.
O Plágio por Erro Técnico destaca a necessidade de um compromisso contínuo com a educação em práticas de escrita acadêmica e integridade de pesquisa. Ao abordar as causas fundamentais do plágio acidental, as comunidades acadêmica e científica podem trabalhar para reduzir sua incidência e promover um ambiente de pesquisa ético e responsável.
Autoplágio Educação sobre Práticas Éticas: A conscientização sobre as práticas éticas em pesquisa e publicação é fundamental para prevenir o Autoplágio. Pesquisadores devem ser educados sobre a importância da originalidade e sobre como citar adequadamente seus trabalhos anteriores.
Políticas Editoriais Claras: Periódicos e conferências devem estabelecer políticas claras relacionadas ao Autoplágio, incluindo diretrizes sobre autocitação e reutilização de material já publicado. Essas políticas devem ser comunicadas de forma transparente aos autores.
Verificação Rigorosa na Submissão: Editores e revisores devem realizar verificações cuidadosas das submissões para identificar possíveis casos de Autoplágio. Isso pode incluir o uso de ferramentas de detecção de plágio e uma revisão das publicações anteriores do autor.
Encorajamento à Inovação e Originalidade: Incentivar a produção de conhecimento original e inovador é essencial para combater a prática de reciclar conteúdo. Isso pode ser feito por meio de políticas de financiamento, critérios de avaliação acadêmica e reconhecimento de trabalhos genuinamente inovadores.
O Autoplágio coloca em questão a integridade da comunicação científica e desafia as instituições acadêmicas e editoriais a desenvolverem estratégias eficazes para promover a originalidade e a transparência nas publicações científicas. Ao abordá-lo de maneira proativa, a comunidade acadêmica pode assegurar que o corpo de conhecimento científico permaneça robusto, confiável e livre de redundâncias desnecessárias.

Fonte: Dados das discussões realizadas.

A análise dos diferentes tipos de plágio e as estratégias sugeridas para combatê-los reflete a complexidade e a nuance envolvidas no manejo da integridade acadêmica. O Plágio Integral ou Direto, evidenciando a apropriação direta do trabalho alheio, destaca a necessidade crítica de educação em ética de pesquisa, o uso de ferramentas de detecção e políticas claras como medidas preventivas e punitivas. Da mesma forma, o Plágio Parcial ou Indireto ressalta a importância da formação contínua e do desenvolvimento de políticas claras para promover a originalidade e a integridade, dada a sua detecção mais complexa que exige uma análise mais qualitativa.

O Plágio Conceitual, por sua vez, sublinha a necessidade de uma consciência e orientação aprimoradas em torno da ética na pesquisa para garantir que as ideias sejam incorporadas de maneira ética, enquanto o Plágio de Fontes chama atenção para a importância de verificar as fontes originais e utilizar corretamente as citações. Ambos requerem uma abordagem educacional robusta e políticas claras para prevenir a má conduta.

O Plágio Consentido ilustra o desafio adicional da cumplicidade nas violações da integridade acadêmica, exigindo uma combinação de promoção da ética acadêmica, políticas claras de coautoria e monitoramento de práticas desonestas, como a venda de trabalhos acadêmicos. Esse tipo de plágio enfatiza a necessidade de reforçar as consequências legais e acadêmicas para dissuadir tal comportamento.

Por outro lado, o Plágio por Erro Técnico e o Autoplágio trazem à tona a importância da educação e do treinamento em práticas de citação e ética de publicação para prevenir a reutilização indevida de material, seja por desconhecimento ou pela pressão do ambiente acadêmico. A implementação de políticas editoriais claras e verificações rigorosas durante a submissão são vitais para identificar e corrigir essas formas de plágio.

A reflexão sobre estas informações evidencia uma verdade fundamental: a prevenção e o combate ao plágio em suas diversas formas requerem uma abordagem holística que englobe educação, políticas claras, ferramentas tecnológicas de apoio e um compromisso inabalável com a ética de pesquisa. Promovendo um ambiente acadêmico que valoriza a honestidade, a originalidade e a integridade, é possível assegurar a credibilidade e o valor da pesquisa científica para a comunidade global.

Considerações finais

Nesta pesquisa, buscou-se discutir estratégias editoriais empregadas na prevenção e detecção do plágio para publicação em periódicos científicos, levando em consideração as variadas definições de plágio, os tipos identificados e as motivações por trás dessa prática. A análise demonstrou que, embora haja um esforço considerável para combater o plágio através de medidas educativas, tecnológicas e políticas claras. Isso se deve à complexidade intrínseca ao plágio e às suas diversas manifestações, que exigem uma constante evolução das estratégias de detecção e prevenção.

As discussões evidenciaram uma contribuição para a compreensão da complexidade do plágio acadêmico e destacaram a necessidade de uma abordagem multifacetada para combatê-lo. Ao explorar as diversas definições, tipos e motivações por trás do plágio, a pesquisa oferece recomendações para o desenvolvimento de estratégias que visem a eficácia na prevenção e detecção, que podem ser adaptadas às necessidades específicas de cada contexto acadêmico e editorial. As limitações da pesquisa estão relacionadas principalmente à diversidade das práticas de plágio e à evolução constante das técnicas para sua realização, o que desafia a efetividade das ferramentas de detecção. Adicionalmente, a variabilidade nas políticas editoriais entre diferentes periódicos e campos de estudo representa um obstáculo para a uniformidade nas práticas de combate ao plágio.

Esta pesquisa também contribui para a literatura existente ao evidenciar a necessidade de uma abordagem multifacetada no combate ao plágio, que não se limite apenas à detecção e punição, mas que também enfatize a importância da educação sobre integridade acadêmica e práticas éticas de pesquisa.

Para estudos futuros, sugere-se a investigação sobre a eficácia de programas educacionais específicos na mudança de atitudes e práticas relacionadas ao plágio, bem como o desenvolvimento de novas tecnologias de detecção que possam adaptar-se às mudanças nas práticas de escrita e publicação científica, contribuindo para um ambiente acadêmico mais íntegro e ético.

Como citar: LOPES, T. B.; COSTA, D. E.; BRACHO, L. A. C.; CARNEIRO, R. S. Desafios no combate ao plágio na comunidade científica: perspectivas de experiências editoriais. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, PUCPRESS, v. 24, n. 82, p. 906-924, 2024. https://doi.org/10.7213/1981-416X.24.082.DS04

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Recebido: 31 de Março de 2024; Aceito: 25 de Junho de 2024

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Artigo oriundo de discussões empíricas e teóricas de um grupo de quatro editores de periódicos situados na Amazônia Legal Brasileira.

[a] Doutor em Educação em Ciências e Matemática, e-mail: thiago.lopes@ifmt.edu.br

[b] Doutor em Educação em Ciências e Matemática, e-mail: dailson_costa@uft.edu.br

[c] Doutorando em Educação em Ciências e Matemática, e-mail: luiscastleb@gmail.com

[d] Doutorando em Educação, e-mail: raylson@uft.edu.br

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