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Educação: Teoria e Prática

versão impressa ISSN 1993-2010versão On-line ISSN 1981-8106

Educ. Teoria Prática vol.33 no.66 Rio Claro  2023

https://doi.org/10.18675/1981-8106.v33.n.66.s16808 

Artigos

Atuação docente e pandemia: o trabalho de professores do município de Cascavel/PR

Teaching performance and pandemic: the work of teachers in the city of Cascavel/PR

Actuación docente y pandemia: el trabajo de los profesores en el municipio de Cascavel/PR

Geovane dos Santos da Rocha1 
http://orcid.org/0000-0002-4706-3426

Elisabeth Rossetto2 
http://orcid.org/0000-0002-4581-2446

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, Paraná – Brasil. E-mail: geovanesdarocha@outlook.com.

2Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, Paraná – Brasil. E-mail: erossetto2013@gmail.com.


Resumo

A COVID-19 desencadeou, nos anos de 2020 a 2022, uma pandemia de escala mundial. Em razão de a propagação do vírus se dar pelo contato interpessoal, suspenderam-se temporariamente as atividades escolares presenciais e empregou-se a metodologia do ensino remoto. Considerando esse contexto, o presente estudo objetivou analisar o trabalho docente ao longo da pandemia e, para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa de campo com 170 professores do Ensino Fundamental – Anos Iniciais do município de Cascavel/PR, os quais responderam a um questionário constituído por questões abertas e fechadas. Os dados colhidos foram interpretados por meio de análise estatística e análise temática. Com a Psicologia Histórico-Cultural, foi possível constatar que a pandemia de COVID-19 repercutiu negativamente sobre o trabalho docente, uma vez que as práticas pedagógicas distanciaram-se do papel do professor de promover a apropriação do conhecimento pelos alunos. Ao contrário, o trabalho dos professores relacionou-se com a reprodução mecânica de conteúdos e as atividades burocráticas e de planejamento. Ressalta-se, a partir disso, a importância do papel do professor como agente capaz de fomentar a aprendizagem, o senso de autonomia e a criatividade dos alunos, amparando-se numa prática pedagógica crítica e humanizadora.

Palavras-chave COVID-19; Pandemia; Professores; Atuação Docente; Psicologia Histórico-Cultural

Abstract

COVID-19 caused, in the years 2020 to 2022, a global-scale pandemic. Due to the spread of the virus through interpersonal contact, presential school activities were temporarily suspended and the methodology of remote teaching was used. Considering this context, the present study aimed to analyze the teaching work throughout the pandemic. For that, a field research was carried out with 170 teachers of Elementary School - Early Years in the city of Cascavel/PR, who answered a questionnaire consisting of open and closed questions. The data collected were interpreted through statistical analysis and thematic analysis. With Historical-Cultural Psychology, it was possible to verify that the COVID-19 pandemic had a negative impact on teaching work, since pedagogical practices distanced themselves from the teacher's role of promoting the appropriation of knowledge by students. On the contrary, the teachers' work was related to the mechanical reproduction of contents and to bureaucratic and planning activities. Based on this, the importance of the teacher's role as an agent capable of promoting learning, the sense of autonomy and creativity of students is highlighted, supported by a critical and humanizing pedagogical practice.

Keywords COVID-19; Pandemic; Teachers; Teaching Performance; Historical-Cultural Psychology

Resumen

El COVID-19 desencadenó, en los años 2020 a 2022, una pandemia a escala global. Debido a la propagación del virus ocurror por contacto interpersonal, se suspendieron temporalmente las actividades escolares presenciales y se utilizó la metodología de enseñanza a distancia. Considerando este contexto, el presente estudio tuvo como objetivo analizar el trabajo docente a lo largo de la pandemia y, para eso, se realizó una investigación de campo con 170 docentes de la Educación Primaria de la ciudad de Cascavel/PR, quienes respondieron un cuestionario compuesto por preguntas abiertas y cerradas. Los datos recolectados han sido interpretados a través de análisis estadístico y análisis temático. Con la Psicología Histórico-Cultural se pudo constatar que la pandemia de la COVID-19 impactó negativamente el trabajo docente, ya que las prácticas pedagógicas se distanciaron del rol del profesosr de promover la apropiación del conocimiento por parte de los estudiantes. Por el contrario, el trabajo de los profesores estaba relacionado con la reproducción mecánica de contenidos y con actividades burocráticas y de planificación. A partir de ello, se destaca la importancia del papel del profesor como agente capaz de promover el aprendizaje, el sentido de autonomía y la creatividad de los estudiantes, sustentado en una práctica pedagógica crítica y humanizadora.

Palabras clave COVID-19; Pandemia; Profesores; Actuación docente; Psicología Histórico-Cultural

1 Introdução

A COVID-19, patologia originada pelo novo agente do coronavírus (SARS-CoV- 2), desencadeou uma pandemia de escala mundial nos anos de 2020 a 2022. Em razão de sua condição de vírus, em que a transmissão se dá por meio de contato interpessoal, diversas medidas foram empregadas para o controle de sua proliferação. Entre elas, instituições educacionais de todos os níveis de ensino utilizaram o ensino remoto para dar andamento às atividades, com o objetivo de colaborar com o isolamento social. Para tanto, os professores necessitaram reformular a maneira de desenvolver seu trabalho.

Na Psicologia Histórico-Cultural, o processo de ensino e aprendizagem é colocado em uma posição de extrema importância, uma vez que, por meio dele, ocorrem a transmissão e a apropriação da cultura – que permitem à humanidade a aquisição das capacidades e características próprias do ser humano. Assim, as atividades desenvolvidas na escola possibilitam a apropriação de conhecimentos produzidos e acumulados no decurso da história social da espécie humana, o que motiva, consequentemente, a criação de novas aptidões e o desenvolvimento das funções psicológicas superiores.

Para o aluno passar das funções psicológicas elementares para as superiores, a figura do professor é essencial, pois este realiza atividades pedagógicas com o propósito de promover transformações no processo de desenvolvimento. Cabe ao professor definir os modos como os conteúdos serão trabalhados, levando os alunos a dominarem e utilizarem o conhecimento por meio das atividades de estudo. Nesse sentido, é necessário adotar procedimentos com determinada finalidade, bem como dispor de um planejamento intencional que vise àquilo que se pretende atingir.

Parte-se do princípio de que a realização de atividades pedagógicas sem a presença do professor, tal como ocorreu ao longo da pandemia de COVID-19, pode não ter sido suficiente para a efetividade do processo de ensino e aprendizagem, visto que a atuação docente esteve limitada em razão das medidas de distanciamento social. Ao contrário da forma como normalmente ocorriam as aulas, em que o professor elaborava atividades de forma intencional e podia adaptá-las de acordo com o momento e com as necessidades dos alunos, o ensino no período de pandemia trouxe entraves ao exercício profissional docente por compor uma metodologia nova que ainda não tinha bases concretas, ao contrário do que ocorre no ensino presencial e no ensino a distância, que já têm efetividade comprovada por possuírem uma sistematização apropriada.

Considerando o contexto antes anunciado, emerge a seguinte problemática: quais foram as condições de trabalho de professores do Ensino Fundamental – Anos Iniciais na pandemia de COVID-19? Quais foram o caráter e as particularidades da atuação docente nesse período específico? Para responder a esses questionamentos, o presente estudo analisou o trabalho de docentes na pandemia de COVID-19 por meio de uma pesquisa de campo com a participação de 170 professores do Ensino Fundamental – Anos Iniciais atuantes no município de Cascavel, estado do Paraná. O instrumento de coleta de dados foi um questionário com questões elaboradas pelos próprios pesquisadores e aplicado de forma não presencial/on-line.

A temática é instigadora em virtude da importância de pesquisas que se proponham a investigar os fenômenos que possam estar interferindo nas atividades desenvolvidas pelos professores, principalmente num momento pandêmico. Dá-se destaque, neste estudo, a professores do Ensino Fundamental – Anos Iniciais pelo fato de que, nesse ciclo de ensino, desenvolve-se o processo de alfabetização, e o papel do professor é de extrema relevância. Os resultados foram analisados com o auxílio da Psicologia Histórico-Cultural de Lev Semionovitch Vigotski (1896-1934) e de autores correlacionados. Priorizou-se essa corrente teórica por compor um referencial que permite ao pesquisador interpretar integralmente a realidade do fenômeno que está sendo estudado.

2 Caminhos metodológicos

Para o estudo, desenvolveu-se uma pesquisa de campo que, de acordo com Gil (2019), trabalha diretamente com os sujeitos envolvidos no problema investigado. Trata-se de uma metodologia utilizada para obter informações específicas sobre o fenômeno que está sendo estudado. A pesquisa de campo foi desenvolvida com base em método misto, que emprega procedimentos quantitativos e qualitativos. Segundo Cresswell e Clark (2018), em estudos de cunho misto, o pesquisador concentra-se em coletar dados quantitativos (informações numéricas) e dados qualitativos (informações de texto).

Para a coleta de dados, utilizou-se um questionário próprio, constituído por questões abertas e fechadas, o qual versava sobre as atividades profissionais docentes em tempos de pandemia. De acordo com Marconi e Lakatos (2021), um instrumento como esse é composto por uma série de perguntas enviadas para serem respondidas sem a presença do pesquisador. Entre as possibilidades de questionário, optou-se pelas escalas de autoavaliação, definidas por Shaughnessy, Zechmeister e Zechmeister (2012) como instrumentos utilizados para a avaliação do juízo dos participantes sobre questões apresentadas na escala (eventos da vida) e para a averiguação da dimensão de fenômenos (nível de estresse, estado de humor etc.).

Delimitaram-se como sujeitos participantes da pesquisa professores do Ensino Fundamental – Anos Iniciais (1º ao 5º ano) do município de Cascavel/PR. O questionário foi enviado aos professores via e-mail, mais especificamente nos meses de setembro e outubro de 2020, tendo permanecido disponível para resposta por dois meses. Até o fim do período estipulado para a coleta de dados, 170 professores responderam, o que corresponde a 10,8% dos docentes do município.

Com as respostas à disposição, iniciou-se a etapa do levantamento e análise dos dados. Para tanto foram examinados, seguindo-se os preceitos de Cresswell e Clark (2018), níveis múltiplos: um nível focou as informações numéricas da amostra (análise quantitativa) e outro explorou as informações de texto obtidas (análise qualitativa). No que se refere ao primeiro nível, os seguintes passos foram adotados: verificação do número de participantes que responderam o questionário; observação e descrição das informações alcançadas; exame dos dados para averiguação de possíveis erros, como valores omitidos ou impossíveis; e estabelecimento de correlações entre os itens.

No segundo nível, foi adotada a análise temática, descrita por Minayo (2009), cujo tema da pesquisa é o conceito central, neste caso, a atuação docente. Assim, seguiram-se os seguintes passos: disposição das respostas qualitativas em um único documento para observação; leitura das informações colhidas; decomposição e classificação das respostas com base em categorias. Satisfeitos os passos iniciais dos dois níveis, os dados foram discutidos e analisados com auxílio da Psicologia Histórico-Cultural de Vigotski, além de outros autores que coadunam com essa perspectiva. A teoria não trata diretamente da questão do ensino remoto emergencial, mas analisa as condições necessárias para a efetividade do processo de ensino e aprendizagem, sendo as discussões desenvolvidas a partir desse olhar, mas sob propriedade do autor da pesquisa.

3 Resultados e discussão

No início do ano de 2020, instituições escolares no mundo todo adotaram medidas de interrupção parcial ou total de suas atividades como forma de restrição social em combate à pandemia de COVID-19. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, 2021), cerca de um bilhão de estudantes foram afetados pelo fechamento temporário das escolas – tal estimativa varia conforme o mês e as medidas adotadas por cada governo. No Brasil, a suspensão das atividades presenciais nas instituições de ensino iniciou-se no mês de março de 2020, havendo divergência no dia de acordo com cada estado. A partir daquele mês todas as instituições, em todos os níveis de ensino, utilizaram o ensino remoto emergencial para a execução de suas atividades.

Esse procedimento foi amparado pelo inciso IV do artigo 32 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que dispõe que o ensino a distância pode ser utilizado em complementação à aprendizagem ou, ainda, em situações emergenciais. O documento que definiu e caracterizou a metodologia do ensino remoto emergencial foi, entretanto, o Parecer nº 005/2020 do Conselho Nacional de Educação. Nele, descreve-se esse ensino como composto por atividades pedagógicas não presenciais exercidas pelas instituições de ensino durante o período em que não fosse possível a presença física dos alunos no ambiente escolar.

Expõe-se no Parecer nº 005/2020 que as atividades não presenciais poderiam ser mediadas por meios digitais e/ou tecnológicos de informação e comunicação, como videoaulas, conteúdos disponibilizados por intermédio de plataformas digitais, redes sociais, correio eletrônico, entre outros; meios de comunicação (televisão ou rádio) e materiais impressos didáticos (orientações pedagógicas aos pais, propostas de leitura e pesquisa, atividades e exercícios para resolução etc.) para seu desempenho. Também destaca o parecer que a adoção do ensino remoto foi uma medida excepcional empregada no período de emergência em saúde pública (pandemia de COVID-19) para dar continuidade ao processo de ensino e aprendizagem.

Há diferenças fundamentais entre o ensino a distância e o ensino remoto, isto é, trata-se de duas metodologias distintas. Consoante Marcon e Rebechi (2020), as experiências obtidas por uma modalidade de ensino bem estruturada e planejada, com sua própria metodologia (ensino a distância), não equivalem a aulas oferecidas em resposta a uma crise (ensino remoto emergencial). Os autores estipulam que o tempo de preparação de um curso a distância é de seis a nove meses antes do início do ensino, tempo este dedicado ao desenvolvimento de um programa que vise a instruir os estudantes por meio do engajamento curricular e outros apoios sociais. Por sua vez, o ensino remoto emergencial compõe uma mudança temporária na forma de ensinar, envolvendo soluções educacionais que seriam – em outras ocasiões – aplicadas presencialmente, e não de forma remota, ou seja, compõe-se de atividades remotas que seguem os princípios do ensino presencial, e não do ensino a distância. Há de se destacar que essa metodologia foi específica do período de pandemia de COVID-19 nos anos de 2020 a 2022.

Parte-se do princípio de que, em qualquer metodologia de ensino, cabe ao professor o papel de mediador, ou seja, compete-lhe definir as maneiras de criar estratégias metodológicas para que os conteúdos sejam levados à reflexão, de modo a haver compreensão, internalização e transformação do conhecimento. No ensino remoto emergencial, esse processo de mediação fica obstaculizado, uma vez que não há contato direto dos professores com os alunos. Os dados obtidos com base nas respostas dos professores evidenciaram isso, uma vez que 96,5% do professores consideraram que o ensino remoto não substituiu as aulas na modalidade presencial, enquanto somente 3,5% qualificaram essa metodologia como efetiva.

Conforme destaca Vigotski (2021, p. 174), “durante o processo de instrução, o professor cria uma série de embriões, ou seja, incita à vida processos de desenvolvimento que devem perfazer seu caminho para dar frutos”. O que se pode estabelecer a partir disso é que não basta disponibilizar o conteúdo aos alunos sem que haja mediação, pois o que promove a aprendizagem é a ação do professor sobre esse conteúdo, sobre o sujeito; ação que deve servir como fonte de desenvolvimento. A disponibilização da atividade pedagógica por si só, portanto, não é suficiente para a correta apropriação dos conteúdos pelos estudantes, fazendo-se necessária também a mediação desempenhada pelo professor. Isso ocorre porque, como afirma Vigotski (2021, p. 174), “[...] para gerar uma série de processos internos de desenvolvimento, são necessários processos de instrução escolar corretamente estruturados”.

Partindo-se da perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural, pode-se entender o motivo pelo qual a maioria dos participantes da pesquisa apontou o ensino remoto emergencial como não eficaz: a metodologia fragiliza e dificulta as atividades profissionais dos professores não na etapa de elaboração de materiais e/ou conteúdos, mas de execução da função de mediador, o que ocorre pela distância física entre o estudante e o professor, que dificulta o ato de ensinar. No ensino remoto emergencial, o papel de mediador é atribuído aos pais e, uma vez que essa função vai além de acompanhar a realização de atividades, dificuldades podem ocorrer. O professor, pelo contrário, possui formação e experiência com o ensino, levando os alunos, por meio de procedimentos e metodologias específicas, a ultrapassar os conceitos espontâneos e atingir os conceitos científicos.

Podem-se visualizar esses aspectos nas falas dos participantes.

Sempre soube que os professores são peças fundamentais no processo de ensino, esse período trouxe mais certeza da importância da escola na vida da criança e também da função social da escola na vida da criança, que é de extrema importância

(P1).

Por mais que os alunos recebam auxílio em casa e que eu esteja dando aulas pelo Google Meet, fazendo vídeos explicativos, dentre outras formas diferenciadas de ensinar neste período de pandemia, nada substitui o professor em sala de aula, que tem formação e busca variadas formas de socializar um único conteúdo

(P2).

Identifica-se na fala dos professores, principalmente na de P2, a busca por diversos recursos metodológicos ao longo do período de pandemia para que houvesse melhor aprendizagem pelos alunos, contudo não se perceberam melhoras no processo de aprendizagem. Esse fator é identificado quando 64,1% dos participantes salientam que o desempenho profissional alcançado por eles no período de pandemia foi inferior em relação ao evidenciado nas aulas presenciais, enquanto 25,3% consideram que a qualidade de ensino foi a mesma e/ou semelhante.

Vigotski (2021, p. 173) afirma que “[...] a instrução somente é autêntica quando está à frente do desenvolvimento”. Para o autor, a instrução efetiva-se quando ultrapassa o que o aluno já sabe, possibilitando-lhe atingir novos níveis de conhecimento. É nesse sentido que se questiona: como fazer isso com um ensino que não permite interagir com a criança? Acredita-se que é nesse aspecto que os participantes relatam dificuldades no ensinar quando em comparação com o ensino presencial.

A tese central presente nas falas dos professores é a de que a disponibilização de conteúdos aos alunos, mesmo sob diversas roupagens, não se mostrou suficiente para o aprendizado, visto que, na perspectiva dos participantes, não houve o contato direto do professor com os alunos, fragilizando o processo de mediação que ocorre presencialmente. É preciso, contudo, destacar que essa percepção não foi total na amostragem, havendo 3,5% de professores que consideraram eficaz o ensino remoto emergencial. Da mesma maneira, podem dizer respeito à realidade local do município de Cascavel/PR.

Alguns fatores relacionados com s circunstâncias sociais da localidade foram apontados Os participantes como possíveis causas do aprendizado menos efetivo ao longo do período de pandemia: poucas condições materiais dos alunos (falta de acesso à internet, ausência de adultos para auxiliar nas atividades, escassez de locais para estudo etc.) (57,1%), pouca adesão dos responsáveis (23,5%) e dos alunos (15,3%), falta de retorno das atividades enviadas (47,6%) e carência de materiais adequados para a execução das atividades remotas (30,6%).

Em decorrência desses fatores, e ao serem questionados sobre possível apreensão com a possibilidade de os alunos não estarem aprendendo, 51,2% dos professores destacaram nível 10 de preocupação (em uma escala de 1 a 10, na qual 1 refere-se à baixíssima preocupação e 10, intensa preocupação), 22,9% nível 9 e 15,3% nível 8 de preocupação. Níveis mais baixos, quando somados, foram selecionados por 10,6% do total de participantes da pesquisa.

Vigotski (2021) descreve que a tarefa da investigação pedológica não se dá unicamente na via de definir o que já deu frutos no processo de instrução escolar (zona de desenvolvimento atual), mas principalmente naquilo que ainda está brotando e que dará frutos no dia de amanhã, pois é nesse nível que o professor deve trabalhar, a zona de desenvolvimento iminente, que se efetivará se for conduzido de maneira presencial. O desenvolvimento, na perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural, é um processo dinâmico que acontece por rupturas, por avanços, devendo ser trabalhada a maneira como as crianças resolvem os problemas, ou seja, o processo, e não o produto final.

Nas aulas em ensino remoto, cabe aos pais e/ou responsáveis exercer a função de mediadores familiares. Trata-se de uma atividade de acompanhamento pedagógico dos alunos fora do ambiente escolar (em casa) na qual se orientam as crianças a seguirem as instruções repassadas pelos professores. Ao se tratar do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, com alunos nas idades de 6 a 10 anos (em média), no processo de alfabetização, o papel do mediador é essencial para a realização das atividades escolares. No que se refere a isso, 93,5% dos participantes consideraram que os pais e/ou responsáveis conseguiram auxiliar seus filhos apenas parcialmente, enquanto 5,9% destacaram que não conseguiram assessorá-los e 0,6% enfatizaram que houve mediação total dos familiares com as atividades enviadas.

Um estudo realizado por Laguna et al. (2021) discute a questão da responsabilidade dos pais quanto à realização das atividades no ensino remoto. Para os autores, a decisão de se continuar com as atividades pedagógicas no lar das crianças foi projetada para famílias com condições materiais e tempo para dedicarem-se a essa tarefa, não se levando em conta lares sem condições econômicas e sociais, em que os pais e/ou responsáveis trabalham em longas jornadas ou são analfabetos funcionais. Além disso, grande parcela dos cuidadores não possui formação específica para ensinar, porém, mesmo se a tivessem, são vistos pelas crianças como seus pais/responsáveis, e não professores, o que facilita o surgimento de comportamentos opositores e de recusa. Crê-se que esses fatores tenham sido os prováveis desencadeadores da pouca efetividade do auxílio dos pais e/ou responsáveis para o acompanhamento das atividades escolares.

Os dados obtidos evidenciam que os familiares apresentaram dificuldades no desenvolvimento do papel de mediador, uma vez que a maioria dos participantes destacou que eles conseguiram auxiliar os alunos na realização das atividades apenas de forma parcial. Nesse ponto, de acordo com as respostas obtidas, pode-se dizer que a responsabilidade atribuída aos pais de acompanhar o ensino dos filhos pode ter gerado um conjunto de expectativas que, na prática, não foram atingidas. A primeira diz respeito à participação da família na escola, ponto que vem sendo debatido há um longo período e tem desencadeado a produção de vários estudos sobre a estrutura e organização familiar e seus impactos na aprendizagem dos alunos.

A responsabilidade dos pais é a de acompanhar o desenvolvimento de aprendizagem de seus filhos no decorrer das atividades presenciais, contudo, no período de pandemia, eles foram convidados a ir mais além nesse processo. Cabe destacar, assim, que a incumbência de ensinar não é dos familiares, mas do professor, tendo os pais e/ou responsáveis o encargo de acompanhar esse progresso e educar seus filhos. A relação família-escola também é um fator importante para o bom desempenho do aluno, no entanto o que se tem presenciado pelo relato dos participantes é que essa relação tem ocasionado formas de sofrimento psíquico aos professores, principalmente quando os familiares não cumprem sua responsabilidade (por não terem tempo, conhecimento, condições, interesse, disposição etc.).

Outra questão diz respeito ao reconhecimento social da figura do professor, da importância do seu papel no processo de aprendizagem e desenvolvimento. Trata-se de situações que, mesmo relacionadas, primeiramente, com o período de ensino remoto, denunciam também um processo histórico de desvalorização desse profissional, fato que fica visível nas falas dos participantes.

Cheguei a pensar em desistir da minha profissão. Não me sinto valorizada, nem pelos pais e responsáveis nem pelos meus superiores, e não tenho esperanças de que isso vá acontecer

(P3).

Muita cobrança e trabalho com pouca valorização nesse período de pandemia. Espero que, a partir daqui, nossa profissão seja mais valorizada

(P4).

Com esses dados, pode-se inferir sobre a importância daquilo que se realiza para a saúde mental dos indivíduos, bem como o mal-estar que pode resultar da falha dessas ações. Os aspectos destacados pelos participantes, os quais lhes têm causado preocupação, faz indagar se as atividades profissionais exercidas pelos participantes naquele período serviram como meio de potencialização do saber humano ou despontaram como uma condição reprodutivista para atender às normas vigentes. Esse evento pode ser compreendido como uma prática alienadora de trabalho humano, conforme estuda-se em Marx.

A alienação ocasionada pelas condições de trabalho caracteriza-se como um contraponto antagônico ao fator de desenvolvimento do ser humano. Refere-se ao usufruto dessa atividade como um mero meio de subsistência, em que se realizam ações na conformidade do sistema de produção capitalista, mas não como fonte de transformação humana. No caso do ensino remoto emergencial, referencia a maneira encontrada para fazer-se cumprir o calendário acadêmico em função da pandemia de COVID-19.

Newton (2004), ao analisar o processo de alienação nas atividades de trabalho, discorreu sobre a dissociação entre o significado e o sentido dessas ações. Para o autor, o significado compõe o conteúdo da atividade (como, por exemplo, produzir tecidos para as necessidades da sociedade), enquanto o sentido refere-se às ligações entre esse conteúdo e o motivo da ação do indivíduo (tal como a necessidade de vender sua força de trabalho para subsistência). No exemplo, o sentido da ação do trabalhador, a de vender sua força de produção para a obtenção de salário, não corresponde ao significado de sua ação, a de produzir tecidos para usufruto da sociedade. Como se pode perceber, há uma cisão entre sentido e significado, o que caracteriza uma forma de alienação. Quando há cisão entre o sentido da ação do indivíduo e a utilidade do produto de sua atividade, como no exemplo citado, evidencia-se uma condição alienadora.

O trabalho torna-se algo externo e estranho à personalidade do indivíduo quando, na realidade, deveria a atividade centrar-se em termos do processo de objetivação da personalidade do indivíduo. Sem a possibilidade dessa objetivação, a personalidade fica restrita, limitada em seu desenvolvimento. Igualmente o indivíduo não tem na atividade de trabalho, com raras exceções, algo que o impulsione a se apropriar de conhecimentos, habilidades e valores que o enriqueçam como ser humano

(NEWTON, 2004, p. 59).

De tal maneira, a atividade do trabalho pode tanto ser fonte de desenvolvimento quanto um mecanismo de alienação dos indivíduos. Nesse segundo caminho, os trabalhadores vendem sua força de trabalho – como uma mercadoria – a um sistema baseado na produção em massa (capitalismo). Nesse modelo de sociedade, a intenção reside no aumento da produtividade e, consequentemente, do capital. Isso desencadeia a exploração de um grande contingente de pessoas, que são submetidas a condições desumanas de existência. Quando se trata de condições desumanas de existência, remete-se à jornada de trabalho dos professores, não somente do Ensino Fundamental, mas de todos os níveis, no período de pandemia. Seguindo a lógica capitalista de mercado, a educação também se aproxima do objetivo de reprodução da organização das relações com base na divisão de classes, voltando-se, em muitas ocasiões, a formações pragmáticas pouco aprofundadas de perspectivas críticas.

Quando as práticas pedagógicas se distanciam da função social da escola – a de transmitir o conhecimento historicamente construído pela humanidade, alavancando o desenvolvimento das funções psicológicas superiores –, a educação aproxima-se da dinâmica capitalista de reprodução mecânica e fragmentada dos conteúdos escolares. Pode-se dizer, portanto, que o ensino remoto desponta como um exemplo dessa relação, uma vez que as atividades desenvolvidas se revelam como uma maneira de os alunos não permanecerem sem aula e fazer-se cumprir a carga horária escolar. Considera-se que exercícios de repetir, copiar, escrever etc. – tal como os que compõem as atividades remotas –, segundo a caracterização dos participantes da pesquisa dentro de suas atuações, configuram-se como formas alienadoras de ensino ao não promoverem ações de reflexão, autonomia e desenvolvimento do senso crítico.

No que se refere ao exercício profissional dos participantes durante o período de ensino remoto emergencial, acredita-se, por meio de suas respostas, que suas ações profissionais se qualificaram com uma cisão entre sentido e significado, porque o significado das atividades desempenhadas por eles (produção, organização e correção de apostilas com conteúdos pedagógicos, entre outras) apresentou tênue ligação com o sentido de suas ações (promover a aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos). Ao considerar-se a grande probabilidade de o ensino remoto emergencial não ter sido eficaz para a aprendizagem dos alunos, as ações dos professores apresentaram, nessa metodologia, distanciamento da função social da escola, relacionando-se em maior proporção com o cumprimento de tarefas e a obtenção de salário (necessário para a subsistência). Trata-se de ações em que os professores consideram suas atividades de trabalho estranhas a eles, proporcionando-lhes insatisfação e sofrimento.

Isso é expresso por meio das seguintes falas.

O que me faz professor é estar com as crianças e não elaborando atividades remotas. Assim como os professores são primordiais no processo de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos, a presença deles na escola faz toda a diferença na prática dos professores

(P5).

O ensino remoto, em minha opinião, é uma maneira de não manter as crianças tão longe da realidade escolar, realizando atividades como se fossem tarefas. Muitos modelos de atividades remotas requerem apenas o envio de atividades impressas ou digitais, ou a produção de aulas gravadas

(P6).

Planejamento semestral sendo realizado como se tivesse aula normal, com encaminhamentos no estilo: “realizar a atividade em grupo de seis alunos e montar um cartaz”. Sinto que estou fazendo aula pra Alice no País das Maravilhas, não para meus alunos que estão vivendo em uma pandemia

(P7).

Fica claro, nesses excertos, o distanciamento entre a ação dos professores participantes e o sentido dela. A analogia utilizada por P7 com Alice no País das Maravilhas ilustra bem a situação, uma vez que o conto se refere a outra realidade vivenciada pela protagonista em detrimento da lógica da realidade. O ensino remoto emergencial, de forma semelhante, compôs-se no município de Cascavel/PR por práticas que não se coadunam com as condições objetivas de alunos e professores (recursos instrumentais, formação específica) nem com as teorias sobre como se dá o processo de ensino e aprendizagem. De tal maneira, pode-se dizer que a atuação dos professores, naquele período de ensino remoto, deu-se mais como cumprimento de atividades burocráticas em detrimento das pedagógicas. Tal fato resultou no afastamento de sua função social: a de desenvolver o processo de ensino e aprendizagem.

Dos participantes desta pesquisa, 91,8% consideraram que uma das marcas que o período de pandemia de COVID-19 deixou sobre eles relaciona-se com a importância da presença e/ou proximidade física dos professores no processo de ensino e aprendizagem. Observa-se esse aspecto no relato do P8: “acredito que ser professor é uma atividade profissional que depende do contato com o próximo e da afetividade” e no relato do P9: “percebo a necessidade da mediação direta, do contato e do afeto com o aluno”.

Não se considera que as dificuldades percebidas com o ensino remoto sejam responsabilidade dos professores, mas oriundas da própria metodologia de um ensino que se dá por meio de materiais impressos que impossibilitam a relação professor × aluno; ou, ainda, uma metodologia que se efetiva por meio de plataformas digitais que dificultam o contato entre esses indivíduos. Há de se destacar que essas dificuldades já estavam previstas nos próprios documentos que embasam a metodologia, principalmente no Parecer nº 005/2020, que deixa expresso que o ensino remoto foi uma prática emergencial para a continuidade do processo pedagógico, a qual estava impossibilitada pelas medidas de restrição social decorrentes da pandemia de COVID-19, não sendo uma metodologia substitutiva do ensino presencial em longo prazo.

Acredita-se que os professores podem realizar o possível entre as possibilidades existentes no ensino remoto não emergencial, contudo haverá perdas, pois a metodologia não possibilita a mediação dos conteúdos a ponto de contribuir para o desenvolvimento do psiquismo. Para Vigotski (2021), é por meio da organização da aprendizagem que se conduz o progresso dos alunos, isto é, são as atividades intencionalmente planejadas, dirigidas e mediadas que proporcionam o desenvolvimento. O autor não faz alusão direta a metodologias como a do ensino remoto, mas, sob esse olhar, percebem-se as problemáticas desse modo de ensino. Com base nos princípios da Psicologia Histórico-Cultural – tal como o papel fundamental das inter-relações sociais para o desenvolvimento humano e a importância do professor como mediador do processo de aprendizagem, o qual ocorre de melhor maneira pelo contato direto com os alunos –, pode-se dizer que o ensino remoto só deve ser adotado em situações emergenciais em que a modalidade presencial apresente sérios riscos à saúde, tal como ocorreu ao longo do período de pandemia de COVID-19.

4 Considerações finais

Com o intuito de finalizar as discussões sobre o estudo proposto, pode-se dizer, mediante o relato dos participantes, que o ensino remoto foi executado sem aviso prévio, com poucas condições e sem preparação – em razão de seu caráter emergencial. Tratou-se de um modo de trabalho adotado para que se continuasse o processo de ensino e aprendizagem ao longo da pandemia de COVID-19, mas que apresentava, desde o seu início, pouca probabilidade de eficácia. Os dados obtidos na pesquisa revelaram que o trabalho docente se modificou consideravelmente durante a pandemia, uma vez que houve uma ruptura entre o significado e o sentido do ato de ensinar.

Afirma-se que as atividades dos professores do município de Cascavel/PR aproximaram-se mais de ações burocráticas, como, por exemplo, a elaboração de relatórios e a produção de materiais, distanciando-se do papel docente de execução de atividades conscientes e sistematizadas para o fomento da aprendizagem e, consequentemente, do desenvolvimento das funções psicológicas superiores dos alunos. Considera-se que os participantes não dispuseram, no ensino remoto, de condições favoráveis para executar suas ações de maneira a contribuir para a formação de seres humanos autônomos e criativos, uma vez que os professores alegaram que as tarefas se davam de modo repetitivo e fragmentado.

Outra questão a ser pontuada com o ensino remoto, e que foi possível perceber ao longo da pesquisa, é que ensinar não compõe uma atividade simples que possa ser executada por qualquer pessoa. Constatou-se que os pais e/ou responsáveis, por mais dedicados que tenham sido, conseguiram auxiliar seus filhos apenas parcialmente, o que demonstra o quanto a função do professor é importante, pois é necessária a realização de ações intencionais e planejadas – por parte daquele que ensina – para que ocorra o processo de ensino e aprendizagem. Sabe-se que várias dessas dificuldades também são decorrentes de um ensino que há muito tempo vem sofrendo com a falta de investimentos em uma educação de qualidade. E com a pandemia essas questões se agravaram drasticamente.

Há de se destacar os cortes absurdos que vêm ocorrendo em vários setores, entre eles a educação, mas também a saúde pública. Assim, depara-se cada vez mais com a falta de condições dignas de trabalho, que se evidenciam de forma cada vez mais precarizada. Reitera-se que o trabalho constitui fator fundamental na vida humana, interferindo na maneira com que o sujeito percebe a si mesmo, os outros e a sua própria realidade. Conforme se entende a partir da Psicologia Histórico-Cultural, trata-se da atividade fundamental do ser humano, a qual lhe possibilita desenvolvimento e bem-estar, entretanto as atividades executadas pelos participantes no período de ensino remoto demonstraram estar relacionadas com formas alienadas de trabalho. Quer-se reafirmar com isso a importância do papel do professor de impulsionar a aprendizagem dos alunos, o que gera, como consequência, desenvolvimento.

Por fim, salientam-se algumas repercussões da presente pesquisa. A averiguação da percepção de professores sobre a metodologia não presencial fornece dados importantes às políticas educacionais. Acredita-se que as dificuldades encontradas na execução do ensino remoto fornecem subsídios para que se defenda que as atividades pedagógicas precisam ser ofertadas obrigatoriamente de modo presencial na educação básica. Além disso, algumas complicações com formas diversificadas de ensino, como as tecnológicas, sublinham a necessidade de uma formação docente mais completa e abrangente. Destaca-se também que os resultados desta pesquisa fazem menção à realidade local dos participantes, sendo importante a execução de trabalhos semelhantes em outras localidades para discussão mais ampla da temática.

Referências

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Recebido: 28 de Maio de 2022; Revisado: 05 de Abril de 2023; Aceito: 10 de Abril de 2023

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