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Revista Brasileira de Educação Médica
versão impressa ISSN 0100-5502versão On-line ISSN 1981-5271
Resumo
BOND, Marina Macedo Kuenzer et al. Prevalência de Burnout entre Médicos Residentes de um Hospital Universitário. Rev. Bras. Educ. Med. [online]. 2018, vol.42, n.3, pp.97-107. ISSN 1981-5271. https://doi.org/10.1590/1981-52712015v42n3RB20170034.r3.
Introdução
A medicina é uma atividade laborativa conhecida por elevados padrões de exigência. O período de formação do profissional médico inclui a residência médica, etapa em que fatores estressores podem ser magnificados. Assim, essa população poderia estar mais suscetível a síndrome de exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização profissional, conhecida como burnout.
Objetivo
Determinar a prevalência de burnout e de cada uma de suas dimensões na população de médicos residentes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e investigar características sócio-ocupacionais associadas.
Métodos
Estudo transversal com médicos residentes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), realizado no período de dezembro de 2015 a janeiro de 2016, mediante aplicação de um instrumento informatizado que contém dois questionários: um com variáveis sociodemográficas e o questionário Maslach Burnout Inventory (MBI). Análise estatística foi realizada pelo software SPSS versão 18, sendo utilizado o teste exato de Fisher e o teste do Qui-Quadrado de Pearson para as correlações.
Resultados
Dos 506 médicos residentes do HCPA, 151 participaram voluntariamente do estudo. Burnout esteve presente em 123 participantes (81,5%). “Exaustão emocional” foi a mais frequente dimensão (53%), seguida por “despersonalização” (47,7%) e “falta de realização profissional” (45%). Gênero masculino e residentes do segundo ano apresentaram maior possibilidade estatística de desenvolver burnout, sendo que os últimos também apresentaram menor realização profissional e maior despersonalização. Residentes do quarto ano estiveram menos associados à despersonalização e ao burnout de maneira global. Residentes de especialidades cirúrgicas estiveram menos associados à exaustão emocional. Cursar Psiquiatria mostrou-se um fator protetor para despersonalização, enquanto Radiologia apresentou ser um risco para essa dimensão.
Conclusão
A alta prevalência de burnout entre médicos residentes, especialmente entre aqueles que cursam o segundo ano, suscita preocupação, uma vez que pode levar ao risco de desenvolver depressão, ao abandono profissional e à diminuição na qualidade assistencial prestada aos pacientes. Assim, medidas preventivas contra seu desenvolvimento, associadas ao diagnóstico precoce e manejo clínico adequado, são fundamentais para a redução de sua prevalência.
Palavras-chave : Esgotamento Profissional; Prevalência; Internato e Residência.